segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Artigo de Opinião - Prisão provisória de parlamentar -

Quando defendemos os direitos daqueles com os quais não nos afeiçoamos é que demonstramos nossa fidelidade aos princípios que dizemos ter e nosso grau de civilidade

09/12/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - Como selecionar os melhores professores ? - Júlio Furtado

Ser tecnicamente competente é fundamental, mas não é suficiente para se classificar um bom professor. O compromisso com o outro e o olhar inclusivo são essenciais

09/12/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - Essa bicha não é minha

Publicado em 09/12/2017 por O Globo

Mil novecentos e sessenta e quatro foi um ano de glória para mim. Ganhei o carnaval com "Cabeleira do Zezé (sátira à juventude rebelde da época com suas roupas extravagantes e suas cabeleiras); musiquei na televisão os programas "Times Square" e "Praça Onze"; e, na boate Sótão, na Galeria Alaska, o inesquecível show de travestis "Les Girls". Ali surgiram para o estrelato as talentosas Rogéria, Divina Valéria, Jane di Castro e outras transformistas que brilharam mais tarde em renomados palcos internacionais.

"Les Girls" foi sucesso total, durante muitos anos, com elencos variados, dentro e fora do Brasil. Uma curiosidade. Um poderoso diretor de TV, quando soube que eu estava musicando "Les Girls", fuzilou: "Kelly, você ganha aqui um bom salário e não tem nada que musicar um show de viados lá fora!" Respondi na lata: "Conheci o elenco e ali só encontrei artista de alta qualidade. Acho a sua frase muito infeliz."

Crônicas do Dia - Se lhe der na telha - Zuenir Ventura

Desta vez não se trata apenas de uma decisão polêmica e provocativa como têm sido quase todas as de Donald Trump. A de agora, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel, desafiando importantes aliados internacionais, inclusive o Papa Francisco, contém um potencial explosivo capaz de inflamar o Oriente Médio e de, como disse o líder do Hamas, abrir as “portas do inferno”, ao destruir o sonho dos “dois estados” (os protestos violentos já começaram). Quais foram os motivos que o levaram a abrir mão do papel dos EUA na mediação do conflito entre israelenses e palestinos, pondo fim às negociações de paz? São questões que os analistas estão procurando entender.

Artigo de Opinião - Nem tão simples - Ana Maria Machado

Simples assim. Entendeu ou quer que eu desenhe?”

A toda hora estamos esbarrando em variantes dessa atitude arrogante, seja em comentários na internet ou em palpites que surgem em conversas ao vivo, com a pretensão de calar o outro. Por vezes, vem revestida de um tom teórico peremptório, cheio de ecos intelectuais, a insinuar que qualquer discordância é estúpida. Nem por isso deixa de ser uma forma de ofensa, a chamar o outro de burro.

Artigo de Opinião - Consciência Negra e Religiosidade - Nei Lopes

Na década de 1880, o filósofo francês Louis Bergson elaborava e difundia o conceito de “força vital”, impulso criador que dá forma à vida no universo e consubstancia a evolução.

Crônicas do Dia - Gil na trilha dos dias

E me dei conta, também, do quanto as canções de Gil eram (foram e são) marcantes em minha vida

Artigo de Opinião - Burrice é o racismo - Marielle Franco


Crônicas do Dia - Êxtases - Veríssimo

Homens, mulheres e crianças trabalhando 15 horas por dia, sem qualquer amparo legal ou moral, fora os magros salários, para êxtase dos patrões

03/12/2017

Crônicas do Dia - Uma história de Monsueto - Luiz Pimentel

Compôs umas 150 músicas e foi gravado por grandes intérpretes da MPB. Viveu e morou na filosofia, na melhor delas

03/11/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - Ambiente de Bullying - Luca Andrade

Depressão, automutilação, isolamento, internamento e baixo rendimento escolar são algumas das consequências do bullying sofrido por jovens nas escolas. Mas as reações podem ser extremas, como suicídio ou mesmo homicídio — em muitos casos, um seguido do outro, ou seja: tragédia. Isso não é ficção — é realidade. Acontece que, apesar de conhecermos os efeitos perturbadores do bullying, diagnosticarmos e identificarmos a situação e os envolvidos; e até sabermos que ações educativas sintomáticas (não preventivas) bem como medidas legais têm sido criadas e aplicadas, mesmo assim, somos surpreendidos com suas consequências funestas. O caso de Goiânia é exemplo que se repete.

