domingo, 30 de junho de 2019

Crônicas do Dia - A coragem de Damares

por Ascânio Seleme
para O Globo

Sem querer parecer preconceituoso ou leviano, mas de onde vejo o mundo, está claro que a ministra Damares Alves exagera ao se mudar para um hotel em razão de supostas ameaças de morte que estaria recebendo. Suas declarações para a revista “Veja” e para a rádio Jovem Pan beiram o inacreditável. 

Artigo de Opinião - Há muito racismo, sim

A seis dias do 13 de Maio, data em que o movimento negro faz reflexão crítica sobre o quão incompleta foi a abolição instituída pela Lei Áurea, o presidente da República declarou que “racismo é algo raro no Brasil”. Na mesma semana, 14 representantes da sociedade civil estavam na Jamaica denunciando à Comissão de Direitos Humanos da OEA os efeitos na população afrodescendente do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, e da política de segurança do governador do Rio, Wilson Witzel. Alertaram, de um lado, para o aumento do encarceramento em decorrência de uma legislação penal que, historicamente, faz de adultos e jovens negros os suspeitos-padrão. Sobretudo, chamaram atenção para a escalada dos homicídios, seja pela autorização estadual para o abate, seja pela via do excludente de ilicitude — que pode livrar agentes da lei da condenação por crimes cometidos sob escusável medo, surpresa ou violenta emoção. Duas medidas propostas por ex-juízes, o ministro e o governador; ambas relacionadas ao racismo estrutural que fundamenta a organização política e econômica da sociedade brasileira, na definição do advogado e filósofo Silvio Almeida, autor de “O que é racismo estrutural” (Letramento, 2018).

Crônicas do Dia - Sobre pênis e ciências humanas

Na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro visitou a sede do Ministério da Educação. Pela desenvoltura linguística que apresenta em seus discursos de improviso, tenho a impressão de que ele nunca chegou tão perto de um organismo que tenha a palavra “Educação” em seu nome. E o presidente saiu do ministério cheio de conhecimentos novos. “Dia a dia, né, a gente vai ficando velho e vai aprendendo as coisas.” Como se vê, o presidente descobriu que o ser humano envelhece à medida que o tempo passa. Ele aprendeu ainda que, no Brasil, são feitas mil cirurgias de amputação de pênis, por ano. “Por falta de água e sabão”, explicou o presidente. Chegamos ao fundo do poço, acrescentou.

domingo, 23 de junho de 2019

Artigo de Opinião - Haverá professores ?


Não estou aqui minimizando ou reduzindo a questão do futuro do magistério, mas, com certeza, estou colocando luz num elemento nada desprezível para o planejamento desse futuro


Por Júlio Furtado Professor e escritor

Você sabia disso ? - Revolução dos bichos: 40 anos dos Saltimbancos


Uma das obras para crianças mais passadas de geração para geração no Brasil, o disco 'Os Saltimbancos', de origem italiana e trazido ao país por Chico Buarque, completa 40 anos de seu lançamento em tom mais atual do que nunca

Por Cristiane Rogerio - atualizada em 13/03/2019

Era uma vez um cantor e compositor que se tornou pai e notou que não havia muitos discos voltados para a infância. Seu país vivia tempos difíceis e a música era uma das maneiras mais potentes de conversar. Quando soube que um velho amigo italiano havia lançado um disco com canções inspiradas no conto Os Músicos de Bremen, publicado pelos Irmãos Grimm no século 19, viu que seria o momento perfeito para traduzir e adaptar para o seu idioma. E, assim, nasce a obra Os Saltimbancos, com tradução e adaptação de Chico Buarque, música de Luiz Enriquez e textos e letras de Sérgio Bardotti.

Este é só um rápido resumo do surgimento de um dos discos mais emblemáticos produzidos para o público infantil no Brasil ainda hoje, cuja narrativa é mais uma versão do conto que já teve contextos históricos variados, interpretações mais curtas ou detalhadas descrições e qualidades artísticas que revalorizam ou diminuem o original. Mas, acima de tudo, sobrevive ao abordar conflitos e soluções para nossas – eternas – questões humanas. “O conto popular se presta a essas atualizações e releituras. Quando você tem alta qualidade artística, ele se ressignifica com grandeza, como em Os Saltimbancos, com um contexto urbano, em que os personagens enfrentam o poder em um momento no qual não há mais o feudalismo da Alemanha medieval, mas ainda existe a opressão”, diz Susana Ventura, doutora em Letras pela USP, professora, escritora e pesquisadora do livro para a infância. E por que a história ainda nos interessa? “Porque as saídas humanas para os conflitos são as mesmas: a união, a solidariedade, a esperança, a colocação de quem você é no mundo.”

