quarta-feira, 27 de março de 2019

Você sabia disso ? - 10 mitos sobre a Ditadura Militar no Brasil

10 mitos sobre a ditadura militar no Brasil
Ditadura militar durou 21 anos, entre 1964 e 1985
Por Da redação

Por Rôney Rodrigues
Conteúdo publicado originalmente no blog História sem Fim, da SUPERINTERESSANTE

Em 1964, um golpe de estado que derrubou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura no Brasil. O regime autoritário militar durou até 1985. Censura, exílio, repressão policial, tortura, mortes e “desaparecimentos” eram expedientes comuns nesses “anos de chumbo”. Porém, apesar de toda documentação e testemunhos que provam os crimes cometidos durante o Estado de exceção, tem gente que acha que naquela época “o Brasil era melhor”. Mas pesquisas da época – algumas divulgados só agora, graças à Comissão Nacional da Verdade – revelam que o período não trouxe tantas vantagens para o país.

Você sabia disso ? - A corrupção durante o Regime Militar

A corrupção durante o regime militar
Falta de liberdade de imprensa abafou denúncias de falcatruas durante a ditadura no Brasil
Por Fabio Sasaki

A corrupção só existe em governos civis? Ouvindo os que defendem uma intervenção militar, fica a impressão de que no período da ditadura não teriam existido situações de desvio de recursos públicos ou enriquecimento ilícito. Na verdade, dois motivos principais explicam a sensação de que naquele tempo não havia irregularidades.
Em primeiro lugar, a censura impedia que denúncias contra integrantes do regime viessem a público. Se a população não sabia da existência de falcatruas, era pelo simples motivo de que a imprensa não tinha a liberdade hoje existente para investigar e denunciar. O outro motivo é que, como a sociedade civil estava impedida de se organizar democraticamente, não existiam instrumentos de controle nem órgãos de fiscalização efetiva sobre as ações do governo.
A Comissão Geral de Investigações (CGI) foi um organismo criado pela ditadura, após o AI-5, com o objetivo oficial de combater a corrupção. Foi a responsável por cerca de 3 mil processos, mas seus procedimentos eram secretos. Além disso, se houvesse suspeitas contra militares, seus casos não iam para a CGI – eram remetidos a comissões de investigação próprias das Forças Armadas, e não se tem conhecimento sobre o andamento dos processos ou suas conclusões.
Casos notórios

terça-feira, 26 de março de 2019

Machado de Assis - Pai contra Mãe


Entrevista - Leandro Vieira




Artigo de Opinião - O fantasma do Golpe de 1964


Bolsonaro tem direito a sua opinião sobre a ditadura, não a reescrever a história
Por Helio Gurovitz

Reescrever a história é um item previsível no manual dos candidatos a autocratas. O exemplo canônico é Stálin, que mandava apagar os adversários que matava das fotografias. Stálin foi a inspiração do escritor britânico George Orwell em 1984 e na sátira A revolução dos bichos. Está nele a origem do termo “orwelliano” para qualificar as tentativas de disseminar a mentira oficial como verdade.

Artigo de Opinião - POR QUE QUASE NINGUÉM LEVA A VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NA INTERNET A SÉRIO?, POR AMANDA LUZ

Época, 03/11/2015) O Experiências Digitais adere à campanha #AgoraÉQueSãoElas e convida a jornalista Amanda Luz para escrever o texto de hoje

Nas últimas semanas, o Experiências Digitais dedicou algum espaço para tratar sobre o assédio de mulheres na internet. Os links estão distribuídos ao longo do texto. No feriado, cruzei com a campanha #AgoraÉQueSãoElas, uma iniciativa bem bacana. A ideia é ceder espaços em blogs e colunas comandados por homens para que mulheres possam falar sobre o que quiser. Convidei a amiga jornalista Amanda Luz, minha colega de Editora Globo, que prontamente topou o desafio. Ela assume a coluna de hoje:

Por que quase ninguém leva a violência contra mulheres na internet a sério

Por Amanda Luz*

Artigo de Opinião - “GOSTA DE APANHAR”: POR QUE É TÃO DIFÍCIL SAIR DO RELACIONAMENTO VIOLENTO?