É hora de pensar não apenas no ato específico do bullying, mas no ambiente em que ele acontece, no sistema que de alguma forma o retroalimenta. O bullying não é privilégio da escola, pode acontecer em qualquer contexto onde há relações humanas. No contexto escolar, vale perguntar: o que é necessário para que, na cena escolar, seus atores — diretoria, corpo docente, corpo administrativo, alunos, pais de alunos — efetivamente percebam a importância do papel de educação integral da escola, da criação de um ambiente educativo que abarque tanto o aprendizado formal quanto as relações sociais interpessoais?

Nesse ambiente educativo, que inclui não somente o professor, mas todos que estão presentes na escola, atenta-se para o aprendizado de conteúdo, zela-se pelo espaço, cuida-se do outro e das relações, ocupa-se da mente, do corpo e da emoção que coexistem de forma sistêmica. É no conjunto desse ambiente que todos os seus atores são corresponsáveis pela lapidação desse ser social que respeita o outro, compreende e atua coletivamente, é solidário e empático, e não somente desenvolve o ser “intelectual”.

Assumir a integralidade de um ambiente educativo implica não somente considerar cada ator dessa cena como importante, mas também conscientizá-lo de sua importância. Como lidar “adequadamente” com o bullying que acontece no recreio, se o inspetor se sente humilhado pela forma como é tratado por seu supervisor? E ainda, dizem para ele: “É assim mesmo, meu chapa!”

A recorrência de bullying é um sinal de que o estado das coisas continua o mesmo ou pouco se desenvolveu. Alguns passos cruciais já foram e estão sendo dados para coibir este ato, assim como ações para lidar com o ato consumado, suas consequências e seus atores. Cabem agora ações integralizadas que construam uma nova forma de enxergar e promover um ambiente educativo. Atitudes que possibilitem uma maior conscientização dos atos individuais e suas consequências. É necessário ter um foco convergente que integre a educação formal, as relações e seus processos. Ninguém pode ficar sozinho, nem de fora. É preciso transparência, verdades e envolvimento de todos os atores desse ambiente educativo.

Luca Andrade é psicóloga


Crônicas do Dia - Dez milhões de Zumbis

Quando um dependente para de tomar a droga, cada músculo, cada nervo, cada articulação doem. Insuportavelmente.

03/11/2017 

Nelson Motta, O Globo

Artigo de Opinião - Reunião de pais no WhatsApp


Aplicativo trouxe uma novidade que algumas vezes tem dificultado a vida de educadores: grupos de pais de alunos

21/10/2017 
O DIA

Charges


Crônicas do Dia - O Dia do Mestre - Bayard Boiteux

Sempre sonhei em compartilhar as poucas informações que tenho,adquiridas ao longo de viagens,leituras ,cursos e conversas com meus alunos e amigos.Entendo que cabe a cada de um nós dividir o que sabemos,com a humanidade e assim ajudar a plantar sementes que disseminem novos conceitos e sejam portadoras da ideia da diversidade,que deve nortear nossa ação educadora.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Artigo de Opinião - Quem assume as mortes por consumo de álcool?

Em última instância, a verdade é que não existe interesse em que o consumo seja reduzido, pelo contrário

28/10/2017 
O DIA

Artigo de Opinião - Dona Pureza disse o essencial

O tamanho do retrocesso embutido na portaria do atual governo sobre trabalho análogo à escravidão é obsceno

Artigo de Opinião - A violência que vai à escola todo dia


Crônicas do Dia - Consciência de todas as cores

Educação, erudição e intelecto, embora fundamentais, não definem o homem, não contêm o racismo que o inconsciente revela

Artigo de Opinião - A arte não deve ser censurada -

Sou cristão e tenho três filhas, de 14, 11 e 5 anos. Se eu as levaria para uma performance de nudez ou para a mostra 'Queermuseu', é outra questão

20/11/2017
O DIA

Artigo de Opinião - O deputado nu -

A pedofilia, o estupro e todas essas monstruosidades não estão muito mais presentes entre os que estão distantes de museus, teatros e exposições de todos os tempos?

