domingo, 25 de setembro de 2016

Crônicas do Dia - Artista também é gente - Carlos Andreazza


Tão natural é que Chico integre a comitiva oficial dos golpeados no Senado quanto desonesto é que sua presença seja vendida como a própria representação da verdade

06/09/2016 
Carlos Andreazza, O Globo

Crônicas do Dia - Cuidado, meu bem, há perigo na esquina ... - Zélia Duncan

Na vida, a ficção é implacável e não valoriza um final feliz

Editorial de O Globo


Dentro da crise mais ampla da educação básica, a degradação da sua fase final, o ensino médio, é gritante há tempos. Algo assustador, porque os avanços que têm sido alcançados na parte inicial dos estudos terminam sendo perdidos à medida que o jovem se aproxima do ciclo médio. Os resultados do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente a 2015, confirmaram este cenário e mostraram, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o ensino médio, em estado terminal, caminha para a falência absoluta.

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Pelo terceiro ano consecutivo, a nota média do ciclo foi de 3,7, muito distante das metas. A estabelecida para 2015, por exemplo, era de 4,3. Há intenso debate sobre a crise do ensino básico e, em especial, o médio. Já era mesmo hora de agir, como fez o governo ao baixar ontem medida provisória com mudanças importantes a vigorar a partir do primeiro semestre do ano que vem, mesmo que exista um projeto de lei de reforma deste ensino, desde 2013, na Câmara. Divergências haverá, mas algo foi feito, dentro de alguma lógica.

Um termômetro desta crise é a evasão de alunos. Dados oficiais indicam que há no país 1,7 milhão de jovens, entre 15 e 17 anos, fora da escola, ou 16% desta faixa etária. É razoável admitir que isso se deve bastante à inadequação da escola aos adolescentes.

Pouco existe nela que atraia o aluno, e assim a tentação de ir logo para o mercado de trabalho — amplificada pelos problemas econômicos e sociais — se torna irresistível. Ou mesmo para nada fazer, engrossar a parcela dos “nem-nem” (nem estuda, nem trabalha).

O currículo mudará de forma radical: em vez de 13 disciplinas inamovíveis a serem estudadas em três anos, haverá, assim que o currículo único ficar pronto, matérias distribuídas por cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. Depois de cursar, no início do ciclo, disciplinas comuns, os jovens optarão sobre o que desejam estudar na fase restante dos três anos. Incluindo o chamado profissionalizante, algo sempre reclamado nos debates acerca de reformas educacionais.

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Com isso, deseja-se dar alternativas a quem já começa a pensar em seguir uma profissão. Não deixa de ser, em alguma medida, uma volta aos conceitos do “clássico” (ciência humanas) e do “científico” (exatas) em que se dividia o ensino médio. E que funcionou a contento. Ainda na linha da flexibilização, será permitido ao aluno acumular créditos, como no ensino superior, para facilitar a retomada dos estudos caso os interrompa ou os desacelere por algum motivo. Outra arma contra a evasão.

Ainda levará algum tempo para a digestão das mudanças, mas é positiva não apenas a preocupação em quebrar a rigidez do currículo, como também o aumento da carga horária, rumo ao ensino em tempo integral (sete horas de aulas). Tudo convergindo para a meta de se ter em 2024, neste regime, 25% dos matriculados e não apenas 6% como hoje.

Não é uma reforma fácil — nenhuma é —, até porque há a questão da quantidade e qualificação dos professores. Mas terá de ser iniciada. Sem ela estará de vez comprometida a aspiração de o Brasil ser um país desenvolvido, estágio só alcançado pela elevação do nível educacional de novas gerações. E o tempo para isso está se esgotando.




Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/tratamento-de-choque-para-ensino-medio-20162912#ixzz4LIrYIJih

Crônicas do dia - Estamos sem 'porquês' - Arnaldo Jabor



O Mal parece uma forma perversa de liberdade

Li outro dia uma frase aterrorizante que nos explica — hoje. Quando o escritor Primo Levi foi preso em Auschwitz, ele perguntou algo a um oficial do campo. O sujeito respondeu: “Hier ist kein Warum” (aqui não há o porquê). Estamos sem porquês.

Artigo de Opinião - Impeachment: forma e conteúdo

POR LISZT VIEIRA
 04/09/2016 


Prefeitos não são perfeitos 
“Oh! Que formosa aparência tem a falsidade”

(William Shakespeare)

A tradição bacharelesca do Brasil, herança colonial do patrimonialismo português, leva à hipervalorização da forma jurídica em detrimento do conteúdo. Daí a tese de que não houve golpe porque a forma legal foi respeitada. Fica em segundo plano a questão central: para haver impeachment, tem de haver crime de responsabilidade pessoal do presidente, o que não ocorreu.

