sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Artigo de Opinião - "É só mirar na cabecinha ..."

Em depoimento que já está no gabinete da procuradora-geral da República, o miliciano Antônio da Silva Costa, o Tonho da Matraca, dá sua versão para o assassinato da vereadora e do motorista
Por O Dia

SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO

Por Fabrício Carpinejar

Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina.

Artigo de Opinião - Um tapinha e o silenciamento - Mariana Gino

Mariazinha começou um novo relacionamento, um namoro. No começo tudo eram flores. Palavras intensas de ternura, juras de amor, mensagens que hora lá ou hora cá são guiadas pela frase "Eu te amo" e às vezes ele, o namorado da Mariazinha, leva um belo e perfumado buquê de flores para presenteá-la . Entretanto, alguns meses, ou até dias depois, parece que tudo virou, o namorado começou a querer ter acesso às redes sociais de Mariazinha, ela acha que gostava tando dela que queria protegê-la. Depois, o namorado de Mariazinha começou a querer limitar suas redes de relacionamentos sociais afetivos. Até que em uma bela tarde de sol as palavras bonitas se tornam agressivas! E aqueles adjetivos que outrora demonstravam "amor", agora são substituídos por palavras duras, xingamento... e violência física. Quantas de nós, mulheres, conhecemos uma ou outras "Mariazinhas" ou já fomos a própria Mariazinha?

Artigo de Opinião - Ascânio Seleme

Os números são impressionantes. Os crimes de ódios relatados nos Estados Unidos cresceram 17% de 2016 para cá, e vêm aumentando de maneira regular e consistente desde a eleição do presidente Donald Trump. No ano passado, 7.100 crimes desta natureza foram registrados, sendo que três em cada quatro ocorreram por questões raciais ou étnicas. Religião e orientação sexual são as outras duas motivações mais importantes de crimes de ódio, segundo relatório do FBI publicado na quarta-feira pelo jornal The New York Times.

Artigo de Opinião - #Elanão - Merval Pereira



O empoderamento feminino não anda fazendo bem aos machos-alfa dessa parte de baixo do Equador, onde não existe pecado, segundo relato do holandês Barlaeus no século XVII. Nos últimos dias tivemos exemplos, uns menos, outros mais degradantes desse comportamento machista, vindos de personalidades que supostamente fazem parte de nossa elite.

Desde o famoso apresentador de televisão que assediou a cantora ao vivo e a cores, passando pelo ex-presidente da República que sugeriu que a Juíza que o interrogava, por ser mulher, deveria entender mais de cozinha do que ele. Sem contar com o presidente eleito do maior país da América do Sul, que não cansa de parecer homofóbico e misógino.

Estamos falando do Brasil dos tempos atuais, em que a campanha #Mexeu com ela mexeu comigo, decorrência da americana #meToo, que alcançou centenas de celebridades e subcelebridades hollywoodianas por assédio sexual ou moral, conseguiu tirar de cena um famoso ator global, mas não impedir a repetição de cenas de machismo explícito.

A semana foi marcada pela cena constrangedora de Silvio Santos declarando-se “excitado” com a roupa de cantora Claudia Leite, na frente de milhões de pessoas e da própria mulher e filhas na platéia de seu programa de auditório. Assédio duplo, sexual e moral, já que ele é o dono do programa e da televisão.

As reações vieram, até mesmo da cantora que, se no dia o máximo que conseguiu dizer é que seu namorado não ia gostar, no seguinte tomou coragem para postar um protesto no Facebook. O comportamento machista ou homofóbico continuou durante os dias seguintes com líderes políticos de peso, o ex-presidente Lula e o presidente eleito Jair Bolsonaro.

Ao ser interrogado pela Juíza Gabriela Hardt, que ficou no lugar de Sérgio Moro, sobre as obras do sítio de Atibaia e a instalação de uma cozinha moderna, exatamente igual à do apartamento triplex pelo qual já foi condenado, feitas por empreiteiras para, segundo a acusação, pagar favores recebidos do ex-presidente, Lula tentou constranger a Juíza insinuando que, como homem, não entendia nada de cozinha, assim como o suposto marido da Juíza. Gabriela Hardt foi seca: “Sou divorciada e não falo de cozinha”.

Lugar de mulher é na cozinha, parecia querer dizer Lula, em mais uma das muitas vezes em que demonstrou ser um machista da velha estirpe. Como quando convocou “as mulheres de grelo duro” do PT para um protesto. Ou quando disse que sua assessora Clara Ant, “dormindo sozinha”, ao ver vários homens chegarem em sua casa de madrugada, “pensou que era um presente de Deus”. Eram policiais.

O presidente eleito Bolsonaro também voltou a repetir piadas homofóbicas, quando disse que o escolhido para o Ministério das Relações Exteriores poderia ser homem ou mulher, mas também um gay. E perguntou para o repórter que fizera a pergunta: “Você aceitaria?”.

Editorial - Jornal O Globo - É uma farsa o objetivo do Escola Sem Partido

Natural que um governo eleito trabalhe para cumprir promessas feitas em campanha, tente executar sua agenda. Não significa, porém, na democracia representativa, que o voto popular tudo permita. Há ritos e instituições que filtram excessos e até podem ajudar a aperfeiçoar ideias. Ou simplesmente barrá-las, por impróprias.

Você sabia disso ? - Quem foi Maria Firmina dos Reis, considera a primeira romancista brasileira


Helô D'Angelo 
10 de novembro de 2017

São Luís, 11 de agosto de 1860. Logo nas primeiras páginas do jornal A Moderação, anunciava-se o lançamento do romance Úrsula, “original brasileiro”. O anúncio poderia passar despercebido, mas algo chamava atenção em suas últimas linhas: a autoria feminina da “exma. Sra. D. Maria Firmina dos Reis, professora pública em Guimarães”. Foi assim, por meio de uma simples nota, que a cidade de São Luís conheceu Maria Firmina dos Reis – considerada a primeira escritora brasileira, pioneira na crítica antiescravista da nossa literatura.

Negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um pai ilegítimo e nascida na Ilha de São Luis, no Maranhão, Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917) fez de seu primeiro romance, Úrsula (1859), algo até então impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados.

“Em sua literatura, os escravos são nobres e generosos. Estão em pé de igualdade com os brancos e, quando a autora dá voz a eles, deixa que eles mesmos contem suas tragédias. O que já é um salto imenso em relação a outros textos abolicionistas”, conta a professora Régia Agostinho da Silva, professora da Universidade Federal do Maranhão e autora do artigo “A mente, essa ninguém pode escravizar: Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão”.

Além de ter se lançado em um gênero literário sem precedentes no Brasil – e dado as diretrizes para os romances abolicionistas que apareceriam apenas décadas depois -, Firmina foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão para o cargo de professora de primário. Com o próprio salário, sustentava-se sozinha em uma época em que isso era incomum e até mal visto para mulheres. Oito anos antes da Lei Áurea, criou a primeira escola mista para meninos e meninas – que não chegou a durar três anos, tamanho escândalo que causou na cidade de Maçaricó, em Guimarães, onde foi aberta.

“A autora era bem conhecida para os maranhenses do seu tempo. Professora, gozava de certa circularidade nos jornais. Apesar de mulher, não era um pária social no período no qual viveu, mas claro que enfrentou o silenciamento da sua obra”, conta Silva.

Esquecida por décadas, sua obra só foi recuperada em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio de Janeiro – e, hoje, até seu rosto verdadeiro é desconhecido: nos registros oficiais da Câmara dos Vereadores de Guimarães está uma gravura com a face de uma mulher branca, retrato inspirado na imagem de uma escritora gaúcha, com quem Firmina foi confundida na época. O busto da escritora no Museu Histórico do Maranhão também a retrata “embranquecida”, de nariz fino e cabelos lisos.

Lugar de fala

O contato de Firmina com a literatura começou cedo, em 1830, quando mudou-se para a casa de uma tia um pouco mais rica, na vila de São José de Guimarães. Aos poucos, a jovem travou contato com referências culturais e com outros de seus parentes ligados ao meio cultural, como Sotero dos Reis, um popular gramático da época. Foi daí, e do autodidatismo, que veio o gosto pelas letras.

Quando se tornou professora, em 1847, Firmina já tinha uma postura antiescravista bem desenvolvida e articulada. Ao ser aprovada no concurso para professora, recusou-se a andar em um palanque desfilando pela cidade de São Luís nas costas de escravos. “Na ocasião, Firmina teria afirmado que escravos não eram bichos para levar pessoas montadas neles”, afirma Silva.

Mas era praticamente impossível para uma mulher expor sua opinião contra a escravidão – ainda mais uma mulher negra. Foi a estabilidade e o respeito alcançados como professora que abriram espaço para Firmina lançar seu primeiro livro, o romance Úrsula, no qual enfim publicaria seu ponto de vista sobre o tema.

Diferente dos escritos de mulheres da época, o romance não era “de perfumaria”, nem algo sem profundidade. Ao contrário: foi o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão e a partir do ponto de vista de escravos – antes do famoso poema Navio negreiro, de Castro Alves (1869), e de A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães.

Em Úrsula, Firmina faz questão de mostrar a crueldade de Fernando, senhor de escravos e vilão da história. Mas a pérola do livro é a personagem Suzana, uma mulher escravizada que, frequentemente, recorda-se de sua época de liberdade. “É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos”, escreve, em determinado momento. Para Silva, a forma é bastante característica de Firmina: “O escravo firminiano é, antes de tudo, aquele que fala da África, que só reconhece a verdadeira liberdade, no tempo em que vivia naquela África saudosa e nostálgica”.

Anos depois, quando já se firmara como escritora e professora – e quando o movimento abolicionista já estava mais difundido no Brasil -, a autora publicaria um conto ainda mais crítico, A escrava (1887), que conta a história de uma mulher de classe alta sem nome que tenta, sem sucesso, salvar uma mulher escravizada. A crítica à escravidão chega a ser literal: em uma passagem, a protagonista diz que o regime “é e sempre será um grande mal”.

“Os tempos eram outros. Em 1887, a escravidão era questionada no país inteiro. Em 1859, Maria Firmina dos Reis teve que usar um tom mais brando em seu romance, pois queria conquistar os leitores para a causa antiescravista. Leitores que, na sua imensa maioria, eram da elite e provavelmente tinham escravos”, afirma a pesquisadora.

Com o passar dos anos, tendo apenas um livro publicado, o nome de Firmina desapareceu. Para Silva, a insistência da autora em denunciar e criticar a escravidão pode ter sido a causa do obscurantismo. “O assunto de que tratava era insalubre demais, uma fala antiescravista em uma das províncias mais escravistas do Brasil. Não a levaram a sério localmente, não queriam ouvi-la falando. E ela não teve como levar seu texto para outros lugares.”

Recentemente, a editora PUC Minas lançou uma nova edição de Úrsula, o que ajuda a difundir sua obra. No entanto, pouco se sabe sobre outros possíveis textos de Firmina, sobre os detalhes de sua vida ou sobre como uma mulher negra de origem pobre alcançou tanto sucesso em pleno regime escravocrata. A própria biografia de Firmina, escrita por José Nascimento Morais Filho em 1975, tem como título Maria Firmina: fragmentos de uma vida.

“Autores como Lima Barreto e Machado de Assis [hoje reconhecidos como não-brancos] já têm uma fortuna crítica imensa, e por isso também sabemos muito mais sobre eles”, afirma Silva. “A de Maria Firmina dos Reis ainda está sendo construída. E acho que, em algum tempo, saberemos bem mais sobre a autora.”





Errata: O romance Úrsula foi publicado em 1859, e não em 1959, como anteriormente publicado. Ainda sobre o romance, o nome do vilão da história é Fernando e não Tancredo.