11/11/2017 

*Aderbal Freire-Filho, O Globo

sábado, 23 de dezembro de 2017

Artigo de Opinião - A única diferença - Carina Alves

O papel da importância do professor na perspectiva da comunicação acessível torna-a ferramenta capaz de contribuir para a reinvenção de uma nova sociedade e, como tal, impulsionar a Educação inclusiva

10/11/2017
O DIA

Artigo de Opinião - Desfazendo a ' ideologia de gênero ' no Brasil - Paula Drummond

Rio -  A passagem da filósofa norte-americana Judith Butler pelo país causou enorme furor dentro e fora das redes sociais. Em São Paulo, onde debatia democracia, grupos de manifestantes se enfrentavam a favor e contra sua presença. Nas semanas que antecederam o evento, petição foi criada pedindo cancelamento do evento, alcançando mais de 360 mil assinaturas. Acusação? Ela seria mentora intelectual de "ideologia nefasta" que visa a corromper famílias e valores morais tradicionais.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Crônicas do Dia - Fim de ano, tempo de descobertas - Marcus Tavares

Se você leciona nas etapas finais da Educação Básica ou Superior, é muito gratificante pode acompanhar o desfecho de uma dessas fases

25/11/2017 
O DIA

Crônicas do Dia - O preconceito grita - Walcyr Carrasco

Frequento alguns bons restaurantes, principalmente na região dos Jardins, em São Paulo.  Não me lembro de ter visto, em todos estes anos, sequer um negro como cliente. Como garçom sim, muitos. Talvez se vasculhar minha memória encontre um ou dois. Mas o fato se repete todas as noites. As mesas são ocupadas por brancos. Senti o mesmo quando fui à Africa do Sul, há alguns anos. Passei por comunidades negras, onde as casas eram contêineres de lata. No sol escaldante. Hospedei-me em um hotel seis estrelas, um dos melhores do mundo. No café da manhã, nenhum negro entre os hóspedes. Os garçons, negros. O Apartheid acabou? Sei. Aqui, sempre fomos hipócritas. Em minha novela O outro lado do paraíso, a personagem Nádia (Eliane Giardini) expulsa a empregada Raquel (Erika Januza) por namorar seu filho. Não admite que ele se case com uma negra. Quando escrevi as cenas, houve quem dissesse que eram fortes demais. Que até o movimento negro rejeitaria. Insisti. Foram ao ar exatamente dois dias depois do escândalo que aniquilou o apresentador William Waack. Exatamente por dizer, sem notar que era gravado, palavras semelhantes às de Nádia. Foi uma coincidência, as cenas foram gravadas meses antes. Mas a ficção espelha a sociedade. Sinceramente. Jamais esperaria que alguém como o apresentador, de tanta respeitabilidade, expressasse o preconceito tão fortemente. A Rede Globo foi ágil. Simplesmente o retirou do telejornal.

Artigo de Opinião - O jornalismo e a atualidade de Guimarães Rosa - Helio Gurovitz

Críticas à imprensa se tornaram corriqueiras – a maioria, pelos motivos errados. O principal defeito dos jornais e revistas brasileiros não está na ideologia nem nos procedimentos editoriais (em que pesem queixas legítimas). Está na deterioração do texto. O Brasil talvez seja o único país em que alguém pode ser jornalista bem-sucedido sem saber escrever direito. Sempre pôde contar com editores abnegados, dispostos a reescrever qualquer aberração, depois assinar com o nome alheio. Nas últimas décadas, nem isso tem bastado. Por uma conjunção madrasta de forças econômicas e culturais, a imprensa se vê nas mãos de uma geração que não foi educada para a escrita. É algo visível no nível mais básico, tal a profusão de erros de concordância e regência, de palavras e partículas desnecessárias (“que”, “se” ou “de”), de textos viscosos e confusos. Mas também num nível mais grave e insidioso. Fora os deslizes sintáticos, ortográficos ou estilísticos, em certa medida inevitáveis diante da pressão dos prazos, o texto jornalístico se tornou refém da preguiça mental e dos chavões. Não passa um dia sem que alguém cometa, nas páginas da grande imprensa, uma “ponta de iceberg”, uma “joia da coroa”, um “divisor de águas” ou uma “rota de colisão”. Quando falta apuro na linguagem, natural que falte também nas ideias. O problema da imprensa é, na essência, um problema de linguagem.


Daí a relevância e a atualidade de Guimarães Rosa, morto há 50 anos. Na divisão clássica, há escritores que se impõem pela força da narrativa, como Dickens ou Tolstói, outros pela linguagem, como Joyce ou o nosso Rosa. Ele destilava cada frase, cada palavra, cada vírgula para alcançar seu estilo singular. É um erro crer que apenas reproduziu o falar característico do sertão. Seu texto derivava de vasto conhecimento linguístico, em que a estrutura sintática do alemão podia se aliar a uma expressão do francês ou a um neologismo importado do russo para expressar o pensamento ou a ação do sertanejo. Tal mecanismo sofisticado, presente em todas as suas obras, faz de muitas uma leitura difícil, por vezes maçante. Parecem escritas num idioma estrangeiro, em tudo similar ao português. Ninguém jamais escreverá como ele. Mas é leitura fundamental, recompensadora até, para quem deseja ou precisa, como os jornalistas, dominar as engrenagens e a artesania da linguagem escrita.