Considerado por críticos o maior compositor popular da história do Brasil, Chico Buarque tinha dez anos de carreira quando lançou Os Saltimbancos. Já era querido e bastante conhecido pelo público, mas também um dos alvos principais da censura coordenada pelo regime militar – que governou o Brasil de 1964 a 1985. O músico teve canções proibidas de serem lançadas e até compactos retirados das lojas, como no caso de “Cálice” e “Apesar de Você”. Foi por conta da repressão que, em 1969, decidiu ir morar na Itália com a esposa – na época, a atriz Marieta Severo –, onde já havia vivido na infância, por conta do trabalho do pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Lá, nasce sua primeira filha, Silvia. De volta ao Brasil, Chico dá continuidade à sua carreira com novos discos, canções para outros intérpretes, além de peças teatrais. Tem mais duas filhas, Helena e Luísa, e começa a dar atenção para a música voltada para as crianças. “O que mais se vê são as mesmas canções infantis com as mesmas personagens da minha infância, e lá se vão anos. Principalmente aquelas figuras do Walt Disney, cantadas numas versões aliás muito boas do Braguinha, o João de Barro. Mas é uma pena, porque são coisas que não têm nada a ver com a criança brasileira”, disse o músico em entrevista de 1976.  “O Vinicius é que tem umas canções sensacionais, mas elas são mais conhecidas na Itália do que aqui. Também tenho tentado alguma coisa no gênero, mas ainda não consegui arrebatar minha plateia, minhas três filhas.”

Foi nesse mesmo ano que os italianos Sérgio Bardotti e Luiz Enriquez lançaram o disco I Musicanti, com interpretações de um quarteto vocal muito popular por lá, o I Ricchi e Poveri. Bardotti e Chico já eram amigos e surgiu a ideia de trazer a fábula musical para o Brasil. O esquema foi bastante vantajoso para uma indústria fonográfica que não se preocupava com esse gênero. “Resolvi então fazer esse disco para criança, principalmente porque tinha toda a base gravada”, disse ele, em outra entrevista, em setembro de 1977. “Meu trabalho foi fazer as versões, o trabalho da gravadora foi emprestar o estúdio para os cantores. O disco foi surpreendentemente bem, sucesso de vendas. E é uma história incrível que na Itália não aconteceu”, conta Chico, ao lado de Bardotti, em um encontro para o DVD Chico Buarque Saltimbancos, parte da série de documentários sobre o cantor, feito por Roberto de Oliveira em 2006. O italiano não tem meias palavras sobre a sobrevivência da obra: “Graças a você, ela se salvou”, afirma. “E, no Brasil, ela continua, seja por relançamentos de discos, peças que são montadas, eles pegam o disco e inventam. E crianças de todas as gerações cantam e gostam. É inexplicável”, continua Chico.

O disco foi lançado em março de 1977 e, cinco meses depois, ganhou uma versão para teatro, com Marieta Severo e Grande Othelo no elenco. Em 1981, com a inclusão de novas canções do Chico, a história foi para o cinema com Os Saltimbancos Trapalhões, que acaba de ganhar a sequência Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood.

A história inesquecível
Podemos arriscar respostas ao sucesso “inexplicável” a que Chico se refere. No campo da psicanálise e da educação são décadas de estudos que nos impulsionam a pensar a influência da arte na infância. E não só nesse momento de nossa vida: precisamos das artes para nos conhecer, fazer perguntas para o mundo em que vivemos.

Na versão ítalo-brasileira do conto, um jumento, um cachorro, uma galinha e uma gata encontram-se em uma estrada, rumo à cidade. Cada um deles tem um problema: o sábio Jumento (interpretado pelo falecido Magro, do quarteto MPB-4) vive o desprezo dos homens por estar velho demais e cansado; o ingênuo Cachorro (vivido por Ruy, colega de grupo de Magro), também sofre com a exploração dos patrões; a Galinha (Miúcha, cantora e irmã de Chico) não consegue mais botar ovos e pode virar canja e, por fim, junta-se ao grupo a Gata (que, no disco, é a falecida Nara Leão), em crise depois de perder o aconchego de seus donos. Os quatro se unem para melhorar suas vidas, sonhando formar um grupo musical e fazer sucesso na cidade. Ao pararem em uma pousada para buscar abrigo e alimento, dão de cara com seus opressores, decidem enfrentá-los e transformam seus destinos.

O enredo caiu como luvas nas mãos de Chico. Para quem já compunha canções de amor e de leituras sobre um regime de governo antidemocrático, uma história de luta de classes vinha a calhar. Os Músicos de Bremen se populariza no Brasil por causa do disco. Da compilação histórica feita pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, na Alemanha do século 19, apareciam mais tramas com reis, rainhas e lobos, como as de Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho. Se na versão dos Grimm, o quarteto encontrava ladrões em uma casa no meio da estrada, na adaptação ítalo-brasileira, os animais encontram seus patrões. “Eles fazem o encontro ser direto com o sistema, eles enfrentam o próprio opressor”, explica a especialista Susana. E, assim, dá outro sabor de vitória.

