terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Outros Carnavais - O Globo

Mariana Filgueiras, em O Globo

A primeira vez que Clarice Lispector teve uma fantasia de carnaval feita especialmente para ela, nos anos 1930, uma rosa, com as sobras de papel crepom de uma amiga, aconteceu um imprevisto e… provocou uma crônica comovente, escrita pela autora muitos anos depois. Quem também descreveu a sensação de sair às ruas fantasiado foi Mário de Andrade, em 1943, se lambuzando “com o zarcão da alegria”. Quando o escritor Raul Pompeia, ainda no fim do século XIX, viu pela primeira vez o cortejo de rua do Recife, escreveu um texto embevecido no jornal para o qual colaborava, o mesmo em que publicaria depois o seu clássico “O ateneu”. Já no início do século XX, um alegre Lima Barreto filosofaria sobre a importância de se deixar o tantã espancar “a tristeza que há nas nossas almas”.

Crônicas do Dia - O desfile de Jucá - Zuenir Ventura

Pendurado no STF com nove inquéritos, o presidente do PMDB e líder do governo no Senado foio destaque deste pré-carnaval no quesito originalidade

25/02/2017 
Zuenir Ventura, O Globo

Você sabia disso ? - Carnaval 2017 e a Literatura



Carnaval 2017 e a Literatura



A primeira noite (26) de desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro contou com três enredos envolvendo a Literatura.

A primeira escola foi Paraíso do Tuiuti, que levou para a avenida o movimento Tropicalismo, dando destaque à contribuição dos compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil e como Tropicália colaborou com o carnaval.

A Divina Comédia do Carnaval foi o tema do Salgueiro. A escola fez a releitura da  obra de Dante Alighieri e desfilou com o mesmo percurso descrito no livro: o inferno, o purgatório e o céu. 

A última escola a desfilar foi a Beija-Flor de Nilópolis, com o tema Iracema, a virgem dos lábios de mel. O grande clássico de José de Alencar foi reconstruído  em alegorias e alas, dando destaque à raiz indígena e ao relacionamento entre a índia Iracema e o homem branco Martim.




Crônicas do Dia - Dos muros - Veríssimo

O mais importante do muro do Trump não é o muro, é o clamor contra o muro. Que talvez não impeça a sua criação, mas pode levar a uma revolta

05/02/2017 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Crônica do Dia - Todo escritor brasileiro é imortal


Há outros escritores para a Academia Brasileira de Letras e muitos deles não querem nem ser lembrados


DEONÍSIO DA SILVA

Artigo de Opinião - O país do Carnaval, em marcha

A folia nunca poupou nada nem ninguém. Tem um espirito similar ao da caricatura. Não existe caricatura a favor

Artigo de Opinião - O que é igualdade para você ?

É notório que quem estuda nas melhores escolas, que por sinal são particulares e caríssimas saem muitos metros à frente de quem estuda nas escolas públicas

25/02/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - É proibido proibir ! - Fernando Scarpa

Não me leve a mal, hoje é Carnaval, opinião não é palavrão, e cada um tem a sua!

26/02/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - Um Carnaval com ministro sem cultura

Os 'donos do Brasil' tratam a liberdade de expressão como uma dádiva que deferem ao povo quando querem ouvir

25/02/2017 
O DIA

Editorial de O Debate - Briga de poder ?


domingo, 26 de fevereiro de 2017

Você sabia disso ?- O Rei Momo tem origens na Antiguidade Clássica

Tudo indica que essa rechonchuda figura carnavalesca tenha sido inspirada em um personagem da Antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio. Usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e na outra uma boneca, ele vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses. Com esse jeitão esculachado, aprontou tantas que acabou expulso do Olimpo, a morada dos deuses. Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo e bebida. Na Grécia, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C. Geralmente, o escolhido era alguém gordinho e extrovertido – provavelmente vem daí a inspiração para a folia brasileira. Já nas bacanais romanas, os participantes selecionavam um Rei Momo entre os soldados mais belos do exército.