Nenhuma das obras de Rosa é tão didática a respeito de sua relação com a linguagem quanto o último livro que publicou em vida, meses antes de morrer, a coletânea de contos Tutameia. Em 44 textos, chamados de “estórias”, Rosa produziu seu testamento literário. Quarenta deles haviam sido publicados anteriormente – a maioria na revista médica Pulso, dois no jornal O Globo, onde também publicara os contos da coletânea Primeiras estórias. Quatro são novos, classificados como prefácios, embora apenas um ocupe a posição convencional na abertura do livro. O leitor encontra os outros três entremeados às demais estórias. Na edição original, publicada pela Livraria José Olympio, há dois índices: um no começo, com as estórias em ordem alfabética (ou quase); outro no final, o “índice de releitura”, com os prefácios separados. Esse segundo índice é um recado do autor: apenas uma leitura não basta. A vantagem prática de Tutameia é justamente poder ser lido e relido aos poucos. A restrição de espaço nas publicações originais obrigou Rosa a produzir textos curtos e independentes, num esforço de condensação que aproxima sua prosa da poesia. Ler um por dia contribui para melhorar a escrita de qualquer um.

O cenário das estórias é o ambiente familiar a Rosa, os descampados, matas e cenários ermos do sertão mineiro. Os personagens, na descrição do crítico Paulo Rónai, são também familiares: “Vaqueiros, criadores de cavalos, caçadores, pescadores, barqueiros, pedreiros, cegos e seus guias, capangas, bandidos, mendigos, ciganos, prostitutas, um mundo arcaico onde a hierarquia culmina nas figuras do fazendeiro, do delegado e do padre”. É nos quatro prefácios, cheios de ironia, que ele nos deixa seu legado explícito. São textos urbanos, reflexões de um escritor em eterno embate com as palavras. O primeiro é uma discussão algo filosófica, sobre como representar algo por meio da ausência. No segundo, ele defende os neologismos. No terceiro, narrativa trôpega sobre a volta de um bêbado a sua casa, demonstra nas palavras e no ritmo a importância da forma para o conteúdo. É no quarto, reunião de sete histórias pessoais, que traduz o título, no final de um glossário. A palavra “tutameia” pode aparecer no dicionário com o sentido de “ninharia”, mas era para Rosa “mea omnia” (toda minha, em latim), a síntese de toda a sua obra. Publicada, em boa parte, pela imprensa.

Conheça a história da feminista Pagu, a musa da liberdade



Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, hoje, vamos mostrar um pouco a história de uma, dentre tantas guerreiras femininas, que lutou em busca de igualdade e valorização deste gênero, Pagu, uma mulher revolucionária que desafiou a sociedade oligárquica dos anos 30.

Crônicas do Dia - Uma questão moral - Walcyr Carrasco

Vivemos tempos escuros. Todos os dias, alguém me fala sobre o papel da televisão na construção da família e do caráter das crianças. A internet sempre repleta de notícias falsas. (Vale um alerta: sites que não são feitos por empresas de comunicação, com notícias verificadas, mentem. Inventam.) Logo no início da minha novela, O outro lado do paraíso, um pastor evangélico conhecido da mídia fez um artigo dizendo que, entre outras coisas, um homossexual transaria com um bode. Seria para rir, se tanta gente não levasse a sério. Mesmo que eu, em um momento de absoluta loucura, escrevesse uma cena dessas, ela nunca iria ao ar na TV aberta. A própria emissora tem uma responsabilidade social. Mas em torno de uma novela, de programas de televisão, há sempre uma gritaria. Não é novidade. O livro O amante de lady Chatterley, de D.H. Lawrence, esteve proibido por anos devido ao conteúdo erótico. Ulisses, de James Joyce, uma obra-prima da literatura, sofreu processo. A literatura é atacada, o cinema é atacado, a TV é atacada. Agora, exposições de arte também são, acusadas inclusive de deformar os valores da criança.