Uma relação violenta se dá em fases. A primeira parte do ciclo é a lua-de-mel, a sedução. A pessoa promete o céu e a terra até ter a parceira na palma da mão e torná-la sua “posse”.

Artigo de Opinião - Feminismo sem partido

Trata-se de luta pela igualdade de direitos. Não é pauta comunista

(O Globo, 12/01/2018 – acesse no site de origem)

Como enfrentar a epidemia de violência que dizima mulheres, quando autoridades responsáveis pela execução e normatização de políticas públicas reforçam preconceitos, desqualificam denúncias de violações de direitos e fortalecem a estrutura social machista, pelo uso da linguagem rasa e agressiva das redes sociais?

domingo, 24 de março de 2019

Artigo de Opinião - Governo Bolsonaro quer trazer de volta os manicômios no Brasil. Por Maria Teresa Cruz

Publicado originalmente no Ponte Jornalismo

POR MARIA TERESA CRUZ

O Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica nesta quarta-feira (6/2) propondo novas diretrizes de políticas nacionais de saúde mental e de drogas. As mudanças provocaram alvoroço em especialistas na área e, especialmente, em que trabalha na ponta, com o usuário desse tipo de serviço. O texto de 32 páginas ataca diretamente demandas da luta antimanicomial, que existe no Brasil há mais de 30 anos, e que começou para combater as violações de direitos humanos nos hospitais psiquiátricos denunciadas após os anos 1970. Além disso, adota um discurso que reforça a guerra às drogas e, consequentemente, a criminalização do usuário de drogas, bastante amparada pelo racismo estrutural.

sábado, 23 de março de 2019

Artigo de Opinião - Alexandre João Appio: Dilemas da educação

Rio - A qualidade na educação vai melhorar com as “novas ideias” para seu incremento, como a militarização ou educação domiciliar?

Artigo de Opinião - Leo Lupi: Quem mata o Brasil?

Rio - A prisão de suspeitos do assassinato de Marielle, na semana em que se completou um ano da morte da vereadora, não foi, nem será o suficiente para aplacar toda a indignação popular em relação ao caso.

A História que a História não conta - Dirley Fernandes

O samba da campeã Mangueira cita fatos, pessoas e modos de ver a trajetória do Brasil que são diferentes da visão consagrada pela historiografia clássica. O DIA traça um mapa para  compreensão desse país construído por "heróis de barracões".


História para ninar gente grande

Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Rone Oliveira e Danilo Firmino





Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis (1), jamelões (2)
São verde e rosa, as multidões

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento (3) 
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres (4), tamoios (5), mulatos (6) 
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara (7)
E a tua cara é de cariri (8)
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati (9)

Salve os caboclos de julho (10) 
Quem foi de aço nos anos de chumbo (11) 
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias (12), Mahins (13), Marielles, malês

(1) - Leci Brandão é cantora e compositora com 50 anos de carreira. Foi a primeira mulher a integrar a gloriosa Ala dos Compositores da Mangueira. Sua carreira é marcada por canções de forte cunho social, retratando a realidade das comunidades e a condição do negro, o que a levou a ter problemas com gravadoras que dificultaram, mas não impediram a sua trajetória. O samba dela mais conhecido das novas gerações é "Zé do Caroço" , de 1981, que fala da reorganização das associações de moradores, nos finais do regime militar. 

(2) Jamelão foi cantor de orquestras, com carreira iniciada nos anos 1930, conhecido pela voz tão bela quanto poderosa. Mas entrou para a história da Mangueira e do samba como o maior dos intérpretes da avenida. Começou a cantar nos desfiles de 1949 e foi até 2016. É autor de sambas como "Cântico à Natureza" ( de 1955, em parceria com Nelson Sargento e Alfredo Português), talvez o mais belo da Verde e Rosa. José Bispo dos Santos, conhecido por seu proverbial mau humor, faleceu em 2008, coberto de glórias e como presidente de honra da escola. O surdo sem contratempo da Mangueira acompanhou o seu funeral. 