“Esse ‘monarca’ era o governante de um período de liberdade total e desfrutava de todas as regalias durante a festa, como comidas, bebidas e mulheres”, diz o historiador Hiram Araújo, diretor cultural da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). No Brasil, a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval apareceu primeiro no Rio de Janeiro, em 1933. Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso, que ocupou o trono até morrer, em 1948. A novidade fez sucesso e hoje várias cidades brasileiras também escolhem seu Momo.

Na Roma Antiga

Na Roma antiga, o mais belo soldado era designado para representar a deusa Momo,apesar de Momo ser mulher,no carnaval, ocasião em que era coroado rei. Durante os três dias da festividade, o soldado era tratado como a mais alta autoridade local, sendo o anfitrião de toda a orgia. Encerrada as comemorações, o “Rei Momo” era sacrificado no altar de Saturno. Posteriormente, passou-se a escolher o homem mais obeso da cidade, para servir de símbolo da fartura, do excesso e da extravagância.

Editorial - Praga de Mota Coqueiro ?



Em pleno Carnaval não são todos que estão entregues ao ócio para a folia de Momo
O país em crise econômica, política e social, iniciada lá em 2013, continua fazendo estragos e são muitas as empresas, grandes e pequenas, que continuam fechando as portas, contribuindo para aumentar o número de desempregados que já ultrapassa os 13 milhões de pessoas - em sua maioria, jovens entre 18 e 29 anos. 
Macaé, cidade que teve todas as oportunidades para crescer ordenadamente e poderia ser nos dias atuais modelo para outros municípios, ficou com a fama exatamente ao contrário. Ninguém quer ter Macaé como exemplo, pois os últimos gestores não souberam fazer o dever de casa, e agora a população está pagando um preço alto por falta absoluta não só de políticas públicas, mas de planejamento para continuar alguns benefícios sendo revertidos para os contribuintes que pagam bem caro os impostos e taxas. 
No entanto, ninguém parece ver que o dinheiro escoa pelo ralo. Antes de 2008, empresários de olho no futuro projetaram também o município de Macaé para tal. Tivesse o porto planejado para ser construído em São José do Barreto dado resultado naquela ocasião, talvez nos dias de hoje a cidade não estaria como está, ou seja, relegada ao abandono. Pior de tudo, é que não se conhece a curto, médio ou longo prazo quais são as perspectivas para a cidade. Os exemplos de Brasília que, em efeito cascata, acabam disseminando para os municípios brasileiros, parecem  ter encontrado eco no município que carece de representação. 
Diariamente, através da mídia, emissoras de rádio, TV, jornais e redes sociais, embora a internet não seja um território livre como alguns possam imaginar - não são poucas as pessoas que reclamam dos serviços de saúde, educação, transporte, meio ambiente, desemprego, e por aí vai. Até a praga de Motta Coqueiro, pelo menos admitindo - se que tenha chegado ao fim nos idos de 1955,  parece perdurar até hoje. 
Pode ser que algo mude,  mas, por ora, está sendo para pior. E, para consolo de muitos, nada melhor do que o Carnaval para "esfriar a cabeça" 


Editorial do Jornal O Debate - 25 de fevereiro de 2017. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - O universo paralelo de Temer & Cia. - Ruth de Aquino

Ninguém pode dissociar a anarquia e a desordem no Espírito Santo, no Rio de Janeiro – e em outros estados mais ou menos falidos – da aparente irrealidade em que insistem em viver os políticos brasileiros. Os Três Poderes, capitaneados pelo presidente da República, Michel Temer, parecem se inspirar numa interpretação da física quântica que propõe a existência de múltiplos “universos paralelos” ou dimensões paralelas. Eles estão lá, e nós aqui.

Você sabia disso ? - Lobato & Anita

Nacionalista exacerbado, Lobato causou polêmica ao publicar em 20 de dezembro de 1917 no jornal O Estado de S. Paulo o contundente artigo intitulado “Paranóia ou Mistificação – a propósito da Exposição Malfatti”, no qual ataca a arte moderna, de forma a rebaixar seu valor, caracterizando um dos episódios mais controversos na vida do escritor.

Crônicas do Dia - A incompetência, uma praga em nossas estatais - Ruth de Aquino

Um juiz federal em Brasília mandou afastar seis vice-presidentes dos Correios. Por falta de qualificação técnica. Em outras palavras, por incompetência para o cargo. Quem indicou os seis dos oito vice-presidentes (e para que os Correios precisam mesmo de oito vice-presidentes?) foi a Casa Civil do presidente Michel Temer. Quem pediu o afastamento foi a Associação dos Profissionais dos Correios, cansada de pagar o pato pelo aparelhamento da empresa.