Artigo de Opinião - Esqueça a maconha, o problema é a bebida -

A medicina conseguiu provar pela primeira vez, de forma inquestionável, que a bebedeira compromete o desenvolvimento cerebral dos jovens. Confirmando indicações de estudos anteriores, pesquisadores de cinco universidades americanas analisaram o cérebro de 483 voluntários, entre 12 e 21 anos, em dois momentos: quando ainda não consumiam bebida alcoólica e até dois anos depois. Concluíram que os “grandes bebedores” – aqueles que bebem até se embriagar – tiveram redução no ritmo de crescimento cerebral e perderam massa cinzenta no córtex pré-frontal. Última região do cérebro a se formar, até os 25 anos, o córtex é associado à tomada de decisões, ao autocontrole e ao comportamento social. Ainda não é possível afirmar, com certeza, que essa perda faz alguma falta. Mas é um claro sinal de alerta: quem exagera na bebida durante a adolescência pode perder habilidades fundamentais para uma vida madura e saudável.

Crônicas do Dia - As personalidades e as redes - Walcyr Carrasco

Ando surpreso como as redes sociais transformam as pessoas. Ou revelam outros lados da personalidade. Os nudes, por exemplo. Sou de uma época em que havia prós e contrários à nudez. Uma atriz famosa, ao posar nua, provocava escândalo – e maravilhamento. Algumas se negavam: nua, jamais. Homens, nem pensar. Hoje ficar nu é habitual. As pessoas postam fotos sensuais. Enviam junto com o primeiro “oi, tudo bem”. Eu não caí na tentação do nude devido a minha barriga. Explico. Quando olho para baixo, vejo somente meu umbigo. Não me sinto habilitado a posar para um clique pelado. Já se tornou comum certo tipo de escândalo: um ator famoso é flagrado num vídeo íntimo. Viraliza nas redes. Eu me pergunto: foi mesmo uma câmera oculta? Ou um vídeo transmitido pelo próprio para alguém? Pior: quem sabe o próprio alvo do escândalo seja autor do vazamento?

Likes viciam tanto quanto o crack. Tenho um amigo que posta fotos de si mesmo sem camisa, na academia, na praia etc. É um executivo de mais de 40 anos. Em sua loucura, posta também as viagens de fim de semana, que começam na sexta-feira e terminam na tarde de segunda-­feira. Perdeu um emprego, por motivos nebulosos. Fez entrevista para outro. O futuro chefe pediu:



Adiantou? Não. Meu amigo segurou duas semanas. Admitido, voltou a publicar fotos sem camisa, com a expressão de quem se acha a suprema beleza neste Universo. Por que acredita que seus seguidores têm interesse em vê-lo na academia praticamente todos os dias? Ou de sunga na praia? Conversei.

– Cuidado ao postar todas as fugidas de fim de semana, inclusive a outros países. Vai causar descontentamento e inveja entre quem trabalha com você.

Ficou duas semanas sem postar. Agora não resiste mais. Exibe os cliques. Não causa só inveja. Evidencia que está matando tempo do trabalho. Não há mais o que dizer. A internet transformou um homem até tímido num exibicionista. Outro amigo já sabe analisar a personalidade de alguém por meio de quem segue. Examina os amigos nas redes sociais. Descobre qual é seu campo de interesse. Recentemente, estávamos falando sobre uma pessoa que se aproximou de mim. Como costuma acontecer, há muita gente que forja uma amizade, garantindo que não tem a menor vontade de ser ator ou atriz... para depois dar o bote e pedir um papel. Faz parte da minha vida. Em geral, são pessoas sem experiência na área artística, para quem o sucesso na mídia é algo instantâneo e milagroso. Não uma profissão. Esse amigo de quem falei abriu o Instagram de alguém que tentava uma nova amizade.  Ela só seguia famosos.


Conhecem-se as profundezas e até os desvios do caráter analisando as redes sociais de alguém. Essas mesmas pessoas, muitas vezes, na vida cotidiana são tímidas. Têm profissões comuns. Por que postam cada pedaço de pizza no fim de semana? Óbvio. A possibilidade de aparecer estimula o exibicionismo. São poucos os que postam livros. Frases, há muitos. Mas a maioria gosta de mostrar a si mesmo. Ou até de estabelecer uma relação de poder. Recentemente, um amigo de muito tempo separou-se. Pediu a todos os seus amigos que excluíssem seu ex das próprias redes. Argumentou que era uma atitude para deixar claro ao rapaz que já não pertencia a seu mundo. Pessoalmente, sou adepto do velho ditado: “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Adaptado para os novos tempos, quer dizer simplesmente: quando um casal se separa, melhor não tomar partido. E se depois os dois voltam? Terei feito péssimo papel. Também considerei a questão do ponto de vista ético. Um queria dar uma demonstração de poder sobre o outro. Por que devia participar disso? E não excluí o outro.

