quarta-feira, 4 de maio de 2016

Artigo de Opinião - O PT acabou ou será refundado ? - Wilson Diniz

04/05/2016 

Nessas eleições municipais, petistas históricos buscam novas legendas e discurso de oposição para serem reeleitos

O DIA

Artigo de Opinião - Amanhã será um novo dia - Siro Darlan

04/05/2016 00:02:48

A lição de cidadania dos jovens da periferia é de causar inveja às organizações mais radicais e conservadoras.

O DIA

Artigo de Opinião - Um novo perfil dos alunos contemporâneos - Eugênio Cunha

03/05/2016

Trata-se de uma geração que nasceu com um computador em casa: 'os nativos digitais'

O DIA

Artigo de Opinião - A corda bamba de Temer - Claudio Magnavita

03/05/2016 

Se fracassar, o Brasil poderá ver uma Dilma resgatada da fogueira da inquisição na qual foi jogada por seus opositores

O DIA

Rio - A linha de tempo é hoje a maior inimiga do vice-presidente Michel Temer. Se assumir agora, a sua interinidade é de 180 dias, prazo final para o julgamento no Senado da presidente Dilma. Mas na prática, quem estará sendo julgado também será o próprio Temer. Se nestes meses ele for um grande fracasso com o peso das medidas impopulares que será obrigado a tomar, qual senador terá coragem de tirar Dilma definitivamente do Alvorada?

Enquanto Temer, com os cofres vazios, não terá varinha mágica para governar, Dilma terá seis meses de agenda política. Visitará todo o país e poderá cuidar de uma defesa mais robusta, encarnando o papel de vítima de Eduardo Cunha e do vice. Na prática as medidas impopulares deveriam ser tomadas por Dilma que, uma vez afastada, passará esse ônus ao peemedebista.

Sem contar que nestes seis meses o presidente interino enfrentará uma oposição competente, especialização histórica do PT e do PCdoB, matéria na qual o PSDB foi reprovado. Os petistas sabem quando e onde bater. Haverá também a força das mobilizações sociais e o pior: o mundo estará de olho no Brasil em plena Olimpíada. Qualquer manifestação popular que ocorra com milhares de jornalistas internacionais no Brasil terá o poder de uma bomba atômica. 

No meio deste terreno pantanoso, teremos ainda uma eleição municipal. Grandes capitais poderão virar palco de debates acirrados. São Paulo, Rio, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte podem correr o risco de virar praça de guerra pelo clima de antagonismo que separa os grupos opositores.

O vice Temer está na verdade como equilibrista, caminhando em uma linha de tempo travestida de corda bamba, esticada sobre um abismo e com duração de seis meses. Ele terá de rezar muito para que as tormentas e ventanias previstas para o período não o deixem tombar no fosso da impopularidade. 

Se Temer fracassar, o Brasil poderá ver uma Dilma resgatada da fogueira da inquisição na qual foi jogada por seus opositores e a demonização do vice. Na prática o julgamento vai avaliar os supostos pecados de Dilma e o desempenho de Michel nos próximos seis meses.
Cláudio Magnavita


Cláudio Magnavita é jornalista

Crônicas do Dia - Ressaca - Fred Coelho

Ressaca

Em 1920, o Rio recebia obras por conta da visita de estrangeiros, ou seja, 'para o Rei Alberto ver'

O que cansa não é a História, mas sua repetição errática. Seu andar lento, sua mesmice cega. O que abate não é a memória com seu “eu avisei”, mas sim a sensação de que estamos caindo em um abismo de Alice. Nada muda, mas nada para de ruir. As coisas pioram. Estamos aí, o sol de outono brilha e a cidade permanece cheirando a morte. O país indo pra breca, os laços sociais esgarçados por butins que não são nossos, e uma onda suspende a peça de concreto, ela colapsa por erro e cai, afogando Eduardo e Ronaldo no mar. Não é a História que mata. É justamente a sua falta.

Era setembro de 1920 quando a cidade delirava ao redor de um único tema: a visita do casal real da Bélgica, Rei Alberto I e Rainha Elizabeth. Desde o primeiro momento em que a vinda de sua comitiva ao país foi anunciada, a imprensa local (com dezenas de jornais e revistas) deu ampla e diária cobertura ao tema. Assim como as colunas locais e de costumes eram lidas para saber os passos dos (muitos) preparativos, uma série de chargistas e intelectuais de plantão utilizavam sua verve para criticar o evento. O ponto era muito próximo a nós: todas as reformas eram feitas “para o Rei Alberto ver”. A cidade só mudava por conta da visita dos estrangeiros. Pois é.