Artigo de Opinião - Água sem transparência

União vem fomentando os municípios brasileiros a criar suas próprias autarquias com intuito de organizar tratamento de água e esgoto

24/02/2017 
O DIA

Crônica do Dia - O carnaval das palavras

O autor nega o racismo, e mais, quer o amor da mulata! Quem quer o amor de quem despreza?

24/02/2017 - 
Nelson Motta, O Globo

Resenhando - Novas raridades - A vírgula de Clarice


RIO — Como a vírgula do título indica, “Clarice,” é uma obra em perpétua construção. Embora tenha finalizado a biografia da autora de “A hora da estrela” em 2009, Benjamin Moser nunca abandonou a procura por novos rastros deixados pela sua biografada. Para a nova edição da obra, cujos direitos foram adquiridos pela Companhia das Letras após o fim da Cosac Naify, no final de 2015, o biógrafo americano incluiu algumas novidades: imagens raras e manuscritos comprados recentemente pelo próprio biógrafo, como um fragmento da obra póstuma “Um sopro de vida” e uma carta escrita em 1977, que Moser acredita ser a última da autora.

A capa da nova edição, que chega às livrarias na próxima quarta, também mudou. Sai a imagem icônica de Clarice com a máquina de escrever no sofá (registrada por Claudia Andujar em 1961), entra um outro clique, da época em que a escritora vivia em Washington, no início dos anos 1950. “Clarice,” inaugura uma série de relançamentos do antigo catálogo da Cosac Naify pela Companhia.

— Quando se trata de uma pessoa muito conhecida, como a Clarice, é sempre difícil encontrar coisas novas — afirma Moser, em entrevista por telefone ao GLOBO, de Amsterdã. — Mas eu achava importante publicar essas cartas e manuscritos nessa nova edição para mostrar que nem tudo foi visto, ainda há muita coisa por aí. Estava trabalhando havia vários meses na nova edição, agora só quero ver o livro renascer.

Entre os manuscritos publicados agora, destaque para um fragmento deixado com uma marca de batom da própria escritora à amiga Olga Borelli. Mais tarde, o texto seria publicado no livro póstumo “Um sopro de vida”. Em outro fragmento, a autora faz anotações para uma cena de “A hora da estrela”, que acabou ficando de fora do livro. Há, ainda, uma deliciosa lista de desejos, com itens como: “só atravessar a ponte quando chegar a hora”; “aprofundar as frases, renová-las”; “não deixar personne me donnez (sic) des ordres”; “em todas as frases um climáx”.

Na carta de 1977, Clarice responde a um convite de viagem a São Luís, no Maranhão (“terra do grande Ferreira Gullar”). Menciona seus problemas de saúde, mas afirma “estar quase boa”. Poucos dias mais tarde, seria internada e morreria em dezembro do mesmo ano.


Última carta de Clarice Lispector, de 1977 - Divulgação / Acervo de Benjamin Moser
Para “os seguidores da seita Clarice”, como define Moser, poucas coisas são mais estimulantes do que a descoberta de novas fotos da escritora. A sua beleza misteriosa está cravada no imaginário de seus leitores e admiradores a tal ponto que hoje é difícil dissociar a sua obra de sua imagem.



Em depoimento a Moser, Ferreira Gullar descreveu seu espanto ao vê-la pela primeira vez: “Seus olhos amendoados e verdes, as maçãs do rosto salientes, ela parecia uma loba — uma loba fascinante”.

— Clarice parece inalcançável. Gostamos tanto de olhar suas fotos porque elas nos fazem sentir mais próximos dela — justifica Moser. — Nas imagens, ela parece sempre ter um poder sobre nossa imaginação.

As fotos publicadas nessa edição da Companhia das Letras pertencem, em sua maioria, ao acervo de Paulo Gurgel Valente, herdeiro da autora, e a mostram em diferentes idades: da menina com a família no Recife à adulta grávida no terceiro mês de gestação, ou ainda a esposa feliz dos anos 1940, posando em frente a um bar no Flamengo com o marido, Maury. Em outra, Clarice aparece livre e intensa, em uma varanda napolitana, de vestido florido e cabelos para trás, mimetizada ao clima mediterrâneo.

