quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Perseguido por décadas, o samba chega ao centenário amado pelos brasileiros

Francisco Edson Alves

– O preconceito contra o samba não se materializou somente na repressão policial das primeiras décadas. No fim dos anos 70, as emissoras de rádio e TV praticamente só tinham espaço para músicas americanas –

Um século da História atravessada do samba

Na introdução, a letra já diz que “o chefe da folia/pelo telefone manda avisar/que com alegria/não se questione para se brincar”. E é nesse ritmo que, há exatos cem anos, “Pelo telefone” é considerado o primeiro samba. Foi no dia 27 de novembro de 1916 que Ernesto dos Santos, o Donga, registrou a canção na Biblioteca Nacional. Mas questionamentos não faltaram, ao logo desse século. A obra até hoje é alvo de contestações diversas. E é essa a história “atravessada”.

A dura vida e a obra genial do escritor Lima Barreto, o próximo homenageado da Flip

Negro, pobre, marginalizado, alcoólatra, interno de hospícios – e um gênio. Um dos mais importantes escritores da história do Brasil, o carioca Afonso Henriques de Lima Barreto, ou simplesmente Lima Barreto, autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e O Homem que Sabia Javanês, entre muitos outros, será o próximo homenageado da Flip, a Festa Literária de Paraty, no ano que vem.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Crônicas do Dia - Impostos e Petróleo



O setor de petróleo é uma indústria de capital intensivo e de projetos a longo prazo. A previsibilidade das regras e a segurança jurídica são fundamentais para que as empresas possam planejar e implementar seus planos de investimento.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Crônicas do Dia - Um novo patamar - Ana Maria Machado

Ana Maria Machado, O Globo

Durante todo o mês de outubro, coordenei um ciclo de conferências na Academia Brasileira de Letras, sobre Planejamento e Políticas Públicas. Como o jornalista Merval Pereira já comentou em dois artigos no último fim de semana, as palestras acabaram indo além do exame dos nossos aspectos econômicos. Abriram seu foco e discutiram muito a educação. Não é de surpreender.

Crônicas do Dia - Ocupações - Marcio Tavares D'Amaral

Nesse momento, os secundaristas ocupam suas escolas para poderem se ocupar dessas matérias. Para que não lhes sejam roubadas

Crônicas do Dia - Calamidade ? Não é o caso

Flavio Serafini, O Globo

O governador Pezão e os deputados governistas alegaram que aprovar a Lei do Estado de Calamidade Pública seria a única forma de proteger os direitos dos servidores em tempos de crise. Logo desabou, no entanto, nas costas dos trabalhadores, o anúncio do pacote de maldades do governo do PMDB. Em nome da “austeridade”, eis um ataque direto aos direitos da população, com cortes nos salários e aposentadorias, aumento de tarifas, fim do Restaurante Popular, do Aluguel Social.

Crônicas do Dia - E agora, pai? - Nelson Motta

Nelson Motta, O Globo

Muitas vezes, quando não sei o que fazer diante de uma situação, penso no que meu pai faria. E faço. Quando eu estava furioso e indignado com injustiças e torpezas, querendo quebrar tudo, ele aconselhava serenidade e tolerância, não como submissão e resignação, mas como prova de superioridade moral e força dos meus argumentos.

Novo Enem poderá excluir treineiros e certificado de conclusão do ensino médio

Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil


O novo modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deverá mais servir para certificar a conclusão do ensino médio. Os treineiros – aqueles que fazem as provas só pra treinar –  também deverão ser excluídos do processo e terão, em troca, um simulado nacional, aplicado em julho, antes do Enem, que ocorre no final do ano. As mudanças foram adiantadas pela presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, na reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Crônicas do Dia -

Fico pensando o que o Rio de Janeiro fez de errado para merecer dois ex-governadores presos por corrupção

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Artigo de Opinião - Wadih Damous: A fonte de lágrimas do nosso violento presente

O DIA
Rio - Federico Garcia Lorca é o escritor espanhol mais traduzido no mundo, mas até hoje a Espanha não foi capaz de elucidar o que foi feito com o seu corpo, após ter sido preso e torturado pelo fascismo, aos 38 anos.

