domingo, 2 de agosto de 2020

Você sabia disso? - Missa do Galo ? Meia noite ?

Umas das teses para a escolha desse horário é por conta de um hino que remonta o século IV, o qual dizia que Cristo teria nascido a zero hora.

Apesar dessa crença, existem outros mitos relacionados ao evento. Um deles é o que diz o monsenhor José Roberto Rodrigues Devellard, coordenador da Comissão de Arte Sacra da Arquidiocese do Rio. Segundo ele, o horário da missa faz alusão ao fato de Jesus ser o sol para a humanidade. Portanto, tanto o natal como a páscoa seriam celebrados na primeira hora do dia, pois é onde acaba a noite e o universo se prepara para o nascer do sol.

A referência ao animal também tem origem histórica. Segundo o monsenhor, o galo era considerado uma ave sagrada na antiguidade em Roma, pois ele era o primeiro a reverenciar o sol nascente. Portanto, ele estaria louvando a Deus com o seu canto.

Inclusive, nos lembra o devoto, que o galo ainda é mantido por algumas ordens religiosas a fim de exercerem esse papel de lembrar a todos a nascimento de mais um dia permitido por Deus.

Atualmente, por conta da violência em muitas cidades, a missa do galo passou a ser celebrada mais cedo.


A origem do natal é pagã. O dia 25 de dezembro era utilizado para celebrar o Deus do Sol. Com o advento do cristianismo, a comunidade discípula de Jesus adotou a data simbólica para representar o nascimento de Cristo, que na visão dela é o verdadeiro o sol da humanidade. A data tornou-se oficial quando o imperador romano Constantino confirmou-a por meio de um decreto.


Sobre o autor

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Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.



Você sabia disso? - A temática do Adultério feminino no Realismo


O Realismo Europeu enfatizou um tema bastante instigante na literatura: o adultério feminino. Desde A Ilíada, de Homero, a traição feminina é referida como causa de grande conflitos.

No poema épico Ilíada, 800 anos a.C, é narrada a história da guerra de troia, provocada pelos amores da esposa de Menelau, Rei de Esparta, pelo jovem troiano Páris, O rapto de Helena por Páris teria sido a causa da guerra de troia, segundo os registros de Homero.


Shakespeare também tematizou as conseqüências de traição feminina, ou pretensa traição, como é o caso da famosa pela Otelo, composta no século XVII e encenada muitas vezes desde então. Nessa peça, Shakespeare mostra o avanço dos ciúmes de Otelo, desconfiado de qe sua esposa Desdêmona o está traindo com um de seus soldados. Otelo enlouquece de ciúmes, e instigado por Iago, acaba por assassinar a esposa inocente em um acesso de fúria.


No romantismo alemão, temos também um famoso caso de amor, temperado com a possibilidade do adultério. Trata-se do romance Werther, de Goethe, publicado em 1774, e que conta, por meio das cartas que Werther escreve a um amigo, as desventuras de seus amores por uma mulher casada. Embora a traição não se consume, a tensão narrativa está toda concentrada no fato de haver um triângulo amoroso entre Weather, Charlotte e seu esposo Albert.


Na frança do século XIX, já no Realismo, Gustave Flaubert publicou o famoso romance Madame Bovary, em que uma mulher casada trai o marido em busca de uma satisfação existencial que o casamento e a família não lhe ofereciam.


Eça de Queirós, no realismo português, também tematizou o adultério feminino em vários de seus romances, como O Primo Basílio e Alves & Cia, entre outros.


No Brasil, o grande mestre do tema é Machado de Assis. O casamento e seus melindres aparecem nos vários romances e contos de Machado, de modo a revelar o olhar aguçado do autor para essa instituição tão problemática quanto detentora das esperanças de homens e mulheres.


Vejamos alguns momentos em que o adultério feminino é sugerido em alguns dos contos e romances de Machados de Assis.


Em memórias Póstumas de Brás Cubas
A mulher quando ama o outro homem, parece-lhe que mente a um dever, e portanto tem de dissimular como arte maior, tem que refinar a aleivosia(MACHADO DE ASSIS, 1978,p.56)


No conto “Primas de Sapucala”, de História sem Data
Adriana é casada; o marido conta 52 anos, ela 30 imperfeitos. Não amou nunca, não amou nunca mesmo o marido, com quem casou por obedecer à família.
Eu ensinei-lhe ao mesmo o mesmo tempo o amor e a traição; é o que ela me diz nessa casinha que aluguei fora da cidade, de propósito para nós (MACHADO DE ASSIS, 2001,p39)


