domingo, 12 de março de 2017

Crônica do Dia - Politicamente errado - Walcyr Carrasco

O que era um movimento interessante, de respeito a minorias, tornou-se ridículo. Falo do politicamente correto, uma forma de opressão descoberta por gente que pretende parecer legal. Mas que quer mesmo mandar nos outros. O cúmulo do ridículo foi neste Carnaval, com a polêmica em torno das marchinhas, principalmente “Cabeleira do Zezé” e “Maria Sapatão”. São cantadas há décadas e, em minha opinião, nunca causaram mal a ninguém. De repente,  a crítica. A primeira seria preconceituosa em relação aos homens homossexuais. A segunda, às mulheres homossexuais.

Charges






Tá na Hora do Poeta - Canção do Exílio - Gonçalves Dias

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.
Em  cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar sozinho, à noite 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que disfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.  

De Primeiros cantos (1847)  /  Gonçalves Dias

Tá na Hora do Poeta - Nova Canção do Exílio - Drummond

Nova canção do exílio 

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam 
um outro canto.  

O céu cintila 
sobre flores úmidas. 
Vozes na mata, 
e o maior amor. 

Só, na noite, 
seria feliz: 
um sabiá, 
na palmeira, longe. 

Onde é tudo belo 
e fantástico, 
só, na noite, 
seria feliz. 
(Um sabiá,
na palmeira, longe.) 

Ainda um grito de vida e 
voltar 
para onde é tudo belo 
e fantástico: 
a palmeira, o sabiá, 
o longe.

(Carlos Drummond de Andrade. In: A Rosa do Povo - 1945)

Personalidades - Carolina Maria de Jesus

"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler. 
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)"
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 167.


arolina Maria de Jesus (Sacramento MG, ca.1914 - São Paulo SP, 13 de fevereiro de 1977). Autora de diários e romance e também poeta. De família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec, provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento, em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de melhores condições de vida. De 1948 a 1961, reside na favela Canindé, sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso editorial. Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963, publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão. Em função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na França.

Comentário Crítico
Em Quarto de Despejo, a mulher negra e favelada, com pouca escolaridade, registra o cotidiano de pobreza que rege seus dias, bem como a humilhação social e moral a que estão sujeitos os habitantes da favela do Canindé. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades cronológicas, não apresentam quebras na estrutura narrativa: cada dia é igual a todos os outros, e o que conduz o fluxo da vida é a fome e a luta contra ela. Nelas se pode constatar que o trabalho, precário, não traz mais do que a condição mínima da sobrevida e a reprodução da pobreza.
Nos apontamentos de seu dia-a-dia, Carolina Maria de Jesus oscila entre desânimo e alegria, sentimentos norteados pela carência de condições materiais para manter-se e a seus filhos em situação digna. Ao tratar dos outros moradores da favela, Carolina Maria de Jesus busca diferenciar-se e deixa documentada, em tom de denúncia ou de moralização, a perda da honra daqueles que, excluídos, estão no "quarto de despejo" da cidade. Escrever sobre a favela não é apenas uma forma de tentar dar sentido à própria vida, mas também de revelar a miserabilidade implicada na modernização dos anos 1950.
O relato do cotidiano da favela é direto e cru, sem que se temam os temas-tabus, como a ocorrência de incestos e de relações promíscuas, bem como o horror que a fome pode produzir. Estilisticamente, os recursos da repetição e das frases feitas indicam, no plano do sentido, o fechamento e a imobilidade do mundo social ali representado; a cada entrada no diário, a autora anota o horário em que acorda, os gastos que terá se quiser se alimentar e vestir os filhos e o que poderá, ou não, acumular em dinheiro, o qual tem valor concreto e imediato, quase como um objeto. Os momentos de lirismo aparecem em anotações sobre a natureza, que surge como contraponto ao estado da miserabilidade a que são confinados os pobres.
Fugindo aos cânones do que se considera "literatura" em meios acadêmicos, Quarto de Despejo é mais do que um simples depoimento; trata-se de uma obra em que, a despeito das condições materiais e culturais de sua autora, constrói-se uma forte e única representação da dinâmica social urbana, vista pelo ângulo dos que são lançados à margem. Carolina Maria de Jesus escreve para denunciar a favela e para sair dela; escreve também para, diferenciando-se dos outros moradores, lutar contra o rebaixamento a que estão sujeitos os miseráveis, num momento em que se anuncia novo salto modernizador de São Paulo e do Brasil.