É verdade que o segundo governo Dilma fracassou, e ela mostrou não ter as qualidades necessárias para a função que ocupava. Foi, no mínimo, conivente com a corrupção que assaltou a Petrobras e outras estatais para alimentar com propinas tecnocratas e políticos ligados à base de apoio do governo. O PMDB, agora no poder, sempre fez parte do governo, e muitos de seus dirigentes já foram acusados e até mesmo processados como corruptos. São inúmeros os exemplos, mas o caso mais emblemático é o do deputado Eduardo Cunha, um gênio na sua especialidade: a corrupção.

O país mergulhou em recessão; o PIB caiu; as contas públicas se desorganizaram; o desemprego se elevou a 11,6%, segundo o IBGE; a maioria da população passou a rejeitar o governo. Mas alta taxa de rejeição não é motivo para impeachment. Na França, até pouco tempo, o presidente François Hollande tinha 80% de rejeição, e ninguém falou em impeachment. O mesmo ocorreu anteriormente com o então presidente Bush nos EUA.

O processo de impeachment foi uma farsa, embrulhada num pacote jurídico, que configura um golpe parlamentar. O novo governo já ameaçou aumentar impostos e cortar direitos sociais. Nesse sentido, o grande alvo, além de Lula, são os direitos consagrados na Constituição de 88. É claro que muitas distorções devem ser corrigidas como, por exemplo, conceder pensões para filhas de militares e desembargadores. Mas o que se percebe no horizonte são as nuvens carregadas do economicismo típico do neoliberalismo que parece renascer das cinzas depois de seu fracasso histórico revelado na crise do fim de 2008.

O ciclo do governo do PT, encerrado agora, não pode ser visto como um processo retilíneo. A crise do capitalismo em 2008 é um divisor de águas, um verdadeiro ponto de inflexão. Antes, o Brasil se beneficiava dos altos preços das commodities que exportava, o que ajuda a explicar nos anos 2000, durante o governo Lula, o aumento da renda dos pobres e também dos ricos, bem como a redução da brutal desigualdade social no país. Depois de 2008, vem a queda nos preços das commodities e a recessão econômica. O governo Dilma afunda e começa a fazer o contrário do que havia prometido, cortejando a política do candidato derrotado na eleição.

Assim, a ruptura é menor do que parece. Afinal, o segundo governo Dilma já havia adotado medidas na direção de um ajuste que agora vai ser aplicado pelo ministro Meirelles, aquele mesmo indicado por Lula para ser ministro da Fazenda de Dilma.

Mas é o novo governo quem já simboliza uma política voltada primordialmente aos interesses do mercado, principalmente do capital financeiro. Assim, quem apoiou o impeachment avalizou o governo Temer e seu ajuste fiscal que pede sacrifícios apenas ao povo. E contribuiu para o esvaziamento político do processo de anulação da chapa Dilma/Temer no TSE, o que inviabiliza a possibilidade de eleições diretas ainda este ano, o único caminho para se obter um governo legítimo, objeto do respeito de todos, vencidos e vencedores.

Liszt Vieira é professor da PUC-Rio



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/impeachment-forma-conteudo-20048246#ixzz4LIn7fx8y 

Resenhando - Feridas abertas



Filme sobre escravização de crianças negras nos anos 1930 remete à permanência do racismo no Brasil
Eduardo Seabra

Crônicas do Dia - Papai Noel - Veríssimo

Foi golpe ou não foi golpe? Uma questão semântica. Teve cara de golpe, cheiro de golpe, penteado de golpe, mas há controvérsias

04/09/2016 

Você sabia disso ? - Saber é poder



Educação ocidental ajudou a subjugar os povos africanos colonizados pela Europa, mas tornou-se ferramenta para sua libertação
Marina de Mello e Souza

Artigo de Opinião - A necessidade de mudar o Sistema de Justiça - Wadih Damous


O dantesco espetáculo da apresentação da denúncia contra Lula é exemplo sintomático da perda de controle do MP

O DIA

Artigo de Opinião - A luta da pessoa com deficiência - Eugênio Cunha


A sociedade deveria seguir o exemplo da Paralimpíada, que não evidenciou as deficiências, mas as habilidades

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Artigo de Opinião - Discurso único e roubo do futuro


Nossa escola vai mal. Faltam a ela garantias elementares para seu desenvolvimento

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Artigo de Opinião - Você tem provas ? - Roberto Muylaert


Em vez de vergonha, despudor; em vez de se arrepender, vangloriar-se das conquistas

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Você sabia disso ? - Proibido Educar



Com o pretexto de evitar “doutrinação”, projeto de lei ameaça o ensino escolar e criminaliza a prática docente
Fernando de Araujo Penna