Resultado: recebi de meu ex-amigo, pela internet, uma mensagem que até me chamava de “alma trevosa”. Francamente, alguém falaria isso ao vivo? O distanciamento da internet é que permite tal nível de hostilidade. Se estivéssemos conversando, discutiríamos e a amizade continuaria. Mas, diante de tal mensagem, reagi. Excluí meu antigo amigo de todas as minhas redes, bloqueei etc. Mas me assustei com a maneira como as redes sociais evidenciam aspectos de alguém, que não conheceríamos de outra maneira. Mais. Estimulam esses aspectos a emergir.

Continuo a ser um admirador da internet e de tudo que ela proporciona. Mas não me engano mais. É perigosa até para minha própria personalidade. Ainda bem, já me dei conta. É um vício.

Artigo de Opinião - Mais racionalidade na discussão sobre aborto - José Gomes Temporão










No dia 27 de novembro, a Academia Nacional de Medicina (ANM) enviou uma carta aberta para a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que defende a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. A ANM, cuja fundação em 1829 antecede à do STF em mais de 60 anos, sempre contribuiu para balizar o debate sobre saúde com base em evidências. A prática do aborto é bem mais antiga que a Academia e o STF e, pelo menos, desde a Antiguidade está entre as opções que as mulheres têm para controlar sua reprodução. A interrupção voluntária da gravidez sempre foi praticada e não diminui só porque uma parte da população a desaprova.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Você sabia disso ? - Educadores condenam proposta do Escola sem Partido contra Paulo Freire

Educadores condenam proposta do Escola sem Partido contra Paulo Freire

Movimento consegue fazer chegar ao Senado ideia para suspender do professor o título de patrono

05/11/2017
O DIA

Crônicas do Dia - A Escrava Luislinda - Artur Xexeo


Você sabia disso ? - O que é Arte ?

A arte é uma das melhores maneiras do ser humano expressar seus sentimentos e emoções. Ela pode estar representada de diversas maneiras, através da pintura plástica, escultura, cinema, teatro, dança, música, arquitetura, dentre outros. A arte é o reflexo da cultura e da história, considerando os valores estéticos da beleza, do equilíbrio e da harmonia.

Crônicas do Dia - Redículo - Luís Fernando Veríssimo

O STF teve suas recaídas no ‘redículo’. O Gilmar Mendes é ‘redículo’. O Congresso Nacional foi repetidamente ‘redículo’. O Temer é cada vez mais ‘redículo’

05/11/2017 

Crônicas do Dia - O rei do trombone

O Globo

Carlos Diegues

 A felicidade é um assunto que está meio fora de moda na cultura brasileira de hoje. Certamente por causa dos dias difíceis que estamos vivendo, mas também por causa da relação de nossos artistas com o que pretendem da vida e do mundo em suas obras. Nem sempre foi assim. E olha que, em certo sentido, a barra no passado já esteve bem mais pesada para todos nós.

O Brasil parece incapaz de encontrar um rumo certo para um futuro melhor. Ao longo de nossa história, vivemos momentos de muita esperança e até euforia, aos quais se seguiram sempre grandes fracassos e crises de melancolia. É como se, com o fim de nossos sonhos, o Brasil não merecesse existir.

Foi assim no entusiasmo do nacionalismo desenvolvimentista pós-Vargas, que terminou com o golpe militar de 1964; com a redemocratização a partir de 1985, que culminou com hiper-inflação e moratória internacional; com o otimismo das eras FHC e Lula, que se encerraram com o desastre político, econômico e social que vivemos hoje. A cada momento que parecemos encontrar uma saída para o país, a força de eternos defeitos nos empurra para a inevitável  miséria de nossa existência.

Mas, como a verdade nem sempre está com o conjunto de aparências a que chamamos de realidade, o Brasil tem sido fértil em artistas e pensadores que se negam a aceitar o desastre como uma vocação ou uma fatalidade insuperáveis. Eles sempre estiveram por aí, agitando nosso direito de sermos felizes.