Em Casa de Alvenaria, notam-se mais explicitamente as contradições da autora quanto ao que deseja para si mesma e para sua família. Também ficam patentes suas hesitações com relação  aos anseios por reconhecimento público ou ao repúdio pelos mecanismos sociais que dificultam o trajeto profissional como escritora. Essa conjunção, por vezes discrepante, ajuda a entender as razões pelas quais essa obra é considerada pouco significativa e muito voltada para o trajeto instável de um indivíduo. Confinada à forma do diário, Carolina Maria de Jesus parece se sentir compelida a repetir uma fórmula, cujo efeito não tem a força de revelação de Quarto de Despejo. A figura da ex-favelada não desperta interesse, porque ela e sua obra são objeto de atenção apenas enquanto revelam a face negativa do desenvolvimentismo; já as oscilações ideológicas da mulher que, famosa, busca a atenção da imprensa e do público não trazem à época elementos que se julguem significativos.
Diário de Bitita, publicado após a morte da autora, resgata a força literária da produção de Carolina Maria de Jesus. Trata-se de memórias da infância e da adolescência, em Sacramento e nas fazendas onde trabalha como colona, bem como de seus primeiros tempos em Franca. Nesta obra, os temas da injustiça social, da opressão, do preconceito contra os negros, dos abusos dos poderosos são apresentados a partir da perspectiva daquela que os viveu. Apesar de suas condições materiais, Carolina Maria de Jesus lutou para conquistar dignidade e para se constituir como alguém que resiste à exploração e à desumanização. A obra testemunha a história dessa luta e da opressão a que estão confinados os pobres no Brasil das primeiras cinco décadas do século XX.
:: Fonte: Enciclopédia de Literatura/Itáu Cultural 


"A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960.

CRONOLOGIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS


ca. 1914 - Nascimento de Carolina Maria de Jesus, em Sacramento, Minas Gerais;
ca. 1923 - Matrícula de Carolina Maria de Jesus no Colégio Alan Kardec, em Sacramento;
ca. 1924/1927 - A família e Carolina vivem como lavradores em fazenda em Lageado, Minas Gerais;
1927 - Carolina Maria de Jesus e família retornam para Sacramento, Minas Gerais;
1930 - Muda-se, com a família, para Franca, São Paulo, onde trabalha como lavradora em uma fazenda e depois, na cidade, como empregada doméstica;
1937 - Morre a mãe de Carolina Maria de Jesus que, então, em 31 de janeiro, vai para São Paulo, onde trabalha como faxineira de hotel e empregada doméstica;
1941 - 24 de fevereiro - Publicação da foto de Carolina Maria de Jesus em Folha da Manhã, ao lado do jornalista Willy Aureli;
1941 - Publicação de poema de Carolina Maria de Jesus em louvor a Getúlio Vargas no jornal Folha da Manhã;
1948 - Muda para a favela do Canindé;
1948 - Nascimento do primeiro filho, João, depois do relacionamento com um marinheiro português, que a abandona;
1950 - Nascimento do segundo filho, José Carlos, após relacionamento com um espanhol;
1953 - Nascimento do terceiro filho, Vera Eunice, após relacionamento com um dono de fábrica e comerciante;
1955 - Em 15 de julho, inicia os registros, em diário, sobre a vida na favela;
1958 - Primeiro contato do jornalista Audálio Dantas com Carolina Maria de Jesus, devido à reportagem para Folha da Noite sobre o playground instalado na favela do Canindé;
1959 - A revista O Cruzeiro, onde Audálio Dantas passara a trabalhar, publica trechos dos diários;
1960 - Publicação de Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, em edição de Audálio Dantas, com tiragem inicial de dez mil exemplares.Na noite de autógrafos, foram vendidos 600 exemplares; no primeiro ano, com várias reedições, mais de cem mil exemplares;
1960 - Sai da favela do Canindé e muda-se inicialmente para os fundos da casa de um amigo, em Osasco. Pouco depois, instala-se na casa que comprara, no Alto de Santana;
1960 - Homenageada pela Academia Paulista de Letras e pela Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo;
1961 - Viaja à Argentina (onde é agraciada com a "Orden Caballero Del Tornillo"), ao Uruguai e ao Chile. Viaja também para várias regiões do Brasil. Na Feira do Livro do Rio de Janeiro desentende-se com Jorge Amado;
1961 - Publicação de Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, com apresentação de Audálio Dantas. Pouca repercussão da obra, que não agradou nem ao público comum, nem aos setores intelectualizados;
1963 - Pedaços da Fome, romance, é publicado, com apresentação de Eduardo de Oliveira, tendo sido recebido com indiferença pela imprensa;
1964 - Jornal publica foto em que se registra a autora nas ruas, catando papéis;
1965 - Provérbios é publicado, com edição da autora, e sem nenhuma repercussão;
1969 - Muda-se, com os filhos, para o sítio em Parelheiros, bairro na periferia de São Paulo;
1972 - Anuncia que escreve O Brasil para os Brasileiros, o que é ridicularizado pela imprensa. Posteriormente, parte desse material é editada como Diário de Bitita;
1975 - Produção, na Alemanha, de O Despertar de um Sonho (sobre a vida de Carolina Maria de Jesus), com direção de Gerson Tavares, cuja exibição é proibida no Brasil;
1976 - Relançamento, no Brasil, de Quarto de Despejo, pela Ediouro;
1977 - 13 de fevereiro - morte de Carolina Maria de Jesus;
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1977 - A Scappelli Film Company propõe a realização de um filme a partir de Quarto de Despejo, cuja realização, porém, não se efetiva, apesar de ter havido pagamento parcial de direitos autorais;
1991 - Karen Brown faz roteiro Passion Flower: The Story of Carolina Maria de Jesus para um documentário sobre Carolilina Maria de Jesus, Los Angeles;
2004 - Em comemoração ao Ano Nacional da Mulher, por iniciativa do Senado, a Coordenação da Mulher da Cidade de São Paulo lança o Calendário "Mulheres que estão no mapa", com homenagem a Carolina Maria de Jesus exposta no mês de novembro;
2004 - Inauguração da Rua Carolina Maria de Jesus, no bairro de Sapopemba;
2005 - É inaugurada a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, com acervo inicial de 2000 livros sobre a formação da identidade nacional com a perspectiva da participação do negro, no Museu Afro Brasil/Parque do Ibirapuera.