Há, porém, uma raridade: trata-se de uma foto de sua família ainda na Ucrânia, em 1917, reunida para um matrimônio. Logo depois, todos migrariam para o Brasil para escapar da onda de antissemitismo que eclodiu com a Guerra Civil Russa (1917-1923).

— Essa foto me comove muito, porque a família se reúne sem ter ideia de que, em breve, seu mundo vai desmoronar — diz Moser. — Também não sabe que dali sairá uma das mulheres mais famosas de um país distante (Clarice nasceria três anos depois da foto, em meio aos preparativos de fuga da família).

Após a nova edição, que inaugura o lançamento do antigo catálogo da Cosac Naify, Moser pretende voltar ao universo de Clarice em breve. Embora ainda esteja finalizando uma biografia sobre a intelectual americana Susan Sontag, ele tem planos ainda de organizar a edição das cartas completas de Clarice, pela editora Rocco.



— É um projeto para o futuro, talvez para daqui a dois ou três anos — conta. — Sua correspondência está espalhada por muitos lugares, e não vejo a hora de voltar ao Brasil para pesquisar mais sobre isso.


Capa de 'Clarice', de Benjamin Moser, reeditado em 2017 pela Companhia das Letras - Divulgação / Agência O GLOBI
'Clarice, — Uma biografia'

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 560

Preço: R$ 69,90

Lançamento: 01/03



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/livros/nova-edicao-de-biografia-de-clarice-lispector-traz-manuscritos-raros-20959558#ixzz4Zdg0mIrq 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - Trump para presidente 2.0

Neste primeiro mês, Trump não conseguiu sair da trincheira que cavou para si e seu núcleo duro de assessore

19/02/2017 
Dorrit Harazim, O Globo

Crônicas do Dia - O elefante na cela

Política de drogas é responsável pela superlotação de cadeias

19/02/2017 
Alfredo Sirkis, O Globo

Crônicas do Dia - Hipocrisia - Veríssimo

Quando se começa a chamar até um sistema judiciário de hipócrita, outros epítetos virão. Vivemos hoje, no Brasil, à beira de um cinismo terminal

19/02/2017 

Crônicas do Dia - Vai ter brande de turbante - Ruth de Aquino

#VaiTerNegraDeCabeloAlisado. E branca de cabelo encaracolado permanente. E negra de peruca loura ou cabelo descolorido. E hétero de camisa arco-íris. E homem de saia. E mulher de calça (até 80 anos atrás, não podia). E homem fazendo sobrancelha. E mulher sem se depilar. E gente branca, negra, amarela, cinza se apropriando de todos os símbolos que ajudem o mundo a destruir muros e construir pontes.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Artigo de Opinião - A gente cansou. Basta !

Uma das maneiras de saber a quantas anda o país é ler as quatro principais revistas semanais num fim de semana

22/02/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - Ler sem preconceitos - Nelson Vasconcelos

Você acha que, para escrever um livro, basta ligar o computador e sair digitando as palavras que aparecem na sua cabeça? Que nada. Nos bons livros, é tudo muito bem pensado

17/02/2017 
O DIA

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Artigo de Opinião - A elite brasileira suicida - se

“Nós vamos, um dia, amadurecer como povo e realizar nossa potencialidade. E vamos então varrer a canalha” (Darcy Ribeiro)

Essa frase curta, “a elite brasileira suicida-se”, contém dois erros.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Reforma do Ensino Médio : um futuro incerto para o ensino de História

 O horizonte parece sombrio. O ensino da história foi excluída do rol de disciplinas obrigatórias no Ensino Médio, pela Medida Provisória 746/16. Isso significa menos emprego para muitos de nós, que estão se formando. A esse apagamento da disciplina, soma-se, também, a menor – cada vez menor – visibilidade das Ciências Humanas. Afinal, para que serviram, se os grandes debates que atravessaram o século XX não explicaram genocídios e guerras, não impediram a desigualdade, nem a fome ou, nos regimes democráticos, não promoveram a cidadania plena: aquela que agencia educação, saúde e emprego? Sem função aparente, num mundo funcional, elas parecem não ser necessárias.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Por que os obscurantistas não querem a Filosofia no Ensino Médio? por Adriano Correia — publicado 16/02/2017

Desde que foi anunciada a reforma do Ensino Médio pelo governo de Michel Temer, por meio da Medida Provisória 746, tenho lembrado com muita frequência da observação da pensadora Hannah Arendt (1906-1975), contida em seu único texto dedicado especificamente ao tema da educação.