Curiosidades



 1. Há uma animação de Walt Disney, em 1922, inspirada em Os Músicos de Bremen e outras produções estrangeiras.

2. Bardotti e Enriquez mudaram o sexo de dois animais em Os Saltimbancos – galo para galinha e gato para gata – simplesmente porque o quarteto que interpretava no disco era composto por duas mulheres e dois homens.

3. Como fizeram os músicos italianos, Chico Buarque também levou as filhas e filhos de amigo para participar das gravações e coro.

4. À época da primeira montagem teatral no Rio, o crítico e jornalista Nelson Motta destacou: “Embora criado para crianças, Os Saltimbancos pode perfeitamente se inscrever entre os melhores espetáculos para adultos em cartaz na cidade. Me senti invadido por uma luminosa emoção diante de profunda demonstração de amor e respeito de Chico Buarque para as crianças brasileiras, revelando-lhes numa linguagem simples e direta alguns valores fundamentais para a vida de tantos – adultos e crianças”.

5. O musical ganhou o Troféu Mambembe na Categoria Especial para Chico Buarque pela adaptação da obra, e o Troféu APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de Melhor Espetáculo.

6. O autor do disco, Sérgio Bardotti, conta que, curiosamente, foi justamente outro brasileiro, Vinicius de Moraes, quem deu o empurrãozinho para tudo começar por lá, com os trabalhos dele para crianças como A Casa, que nasceu italiana e só em 1980 foi lançada no Brasil. “Nós queríamos manter aquele espírito um pouco louco das crianças”, conta Bardotti.

Máquinas de pensar
Os Saltimbancos e a história dos Grimm nos remetem a uma série de interpretações – mesmo que escape à intenção inicial dos artistas. “Os contos são como se fossem nossas máquinas de pensar, usados pelas crianças para enfrentar suas angústias, seu processo de crescimento e os enigmas do mundo”, diz Christian Dunker, professor titular em Psicanálise e Psicopatologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP e autor do livro Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma (Boitempo, 2015). O psicanalista, que conhece a história alemã desde criança e é fã do disco, chama a atenção para o fato de cada animal representar um momento da vida, nos apontando perspectivas de mundo pelas quais vamos fazendo nossas escolhas. “Estão aspirando tipos diferentes de transformação. Quando, ao final, eles se juntam, a mensagem é que isoladamente o nosso sofrimento é improdutivo”, afirma Dunker. Ao escutar a aflição do outro, o desejo se torna algo para ser realizado em parceria. Se antes o Jumento queria só descansar, agora ele quer encontrar um bom lugar para viver com os seus amigos, em que todos estejam bem.

As crianças captam a mensagem? Não necessariamente, e isso não é um problema. “O mais crucial acontece justamente quando você não entende. Elas não sabem o que elas sabem quando cantam aquela melodia. Isso se chama inconsciente”, diz o psicanalista. Para Paulo Tatit, da dupla Palavra Cantada, e que há mais de 20 anos compõe canções para crianças, isso está bem claro. “Sem dúvida, Os Saltimbancos são uma experiência musical inesquecível por conta do velho e bom casamento perfeito entre letra e melodia. É a força da música que nos pega, a canção irresistível, que dá o diferencial, o que faz ser universal e atemporal. Eu gosto dos Beatles desde os 11 anos, mas eu não entendia nada do que eles estavam falando!”, diz.

Nos termos técnicos, temos, na canção, dois campos que se conectam: o representacional, que conta a história, e o não representacional, próprio da linguagem musical. “Essa conexão é muito rica e dá forma às nossas experiências de afeto”, afirma Dunker. E, conforme crescemos, estabelecemos novas relações, como também acontece com os livros e os filmes. Marilda Castanha, autora e ilustradora de dezenas de livros infantis, lembra que, quando o disco foi lançado, estava na adolescência. Nas suas lembranças, ele entrou como mais um de seu ídolo desde sempre, não havia uma divisão. “Agora que eu estou me dando conta que curti Os Saltimbancos como uma pessoa entrando no mundo adulto e descobrindo que a gente tinha que ter esperança.”