(3) A noção de que o Brasil foi 'descoberto' em 1500 é uma forma de contar a História a partir do ponto de vista europeu. Na verdade, quando a frota de Cabral chegou ao litoral, com a missão de tomar posse da terra em nome do Rei e da Igreja, havia mais de 3 milhões de índios de etnias e organizações diversas, que poderia ser chamadas de nações, no território. Os portugueses invadiram e ocuparam o país, negociaram com algumas das nações e fizeram guerras com outras, como contou o padre Anchieta louvando os feitios do general Mem de Sá. "Quem poderá contar os gestos heroicos do Chefe à frente dos soldados, na imensa mata! Cento e sessenta as aldeias incendiadas, mil casas arruinadas pela chama devoradora."

(4) Entre as várias mulheres cuja história é pouco conhecida e não está em grande parte dos livros didáticos, o carnavalesco Leandro Vieira lembrou duas em particular:
Tereza de Benguela e
Esperança Garcia. A primeira liderou o Quilombo do Quariterê, o maior do Mato Grosso, entre 1750 e 1770 e se destacou pela habilidade política . O dia 25 de julho foi estabelecido como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Benguela é um  porto angolano de onde partiram muitos escravos para o Brasil. A segunda é uma mulher escravizada que vivia no Piauí e, em 1770, escreveu uma carta ao governador denunciando os maus tratos dos senhores de engenho aos cativos. A madrinha da bateria Evelyn Bastos encarnou, majestosamente, aquela que foi consagrada, mais tarde, como a primeira advogada do Piauí. 


(5) O termo, que significa ' o mais velho', designa os tupinambás, índios que ocupavam vastas áreas do litoral brasileiro ao tempo do descobrimento. Uma das alas do desfile da Mangueira homenageava Cunhambebe, o mais famoso de seus guerreiros. Aliados dos franceses, ele era o chefe de uma aldeia onde hoje é Angra dos Reis e reuniu dezenas de tribos na chamada ' Confederação dos Tamoios', que deu combate feroz à invasão da terra pelos portugueses, tendo devorado muitos inimigos. O embate terminou com a vitória lusitana, quando o grande chefe já tinha morrido, vitimado pela varíola. Em seguida, deu - se a ocupação da Guanabara, com a morte de todos os tamoios que por aqui viviam - com exceção de poucos escravizados. Na batalha decisiva, a de Uruçumirim, na atual Glória, mais de 600 índios, inclusive o chefe Aimberê, pereceram. 

(6) - São muitos os mulatos que fizeram história no Brasil. A Mangueira destacou em uma ala um dos mais ilustres e esquecidos: o poeta e advogado abolicionista Luiz Gama 


(1823 - 1882). Apesar de se dizer filho de uma liberta ( a mítica Luiza Mahin ) , ele foi vendido pelo pai português e cresceu como 'escravo da casa', em São Paulo. Mais tarde, conseguiu ser libertado na Justiça - caminho seguido por muitos negros no século XIX. Virou escrevente e estudou até tornar - se rábula ( advogado sem diploma ). Especializou - se em defender escravos, tendo conseguido a libertação de centenas. Como poeta, foi pioneiro em assumir a negritude. E defendeu o fim do cativeiro até a morte.

(7) - A história da mulher de Zumbi é envolta em lendas e fatos difíceis de comprovar. Mas ela é símbolo da resistência das mulheres negras. Do que se sabe como verdade histórica, Dandara foi criada no Quilombo dos Palmares, atual estado de Alagoas, e se tornou mulher do grande chefe militar as comunidades agrupadas na serra da Barriga e por um século resistiram à escravização. Ao lado de Zumbi, e muitas vezes no comando de tropas com homens e mulheres, participou de embates até 1694, quando Palmares foi dizimada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho e seus homens. Teria se suicidado logo após a derrota, para escapar da morte pela mão inimiga ou do cativeiro. 

(8) -  Chico da Matilde era um barqueiro que ganhou o epíteto de 'Dragão do Mar' por ter, na condição de prático, se recusado a guiar diante do porto de Fortaleza navios que levavam escravos na direção do sul do país. A greve liderada por Francisco José do Nascimento paralisou o mercado escravista e fortaleceu o movimento abolicionista, o que levou o Ceará a ser  a primeira província brasileira a abolir a escravidão, em 18884. 

(9) - Os indígenas da nação Kariri resistiram por 30 anos à ocupação de suas terras e à captura para fim de escravização, no Nordeste, entre 1683 a 1713. A série de revoltas ficou conhecida como a Confederação dos Cariris e só foi sufocada com o assassinato em massa dos indígenas. 