Em 1967, no clímax da ditadura militar que se consolidaria no ano seguinte, o Grupo Oficina, em São Paulo, descobre o anarquismo antropofágico de Oswald de Andrade e monta a peça “O rei da vela”, escrita em 1933 num Brasil afogado nas consequências da crise financeira de Wall Street que abalara o mundo. Um espetáculo que marcaria para sempre o teatro brasileiro, por sua liberdade revolucionária e por sua busca de valores culturais que melhor nos expressassem. José Celso Martinez Correa, Renato Borghi, Itala Nandi, Helio Eichbauer, todos os responsáveis pelo grupo propunham o desmonte do convencional e a exaltação da alegria como resposta ao regime anti-democrático que se impunha.

O espetáculo era dedicado a Glauber Rocha, por causa do filme “Terra em transe”, marco inaugural do que seria conhecido como tropicalismo. No manifesto de lançamento de “O rei da vela”, Zé Celso afirmava que “a peça é fundamental para a timidez artesanal do teatro brasileiro de hoje, tão distante do arrojo estético do Cinema Novo”. Não se tratava apenas de arrojo estético, mas também de assumir o direito e o prazer de pensar por nossa própria conta.

Dez anos depois, em 1977, quando a ditadura militar começava a revelar seu cansaço e a propor uma certa “abertura” no regime, um outro grupo teatral que já existia desde 74 no Rio de Janeiro monta a peça “Trate-me leão”, espetáculo fundador de uma nova dramaturgia criada pelo coletivo Asdrúbal Trouxe o Trombone. 

Dirigido por Hamilton Vaz Pereira, “Trate-me leão” era um longo improviso de quase cinco horas de duração, em torno do que fosse comum aos jovens de então. Sempre com muito bom humor,  tudo era criado em nome da celebração da vida e do direito de se ser o que se quer ser. Ao ver a peça, Zé Celso, o diretor de “O rei da vela”, afirmou que não se tratava de um espetáculo banal de resistência, mas um exercício de  re-existência. Ou como se comportar num mundo novo.

Além de revelar grandes intérpretes, como o próprio Hamilton, Regina Casé, Luis Fernando Guimarães, Patricia Travassos, Evandro Mesquita, Perfeito Fortuna, Lena Brito e outros, o texto improvisado atraiu grandes nomes da cultura brasileira nos anos 1960 e 70, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que já haviam vivido o impacto de “O rei da favela”. 

Tudo isso deve parecer muito estranho a quem está absorvido pela disputa ideológica de hoje. Quando, por exemplo, por causa do tendo como vítima o filme “Vazante”, de Daniela Thomas, se espalha por aí uma nova censura sofisticada, uma obsessão pelo “lugar da fala”, gíria universitária que serve para impedir que se pense sobre o que a cada um der na veneta. A triunfal volta das patrulhas ideológicas sobrevoa a produção cultural, exatamente quando mais precisamos de liberdade para, em nome da felicidade, pensar coisas nem sempre consagradas que podem nos ajudar a sair dessa crise que nos tira o ar. 

Para provar que há certas ideias que resistem ao tempo enquanto o tempo precisar delas, “O rei da vela” está sendo re-encenada com grande sucesso, 50 anos depois de sua estréia, no novo Teatro Oficina que enfrenta a ganância de Silvio Santos. E, a partir desse mês, o Canal Viva estará exibindo uma série em 13 episódios sobre o Asdrúbal, um documentário brilhante dirigido por pelo próprio Hamilton Vaz Pereira, 40 anos depois da estréia de “Trate-me leão”. Como está em Oswad de Andrade, “se alguma coisa já exaltou o homem, foi a palavra liberdade”. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Crônicas do Dia - Educação do Olhar

As impressões deixadas pelo professor podem virar digitais nas ações do educando, porque seus olhos observam o professor

19/11/2017 
O DIA

Rio - Ao fim de cada ano letivo, a sociedade recebe uma nova geração de jovens professores. Quando concluímos a universidade e entramos na carreira docente, acreditamos que a primeira coisa que iremos fazer será ensinar. Ledo engano. Descobrimos que primeiramente iremos aprender, principalmente aprender a olhar.

Os olhos são peças anatômicas singulares. Falam, em certos momentos, mais do que muitas palavras. As estruturas mais simples apenas percebem a luz ao derredor, enquanto as estruturas mais complexas proporcionam o sentido da visão.