O destino dos animais na história não é aleatório. Bremen é uma cidade-estado, com governo próprio e autônomo, e, na Alemanha medieval, representava o lugar fora do sistema feudal e da isenção dos pedágios. “Um lugar onde os talentos individuais valiam e você conseguiria se manter com o fruto do seu trabalho”, explica a pesquisadora Susana Ventura. Valorizar a identidade de cada um é uma das premissas do Festival Narrativo Feuerspuren, organizado na cidade pela contadora de histórias alemã Julia Klein desde 2007. Com foco nos imigrantes excluídos, o evento é aberto a todos e conta com diversas manifestações culturais e narrações orais de muitos países dentro das lojas, mesquitas, livrarias, bibliotecas. “As histórias são uma maneira de conversar em um lugar onde transitam mais de 70 idiomas”, diz a atriz Letícia Liesenfeld, coordenadora do curso A Arte de Contar Histórias, de A Casa Tombada (SP). Ela já esteve duas vezes por lá para compor uma parte do festival com profissionais estrangeiros que compartilham narrativas de seus países, traduzidas para o alemão. Ao final, o contrário: uma mesma história tem a narração dividida em idiomas diferentes. “Um jeito de mostrar que todos podemos nos entender”, diz.
Com educação e com afeto
Se a escola é um espaço de pensar e produzir conhecimento sobre o mundo a partir também da convivência, para Claudio Thebas, músico, autor de livros, palhaço e professor de criação e expressão da escola Carandá VivaVida (SP), o disco mostra como a memória afetiva pode ser uma ponte entre adulto e criança. “Já era um pré-adolescente, e a lembrança que vem a mim é da minha família, eu escutando com a minha mãe.” Anos depois, Thebas mostrava, pela primeira vez, o disco a um grupo de alunos. “O desafio do educador é criar esse campo afetivo para que aquilo que esteja sendo falado tenha um significado profundo para os dois lados”, afirma. Não quer dizer, no entanto, que ele não tenha sido surpreendido. “Foi junto com aquele grupo que descobri muito mais sobre o disco. A chave da educação, na verdade, é o encontro e Os Saltimbancos nos proporciona esse encontro.” 

Talvez seja isso que nos mova a ouvir as músicas em casa e correr para encontrar a peça de teatro na programação da cidade. Nos palcos, houve muitas versões com escolhas artísticas variadas. Eu tenho a lembrança de ver uma interpretação de Bruna Lombardi como a Gata, em 1978. No Rio, a diretora Maria Lúcia Priolli assume uma montagem desde 1982. Em São Paulo, a mais recente, dirigida por Fezu Duarte, estreou em 2008, voltou em cartaz ano passado e recebeu mais de 150 mil pessoas. Quando fez sua versão da peça, o premiado diretor Gabriel Villela incluiu um sotaque brasileiro diferente em cada bicho. “É um espetáculo bem forte, bem político, mas, ao mesmo tempo, é entretenimento e os pais ou irmãos mais velhos têm prazer de levar as crianças”, diz Dib Carneiro Neto, crítico de teatro infantil e colunista da CRESCER.

Uma boa história é sempre um encontro entre um mundo que já existe e um pronto para (re)começar. De mãos dadas, ajudamos nossos filhos a refletir sobre como agimos diante dos conflitos e conquistas e como valorizar quem está ao nosso lado. Foi o que aconteceu com esses adoráveis personagens. Separados, viam suas fraquezas e aceitavam a submissão. Juntos, uniram suas características – um bico, dez unhas, quatro patas, 30 dentes “e o valente dos valentes ainda vai te respeitar”; esperteza, paciência, lealdade, teimosia “e mais dia, menos dia, a lei da selva vai mudar”. No original alemão, sem hierarquia, ao atacar o inimigo, os animais sobem um no outro, imagem consolidada em ilustrações, brinquedos e esculturas muito visitadas na cidade de Bremen até hoje. Um em cima do outro, resistentes como uma montanha, prontos para cantar conosco: “Todos juntos somos fortes, não há nada para temer”.

Você sabia disso ? - Vítimas de feminicídio

Nos primeiros 11 dias do ano, 33 mulheres foram vítimas de feminicídio e 17 sobreviveram

Média é de cinco casos a cada 24 horas; especialistas relacionam crime com ideia de dominação manifestada por agressores

Ana Paula Blower, Paula Ferreira e Renato Grandelle
12/01/2019 -

RIO — Um crime escandalizou ontem a pequena cidade de São Luís do Quitunde, no Norte de Alagoas. Osmar de Barros Portela, de 54 anos, matou a facadas a sua mulher, Rosineide Bernardes de Andrade, 55. Foi preso em flagrante. E Rosineide entrou no rol das vítimas de feminicídio. Já foram 50 casos (consumados ou não) registrados em 2019, quase cinco por dia.

sábado, 22 de junho de 2019

Artigo de Opinião - A balbúrdia vai às ruas


Por Bernardo Mello Franco 

Depois dos cortes, Carlos Bolsonaro atacou o Pedro II. Seus tuítes, que misturam ideias confusas e mau português, mostram que o país precisa investir na Educação

Os cortes na Educação e o ataque às universidades federais ameaçam produzir um efeito bumerangue para o governo. Depois de quatro meses, Jair Bolsonaro enfrentou o primeiro protesto de peso. Os estudantes prometem um segundo round na quarta-feira. Foram convocadas manifestações em diversas capitais.