(10) - O Caboclo, figura mítica que tem estátua em Campo Grande, em Salvador, representa os índios, sertanejos e negros que lutaram nas batalhas pela independência do Brasil que ocorreram na Bahia após a declaração de 1822 e que culminaram com a vitória sobre os portugueses, em 2 de julho de 1823. Os caboclos são celebrados na Bahia durante os grandes festejos da data cívica. A cabocla, representando Catarina Paraguaçu, foi inserida nos festejos nos anos de 1840, depois de seu par. 

(11) - Referência aos anos do regime militar, entre 1964 , durante o qual houve "crimes contra a humanidade" e "graves violações dos Direitos Humanos", segundo relatório da Comissão da Verdade, com 434 mortes e desaparecimentos de opositores, entre os quais Stuart Angel, morto sob tortura, e irmão da jornalista Hildegard Angel, que foi destaque de um dos carros da Mangueira , e filho da famosa estilista Zuzu Angel. 

(12) - Maria Felipa é heroína popular da Independência. Moradora de Iparica, na Bahia, marisqueira, negra, comandou um grupo de 40 mulheres que destruiu 42  barcos da esquadra portuguesa, em ação determinante para a vitória brasileira. Figura mítica cuja existência histórica é pouco provável.

(13) Luíza Mahin foi participante, com posto de liderança, na Revolta dos Malês, em 1835, em Salvador. Era, segundo os relatos, egressa da Costa da Mina ( mahin é uma das tribos locais ) e tinha a profissão de quituteira. Participou das revoltas que aconteciam quase em ritmo anual , em Salvador, até 1935. A cidade tinha quase 80% da população formada por negros e mestiços. 

(14) - Vereadora, Marielle Franco era conhecida pela desfesa dos Direitos Humanos, das mulheres e das comunidades faveladas. Foi assassinada há um ano. Não se sabe ainda quem mandou matá - la. 



















segunda-feira, 11 de março de 2019

Crônicas do Dia - Um tapinha e o silenciamento - Mariana Gino

Mariazinha começou um novo relacionamento, um namoro. No começo tudo eram flores. Palavras intensas de ternura, juras de amor, mensagens que hora lá ou hora cá são guiadas pela frase "Eu te amo" e às vezes ele, o namorado da Mariazinha, leva um belo e perfumado buquê de flores para presenteá-la . Entretanto, alguns meses, ou até dias depois, parece que tudo virou, o namorado começou a querer ter acesso às redes sociais de Mariazinha, ela acha que gostava tando dela que queria protegê-la. Depois, o namorado de Mariazinha começou a querer limitar suas redes de relacionamentos sociais afetivos. Até que em uma bela tarde de sol as palavras bonitas se tornam agressivas! E aqueles adjetivos que outrora demonstravam "amor", agora são substituídos por palavras duras, xingamento... e violência física. Quantas de nós, mulheres, conhecemos uma ou outras "Mariazinhas" ou já fomos a própria Mariazinha?

segunda-feira, 4 de março de 2019

Crônicas do Dia - Quem criou a lama ?

Foi a pergunta que me fiz em meio a um turbilhão que se avolumou sobre tudo que eu podia avistar. Alguns voaram depois do aviso das vozes. Há sons na natureza que poucos conseguem compreender. Até porque não prestam atenção.

Artigo de Opinião - Brumadinho, vidas ceifadas

Rio - O desenvolvimento econômico não pode ocorrer sem que se levem em conta a preservação ambiental e os aspectos sociais e humanitários. É dever do Poder Público fiscalizar as atividades econômicas que possam comprometer a sustentabilidade. E a sociedade deve denunciar.

Artigo de Opinião - O perigo das milícias - João Batista Damasceno

Rio - Milícias são grupos atuantes à margem da lei, mas não do Estado. São agentes públicos ou particulares a estes vinculados no exercício de suas próprias razões e em atendimento aos próprios interesses. Potentados locais, no Brasil Colônia, Império e República Velha - senhores de engenho e cafeicultores – tinham as suas milícias. O regente Feijó recenseou as milícias, deu-lhes organização e as chamou de ‘Guarda Nacional’. De acordo com o número de comandados o potentado rural era nomeado de tenente a coronel.