Artigo de Opinião - 2016 ajuda a entender 2018 - Bernardo Mello Franco


Estreia nesta semana o 3º documentário sobre o impeachment. A queda de Dilma já parece pré-história, mas o filme ajuda a entender como Bolsonaro se elegeu

Artigo de Opinião - Negro, Cubano e Médico - Dorritt Harazim

18/11/2018

FONTE - O GLOBO 

Negro, cubano e médico
Assustados, se viram obrigados a passar por um corredor humano de colegas de profissão brasileiros que os chamavam de 'escravos'
Cinco anos atrás, esta coluna focou em um episódio lateral ao Programa Mais Médicos. Reproduzimos hoje o texto publicado em 1º de setembro de 2013 para cutucar a questão racial embutida na chegada/partida dos cubanos. Tudo a ver com o feriado do Dia da Consciência Negra:

"(...)Vale esmiuçar uma foto estampada na primeira página da "Folha de S.Paulo" desta terça-feira. A imagem mostra, em primeiríssimo plano, um homem de estatura forte e fisionomia tensa. Sua linguagem corporal é defensiva. Ele mantém o olhar fixo em algum ponto morto, talvez para evitar contato visual com a hostilidade à sua volta, e sua alegre camisa amarelona, xadrez, destoa do ambiente carregado. Ele é negro, cubano e médico.

Artigo de Opinião - 70 anos de Direitos Humanos

Rio - Na comemoração dos setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos - adotada em 10 de dezembro de 1948 -, é triste constatar que se trata de um documento ainda desrespeitado. Informe da Anistia Internacional revela que em 2017 e 2018 ocorreram abusos na maioria dos países do planeta. A pena de morte ainda vigora em 53 países e aproximadamente 68,5 milhões de refugiados curtem longe de suas pátrias a dor do exílio. A violência e a ação de grupos de extermínio persistem na América Latina. O direito à vida, à igualdade perante a lei e à liberdade continua sendo, para populações inteiras, um sonho muito distante.

Artigo de Opinião - A ministra e Jesus na goiabeira


Por João Batista Damasceno*

Publicado às 03h00 de 22/12/2018 - Atualizado às 03h00 de 22/12/2018

Artigo de Opinião - Finlândia - Educação revolucionária

A Finlândia é conhecida por algumas curiosidades, como por exemplo, ser a terra dos mil lagos e ter como cidadão ilustre o Papai Noel. Dizem que a casa do Bom Velhinho fica na cidade de Rovaniemi, na Lapônia, no extremo norte do país. Também é famosa pelo fenômeno natural do sol da meia-noite, muito comum ao norte do Círculo Polar Ártico e ao sul do Círculo Polar Antártico, quando o rei do sistema solar é visível por 24 horas do dia, nas datas próximas ao solstício de verão. Mas é na Educação que estão os maiores exemplos finlandeses para toda a humanidade.

Artigo de Opinião - Escola sem Partido - Nova Inquisição

Calar e criminalizar professores que apresentam e mediam o conhecimento é o mesmo principio da censura que ocorreu na inquisição (com os requintes de estar fundamentada no moralismo religioso) e na ditadura militar

Por Robson Terra Silva Coord. da Feteerj (Fed. dos Trabalhadores em Estab. de Ensino-RJ)

Crônicas do Dia - Sobre a ingratidão

Rio - Tentei acordar. Não pude. Já estava acordado. Tentei imaginar que se tratava de um pesadelo. Era um pesadelo. Meu próprio filho. Abro a janela e o dia está cinzento. Torno a fechar. Prefiro ficar no silêncio do meu cômodo. Incomoda-me o barulho dos pensamentos. Eu jamais faria isso com meu pai. Jamais!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Artigo de Opinião - Professores, resistam à imbecilidade Bolsonária !


Universidade: a última trincheira contra a estupidez da Era Bolsonaro
Luiz Cláudio Cunha*

Artigo de Opinião - O sequestro da Educação

Por Bernardo Mello Franco
Para ex-ministro,pressão sobre escolas pode agravar três problemas: abusos sexuais, gravidez precoce e transmissão de doenças

Artigo de Opinião - É quase Natal


Por Gabriel Chalita*

Amanhã é Natal. Ou véspera do Natal. Então, hoje também é véspera. É quase. Quase é o que ainda não chegou. Ou não aconteceu. Quase ganhou. Quase passou. Quase encontrou.

Artigo de Opinião - Desavenças eleitorais na mesa da Ceia


Por Maria Tereza Maldonado*

"Não consigo perdoar minha mãe por ter votado naquele candidato! Tentei de tudo para ela mudar de ideia! Argumentei tanto, tentando mostrar por A B que ela estava errada, mas não adiantou! Resultado: estou sem falar com ela e com outras pessoas da família que também votaram no mesmo cara! E agora vem a festa de Natal..."

Você sabia disso ? - Equipe de Bolsonaro que cobrança de mensalidades em universidades federais


Assessores alegam custo elevado na comparação com particulares e o fato de grande parte das vagas ser ocupada por alunos de famílias com alta renda; entidades negam a relação e especialista vê inconstitucionalidade


         
Lígia Formenti, Leonencio Nossa e Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo

Artigo de Opinião - Novembro Negro de Zumbi dos Palmares

Rio - Zumbi dos Palmares morreu no dia 20 de novembro de 1695 aos 40 anos de idade. Aos 14, libertou-se para se tornar um guerreiro e liderar movimentos em busca da liberdade para os seus pares. Sua bravura espraiou-se por séculos fazendo com que recebesse homenagens tentaculares, a saber: nome do aeroporto em Maceió, busto erguido na Praça Onze, ponto central da chamada Pequena África do Rio de Janeiro, mais feriado em algumas cidades do país, afora se tornar enredo da Unidos de Vila Isabel, nos idos de 1988, quando, no Centenário da Abolição, a escola venceu o carnaval carioca, com o samba-enredo inesquecível 'Kizomba, Festa da Raça'.