Artigo de Opinião - Bolsonaro, a raposa


Oliveira não é militar, nem olavete, nem demista, nem evangélico, nem guedista. É homem dos Bolsonaro - ponto. O mais raiz deles a chegar ao primeiro escalão.

Por Luis Felipe Miguel - 21/06/2019

O novo secretário geral da Presidência, que substitui um dos generais demitidos ou rebaixados de cargo por Bolsonaro nos últimos dias, é um policial aposentado que trabalhou muitos anos como assessor parlamentar do clã. Do naipe do Queiroz, como se vê.

Artigo de Opinião - Desmonte ! - Marco Luchesi

Escrevo, hoje, em primeira pessoa, apenas e tão somente, na qualidade de professor titular da UFRJ. Não falo senão por mim mesmo, com as cordas vocais que me constituem.

Pergunto até quando Catilina irá abusar da nossa paciência, e qual o tamanho do abismo a que nos leva? Procuro modular minha indignação diante dos ataques desferidos à Constituição de 1988. Fruto soberbo de uma transição inacabada para a democracia, nossa Carta Magna vive sob estado de sítio. Espero que o Supremo desperte do sono dogmático e compreenda, de modo frontal, a gravidade do momento.

Só o tempo dirá como chegamos ao presente estado de coisas e quem sequestrou nossa frágil democracia. Só o tempo dirá quais foram os arquitetos desse frágil castelo de cartas, e quem feriu o coração da República.


Tenho mais de 50 anos e nunca me senti tão vilipendiado como professor. Os reitores das universidades são tratados como agentes da desordem e do “marxismo cultural”. O ministério ameaçou corte de verba por motivos impensáveis a três universidades. Ao perceber que era inconstitucional, abriu fogo contra todos.

Houve quem defendesse o fim do ensino da Filosofia e da Sociologia. Um argumento interessante para documentar a que ponto chegamos.

Nosso original chanceler, na mesma linha ortodoxa, disse que a autoridade máxima do país era o novo Messias, a pedra angular que todos rejeitaram.

Sugiro que façamos um estudo do campo semântico da política atual, seguindo o “Linguagem do Terceiro Império”, de Viktor Klemperer.

De onde tiraram a loucura de acabar com os cursos de Filosofia e Sociologia? Em que país do mundo, em que regime totalitário se ousaria tamanho dislate? Um misto de soberba e despreparo de hooligans, ungidos por um deus odioso.

Mas é também um plano, para adestrar a universidade pública. Poderão ensinar, em casa, que a Terra é plana, ou quadrada, que a evolução não existe, que só a Bíblia interessa, e que a ciência sem religião é de satanás.

Sou um péssimo exemplo: cursei História na UFF. Sou professor de literatura. E bem mais grave: com pós-doutorado de Filosofia na Alemanha. Deveria ressarcir os cofres públicos.

Fico espantado que não tenham lido Max Weber, Karl Mannheim e, nem tampouco, o “deletério” Karl Marx, homem de vasta cultura. Esse filósofo, de barba selvagem, trazia no DNA o escândalo da desigualdade entre os homens. Ele e Francisco, o de Assis e o do Vaticano. Todos a serviço do “Fórum de São Paulo”.

Não há problema se você é de direita ou de esquerda. O que espanta é a surda arrogância, o ódio à cultura e as paixões violentas.

Certo ministro segue a cartilha do “filósofo” do turpilóquio, o das palavras grosseiras. É chocante a baixa qualidade do debate. Querem uma posição mais moderada? Pois muito bem, leiam Norberto Bobbio, leiam Karl Popper e Bertrand Russell. E compreendam a dignidade republicana dos cargos que ocupam.

Não agridam a liberdade de cátedra, assegurada na Constituição. Os professores são tratados como espiões da KGB, dispostos a favorecer a entrada dos tanques soviéticos através de nossas fronteiras. É um caso psiquiátrico. Leiam o Manual de Diagnósticos (DSM-5).

Artigo de Opinião - Perdidos na Terra - Dorrit Harazim

Em sua 29ª semana no poder, Bolsonaro ainda soa como se estivesse pisando em solo intergaláctico
Difícil conceber missão mais atordoante para a mente e o corpo do que a empreendida em julho de 1969 pelo americano Neil Armstrong — sair de uma nave espacial, a Apollo 11, e pisar na Lua. Na Lua, caramba! Essa experiência transcendental, tanto para o astronauta como para a humanidade, será fartamente dissecada nas homenagens previstas para o cinquentenário da epopeia. Mas vale lembrar que Armstrong, apesar de ser filho de pais devotos, nunca se considerou escolhido por Deus para realizar a monumental missão. Viveu longa e produtiva vida na Terra com o mesmo foco com que imortalizou suas pegadas no “ Mar da Tranquilidade” lunar.