Artigo de Opinião - O Natal está chegando

O DIA
Rio - Pesquisa do Instituto Pró-Livro divulgada este ano mostrou que 44% dos brasileiros não costumam ler livros. Uma pena, porque a leitura faz a diferença para quem quer melhorar de vida. Em benefício de todos, vamos então aproveitar que teremos um Natal em breve e começar a mudar esse cenário. Por isso, eis aqui algumas sugestões de presentes bons, bonitos e baratos. São obras para todos os gostos e que não vão doer no seu bolso.

Artigo de Opinião - No vale da sombra da morte

O DIA
Rio - Evitando as guerras religiosas que devastaram a Europa, os portugueses não admitiram — por razão de Estado — em seu território outra crença que não a fé católica. Prevenindo conflitos, o Marquês de Pombal expulsou do Brasil os jesuítas em 1759, não sem premiar outras ordens para se aquietarem diante do martírio de seus irmãos, e anexou significativa parcela das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste à colônia. A relação do Estado e Igreja no Brasil sempre foi permeada por tensões e partilha de interesses.

Artigo de Opinião - Precisamos falar sobre tolerância - Eugênio Cunha

O DIA
Rio - O Brasil sempre foi visto como um país tolerante às diferenças, cuja cultura diversificada permitiria condição especial de convívio de diferentes matizes e opiniões, fato incomum em outros países. Porém, pesquisa recente nas redes sociais realizada pela agência de publicidade Nova/SB mostrou um país marcado pela intolerância de diversas formas e gêneros. Não é por acaso que a redação do Enem deste ano versou sobre “Caminhos para combater a intolerância religiosa”. Mas a intransigência não fica só no campo das religiões: mais de 80% das menções sobre temas sensíveis, tais como racismo, misoginia, deficiência, política e homofobia, são negativas. A pesquisa mapeou 390 mil postagens no Facebook, Twitter e Instagram, além de comentários em blogs e sites.

Crônicas do Dia - Nem imunes nem impunes - Ruth de Aquino

Um “mau exemplo” para o país até dias atrás, o falido estado do Rio de Janeiro se transformou em inspiração para tantos estados saqueados por governantes, em maior ou menor grau. Duas prisões, dos últimos dois governadores do Rio, com a revelação de detalhes sórdidos de roubos estratosféricos para enriquecimento pessoal, nos dão a esperança de um futuro mais ético na política.

Crônicas do Dia - Antiqueda de Berlim - Maria Ribeiro

Filho, Trump existe; Papai Noel não

Foi no dia da vitória do Trump, diante de uma rena enfeitada com pisca-alerta. Quer dizer, pisca-pisca. Nove de novembro. Que antes — precisamente 27 anos atrás, pra configurar conhecimento — tinha sido do Muro de Berlim. Da queda do Muro de Berlim. Que um dia foi também do instante em que cheguei na São Vicente, a casa de saúde, coloca aí 41 verões me recuperando do banzo do útero de mamis. E que agora é do segundo em que, pela primeira vez, te ouvi com tristeza falar do Natal.

Crônicas do dia - A pinguela e o teto

Gustavo Müller, O Globo

Há poucos dias o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o governo Temer seria “uma pinguela que, se quebrar, caímos na água”. Por outro lado, já se vê uma enorme manifestação contra a Proposta de Emenda Constitucional do gasto público. Entre esses dois pontos há o fator Lava-Jato e a possível cassação da chapa Dilma-Temer.

Artigo de Opinião - Trabalhar valores e estimular novas escolhas - Nádia Rebouças

O DIA
Rio - É tempo de falar muito em sustentabilidade. Levamos décadas para compreender o conceito, para descobrir que o que ele continha era vital. Construímos caixas de arquivo para morar em cima dos nossos rios.