Artigo de Opinião - "Escola sem partido?" - João Batista Damasceno


Escola não pode ter partido, mas igreja também não. Nem concessões de canais de TV e estações de rádio para proselitismo religioso. É o que dispõe a legislação em vigor

Por João Batista Damasceno Doutor em Ciência Política e juiz de Direito

Você sabia disso ? - Fé desrespeitada: A dificuldade no combate à intolerância religiosa

Durante anos, os sábados de Marco Antônio Pinho Xavier, presidente do Movimento Umbanda do Amanhã (Muda) e liderança à frente da Tenda Espírita Caboclo Flexeiro, em Santíssimo, no Rio, foram repletos de agressões. Nos dias de celebração, ele encontrava as janelas e altares do terreiro quebrados e as portas sujas de óleo e sal. Também era xingado pelos ocupantes do segundo andar do imóvel apenas por professar sua fé. Os anos de intolerância foram revertidos em inúmeros boletins de ocorrência que, segundo ele, nunca viraram processos.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Artigo de Opinião - Saúde mental também é emergência

Rio - Atuar em emergências médicas não significa apenas tratar do impacto físico de doenças, das dores ou feridas visíveis. Nossas experiências nos mostram, cotidianamente, que aquilo que é invisível às vezes pode doer mais e por mais tempo do que qualquer mal do corpo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Artigo de Opinião - Nunca vi escola com partido


O Globo19 Dec 2018
oglobo.globo.com/opiniao/ 


Luiz Antonio Aguiar é escritor

Sou escritor, com livros dedicados principalmente a crianças e jovens. Há mais de 30 anos, percorro colégios e eventos do mercado editorial, como feiras de livros e festas literárias, para conversar sobre literatura com crianças, jovens leitores, pais e avós, professores, público em geral. Além disso, sou professor em cursos de qualificação de professores, em literatura, em diferentes espaços. Cito tudo isso para mostrar que é amplo o meu contato com a instituição educacional, colaborando nessa mediação entre a literatura e a escola. E jamais, em toda essa trajetória, vi uma escola com partido.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Artigo de Opinião - Sobre o "com" e o "sem" Sobre o fim do Escola sem Partido

Diante desse nosso Brasil, tão desigual, é hora de escolhermos as batalhas certas. A minha é por um ensino de qualidade, independente, responsável, ético e laico Quando o Brasil ainda não era Brasil, era uma América portuguesa, viajantes que por aqui estiveram definiram os nativos locais como povos “sem”. Segundo o português Gandavo, os brasileiros seriam “povos sem F, L e R”; sem fé, lei ou rei. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Você sabia disso ? - A ácida e atual poesia de Gregório de Matos


Você sabia disso? - Cartas Chilenas

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância das Cartas Chilenas, escritas por Tomás Antônio Gonzaga, no período arcádico no Brasil entre 1783-1788 (final do século XVIII). Período este do governo de Dom Luís da Cunha Pacheco Menezes, que aparece nas cartas com o pseudônimo de Fanfarrão Minésio, o qual é bastante satirizado por Gonzaga. As cartas denunciam as irregularidades políticas ocorridas no governo da época. Esta obra também pode ser comparada segundo outros aspectos tratados pelos escritores nas sátiras, como o tratamento dado à religião, ao povo, à lei e à classe política. Através da leitura desta obra o leitor poderá confrontar ou comparar duas filosofias, duas visões de mundo, duas épocas importantes para a história do Brasil, aprendendo muito sobre o espírito brasileiro. 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Artigo de Opinião - Tolerância construtiva


Aceitar o outro não inclui concordar ou aprovar o que ele faz, sente ou pensa, mas envolve a maturidade de não criarmos barreiras emocionais de aversão pelo fato dele não corresponder às nossas expectativas

Artigo de Opinião - Não brinquem com o fogo

Rio - Como diziam as mães antigamente, quando o filho estava prestes a se meter em encrenca, "não brinque com o fogo" ("cuidado com o dedo na tomada, com a ponta do prego, com o caco de vidro" também se usava bastante). Hoje as crianças praticamente não brincam mais como fogo - nem com nada, pois brincar saiu de moda; agora levam a vida a sério, olhos e dedos paralisados no celular. Mas ainda podemos recomendar aos adultos: não brinquem com o fogo, pois o prejuízo pode ser irremediável.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Artigo de Opinião - O racismo limita e impede o desenvolvimento de crianças e adolescentes

Na última terça, 30, mais um caso de racismo ganhou repercussão, quando uma mãe pintou o filho, uma criança de nove anos como se fosse negra com marcas de chicotadas pelo corpo e colocou correntes, fazendo referência à uma criança escrava, para festa Halloween de uma escola particular. Ela postou orgulhosa: “Quando seu filho absorve o personagem! Vamos abrasileirar esse negócio! #Escravo”.

Artigo de Opinião - Quarto de despejo

Negra num país racista; mulher sob uma ordem patriarcal; pobre em sociedade voltada para o consumo desenfreado. Quais as chances de alguém assim realizar algum projeto pessoal? Mínimas ou nulas. Pois há quase 60 anos, uma brasileira chamada Carolina Maria de Jesus, catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, lançou seu livro “Quarto de despejo – diário de uma favelada”, e alcançou sucesso extraordinário.

Por Fernando Bandini Do JJ

sábado, 10 de novembro de 2018

Você sabia disso ? - Movimento Hippie

Na década de 1960, o movimento hippie apareceu disposto a oferecer uma visão de mundo inovadora e distante dos vigentes ditames da sociedade capitalista. Em sua maioria jovens, os hippies abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de comportamento. Ao longo do tempo, ficariam conhecidos como a geração da “paz e amor”.

Você sabia disso?