Artigo de Opinião - O fantasma da facada - Merval Pereira

Muitos estão convencidos de que a facada de Adélio Bispo foi a verdadeira razão da vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. Além do impacto emocional no eleitorado, permitiu que ele não se expusesse nos debates.
É uma maneira de menosprezar a liderança intuitiva de um político populista que estava no lugar certo, na hora certa, para galvanizar o sentimento majoritário dos brasileiros. Mas a facada pode, sim, ter tido um papel fundamental do ponto de vista psicológico, nas futuras atuações do presidente eleito.

domingo, 9 de junho de 2019

Você sabia disso ? - Governos preferem encarcerar do que investir no combate à criminalidade, mostra levantamento


Segundo estudo, por mês o estado de São Paulo gasta R$ 76 milhões com presos provisórios
Aline Ribeiro
09/05/2019 

Já estava escuro quando o pedreiro Francisco Carvalho Santos, de 60 anos, deixou o apartamento onde fazia bico de pintor, numa segunda-feira de agosto do ano passado. Apesar do problema no joelho, herança de uma pancada que levou ainda jovem numa partida de futebol, voltava para casa caminhando, para economizar o dinheiro do ônibus. No meio do caminho, foi parado por uma viatura das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, e se viu sob a mira de seis agentes armados. Santos foi acusado de roubar duas vezes, em junho e julho, com arma de fogo, um posto de gasolina — um total de R$ 778 em dinheiro vivo, dois celulares, um anel (R$ 25) e um relógio (R$ 80). Ficou meses em prisão provisória pelos supostos crimes e, no julgamento, foi condenado a sete anos e nove meses, a serem cumpridos em regime semiaberto — regime que permite ao sentenciado sair para trabalhar durante o dia e voltar à prisão só para dormir.

Santos é analfabeto, pedreiro e não tem renda fixa. Vive com a mulher e um dos quatro filhos numa casa de quarto e cozinha — o banheiro é compartilhado com outros moradores da vila. As despesas da casa são pagas, na maioria, com o salário de empregada doméstica da companheira. Assim que foi algemado naquela noite de agosto, os policiais fizeram uma foto de seu rosto e a levaram até o posto de gasolina. Dois frentistas e o responsável pelo caixa disseram tê-lo reconhecido pela imagem. O método fere a determinação de reconhecimento pessoal prevista pelo Código Penal. Segundo a lei, o suspeito deve ser colocado ao lado de outras pessoas parecidas, mas só depois de a vítima e a testemunha o descreverem às autoridades. Os funcionários do posto disseram que as câmeras de segurança do estabelecimento tinham filmado o rosto de Santos, mas nunca apresentaram as gravações à Justiça. No boletim de ocorrência consta que o assaltante tinha 1,80 metro, cabelo liso e cor parda — Santos tem 1,73 metro, cabelo enrolado e é negro. Embora tivesse direito de cumprir a sentença no semiaberto, Santos passou sete meses e 24 dias atrás das grades em tempo integral. Em março, um desembargador determinou sua liberdade provisória para verificar possíveis incongruências alegadas pela defesa.

O caso de Santos é só um de muitos. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao governo federal, quatro entre dez brasileiros que respondem a processos estando presos não são, mais tarde, condenados a penas privativas de liberdade. A Justiça demora tanto a dar uma sentença que, quando o juiz a anuncia, o preso já ficou mais tempo atrás das grades do que determina a pena. Sem contar os casos em que a polícia prende inocentes e a Justiça demora a soltá-los. Ambas as situações são exemplos de injustiças e de desperdício de dinheiro público.


Um levantamento inédito feito pelo Instituto Sou da Paz, em parceria com a Defensoria Pública de São Paulo, calculou o custo dos presos provisórios para o estado de São Paulo em comparação aos investimentos em políticas públicas voltadas à redução da criminalidade e da violência. Por mês, custam R$ 76 milhões aos cofres públicos. A partir da leitura do estudo, conclui-se que os investimentos são mais voltados a prisões — muitas vezes, abusivas ou desnecessárias — do que a políticas de prevenção.

“A prisão provisória tem sido usada no lugar de outras medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e a restrição de direitos”, afirmou Ivan Marques, diretor executivo do Sou da Paz. “Há uma predileção dos juízes pelo encarceramento. Numa situação brasileira em que há superpopulação prisional, o levantamento joga luz sobre a necessidade de adotar outras soluções.” Há um temor de que, se passar no Congresso, o pacote anticrime do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, amplie a população carcerária brasileira, hoje a terceira maior do mundo. Críticos dizem que o projeto reduzirá direitos e endurecerá penas.