Reforma do Ensino Médio sem consolo

O Senado aprovou o projeto que transforma em lei a medida provisória da reforma o ensino médio brasileiro (MP no 746/2016). Só falta, agora, a manifestação da concordância (sanção) da Presidência da República.
Não tivemos a oportunidade de participar da discussão. Não dá para saber quão melhor (ou pior) seria a reforma se realizada de forma democrática (quero dizer, de forma radicalmente democrática).

Lima Barreto e a cultura nacional Berthold Zilly - Abril 2006 Tradução: Simone de Mello

1. Marginalidade e canonização

Em 1919, o escritor carioca Afonso Henriques de Lima Barreto volta a concorrer, aos 38 anos, à Academia Brasileira de Letras. É sua segunda tentativa de ingressar na instituição cultural mais prestigiosa de seu país, fundada duas décadas antes por Machado de Assis, segundo o modelo da Académie Française. Vários de seus textos em prosa, especialmente o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, já haviam sido elogiados por críticos importantes, não restando, portanto, dúvidas sobre o mérito literário do candidato. Entre tantas decepções sociais na vida de Lima Barreto, a segunda recusa da Academia provavelmente nem chegou a surpreender.

Lima Barreto e a Militância Literária Clóvis Moura Junho de 1981

A emergência do nome de Lima Barreto no ano do centenário do seu nascimento, leva que se reconsidere uma série de conceitos e julgamentos relativos à sua atuação na época em que viveu como agente de crítica social e como escritor. Ao mesmo tempo, cabe uma reanálise da sua obra, seu situacionamento como escritor, a importância dos seus livros e a contribuição que deu numa articulação unitária homem-escritor à nossa cultura.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - Crivella cuida do filho Marcelinho - Ruth de Aquino

"Chegou a hora de cuidar das pessoas", dizia o pastor Marcelo Crivella na campanha para a prefeitura do Rio de Janeiro. Ninguém pode acusá-lo de não cuidar do filho, Marcelinho Crivella, nomeado agora, para orgulho do papai, secretário da Casa Civil. O salário polpudo é o que menos conta. Marcelinho começa a ser preparado para ser eleito senador em 2018.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - Bem - vindo, professor ! - Gabriel Chalita

Aos professores que iniciam mais uma jornada: coragem. Lutemos a luta justa pela valorização do nosso ofício

04/02/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Mexeu com você ? É arte ! - Roberto Mylaert

Uma boa pergunta, que anda circulando pela internet, é: por que a empreiteira Odebrecht, que delatou Deus e o mundo, não lembrou de alguma derrapada do pessoal do Judiciário?

Crônicas do dia - O crânio de Helena

Temer governa para o PMDB. E assim nos encontramos muito perto do dragão e longe de São Jorge

04/01/2017 - 
Marco Lucchesi, O Globo

Ler por quê ?

O Brasil tem mais leitores a cada ano. Em 2011, eram 50% da população. Em 2015, eram 56%. Por outro lado, isso também significa que 44% da população não lê. Ainda pior: 30% nunca comprou um livro.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - A menina já não anda no bonde

“Menina eu te conheço não sei de onde/Mas por incrível que pareça sei o seu nome/Menina/Não sei se foi no bonde de Santa Teresa...”

(Geraldo Azevedo)

Crônicas do Dia - Rota de fuga - Flávia Oliveira



A relação entre épocas de crise e dramaturgia de escape

Charges


Crônicas do Dia - Para onde vai a humanidade ? - Siro Darlan


Virtudes como o cuidado, a compaixão e a generosidade perderam espaço para a crença de que ganhar é a única coisa que importa

04/02/2017
O DIA

Crônica do Dia - Pega ladrão ! - Ruy Chaves



Como transformar nossas crianças e adolescentes em cidadãos profissionais do bem, com sólida formação ética e técnica, sob ambiente social e político tão degradado?