"Fui ver o livro. E pela primeira vêz entrei no barraco número 9 da Rua A, favela do Canindé. E vi os cadernos do guarda-comida escuro de fumaça. Narrativa diária da vida de Carolina e da vida da comunidade-favela. Coisa bem contada, assim como aparece agora em letra de fôrma, sem tirar nem pôr. Eu vi eu senti. Ninguém podia melhor do que a negra Carolina escrever histórias tão negras. Nem escritor transfigurador poderia arrancar tanta beleza triste daquela miséria tôda. Nem repórter de exatidão poderia retratar tudo aquilo no sêco escrever. Foi por isso que eu disse assim para Carolina Maria de Jesus, lá mesmo, na horinha que lia trechos de seu diário: 
___ Eu prometo que tudo isto que você escreveu sairá num livro."
- Audálio Dantas, em “Nossa irmã Carolina. Apresentação do livro "Quarto de despejo", São Paulo: Francisco Alves, 1960.


OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS

Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo 
Ultima Hora (17.06.1960).
Memórias e diários
:: Quarto de despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1960, 182p.
:: Casa de Alvenaria. Diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1961, 183p.
:: Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 203p. [Publicado primeiro na França, sob o título: Journal de Bitita. (Tradução Régine Valbert). Paris: A. M. Métailié, 1982].
:: Meu estranho diário. (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine). São Paulo: Xamã, 1996, 314p.

Romance
:: Pedaços da fome. [apresentação Eduardo de Oliveira]. São Paulo: Editora Áquila, 1963, 217p.

Aforismos
:: Provérbios. São Paulo: Luzes - Gráfica Editôra Ltda, 1965, 61p.

Poesia
:: Antologia Pessoal.(Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, 235p.

Outros textos
:: As crianças da favela. Revista do Magistério. São Paulo, n. 24: 8, dez. 1960, p. 18-
19. 
:: Sócrates africano. (conto). in: São Paulo: Revista Escrita (editada Wladyr Náder), nº 11, 1976, p 5 -6.; e in: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994, p.190-196. 
:: Minha vida. In: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a 
saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994, p. 172-189. 
:: Diario de viaje: Argentina, Uruguai, Chile. [Apêndice]. In: JESUS, Carolina Maria de. Casa de ladrillos. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963, p. 128-191.
:: Onde estais felicidade?.Movimento, 21 fev. 1977.

Inéditos *
:: Obrigado Senhor vigário (peça de teatro). mimeo, s/d.
:: O escravo (romance).

Antologias
:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. (Organização de Eduardo de Assis Duarte).. [vol. 1, Precursores]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. 

Composições/Música
:: LP Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus, cantando suas canções. Conheça as canções acessando Aqui!

Não digam que fui rebotalho,
que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho,
mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro
que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro
para pagar uma editora.
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960. 