No conto “A causa secreta”, em várias histórias
A comunhão dos interesses apertou os laços da intimidade. Garcia tornou-se familiar na casa; ali jantava quase todos os dias, ali observava a pessoa e a vida de Maria Luísa, cuja solidão moral era evidente. E a solidão como que lhe duplicava o encanto. Garcia começou a sentir que alguma coisa o agitava, quando ela aparecia, quando falava, quando trabalhava, calada, ao canto da janela, ou tocava piano umas músicas tristes. Manso e manso, entrou-lhe o amor no coração. Quando deu por ele, quis expeli-lo, para que entre ele e Fortunato não houvesse outro laço que o da amizade; mas não pôde. Pôde apenas trancá-lo; Maria Luísa compreendeu ambas as coisas, a afeição e o silêncio, mas não se deu por achada (MACHADO DE ASSIS, 1999, p.45)


Esses são alguns exemplos dessa temática tão recorrente na obra do autor.
No entanto, foi com o romance Dom Casmurro (1899) que Machado de Assis sedimentou o tema do adultério feminino em um tratamento original que vem desafiando a crítica desde então.


http://2dportugues.blogspot.com/2011/09/tematica-do-adulterio-feminino-no.html


Você sabia disso? - Do Realismo ao adultério: as influências de Madame Bovary sobre O primo Basílio



Seja pelo eixo temático, seja pela escola literária ou simplesmente pelo modo de escrever e expor os fatos, todos os escritores têm seus alicerces literários. O escritor francês Gustave Flaubert  influenciou  imensamente o português Eça de Queiroz, suas obras-primas apresentam semelhanças bem evidentes. Aqui serão colocadas as semelhanças lado a lado.  De um lado temos Madame Bovary, romance realista francês, de Gustave Flaubert, sua história é narrada  na França, no início do século XIX, no ano de 1857 e do outro lado temos O primo Basíliode 1878, história narrada em Lisboa. Ambas as narrativas devastam e criticam as convenções burguesas de seu tempo, que acontecem tanto na França quanto em Lisboa.

Embora Gustave Flaubert tenha declarado detestar o Realismo e dele não fazer parte, seu romance Madame Bovary  foi escrito de acordo com os moldes do movimento realista. E, devido ao sucesso do seu romance, Flaubert  passou a ser considerado, juntamente com Honoré de Balzac, um dos representantes do movimento na França. Ao ser conhecido mundialmente, seu romance passou a influenciar outros escritores, um deles foi o português Eça de Queiroz.

O estilo textual serviu como mola propulsora para Eça, considerado o pai do Realismo em Portugal.  Essa escola literária tem como base principal uma visão crítica e objetiva da sociedade.  Os realistas acreditavam que não bastava mostrar a face idealizada da vida, como os românticos fizeram, mas acreditavam que deviam mostrar a face social nunca antes revelada: o amor adúltero, a falsidade, o tédio existencial, o egoísmo humano e a impotência do homem comum diante dos poderosos.

No lugar do egocentrismo romântico, encontra-se a visão objetiva da sociedade e sem distorções. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Dessa forma, com caráter de denúncia, os realistas procuram apontar o comportamento humano a fim de corrigir os vícios da humanidade. É por isso, inclusive, que os textos realistas possuem tantas  e longas descrições minuciosas.

As influências flaubertianas em O primo Basílio começam pela vida ociosa da senhora Emma Bovary, personagem de Madame Bovary. Sua futilidade e seu tempo ocioso formam um retrato exato da senhora Luísa, personagem de O Primo Basílio. Ambas passavam o tempo lendo romances românticos e sonhando com uma vida semelhante à ficção.

Em relação ao caráter de denúncia do romance realista, mais um ponto em comum entre as obras em questão é o relacionamento adúltero – embora seja, hoje, tão comum falar de adultério, o assunto causou grande burburinho na época. Flaubert chegou ir a julgamento por causa da polêmica seu livro, porém, foi absolvido e, após alguns cortes, sua obra foi publicada, tornando-se um clássico da literatura mundial.

A questão do adultério é presente tanto na narrativa de Flaubert, a adúltera é Emma, quanto na narrativa de Eça de Queiroz, a adúltera é Luísa.  As duas senhoras liam muitos romances (alguns estudiosos trazem como folhetins), e  ao ler sobre aventuras amorosas, festas, vestidos e confortos, ou seja, sobre a vida burguesa da época, Emma e Luísa tomavam aquilo como um ideal de vida e passavam horas em devaneios.

De forma irônica – a ironia e a sátira são características do Realismo também –, ambas as obras tratam do adultério e  demonstram  as consequências e os problemas em relação a isso. Vale destacar que ambos os autores nutrem-se da família como alvo principal da “doença”, que é o adultério.

De um lado temos Emma Bovary, casou-se com Charles Bovary, um médico medíocre de província, que de príncipe, como sonhava Emma, nada tinha e nem mesmo podia dar a ela o luxo que sempre sonhou. Charles é um homem calmo, pacato e extremamente apaixonado por sua mulher.