04/02/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Cantando para Trump ! - Wagner Victer

No cenário político atual, não só no Brasil como no mundo, não se confere mais aos processos eleitorais a escolha de representantes dentro dos tradicionais cortes políticos de representantes das chamadas 'direita' e 'esquerda'

31/01/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Trump e seus limites - Fernando Gabeira



Até que ponto Trump presidente e Trump candidato são a mesma pessoa?

Lima Barreto: negro, escritor, rebelde


Passado esse 13 de maio, queremos nos contrapor à versão da “história oficial” da burguesia, que comemora um dia de festa em que, supostamente, mais uma vez os negros foram objetos, e não sujeitos, de sua própria história, quando uma “bondosa” princesa os libertou da escravidão. A verdadeira história, a que não se conta, é bem outra, e inclui séculos de lutas pela liberdade, com milhares de quilombos colocados em pé contra a tirania escravocrata, assassinatos individuais de senhores, fugas, entre mil outras formas de combate e resistência.

O Diário íntimo de Lima Barreto e a denúncia do Racismo

A ligação de Lima Barreto (1881-1922) com a luta do povo foi múltipla. Escritor que retratou a opressão cotidiana, simpatizou com o anarquismo e foi um dos propagandistas brasileiros da Revolução Russa de 1917. Escritor inquieto, sofreu e enfrentou o preconceito racial. 

A Revolta do escritor Lima Barreto contra o Racismo

Ainda estudante da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde entrou em março de 1897, o escritor mulato Lima Barreto desiste de participar de uma estudanta, ato de rebeldia dos alunos da escola de elite. Consciente do racismo, Lima explica em conversa com um colega o motivo que o levou a desistir de pular o muro em companhia de seus colegas para assistir a uma montagem da ópera Aída de Verdi no Teatro Lírico:

Crônicas do Dia - Realidades paralelas - Fernando Gabeira

Ao desprezar evidências, Trump passa a ser temido pelos americanos

Apesar de tudo o que está acontecendo no Brasil, o que vem dos Estados Unidos preocupa. Na primeira coluna que escrevi, lamentava que nos dias atuais as versões valem mais do que as evidências. Ao lançar a ideia de uma realidade alternativa, que despreza as evidências, Trump passa a ser temido pelos próprios americanos. E se preferirem as evidências em vez de Trump? Seriam obrigados a se render à versão oficial dos fatos?

Crônicas do Dia - Caras - Veríssimo

Hillary sorriu o tempo todo na posse de Trump, mas, se a hipocrisia não obrigasse, seu lugar era na marcha das mulheres contra ele, no dia seguinte

26/01/2017 

Crônicas do Dia - Redenção pela Leitura

O bom exemplo foi dado. Mas quem disse que seria fácil?, como perguntam os ingleses… Com cerimônia oficial e pose para foto, o ministro da Educação, Mendonça Filho, e a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, anunciaram ato de doação de 20 mil livros para formação de bibliotecas em 40 presídios brasileiros. Um bom exemplo. Mas este é um assunto espinhoso.

Crônicas do Dia - Só se nós fizermos .... - Marcio Tavares

A resposta das autoridades é macha, enérgica: mais presídios! É guerra!

“Feliz Ano Novo! Depois desse horrível 2016...’’ Foi o que mais se ouviu na passagem de datas. Pois sim... Deu o dia 1º, e o chamado Estado Islâmico matou 39 pessoas em Istambul. — Começo ruim, mas quem sabe... — No mesmo dia, rebelião no presídio de Manaus matou mais de 60 detentos. Bastou? Nada. No dia 6, outro levante, esse em Rondônia, deixou mais 33 decapitados. Sim, decapitados. Nas duas penitenciárias a selvageria se arrematou com a decapitação dos vencidos. — Briga entre grupos criminosos, disseram. Um pavoroso acidente, foi a fala presidencial, depois de um longo silêncio. A isso chegou a banalidade na percepção do mal. Um secretário do governo federal não se envergonhou de afirmar que uma limpa dessas devia ocorrer toda semana. E o diretor da penitenciária de Manaus pontificou que ali ninguém era santo. — Mas foram os próprios detentos que praticaram essa barbaridade, dizem os apressados da vida. — Mas estavam sob a guarda do Estado. — Mas a gestão era privada. — Ah, bom, então... — Que começo de ano!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - Por um museu sobre a verdade