Artigo de Opinião - A Idade Média chegou

Esse linchamento público realizado pela mídia com ações de justiçamento estão levando o Brasil a um processo de degradação ética e social nunca visto. Não se sabe aonde isso vai parar

22/11/2016

O DIA

Crônicas do Dia - Pacote diabólico - Arnaldo Niskier

Genial a solução encontrada pelo governo do Rio de Janeiro para debelar a crise em que se meteu: lançou um diabólico pacote em que taxa o funcionalismo, eleva tributos e extingue programas sociais, tudo isso ao arrepio da Constituição e dos direitos fundamentais das pessoas humanas. Não pode dar certo!

Crônicas do Dia - A única chance

Vésperas de réveillon, alto de um morro da Zona Sul do Rio. Eu, repórter de uma emissora de televisão, esperava o representante da associação de moradores para fazer uma matéria sobre o aluguel de lajes de alguns barracos da favela — estrangeiros pagavam altas quantias para ter uma visão privilegiada da queima de fogos em Copacabana. Ao meu lado, cinegrafista e motorista da minha equipe, além de outros jornalistas.

Crônicas do Dia - Segredos de Nelma - José Casado

José Casado, O Globo

A tendia no 21-9972-33315. Raríssimos sabiam quem era. Atravessou a última década no circuito Leblon-Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Criou uma rotina de clandestinidade no Palácio Guanabara e uma rota de fuga para o Galeão, que usava para escapadas privadas a Paris, na companhia de amigospatrocinadores. Nelma, Nelma de Sá Saraca — era a identidade por trás daquele número telefônico.

Crônica do Dia - O homem - bomba americano - Arnaldo Jabor

Como é que um sujeito tão repulsivo foi eleito presidente? A explicação talvez esteja na aparência horrenda de seus seguidores

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Artigo de Opinião - Gabriel Chalita: Sobre a inocência

O DIA
Rio - Era menina ainda quando disse que gostaria de ser freira ou médica ou professora. Um dia, mudou de ideia e afirmou que seria bailarina. Foi a uma festa, em um fim de ano, em uma escola, em algum canto por aí. Cantaram, também, alguns meninos. Um coral preparado com esmero por uma professora que sorria ao seu piano vendo seus pupilos brilharem. Estavam todos uniformizados. Até os cabelos. Até o jeito de mexerem os braços e agradecerem os aplausos.

Era uma escola pública. E o público, composto majoritariamente pelos familiares, vibrava com os seus. A menina, a que já quis ser tanta coisa, procurava os pais. Como fazem as meninas e os meninos nessas apresentações. Há muitas pessoas, mas o olhar mais doce é revelado, primeiramente, aos pais.

Ela os encontrou. Estava vestida com a roupa de bailarina. A mãe não se continha de emoção. Era a única filha. A outra se fora prematuramente. Atropelada por um trem. Isso mesmo. Estavam alguns amigos atravessando a linha de ferro. Ela teve medo e parou. Eles insistiram, e ela foi. Foi, titubeante, e aconteceu o horror. Um corpo sem vida esmagado por um trem.

A irmã nunca se esqueceu disso. Ela não estava junto. Era muito pequena. Mas ouviu tantas vezes os relatos, viu tantas lágrimas e gritos de dor da mãe e do pai, que a história a frequentava desde sempre. Mas, ali, o sorriso dos pais parecia uma pausa à dor que viveram. Uma se foi. A outra brilhava.

O tempo foi passando, e a menina foi crescendo. Sempre muito religiosa. Sempre muito prestativa com os seus. Achava-se responsável por trazer alegria. E fazia sua parte. A menina virou mulher. Casou. Teve filhos. O primeiro recebeu o nome da irmã. O segundo, o do marido. Teve o privilégio de se casar com o homem dos seus sonhos. No dia em que foi bailarina, ele foi cantor. E se olharam, ainda sem saber o que seriam. O terceiro filho também veio. 

Ele não tinha mãe. Apenas o pai e ninguém mais. A mãe morrera em um acidente de carro em que o pai era o motorista. Não teve culpa. Sentiu-se culpado. Acreditava ele ser o responsável por trazer alegria ao seu pai. 