Artigo de Opinião - Moro e o Estatuto da Magistratura

A Constituição diz que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito. Democrático porque legitimado pelo povo e de Direito porque pautado pela ordem jurídica. O povo pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Mas os agentes públicos somente podem o que a lei determina. Diz ainda que são independentes e harmônicos, entre si, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Pela independência, os Poderes funcionam sem subordinações entre si. A harmonia decorre do exercício por cada qual das competências que lhes são exclusivas, sem adentrar na área do outro.

Crônicas do dia = A culpa é dos outros

Rio - Um pensamento (encapetado) das antigas garantia:

"O diabo quando não vai manda o secretário".

 No inferno em que habitamos (sinto decepcioná-los), o mensageiro tem outro status. Quando não vai, o que quase sempre acontece, o tinhoso-teimoso-raivoso manda um ministro - às vezes um angorá, às vezes um pitbul. E aí, para se manter fiel aos métodos da liderança, vai e faz (ou fala) a bobagem que quiser. Invariavelmente, vai um primeiro, para esclarecer, e não consegue; o outro depois, para confundir mais ainda.

Em seguida, um bota a culpa no outro, fica o dito por não dito e vida que segue desgovernada, atropelando a população, o contribuinte, os mais necessitados. Estejam ou não com as carretas e caminhões de entrega em movimento.

A culpa é do outro. O inferno são os outros. Pimenta no dos outros. Cuido de mim e o outro que se exploda.

Quem é o outro?

Como o enxergamos?

E o que ele representa, de verdade?

O outro nos mete medo, por isso o satanizamos.

Em conto antológico, o mestre Rubem Fonseca põe no centro de sua narrativa um executivo de empresa bem posto na vida, sentindo-se "perseguido" por um homem que vive a lhe abordar nas ruas e a pedir dinheiro. Na imaginação da personagem, os pedidos se transformam logo em chantagem, depois em ameaças. Ele vê o seu "perseguidor" como um inimigo perigoso, assustador, fisicamente enorme e de face monstruosa.

É aí que entra a paranoia nossa de cada dia. Acuado pelo pavor "do outro", o executivo resolve eliminá-lo a tiros. Só quando a vítima cai no chão, ensanguentado e morto, vê-se que se trata de uma figura minúscula, nada ameaçadora, frágil e imberbe, quase um menino.

Reconheço que a crônica desviou-se em seu propósito primeiro. Prometeu mundos e fundos e não fez a devida entrega. Isto porque, na verdade, fundos não possuía - o que fazem a toda hora os atuais secretários do diabo.

Mas com certeza estou isento de culpa, pois quem me desviou foi o outro.

Luís Pimentel é jornalista e escritor

Crônicas do Dia - Não nos livre dos livros

Rio - Os obstáculos ao se estimular os livros para a nova geração, em especial após o advento da internet, são imensos. Os apelos de um novo tipo de leitura em tópicos, mais rápida e condicionada ao entra e sai nos sites eletrônicos de textos curtos e múltiplas imagens fotográficas e vídeos, são sedutores. Há a tendência em se acumular informações, nem sempre elevando essa carga ao status do conhecimento. O tempo adquiriu uma instantaneidade nova, a que não se lamenta por existir como característica, mas se legitima posto que "sobrevivemos" virtualmente devido a ela.

Você sabia disso ? - 20 de Novembro

No Brasil, a data é celebrada no dia 20 de Novembro. Tem o intuito de fazer com que as pessoas reflitam sobre a inserção dos negros em nossa sociedade. Esse dia foi escolhido em homenagem a Zumbi dos Palmares, um personagem que dedicou toda a sua vida na luta contra a escravidão, bem no período em que o Brasil ainda era uma colônia.

Crônicas do Dia - Excludente de ilicitude, um (triste) romance

Rio - "Meu marido estava sentado na porta de casa, com o nosso filho no colo. Conversava com dois irmãos dele, enquanto embalava o menino, que tinha a cabeça encostada em seu peito e as pernas estiradas no seu colo. Os policiais passaram na frente da casa, de carro, e acharam que o meu marido tinha no colo um fuzil. Acreditam? Confundiram a criança de menos de um ano com fuzil. Então atiraram nele. Meu marido caiu morto prum lado e o bebê caiu chorando pro outro. E agora, o que vou dizer para o meu filho quando ele crescer? Como explicar que o pai dele foi atingido por um tiro quando o segurava no colo?"

domingo, 28 de outubro de 2018

Você sabia disso ? - O Movimento Antropofágico

A primeira fase modernista no Brasil ficou marcado por uma das correntes de vanguarda, denominado Movimento Antropofágico. O principal objetivo do movimento era estruturar uma cultura de caráter nacional, sob a liderança de Oswald de Andrade e de Tarsila do Amaral.

O termo “antropofágico” era usado pelos seguidores do movimento como associação ao ato de assimilar, deglutir e de ruminar, sendo, portanto, a ideia, a transfiguração da cultura em uma cultura com caráter nacional.

Características do movimento antropofágico

Tentando criar uma cultura de caráter nacional, a proposta do movimento antropofágico assimilava outras culturas, mas não copiava. O que deu origem ao movimento foi “O Manifesto Antropofágico”, publicado por Oswald de Andrade em 1928 na Revista de Antropofagia. Confira abaixo um trecho:

“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.”

O início do movimento

Quando Oswald de Andrade assiste ao Manifesto Futurista, de Felippo Tomaso Marinetti, surge a ideia do movimento, na Europa. Em Paris, o escritor brasileiro presencia o compromisso anunciado por Marinetti entre a literatura com a nova civilização técnica, marcada pelo combate ao academismo, tendo, essa questão, grande influência no Movimento Antropofágico.

A linguagem usada no movimento é, basicamente, metafórica e contém fragmentos poéticos de bom humor, tornando-se a fonte teórica principal do movimento, que também influenciou áreas como a pintura e a escultura.