‘Museus e histórias contestadas: dizendo o indizível em museus” é o tema de trabalho do Conselho Internacional de Museus para 2017, uma escolha nada aleatória. É preciso apurar e confrontar traumas históricos para não repetirmos horrores do passado e denunciarmos traços desses horrores que sobrevivam no presente. A forma de fazê-lo é nomear, reconhecer e debater legados difíceis, promover sua ressignificação e visionar um futuro coletivo sob a ótica da reconciliação.

Crônicas do Dia - Amanheceres - Veríssimo

O amanhecer é uma metáfora pronta, e reincidente. Nós a usamos para escrever a História: o Renascimento como um novo dia depois da noite medieval

22/01/2017 - 09h05

Crônicas do Dia - Refugiado - Arthur Dapieve

Se a temperatura continuar subindo, fico feliz de estar morto em duas ou três décadas

Crônicas do Dia - Perigo à vista

O ‘trumpismo’, que domina politicamente aquele país, aumenta nossas preocupações com as possíveis consequências de atos protecionistas e populistas

02/02/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Educação conta pontos

Quem passa uma temporada um pouco maior em Portugal entende como um país pequeno, desprovido de riquezas naturais, consegue oferecer serviços de qualidade acima da média brasileira

02/02/2017 
O DIA

Crônicas do dia - Volta às aulas no Rio: incertezas e abandono

Em meio a esse cenário, estão os terceirizados sem salários e os servidores recebendo em míseras parcelas

03/02/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Saudades de Clementina

'Quelé, A voz da cor’ é uma homenagem não só à cantora, mas também a milhares de pessoas humildes que fazem a nossa cultura ganhar o mundo e nem sempre são reconhecidas por isso

03/02/2017 
O DIA

Rio - Na falta de questões relevantes a resolver, cabeçudos intelectuais querem proibir que blocos toquem clássicos como ‘Cabeleira do Zezé’ e ‘Maria Sapatão’. Dizem eles que as letras são preconceituosas e induzem o povo a não aceitar as diferenças. Besteira.

As marchinhas apenas revelam um humor bobo, infantil, típico de outros carnavais. O erro não está nelas, mas no ser humano. Aliás, acho curioso, nesse contexto, que ninguém se manifeste contra excrescências que hoje emporcalham nossos ouvidos, como “Meu pau te ama”.

Por essas e por outras, preferi fugir do Facebook por uns dias e mergulhar em dois livros que ocuparam muito bem o meu tempo. O primeiro foi a biografia da Clementina de Jesus, uma das vozes mais legítimas da música brasileira. ‘Quelé, A voz da cor’ é uma homenagem não só à cantora, mas também a milhares de pessoas humildes que fazem a nossa cultura ganhar o mundo e nem sempre são reconhecidas por isso.

Clementina nasceu em 1901. Ganhava a vida como doméstica, até ser descoberta, aos 62 anos, numa festa na Glória. A partir daí, levou para os palcos um tesouro em forma de sambas, jongos, curimbas, partidos-altos e outros tantos ritmos esquecidos. Seu canto é inconfundível. E tem poder.

Baseado em pesquisa intensa e muitas fotos, ‘Quelé’ é assinado pelos jovens Raquel Munhoz, Luana Castro, Janaína Marquesini e Felipe Castro. Um trabalho impecável. Merece até um CD com os grandes momentos da intérprete.

A segunda sugestão é para quem tem nervos fortes — tanto que está impresso na capa: “Se você tem medo de avião, não leia este livro”. Trata-se de ‘Voo cego’, de Ivan Sant’Anna e Luciano Mangoni. É uma história real. E tensa. Em outubro de 1990, avião com 158 pessoas saiu de Bogotá, na Colômbia, rumo a Nova York. Seriam apenas cinco horas de voo, mas série de erros provocou uma tragédia que marcou a aviação.