Ao mesmo tempo em que são sensores do corpo, os olhos são reflexos dele. Ao mesmo tempo em que impactam, são impactados. É interessante a analogia que há entre os olhos com relação ao corpo, e o professor com relação à Educação. Os olhos percebem a luz e transmitem as informações das imagens ao cérebro, que as transforma em conhecimento. O professor não pode sozinho gerar o conhecimento, assim como os olhos, mas é o mediador da sua concepção, podendo levar luz ou manter o educando na obscuridade. "Se teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz."

Os olhos expressam as reações do nosso organismo, como a dor, a alegria, a tristeza, o sorriso, a lágrima. Há pessoas que sorriem com os olhos. Dizem com os olhos o que não dizem com palavras. Os olhos são expressões das nossas emoções. Com eles, acolhemos ou rejeitamos, focamos ou ficamos dispersos. Expressamos com o nosso corpo, em gestos, o que nossos olhos confessam sem exigências de palavras.

Os olhos têm o poder de encorajar-nos e ganham intrepidez na verdade. De quando em vez, desviam-se para ocultar enganos. Insistem em olhar quando falam de amor; distraem-se, quando falam de maneira descompromissada. Os olhos do aluno estão sempre mirados no professor, e em alguns momentos mostram reverência. Quando o professor retribui o seu olhar, o aluno constrói sua segurança. É a disponibilidade do olhar do professor que encurtará a distância entre os dois.

As impressões deixadas pelo professor podem virar digitais nas ações do educando, porque seus olhos observam o professor. É apropriado que o professor olhe o aluno com empatia, mas o aluno não precisa ser sua imagem refletida, um reflexo seu, pois cada aprendente é um ser único que precisa conquistar sua identidade.

Eugênio Cunha é professor e jornalista

Artigo de Opinião - A reforma



Igor Grabois

A reforma trabalhista está sendo aplicada, e como era previsível, categorias como professores e médicos têm sido duramente atingidos. O tal trabalho intermitente se encaixa não apenas para trabalhadores de restaurantes ou de grandes lojas. O regime de plantão dos profissionais de saúde e a remuneração por hora-aula caem como uma luva pros tubarões do ensino e pros donos de hospitais e trambiclínicas, tipo os dr.Cosulta da vida.
São trabalhadores que apenas em um país de exploração tão desenfreada como o nosso podem ser considerados privilegiados. Quem já viveu a incerteza e trabalhar no ensino superior privado, como este que vos escreve, sabe do que estou falando.
Me incomoda muito que gente politizada saia escrevendo nas redes sociais e em páginas de comentários de blogs que o que acontece com médicos e professores é bem feito, pois apoiaram o golpe etc. Esse negócio de culpa coletiva - categorias profissionais, etnias, nacionalidades - é coisa de fascista. Conheci operários metalúrgicos, funcionários públicos, choferes de ônibus, empregadas domésticas apoiando o golpe e dizendo barbaridades sobre a CLT e a previdência. Professores públicos e privados estiveram entre as categorias que mais resistiram, com uma bela greve nacional em março. Ou alguém acha que as invasões da polícia federal nas universidades é pra pegar corrupção?
As entidades médicas, em geral, tiveram um papel vergonhoso e continuam tendo, como no episódio da proibição de novos cursos de medicina. Mas entre os profissionais do SUS tem muita crítica e muita resistência. O sinistro Ricardo Barros não consegue ir a um único evento de saúde coletiva.
Grande parte dos que bateram panela fizeram papel de otário, muitos morrem de vergonha do que fizeram. Outros não. Sabem muito bem o papel que exerceram. Estão aí, fazendo propaganda fascista e querendo pisar na cabeça dos outros.
Independente das posições políticas, defender direitos dos trabalhadores, de que categoria sejam, é obrigação de quem milita e tem consciência política.

Crônicas do Dia - O sucesso da jovem velhice - Walcyr Carrasco

Bibi Ferreira aos 94 anos apresenta-se no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. Em Bibi, por toda a minha vida, canta de Edith Piaf a Roberto Carlos. A plateia sai maravilhada. Bibi faz parte de um grupo cada vez maior de pessoas que envelhecem, mas continuam em plena atividade. Quando eu era criança, velhice era sinônimo de aposentadoria. Paz e tranquilidade. Quem quer? Meu pai se aposentou aos 52 anos. Continuou trabalhando para complementar a renda. Pré-adolescente, diziam que o fim do mundo chegaria em 2000. (A crença continuou até a virada daquele ano, com teorias conspiratórias, previsões do calendário maia e até gente que se refugiou em arcas.) Eu pensava: “Quando o fim do mundo chegar, estarei velho, com 49 anos”.