Durante o desenvolvimento do manifesto, Oswald de Andrade faz uso de teorias de autores e pensadores do mundo todo, como Rousseau, Freud, Hermann Keyserling, Marx, entre outros. As características do movimento, com as ideias dos autores e a própria ideologia do autor, trazem a combinação das culturas primitivas, principalmente a indígena e a africana, bem como da cultura latina, formada pela colonização europeia.

O Manifesto Antropofágico foi um grande movimento literário e artístico no Brasil, marcando o Modernismo Brasileiro, uma vez que mudou a forma de o brasileiro encarar os elementos culturais do mundo, bem como colocou em evidência a característica brasileira na arte, a produção própria, fazendo com que se espalhasse, no cenário artístico mundial, uma identidade tupiniquim.


Referências
História Concisa da Literatura Brasileira – Alfredo Bosi

Artigo de Opinião - Para além do muro facista

No últimos meses, e principalmente às vésperas das eleições democráticas no Brasil, assistimos pasmos, e muitas vezes sem reação, um muro político conservador sendo erguido em nosso país. Um muro que aos poucos vai invisibilizar os nossos campos de entendimento, percepção e alteridade. Assim, pouco a pouco somos cegados por fake news de fazermos laços de sociabilização até chegarmos ao ponto de não enxergar e assassinar, covardemente, o outro, que é e pensa diferente!

Artigo de Opinião - Revisitando a barbárie

Assisti no Teatro Sesc, do Centro, a peça 'Malala, a menina que queria ir à escola'. A peça conta a história de Malala Yousafzai, heroína do nosso tempo e mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz, conhecida principalmente pela defesa dos Direitos Humanos das mulheres e do acesso à educação em sua província natal, onde os talibãs locais impedem as jovens de estudar.

Artigo de Opinião - Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad? Tanto faz, a democracia continua

Se os Estado brasileiro, por intermédio de qualquer regime de governo, seja por intermédio de único indivíduo, de uma classe, de um grupo, instalar uma ditadura (1) em território nacional, não se desesperem, qualquer cidadão, agente público ou não, morador de rua ou morador de condomínio de luxo, independentemente de etnia, crença, sexualidade, brasileiro nato, naturalizado ou turista, pode peticionar: http://www.oas.org/pt/cidh/portal/

domingo, 21 de outubro de 2018

Crônicas do Dia - As bolhas - Martha Medeiros


Crônicas do Dia - Quem quer ser professor ? - Eugênio Cunha

Recebi muitas felicitações pelo Dia do Professor. Todo 15 de outubro é sempre assim. Atualmente, com a invenção das redes sociais, ficou mais frequente ainda receber essas demonstrações de carinho e apreço. Prezo muito quando sou lembrado nessa data, penso que meus colegas docentes dirão o mesmo. Temos todos uma história em comum. De certa forma, fica a sensação de que cada história tem particularmente o caráter individual do ensinante, que é sempre único para seu educando.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Crônicas do Dia - A melhor Dona Ivone Lara


Carlos Diegues

 Apesar de a Lei Aurea ter sido promulgada oficialmente há 130 anos, a sombra do escravismo renitente e maldito ainda se manifesta, até hoje, em nosso comportamento. Até 1861, a consciência culpada de nossos homens públicos usava a escravidão nos Estados Unidos, um país que já era exemplo moderno de progresso, como argumento a favor de nosso próprio escravismo. 

Crônicas do Dia - Livros ao encontro dos leitores


Por que fazer a pessoa atravessar a cidade e comprar um livro se ela pode encontrá-lo pertinho de casa, de repente no local onde compra pão todo dia? Ou então, como faço aqui em Campo Grande, levo de bicicleta, no serviço que nomeei 'book-bike'

Crônicas do Dia - Mais políticas públicas para formar leitores

O que significa um país leitor? Como nos ensina a personagem Mafalda em uma charge: "viver sem ler é perigoso, te obriga a crer no que te dizem". Ler é se instrumentalizar para articular opiniões e ideias embasadas e consistentes. Ler é ato formador, transformador e contínuo. Ler é bom e nos leva a novos lugares pela imaginação.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Crônica do Dia - A onda da intolerância

Dona Arlete estava com as mãos na massa, preparando o bolo para o aniversário da bisneta de 15 anos. Foi quando ouviu o comentário de um jornalista sobre uma notícia que a deixou chocada. Um homem assassinado na Bahia por divergências políticas, e o jornalista dizendo que essas coisas acontecem.
Dona Arlete sentou. O homem do rádio continuou noticiando outras coisas. Ela ficou com a imagem paralisada. Dona Arlete viveu a ditadura, chorou o desaparecimento do filho de uma estilista que ela conhecia. Acompanhou mães que imploravam para que os filhos não saíssem às ruas, que não enfrentassem o sistema. Que era perigoso.
Dona Arlete participou de um ou outro comício das "Diretas já", festejou a volta da democracia, votou em partidos diferentes nas eleições, sempre escolhendo quem ela considerava melhor para administrar sua cidade, seu estado ou seu país, livremente. Mas matar alguém por discordar é coisa com que ela não concorda. Depois do susto da notícia e do comentário, ficou com raiva. Como um jornalista vulgariza a morte de alguém? Como? Pensou um pouco. Disse para si mesma que não iria permitir que a raiva a dominasse.
Respirou fundo. Voltou a preparar o bolo. Lembrou do marido, morto há muito tempo. Lembrou do quanto ele temia a intolerância. O marido teve o pai morto na guerra. Fugiu com a mãe. Filho de judeus, ele contava aos filhos como era doloroso imaginar o que o seu pai sofrera, o que o seu povo sofrera. Amava o Brasil por ser uma terra de acolhimentos. Dizia aos amigos que essa terra era abençoada por Deus, não apenas pelo clima, pela água em abundância, mas pelo povo que não era adepto a preconceitos. No Brasil, dizia o marido de Dona Arlete, pode ser dessa ou daquela religião, nascido nesse ou naquele lugar, torcer para um ou outro time, ser dessa ou daquela escola de samba, gostar mais desse ou daquele governante. No Brasil, tudo é paz.