Do outro temos Luísa, casou-se com  Jorge, engenheiro sutil, apreciador da ordem e pouco sentimental. Logo depois que o marido viaja a trabalho para o Alentejo, chega o primo de Luísa, o Basílio, um rapaz cínico, aventureiro e sedutor. Eles tinham sido namorados tempos antes.

As influências sociais exercem o tom dramático da narrativa flaubertiana, pois a infidelidade conjugal em Madame Bovary está de mãos  dadas com o comportamento social da burguesia francesa. Emma sonha em ter um homem que pudesse mantê-la em uma vida de luxo, em festas e teatros com vestidos chiques e que lhe desse amor, como lia nos romances românticos.

Emma julga-se ignorada pelo marido, que tinha como prioridades apenas suas atividades laborativas e que não se dispõe a despertar nela o ardente fogo da paixão. Considerando-se antes completamente infeliz, Emma Bovary acrescentava a este descaso do marido à vida ociosa, apenas fazia leituras românticas, o que massageava a sua alma de sonhadora e os desejos de aventuras que gostaria de viver. Emma, quando deixada por seus amantes (tivera dois: Léon e Rodolphe) e frustrada, compra de tudo, tecidos, vestidos, casacos e objetos para casa, tudo pra se confortar, porém não tinha dinheiro pra pagar, e com isso foi assinando promissórias e mais promissórias até encontrar-se falida.  Assim também era Luísa, dona de uma vida fútil, que passava o seu tempo priorizando as leituras românticas,  o que eram, para ela, verdadeiros alentos à alma.

A infidelidade em O primo Basílio, de acordo com a ótica do narrador,  ocorre em função das leituras dos romances românticos; Luísa sofre influência do meio circundante, em que o adultério é frequente; e por ser casada com Jorge não por amor, mas por conveniência. Em relação ao casamento de Jorge e Luísa, as circunstâncias deste estão explicitadas no primeiro capítulo do livro, Jorge sente-se só depois que a mãe morre e decide-se casar e Luísa sem o amar, sente um apelo sexual pelo engenheiro. O narrador registra o pedido de casamento concluindo que “Estava noiva, enfim! Que alegria, que descanso pra mamã!”.

Com o retorno de Basílio, a obra trata do mito do primeiro amor, porém, depois do envolvimento com o primo, Luísa percebe que nada restou do sentimento vivido entre ambos no passado, e o relacionamento adúltero resume-se somente na satisfação dos sentidos. Luísa em momento algum se preocupa com o aspecto moral do adultério, o único sentimento que ela experimenta em relação ao relacionamento é a decepção, Basílio apenas quer se divertir com ela enquanto fosse conveniente. O sofrimento de Luisinha se dá não por razões morais, pois ela não sente remorsos, mas todo seu sofrimento nasce ao sentir que pode perder sua vida mansa e docemente sensual, ao ser descoberta por Juliana, sua criada, que a chantageia. Juliana pede dinheiro em troca do segredo, pois assim garantiria seu pé-de-meia para o fim da vida.

Emma Bovary, em um ambiente romântico, criado intencionalmente por Flaubert, vive uma vida confortável e ociosa, passa horas viajando em seus pensamentos, sonhando com lugares distantes, sobretudo Paris, em busca de emoções e aventuras. Luísa, semelhante a Emma, encontra-se emergida na futilidade de uma vida ociosa. Em um ambiente romântico, também construído  intencionalmente por Eça de Queiroz, deixa-se na Voltaire¹ num estado letárgico e sonha com os lugares que Basílio talvez tenha viajado.  Luísa, assim como Emma, também desejava conhecer Paris.

Ambas as narrativas têm por base criticar a sociedade e seus costumes, como o relacionamento adúltero, cujo marco inicial foi a leitura dos romances românticos e o ideal de vida burguesa e  como o consumo desenfreado, no caso de Emma. E, em relação a esse realismo expresso nas obras, é importante observar que Flaubert e Eça criticam o Romantismo, a idealização do amor e da vida expressas nos romances românticos. Através desses ideais românticos tomados por Emma e Luísa, com base nas leituras, é que surgem os conflitos das obras. Os sonhos de viverem romances e  de se tornarem parte da burguesia,  rompem o laço de harmonia matrimonial desembocando, assim, no adultério.

Em suma, tanto em Madame Bovary quanto em O primo Basílio, as narrativas realistas de Gustave Flaubert e  de Eça de Queiroz expõem o adultério, a sedução e o tédio existencial em relação à vida fútil e enfadonha de Emma e Luísa. Além disso, a influência de Flaubert na narrativa de Eça é inegável, O primo Basílio pode ser visto como uma espécie de diálogo com Madame Bovary, pois é semelhante a uma coletânea de informações, das quais a narrativa de Eça bebe de forma desejosa.


https://homoliteratus.com/do-realismo-ao-adulterio-as-influencias-de-madame-bovary-sobre-o-primo-basilio/