“‘HÁ UMA PREDILEÇÃO DOS JUÍZES PELO ENCARCERAMENTO. NUMA SITUAÇÃO DE SUPERPOPULAÇÃO PRISIONAL, É PRECISO ADOTAR OUTRAS SOLUÇÕES’, DISSE IVAN MARQUES, DO INSTITUTO SOU DA PAZ”

Um terço da população carcerária do Brasil está em São Paulo. Dos 236 mil presos no estado, 58 mil — o equivalente a um quarto — estão em prisão provisória. Muitos deles cometeram crimes com baixo potencial ofensivo, como o furto de um xampu ou de pequenas quantias de dinheiro, mas permanecem na cadeia para além da pena por uma combinação de inquéritos policiais mal conduzidos — como aparentemente aconteceu com Santos — e burocracia judiciária. Não se trata de uma regra. Há situações em que a prisão provisória é essencial para não atrapalhar o curso da investigação e para evitar a continuidade da prática delitiva. Há exemplos nesse sentido na Operação Lava Jato. Na visão do Ministério Público Federal (MPF), é o caso do ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari Neto, preso preventivamente desde abril de 2015. Vaccari é apontado como principal operador petista de propinas no esquema de corrupção da Petrobras. Acumula 45 anos e seis meses de prisão em penas a partir de cinco sentenças. Mesmo tendo sido absolvido na segunda instância em alguns deles, Vaccari continua preso.

Com 704 mil presos no sistema penitenciário, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo; desse total, 36% são presos provisórios. Foto: Marlene Bergamo / Folhapress
Com 704 mil presos no sistema penitenciário, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo; desse total, 36% são presos provisórios. Foto: Marlene Bergamo / Folhapress
O estudo do Instituto Sou da Paz mapeou os indicadores de três bairros de São Paulo: Jardim Ângela e Brasilândia, locais de alta vulnerabilidade social, e Freguesia do Ó, mais estruturado. Os dados revelam uma convergência entre os distritos de origem dos detentos provisórios e as regiões da cidade com os piores indicadores socioeconômicos — as taxas de encarceramento tendem a cair à medida que a vulnerabilidade social diminui. “No fundo, a pesquisa mostra a grande inversão de valores que gera despesa para o bolso do contribuinte. Em vez de focar em programas de prevenção de crime e violência para o jovem, a sociedade brasileira tem dado prioridade aos investimentos em prisões”, disse Marques. “Por isso a importância de fortalecer as audiências de custódia em São Paulo, que devem continuar sendo realizadas no prazo de 24 horas e presencialmente.” As audiências de custódia, em geral, evitam injustiças ao definir o destino do preso em flagrante imediatamente depois da prática do crime.

Em 2016, o número de presos provisórios da Brasilândia e do Jardim Ângela foi o dobro da média da capital. Nesses bairros, a proporção de analfabetos acima de 15 anos gira em torno do dobro da municipal. Com duração média de cinco meses, as prisões provisórias dos 672 indivíduos oriundos desses distritos custaram R$ 4,1 milhões aos cofres públicos paulistas, mostrou o levantamento. A cifra é maior que o valor anual do programa Jovem Cidadão, que oferece oportunidades de inserção no mercado de trabalho para jovens no estado.


O perfil do preso provisório em São Paulo foi um dos temas do levantamento. Ele é homem, negro e jovem — mais da metade tem entre 18 e 29 anos. Segundo o estudo, crimes não violentos representaram 22,2% das infrações cometidas na Freguesia do Ó, 16,5% na Brasilândia e 12,4% das praticadas no Jardim Ângela. Um total de 13% dos 753 presos dos três distritos foi detido por crimes com pena máxima de quatro anos, como furto tentado, receptação simples, posse ou porte ilegal de arma de uso permitido e abandono de incapaz.

Na noite em que foi abordado pelos policiais na rua, Santos foi levado de camburão até o posto de gasolina. Disse ter visto quando os agentes levaram a fotografia dele para os frentistas reconhecerem. Os PMs depois foram até sua casa em busca de alguma prova que o incriminasse — não encontraram nada. “Naquele momento, não fiquei com medo, porque não devia nada para ninguém. A ficha de minha família inteira é limpa, meus impostos estavam todos pagos”, disse ele numa manhã desta semana, em sua casa.

“SE PASSAR NO CONGRESSO, O PACOTE ANTICRIME DO MINISTRO SERGIO MORO DEVERÁ AMPLIAR AINDA MAIS A POPULAÇÃO CARCERÁRIA BRASILEIRA, HOJE A TERCEIRA MAIOR DO MUNDO”

Depois que foi reconhecido e preso, Santos passou por cinco centros de detenção provisória. No último deles, dividiu uma cela superlotada com outros 56 presos. Sua mulher, Cosmiranda Rocha dos Santos, de 50 anos, contou que ficou 38 dias sem conseguir vê-lo. Perdeu dias de trabalho correndo atrás de advogado, documentos e imagens de câmeras de segurança na tentativa de provar a inocência do marido. “Perdi muito mais que as diárias e o dinheiro. Perdi meu equilíbrio emocional”, desabafou Cosmiranda.