Enquanto mexia a massa para o bolo, os olhos de Dona Arlete teimaram em derramar lágrimas. As lágrimas são um presente do Criador para nos lembrarmos da beleza dos sentimentos. Tem saudades do marido. Tem preocupação com o amanhã.

Filhos, netos, bisnetos. Dona Arlete já viveu muito e, por isso, é agradecida a Deus pelo dom da longevidade. Mas quer viver mais. Diz sempre que, se depender dela, prefere ficar por aqui, embora acredite que há um outro lugar lindo que abraça os que se vão. Deus não nos faria para acabarmos e ponto. É o que ela diz. Mas não tem pressa.

Dona Arlete muda a estação do rádio. Não quer ouvir o jornalista mais. Prefere uma música. Uma música calma para acalmar os seus sentimentos. O bolo vai ficar lindo, a festa também. A bisneta merece.

Enquanto pensa isso, fecha os olhos e reza do seu jeito. Pelo Brasil. Pelos brasileiros. Que uma luz ilumine os que andam encobertos pela raiva. Ela nunca viu nenhum país saindo de crise nenhuma com ódio.

Dona Arlete é uma mulher que ama amar, por isso gosta tanto de viver.

Gabriel Chalita é professor e escritor


Você sabia disso ? - Movimento Antropofágico

O Movimento Antropofágico foi uma corrente de vanguarda que marcou a primeira fase modernista no Brasil.

Liderado por Oswald de Andrade (1890-1954) e Tarsila do Amaral (1886-1973), a finalidade principal era de estruturar uma cultura de caráter nacional.

Características do Movimento

A proposta do movimento era a de assimilar outras culturas, mas não copiar. A marca símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro "Abaporu" (1928) de Tarsila do Amaral, o qual foi dado de presente ao marido, Oswald de Andrade.

Movimento Antropofágico

A obra Abaporu é o símbolo do Movimento Antropofágico

A divulgação do movimento era realizado na Revista de Antropofagia, publicada em São Paulo. Já o primeiro número trazia o Manifesto Antropofágico.

Essa revista foi editada em duas fases:

primeira fase: editada entre maio de 1928 e fevereiro de 1929;
segunda fase: editada entre 17 de março a 1º de agosto de 1929.

Manifesto Antropofágico
O Manifesto Antropofágico ou Manifesto Antropófogo, que deu origem ao movimento, foi publicado por Oswald de Andrade em 1º de maio de 1928 na Revista de Antropofagia:

"Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago." (trecho do manifesto)


O termo antropofágico foi utilizado como associação ao ato deruminar, assimilar e deglutir. A ideia, portanto, era de transfigurar a cultura, principalmente a europeia, conferindo assim, o caráter nacional.

Note que esse é o período mais radical do Modernismo que também foi influenciado por outros grupos:

Pau-Brasil (1924-1925); Verde-amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929);
Manifesto Regionalista (1928-1929).

Influências
A ideia do movimento teve início na Europa, quando Oswald de Andrade assiste ao Manifesto Futurista, do italiano Felippo Tomaso Marinetti.

Oswald estava em Paris quando Marinetti anuncia o compromisso da literatura com a nova civilização técnica, marcada sobretudo, pelo combate o academismo.

Assim, a permanência na Europa influenciou diretamente Oswald no período marcado pela decadência do Parnasianismo e do Simbolismo.

Os ideais modernistas ganham força e juntamente com Menotti del Picchia (1892-1988) e Mário de Andrade (1893-1945) eles passam a escrever para os jornais brasileiros. Apoiados nos ideais do Futurismo, eles rompem com o tradicionalismo e o conservadorismo.

Em resumo, estavam prontos os ingredientes para a Semana de Arte Moderna, que ocorreu em 1922 na cidade de São Paulo. Note que esse evento ofereceu uma nova roupagem para a identidade cultural brasileira e influenciou a arte continuamente.


Curiosidade
Além da literatura, as ideias do movimento antropofágico influenciaram também as artes plásticas. Merecem destaques a pintora Anita Malfatti (1889-1964) e o escultor Victor Brecheret (1894-1955).

Você sabia disso ? - Tropicalismo


O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais.

A história do primeiro bloco afro do Brasil contada numa exposição em SP.

Cultura, afirmação e resistência embalam os passos e batuques do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do Brasil que integra a 42ª Ocupação Itaú Cultural, em São Paulo, inaugurada na última quinta (4).

domingo, 16 de setembro de 2018

Crônicas do Dia - Avanços e diversidades nas escolas

Rio - Uma análise do cenário educacional nos revela os avanços e as diversidades que permeiam a sociedade. Quando buscamos olhar de forma abrangente, constatamos que não lidar com as diferenças é não perceber a diversidade que nos cerca. Neste cenário, levamos em consideração a relação social e o fundamental papel das escolas no favorecimento e na sustentação da formação integral do indivíduo. A escola tem importância ao realizar e conduzir um trabalho que abra espaço para a efetiva formação, considerando que todos os alunos têm características, talentos e interesses únicos. Mas, além de tudo, cada um tem trajetória de vida singular, com diferentes condições sociais, emocionais, físicas e intelectuais.

Crônicas do Dia - Só Freud explica - Zuenir Ventura

Nestes tempos de incongruências e contradições, algumas perguntas são inevitáveis para tentar explicar certos comportamentos coletivos na hora de decidir. O que nos leva a esta e não àquela preferência? O que define nossas escolhas, seja de um produto para consumo, uma pessoa para amar ou um candidato à presidência da República? O que afinal nos move — a razão ou a emoção, a cabeça ou o coração? Alguém, no século XVII, já deu uma resposta que ainda hoje não perdeu a validade e já é até lugar-comum: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, decretou Blaise Pascal, o prodigioso matemático, físico, inventor, filósofo e teólogo católico francês.

sábado, 15 de setembro de 2018

Crônicas do Dia - Os contos do vigário

O Doutor Bumbum e a Paty Bumbum não foram os primeiros e nem serão os últimos a aplicar o velho e popular conto do vigário. A expressão caiu em desuso; mas a prática, não, como prova a intensa atividade de ilícitos do médico Denis Furtado e da falsa médica Patricia Silvia dos Santos, agora presos. Ele alega em sua defesa já ter realizado nove mil operações, e ela informa que vem exercendo a medicina assim, ilegalmente, há 13 anos. Quer dizer: se não tivesse havido morte com denúncia, eles provavelmente continuariam agindo impunemente.