É praticamente o roteiro de um filme de suspense. Ivan é mestre nessas narrativas, costurando emoção, curiosidades e informações técnicas. Essa habilidade tornou-o referência no país quando se trata de livros sobre acidentes, como em ‘Bateau mouche’ e ‘Caixa-preta’. Impossível desgrudar das páginas, por mais que a gente conheça o fim da conversa.

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‘Voo cego’, a propósito, já estava quase na gráfica quando houve a tragédia com o avião da Chape, em novembro. O livro acaba mostrando que erros se repetem à exaustão. Em ambos os acidentes, falta de comunicação e pane seca fizeram dezenas de vítimas.

Nelson Vasconcelos é jornalista

Crônicas do Dia - Me engana que eu gosto - Nelson Vasconcelos

Feriado santo não édia de falar em problemas — a não ser, naturalmente, com o próprio santo do dia. O título acima, por exemplo, até parece, mas não tem nada a ver nem o Temer nem como Crivella. Tr atasede uma referência que us opara obras de suspense em geral, aquelas quenos prendem do início ao fim, masque agentes abe que só contam mentirinhas. e legítimo entretenimento—com ose isso fosse pouco. Não é, pois elas existem para nos recarregaras baterias, sem depor contra nossa inteligência.

Crônicas do Dia - O amor é lindo


Eis aqui algumas dicas que podem salvar — e até reforçar — o seu relacionamento. E não esqueça os chocolates

O DIA

Rio - Todo mundo sabe que o mar não está para peixe. Mas isso não é desculpa para você deixar de comparecer com um presentinho no domingo, Dia dos Namorados. Caso contrário, a situação pode ficar ainda mais esquisita. Por isso, eis aqui algumas dicas que podem salvar — e até reforçar — o seu relacionamento. E não esqueça os chocolates.

Daqueles que ainda mandam flores: ‘Amor à moda antiga’, do Carpinejar. Uma edição bonita e bem cuidada, com poemas escritos numa velha máquina de escrever. Já nasceu clássico. São poesias curtas, reflexões, perdas e ganhos, partidas e saudades, paixão, tesão, tudo embolado como muitos amores. Bom de ler sem pressa nem preconceito, sem qualquer medo de ser feliz.

Me engana que eu gosto: ‘O céu de Lima’, de Juan Gómez Bárcena. Em 1904, dois desocupados peruanos escrevem uma carta pedindo um livro autografado a um poeta que vive na Espanha. Em vez de usar seus nomes, no entanto, fazem o pedido em nome de admiradora fictícia, Georgina. Só que a correspondência desperta paixão a distância — por parte do espanhol, claro. Como Georgina, que não existe, pode resolver o rolo sem magoá-lo? E se o poeta resolver cruzar o Atlântico para conhecer a amada? Ótimo romance. E o melhor: baseado em fatos reais, devidamente documentados.

Mais do que namorados: ‘O papai é pop’, do Piangers. São crônicas sobre a arte de ser pai — o que, modéstia à parte, não é para todo mundo. O autor conta como foi crescer sem ter pai e, melhor de tudo, como a experiência alimenta sua baita paixão pelas filhas. Piangers ficou famoso na internet com o vídeo sobre sua história, merecendo milhões de visualizações no YouTube e no Facebook. Leva muito marmanjo às lágrimas.

Amor adolescente: ‘A última namorada da face da Terra’, de Simon Rich. Divertidas historinhas sobre a eterna busca pela cara-metade. Por mais ogro que você seja, haverá de se identificar com alguns episódios. O livro deu origem à série ‘Jovem solteiro à procura’, sobre um sujeito que está sempre querendo namorar sério.

Deu ruim: se o namoro acabou, presenteie-se com ‘Como viajar sozinho em tempos de crise financeira e existencial’, de Hermés Galvão. Com ótimas sacadas sobre a difícil arte de ganhar o mundo sem ninguém dando pitaco, a mensagem é: aproveite a vida. Para ler a dois: ‘Bitch’, de Carol Teixeira. Romance que tem tudo para despertar paixões adormecidas, ideias esquecidas e casais cansadinhos da rotina. Mantenha longe do alcance das crianças alfabetizadas.

Nelson Vasconcelos é jornalista