Santos está tratando um câncer de cólon e disse que, na cadeia, não foi levado às sessões de quimioterapia por quatro semanas consecutivas. Cosmiranda teve de correr atrás dos remédios para que ele continuasse o tratamento dentro da prisão. Em liberdade desde 29 de março, Santos aguarda uma nova decisão judicial que determinará se voltará ou não para o que chama de “calabouço”. Além de tentar obter as imagens do posto de gasolina, sua defesa quer que o juiz considere no processo vídeos de câmeras de segurança de um prédio ao lado da casa de Santos. Segundo sua advogada, Débora Nachmanowicz, as imagens mostram um senhor manco saindo e entrando da vila nas datas e horários dos assaltos ao posto de gasolina. “Se ele tivesse mesmo cometido esses crimes, não estaríamos desesperadamente pedindo as imagens para mostrar a inocência”, disse a advogada de Santos.

Revista Época 

Você sabia disso ? - "Aladdin" e a febre da live - action


A técnica que mistura atores reais e animação, criada pela Disney, virou a saída para lotar as salas de exibição diante da concorrência das séries de televisão e dos videogames

Artigo de Opinião - Bolsonaro e seus demônios - Vicente Vilardaga

Sabe-se que o presidente Jair Bolsonaro só governa pelas mídias sociais. No fim de semana passado, ele publicou em seu Twitter uma carta ameaçadora, atribuída ao investidor Paulo Portinho, filiado ao Partido Novo, e distribuiu pelo WhatsApp um vídeo esquisito de um pastor congolês residente na França chamado Steve Kunda. Na primeira publicação, os inimigos de Bolsonaro eram identificados com as “corporações”, que incluem “políticos, servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder”. Segundo o texto, a pressão que o mandatário sofre envolve resistências das corporações e do Congresso, que o impedem de aprovar medidas renovadoras, dificultando a governabilidade. Ele sugere que os processos democráticos são empecilhos para governar.

Artigo de Opinião - SLG, a síndrome leão - girafa



Como está provado que neste País não é necessário diploma para ser formado (basta lembrar que a ministra Damares se considera mestre em educação e o astrólogo Olavo se diz professor de filosofia), hoje serei pesquisador médico.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Você sabia disso ? - Intertextualidade Teatral de Ariano Suassuna e Gil Vicente

Intertextualidade Teatral de Ariano Suassuna e Gil Vicente


As obras Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente e o teatro Auto da Compadecida do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna diferem-se por seu espaçamento temporal entre a publicação de ambos, sendo imprescindível enfatizar de modo comparativo as características dicotômicas e similares entre as duas peças.

O Auto da Barca do Inferno de 1517, faz parte de uma trilogia, juntamente com a Barca do Purgatório e a Barca da Glória, obras de grande reconhecimento na trilha engenhosa de Gil Vicente. Na obra percebe-se a literatura em um contexto social representado pelo riso popular, especificamente de caráter moralizante e alegórico, personificada por tipos sociais, quanto a sua estrutura escrita em linguagem poética, bem rimada e rica em figuras de linguagem.

O tema da peça é religioso, trata do destino das almas após a morte. Ao chegarem à beira de um rio, deparam-se com duas barcas: a primeira conduzirá as almas danadas ao inferno, e a segunda conduzirá os merecedores ao céu.

“O Auto da Compadecida foi escrito com base em romances e histórias populares do Nordeste. Sua encenação deve, portanto, seguir a maior linha de simplicidade, dentro do espírito em que foi concebido e realizado. O cenário (usado na encenação como um picadeiro de circo, numa idéia excelente de Clênio Wanderley, que a peça sugeria) pode apresentar uma entrada de igreja à direita, com uma pequena balaustrada ao fundo, uma vez que o centro do palco representa um desses pátios comuns nas igrejas das vilas do interior… (SUASSUNA, 2005, p. 14)”.

No trecho de João Grilo são perceptíveis traços de uma variante nordestina e religiosa baseada nas características estruturais e rítmicas do cordel:

“Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.”

Os elementos presentes no teatro baseiam-se no conceito do moralismo sendo que este é definido como ações que direcionam o comportamento humano na sociedade, para que os indivíduos mantenham seus princípios vinculados a uma ideologia religiosa.


domingo, 2 de junho de 2019

Você sabia disso ? - As fazendas de Sexo no período da escravidão negra no Brasil

Para compreender o escravismo no Brasil e suas consequências nefastas na  vida do povo preto.



1 - A fertilidade das mulheres escravizadas era examinada pelos senhores de escravos para se certificarem de que elas eram capazes de procriar e ter tantas crianças quanto possível. Secretamente, proprietários de escravos estupravam as mulheres escravizadas e quando a criança nascida crescia e alcançava uma determinada idade onde já pudesse trabalhar nos campos, eles tomavam seus próprios filhos e transformavam em escravos.