Ele formou-se médico. Ela, professora. Escolheu preencher os seus dias preenchendo vidas de significados. Lembra-se ainda do primeiro dia em que pôde entrar em uma sala de aula e ensinar. Dos olhos das crianças. Das suas dúvidas — das crianças e das dela. Do medo de tropeçar. Tropeçou, talvez, algumas vezes. Mas prosseguiu. A filha que recebeu o nome da irmã que se fora resolveu ser freira. O filho com o nome do pai é bailarino. E o terceiro é também professor.

Quando se lembra dessas histórias, lembra-se de um tempo que se foi. De uma inocência difícil de ser reinventada. Lembra-se do primeiro dia em que ela e o marido deram as mãos. Eram adolescentes, apenas. Ele a pediu em casamento. Ela disse que perguntaria à mãe. Ele disse que não era para aquele momento, mas que já queria selar um secreto compromisso de amor. Ela sorriu. Achou bonito. Ele a beijou no rosto. Ela ficou corada. E se despediram. Só começaram a namorar quando estavam na faculdade. Casaram-se depois da formatura dela e um pouco antes da formatura dele. Os pais estavam presentes.

O padre pediu para que os dois improvisassem algum dizer de amor. Ele disse que se apaixonou por ela quando a viu de bailarina. Ela apenas sorriu e, timidamente, disse que se apaixonou por ele no mesmo dia. 

Os pais dos dois já não mais estão com eles. Foram encontrar os que já se foram. Há os filhos. Há lembranças de ontem e muitas vontades a serem realizadas. Nos dois, há um sentimento que permaneceu das dores que viveram. Têm eles a consciência de que nasceram para trazer alegria. Aos pais. A eles mesmos. Aos alunos e pacientes. Aos que encontram por aí.

Quando veem alguma fumaça, lembram-se dos tempos da claridade. Na idade de hoje, são capazes de viver as idades que se foram. Sabem que não são perfeitos. Estranhamentos há em toda família. Mas há algo que os mantém inteiros. Inocentemente, continuam a se amar.



Artigo de Opinião - Márcio Pereira Nunes: Donald Trump e o Brasil

O DIA
Rio - Trump foi eleito presidente dos EUA com o discurso voltado para os que perderam com a globalização. Justamente por isso, usou como bode expiatório o imigrante e fez do nacionalismo sua bandeira. Parte da sociedade americana, atrelada à indústria tradicional (siderurgia, construção civil, automotiva e de eletrodomésticos) perdeu com esse processo de inserção internacional. São setores que não movem mais a economia americana. Esta cresce na aeronáutica, na robótica e na química — só olhar a alteração nas empresas que estavam no S&P 500, em 1960 e 1970, e as de hoje.

Artistas destacam a diversidade cultural na infância contra o racismo

LUIZA SANSÃO
Rio - O combate ao racismo deve começar cedo e lidar com a diversidade cultural na infância é fundamental. É assim que pensam artistas como a escritora Janine Rodrigues e a estudante de Cinema da PUC Victoria Roque, que resolveram estimular o debate sobre o tema entre crianças por meio da arte. Para abordar o racismo na infância e a representatividade, ‘Princesas Negras — A história de Nuang’, de Janine, conta a história de uma princesa negra que supera adversidades por meio da força de sua cultura, e o documentário ‘Lápis cor de pele’, de Victória, discute os efeitos da ausência de representações de crianças negras nos meios de comunicação. Seus trabalhos são evidenciados hoje, Dia da Consciência Negra.

domingo, 20 de novembro de 2016

Crônica do Dia - A dor do outro não sai no jornal - Gabriel Chalita

Rio - Na canção de Chico Buarque, os dizeres são: “A dor da gente não sai no jornal.” O compositor fala de uma tal Joana e de um João. Desconhecidos, eram os dois. Nem o barraco existe mais.