Sob a presidência de Epitácio Pessoa e a prefeitura de Carlos Sampaio, o Rio de Janeiro passou o ano se preparando para receber o casal real. Como a cidade era, ao mesmo tempo, Distrito Federal, ganhava ares de recepção nacional. A nova “civilização nos trópicos” poderia provar ao poder europeu seu cosmopolitismo, sua vocação para a beleza e para o refinamento. Ao menos eram esses os apelos coercitivos da imprensa e das autoridades à população.

Os caminhos que as reformas urbanas de Sampaio propunham seguiram o viés iniciado por Pereira Passos nos primeiros anos do século. Ele atravessou governos marcantes e culminou com os seis meses transformadores de Paulo de Frontin (1919). Além disso, eram nomes que representavam a participação dos engenheiros e de suas ideias cientificistas nas formulações e execução das políticas públicas ao redor das radicais reformas urbanas daquele tempo. Muitas vezes, tais diretrizes aplicaram a boa e velha “limpeza”, promovendo remoção de moradias populares, cortiços e favelas, desmontes de morros, descaracterização das memórias locais em bairros atravessados por avenidas etc. São também os anos em que dois eixos desiguais de desenvolvimento foram definidos — um para o sul, outro para o norte. Assistimos hoje à perpetuação disso.

Um ponto impressionante que se aproxima do presente (retirado do excelente livro “A vitrine e o espelho”, de Carlos Kessel) é que, pouco antes de Carlos Sampaio assumir a prefeitura, ela estava quebrada — muito por conta, ainda, das obras iniciadas por Passos, além de dívidas que foram rolando e gastos excessivos com pessoal. Mesmo assim, Carlos Sampaio teve pela frente uma visita de reis europeus, o desmonte de um morro, o aterro de uma praia e a construção dos pavilhões do Centenário.

O atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de certa forma, ligou-se ao imaginário dessa geração de alcaides transformadores da cidade. Isso se deu a partir de projetos e eventos que estimularam obras urbanas de grande impacto — e transtorno. Ao contrário deles, Paes teve muito mais tempo à frente da cidade (Carlos Sampaio, por exemplo, teve três anos para fazer o que fez — além de muitas outras obras que não cabe aqui citar). Seu legado, certamente, será discutido por historiadores, urbanistas e uma série de pesquisadores (área, aliás, de que a cidade é muito bem servida). Alguns pontos, porém, serão mais lembrados que outros. Talvez o caos das linhas de ônibus — desde a mudança das cores até a confusão absoluta de itinerários, troncais e que tais — seja tão presente na memória do carioca quanto o VLT, quando ele funcionar. Se funcionar.

Certamente a queda de parte da ciclovia na Avenida Niemeyer será lembrada. Talvez ao lado das realizações das Olimpíadas. Uma espécie de adversativa do que ainda virá. Mas sabemos que cariocas têm memória curta com mortes ocorridas no brutal atacado dos dias para os mais pobres. Quanto mais com mortes trágicas de cidadãos que confiaram na estrutura, confiaram na engenharia, confiaram na prefeitura. Não precisavam confiar no mar. Isso era o mínimo que construtores de uma ciclovia como aquela podiam garantir.

A marca que dá o nó no peito é que as mortes ocorreram no ponto acima do viaduto feito justamente por Carlos Sampaio para a vinda dos reis belgas. Ele permanece lá, de pedra, por centenas, talvez milhares de ressacas. E eis a sombra na tragédia: não se aprende com o passado. Há muita pressa, sempre, em nome do capital, da pior política e de um progresso sem saída. A sensação é de que nunca desarmaremos essa armadilha social. Mas, enquanto a cidade se afoga, sua juventude ocupa escolas. Aí, não se trata da História, e sim do futuro. Deveríamos ouvi-lo para não repetirmos os mesmos erros. Nunca mais.




Crônicas Do Dia - Inferno astral - Zuenir Ventura


O desastre que matou duas pessoas aconteceu justamente quando o prefeito ia botar a mão na tocha olímpica que traria para a cidade uns 15 dias de jogos para espairecer

27/04/2016