Artigo de Opinião - Liberdade religiosa: faço fé

Ivanir dos Santos

Hoje, dez anos depois as nossas primeiras ações em prol da liberdade religiosa, ainda nos vemos sobre um grande caminho a ser percorrido

Crônicas do Dia - Incêndio de direitos

João Batista Damasceno, colunista do DIA 


Rio - Queima total! Assim o comércio popular anuncia as liquidações. O Brasil está à venda por preço vil e tudo está em chamas. Queimam a Constituição, os direitos dos trabalhadores, as garantias individuais, as referências de ordem e a esperança. O incêndio no Museu Nacional é emblemático e retrata o descaso com os valores que haveriam de nos caracterizar como nação. Há os que, armados e fardados, se ufanam e choram diante da bandeira com as cores das casas reais de Bragança e Habsburgo, mas não se sensibilizam com a desgraça que se abate sobre o país.

Crônicas do Dia - Precisamos ler Paulo Freire

Penso que se hoje estivesse vivo, Freire poderia escrever a 'Pedagogia do Respeito', ensinando que a maior violência contra a educação é a violência contra o professor

Eugênio Cunha

Crônicas do Dia - Memórias da ditadura II



Artur Xexéo

“Roda viva”, o primeiro musical teatral de Chico Buarque, tornou-se inesquecível muito mais pelo símbolo contra a ditadura militar no qual se transformou do que por suas qualidades dramatúrgicas. A peça teve sua carreira interrompida quando uma de suas sessões foi invadida por um grupo conhecido como Comando de Caça aos Comunistas (CCC). O cenário foi destruído, o elenco foi acuado, Marília Pêra foi agredida e “Roda viva” entrou para a História. Foi exatamente há 50 anos. Pouca gente viu “Roda viva” depois disso, e o musical de Chico tornou-se um mistério.

Crônica do Dia - Memórias da Ditadura

- Artur Xexéo
O Globo 02/04/2014

Talvez tenha sido um dia depois do golpe. É difícil
precisar. Afinal, até hoje ninguém sabe direito em que dia aconteceu o golpe. Sempre soube que foi no dia primeiro de abril, mas que, ao contar a história, os militares o anteciparam para o dia 31 de março, para que não coincidisse com o Dia da Mentira. Leio agora, entre as muitas reportagens que marcam o 50º aniversário do fato, que foi na madrugada de 2 de abril. Então deve ter sido no dia 3 de abril de 1964, uma sexta - feira, primeiro dia de aula depois do golpe. Quando entrei na sala do colégio em que estudava em São Paulo, estava lá, com letra bonita, toda redondinha, escrito no quadro-negro: “Para uma fortaleza vermelha, só mesmo um Castelo Branco”.

domingo, 9 de setembro de 2018

Os dividendos eleitorais do ataque a Bolsonaro POR BERNARDO MELLO FRANCO

Madrugada de sexta-feira, entrada da Santa Casa de Juiz de Fora. Cercado de câmeras e microfones, o deputado Flávio Bolsonaro é questionado sobre o estado de saúde do pai. Ele responde em cinco segundos e emenda uma mensagem política: “Vocês acabaram de eleger o presidente. Vai ser no primeiro turno”.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Artigo de Opinião - Museu Nacional, um projeto civilizatório que fracassou

Relatos sobre o abandono do Museu Nacional deixaram atônitos muitos brasileiros que assistiram pela televisão às labaredas consumirem 200 anos de pesquisa. É impossível não sentir uma certa resignação com a tragédia. Afinal, o Museu Nacional não é o primeiro a ter este destino, e não há indícios de mudanças para que seja o último. A sensação é que naturalizamos a ideia que a cultura não faz parte do projeto de Brasil e, por isso, é normal vê-la destruída. É só acompanhar os comentários de internautas satisfeitos com o incêndio nas redes sociais: "Segue o baile! Se não há vítimas, deixa queimar essa história comunista que criaram", afirmou um entusiasta da tragédia. "Um gasto a menos nos cofres públicos", disse outro.

Crônicas do Dia - O Brasil queimou = e não tinha água para apagar o fogo


ELIANE BRUM

Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã. Então descobri que não tinha mais passado
Eu vim ao Rio para um evento no Museu do Amanhã.

Artigo de Opinião - Catástrofe cultural


O incêndio do Museu Nacional revela que o Brasil renunciou a zelar pelo saber

O fogo roubou muitas vezes o patrimônio da humanidade. As imagens da Biblioteca de Sarajevo destruída pelas chamas durante o cerco sérvio ou da Biblioteca Nacional incendiada durante a queda de Bagdá em 2003 serviram para resumir a dimensão dos conflitos que não só destruíram o presente dos povos que os sofrem, mas também seu passado e, portanto, parte de seu futuro. O Nome da Rosa, o célebre romance de Umberto Eco, termina com o incêndio de uma gigantesca biblioteca queimada pelo fanatismo que prefere as chamas ao conhecimento. Mas o que aconteceu no Museu Nacional não é resultado de uma guerra ou de um ataque intencional: é fruto da incompetência e da incapacidade do Estado brasileiro de proteger seu patrimônio científico e cultural. Os cortes de gastos em tempos de crise nunca deveriam servir de pretexto para negligenciar uma instituição dessas dimensões.