Editorial - 20 de Novembro

 A especificidade da formação social brasileira na questão da dominação racial fez surgir uma expressão com forte cunho ideológico de existência de uma suposta “democracia racial” no Brasil.

A parte trágica da 'PEC do fim do mundo' é que você apoiou mesmo sem saber- Francisco Toledo

Durante todas as manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), os empresários e movimentos anti-PT usaram o slogan "não iremos pagar o pato". E conseguiram. Derrubaram Dilma, assumiram o governo. Com a aprovação da PEC 241, alcançaram seu objetivo: eles, não pagarão o pato. Já você, bem... preparado pra pagar o pato?

Por que a prisão de Garotinho não me causou comoção ? - Francisco Toledo

Abro o Facebook e me deparo com um textão a cada 10 minutos sobre a cena do ex-governador Garotinho (PR) sendo levado para uma ambulância, preso, enquanto sua filha grita clamando por sua liberdade: "Meu pai não é ladrão", disse várias vezes. Ele observa as câmeras, reage e se contorce.

O que comem, onde vivem e como se acasalam os que querem um golpe militar? Leonardo Sakamoto


Uma coisa é o pensamento conservador, que merece ser respeitado e, na minha opinião, questionado – quando for o caso – nas arenas públicas e privadas de discussões.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Crônica do Dia - O suicídio da América - Arnaldo Jabor

A possibilidade de o Trump ser presidente já é um filme de horror

A realidade está mais louca do que a ficção. Assim sendo, a ficção tem de ser muito mais louca do que a realidade. A destruição ambiental, a sordidez mercantil, a estupidez no poder, o fanatismo do terror, em suma, toda a tempestade de bosta que nos ronda está muito além de qualquer crítica. O mal é tão profundo que denunciá-lo ficou inútil.

Essa anomalia da vida atual aumenta a tradicional paranoia ocidental, principalmente nos Estados Unidos. E aí surge um estranho fenômeno que tento entender: a vontade de salvar o país e um desejo simultâneo de destruí-lo. A América parece querer suicidar-se. Por exemplo, a possibilidade de o Trump ser presidente já é um filme de horror. Se esse rato for eleito, aí sim, o mundo pode acabar.

Também na cultura americana, são impressionantes os filmes de ação e catástrofe que destroem o país ou o mundo, produzidos por Hollywood. É estranho; imaginem o cinema francês destruindo Paris sem parar, invadido por alienígenas (aliás, como os terroristas) ou o cinema brasileiro arrebentando o Pão de Açúcar e o Corcovado! Eles acham isso normal. E lucrativo. Vejam os filmes dos últimos anos: “Independence Day 1”, “Godzilla”, “Armagedom”, “Terremoto — A falha de San Andreas”, “2012”, “Impacto profundo” e tantos outros.

Por que esse amor e ódio? Creio que vêm de uma insatisfação da vida americana atual, uma grande angústia nacional. A América não sabe mais o que dizer sobre si mesma. Os Estados Unidos eram a “cultura da certeza”. O paraíso americano era a perfeição do funcionamento. Com o 11 de Setembro, junto com as torres, caíram também a arrogância e o orgulho da eficiência. Será que esta é a causa desse ataque doentio contra si mesmos?

Pensando nessas coisas deprimentes, fui ver o novo “Independence Day”. Não gostei e concordei com críticos que dizem que o filme é tolo. Um deles diz: “assistir a alienígenas explodindo de forma espetacular não é desculpa para passar duas horas no ar condicionado”.

Tenho visto muitos filmes de ação. Já sou entendido nas missões impossíveis, nas porradas, nas cidades destruídas, nas armas assassinas. Nunca o cinema foi tão útil para esquecermos o mundo atual e nunca os filmes foram tão brutais para, pelo avesso, exorcizar o medo da morte.

Na sala de cinema, sinto-me dentro de uma máquina de sensações programadas. Não há mais tempo para um filme ser visto, refletido, com choro, risos, vida. No escuro, mergulho em suspense, em prazeres sádicos, em assassinatos explosivos, em vinganças sem fim, narrados como uma ventania, como uma tempestade de “planos” (cenas) curtos, nunca mais longos do que 4 segundos, tudo tocado por orquestras sinfônicas plagiando Ravel para cenas românticas ou Stravinsky para violências e guerras.

O conflito é permanente, de modo a impedir o espectador de ver seus conflitos internos. Não podemos desgrudar os olhos da tela. O desejo dos produtores é justamente apagar o drama humano dentro de nossas cabeças.

Os filmes comerciais antigos apelavam para a comoção das plateias, estórias onde o “bem” era recompensado, onde o amor movia personagens, onde chorávamos ou riamos desde o Gordo e o Magro até Hitchcock. Logo depois da Guerra Fria, os filmes mostravam uma América em “frenética lua de mel” consigo mesma. Obras-primas como “Cantando na chuva” foram feitas por razões comerciais. Os musicais da Metro eram a felicidade democrática.

Hoje, passamos por emoções que nos exaurem como se fossemos personagens dentro daqueles mundos em 3D, de pedras e balas que voam e nos fazem em pedaços espalhados pela sala, junto com os copos de Coca-Cola e sacos de pipocas. Somos pipocas nesses filmes. É uma nova dramaturgia de Hollywood: a estética do videogame, onde a personagem principal não é mais o “outro”, mas nós mesmos, com o “joystick” na mão e nenhuma ideia na cabeça.

Os roteiros são feitos em computador, de modo a encher cada buraco, para que nada se infiltre na atenção absoluta. E mais importantes que as personagens são as “coisas” em volta. Sim, as coisas. Personagem é só um pretexto para mostrar o décor. E o décor é um grande showroom dos produtos americanos: maravilhosos aviões, supercomputadores, a genialidade técnica lutando por algum “bem” inexplicável , porque a ideia de “futuro” esmaeceu. Assim, não importam mais nem o enredo, nem o roteiro; só o gozo da cena.

Antigamente, sofríamos durante a trama, esperando que os heróis fossem felizes no final. Hoje, sabemos que tudo vai acabar bem, mas nos fascinam mais os infernos que eles terão de atravessar, para chegar a um desfecho fatalmente bom. A catarse chegará, mas antes temos amputações, bazucas estourando peitos, bombas, rios de sangue. Na vida americana, como nos filmes, perdeu-se a ideia de sentido. O happy end é coisa dos anos quarenta.

No entanto, acho novidades nisso tudo. Num mundo sem rumo, na América dividida, a tecnologia está criando uma nova estética. Acabou a linearidade narrativa e, com a visão de mundo desencantada, em meio à avalanche brutal de informações, está surgindo uma nova forma de profundidade “superficial”.

Uma espantosa nova linguagem não linear, polissêmica, surgiu e cresce como um “transformer”, nas telas do mundo. Parece até uma vanguarda tecnológica emergindo entre os efeitos especiais cada vez mais audaciosos. Talvez, daqui para a frente, só essa língua dará conta de nossa solidão, de nossa fome de ilusão.

Agora, mesmo falando essas coisas, confesso que adoro os filmes da Marvel. Já vi alguns “blockbusters” de extraordinária imaginação “wagneriana”. “Avatar”, por exemplo, “Batman”, ou a obra-prima “Thor” já fazem parte de uma nova “escola” estética. Não falo de “nova arte” ou uma nova cultura, pois isso já denotaria a ideia de “finalidade”, de meta a ser atingida. Falo de um caos maravilhoso que nos submerja para sempre num “presente” inexplicável.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/o-suicidio-da-america-19742003#ixzz4QAGF8Dt1

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Artigo de Opinião - Aprovar a PEC 241 é grave retrocesso


Estão buscando o caminho inverso de potências como EUA e Israel, onde a intervenção estatal é eficiente e real

Artigo de Opinião - Somos todos Amarildo - a verdade dos fatos - João Tancredo


O resumo das atividades está no blog do magistrado Siro Darlan e em site de notícias

Crônica - O insustentável preconceito do Ser

 Rosana Jatobá

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.