"Se tem pão, come e dá aos filhos. Se não tem, elas choram, e ela chora também. O pranto é breve, porque ela sabe que ninguém ouve, não adianta nada.”
- Audálio Dantas

TRADUÇÕES E EDIÇÕES ESTRANGEIRAS
Alemão

"Tagebuch der Armut...". Hamburg: 
Chrstian Wegner Verlag, 1963.
Tagebuch der Armut. Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin. [Quarto de Despejo]. Tradução Johannes Gerold. Hamburg: Chrstian Wegner Verlag, 1963.
Das Haus aus Stein. Die Ziet nach dem Tagebuch der Armut. [Casa de Alvenaria]. Tradução Johannes Gerold. Hamburg: Chrintian Wegner Verlag: 1964.
Tagebuch der Armut: Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin. 2ª ed., Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Leipzig: Philipp Reclam, 1979.

Catalão
Els mals endreços: Diari d´una dona de les barraques. Tradução Francesc Vallverdú. Barcelona: Fontanella, 1963.

Dinamarquesa
Lossepladsen. [Quarto de despejo]. Copenhague: Fremad, 1961.

Espanhol
La Favela: Casa de Desahogo. [Quarto de Despejo] Prólogo de Mario Trejo. Havana: Casa de las Américas, 1965.
Quarto de Despejo. Diario de una mujer que tenía hambre. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1962.
Casa de Ladrillos. [Casa de Alvenaria] Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963.
Las Moradas. Libro de su Vida. Schoenhofs Foreign Books. 1991.

Francês
Le Dépotoir. Tradução Violante Do Canto. Paris: Stock, 1962.
Ma Vraie Maison. Tradução Violante do Canto. Prefácio de Alberto Moravia. Paris: Stock, 1964.
Journal de Bitita. Tradução Régine Valbert. Paris: Editions A. M. Metailié, 1982.


Lossepladsen [Quarto de despejo].
 Copenhague: Fremad, 1961.
Holandesa
Barak nr 9- dagboek van een braziliaanse negerin. [Quarto de despejo]. Arnhem: Van Loghum Slaterus, 1961.

Húngara
Aki átment a szivárvány alatt- Egy barakklakó naplója. [Quarto de despejo]. Budapeste: Kossuth, 1964 (Hungria)

Inglês
Child of the Dark. Tradução David St. Clair. Nova Iorque: Dutton, 1962.
Beyond the Pity. My life in the slums of São Paulo. Tradução David St. Clair. London: Panther, 1970.
Bitita´ Diary: The childhood memoirs of Carolina Maria de Jesus. Tradução Emanuelle Oliveira e Beth Jan Vinkler. Nova Iorque: Armonk/M. E. Sharpe, 1998.
I´m Going to Have a Little House: The second diary of Carolina Maria de Jesus. Tradução Melvin S. Arrington Jr e Robert M. Levine. Lincoln: Universidade de Nebraska Press, c. 1997.
The Inedit Diaries of Carolina Maria de Jesus. Tradução Nancy P. S. Naro e Cristina Mehrtens. New Brunswick: Rutger University Press, c.1999.

Iraniano
Farzande tariki [a partir da edição de Child of the Dark]. Tradução Simin Dakht Tcheharegasha. Teerã: S. N., 1999.

Italiano
Quarto de despejo. (prefácio do escritor Alberto Moravia). Milão: Valentino Bompiani, 1962.


Quarto de despejo. Milão: 
Valentino Bompiani, 1962.
Japonesa
Karorina no nikki. [Quarto de despejo]. Tóquio: Kawade, 1962.

Polonesa
Życie na Śmietniku. [Quarto de despejo]. Varsóvia: Czytelnik, 1963.

Romeno
São Paulo, Strada A, nr.9. [Quarto de despejo]. Bucareste: Editura Pentru Literatură Universală, 1962.

Tcheco
Smetiště: Deník ženy z favely. [Quarto de despejo]. Praga: Nakladatelství Politické Literatury, 1962.

Turca
Çöplük. [Quarto de despejo]. Istambul: Armoni, 2002.


"[...]em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos [...]"
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada".


“Inteligentíssima", Carolina de Jesus “tinha essa mistura de raiva e ternura que leva à vã tentativa de cuspir o que bloqueia a garganta e ameaça matar por asfixia, se não for dito.”
- Otto Lara Rezende, em "Luzes no quarto de despejo", jornal O Globo, 15 de fevereiro de 1977.


"Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu escrevi a realidade."
- Carolina Maria de Jesus


DOCUMENTÁRIO

Capa da edição Quarto de Despejo (1960)
de Carolina Maria de Jesus
Filme: Favela: a vida na pobreza
Direção: Christa Gottman-Elter
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1971
Duração: 16 min.
Obs. restaurado e legendado 
* fonte: IMS


Filme: O despertar de um sonho
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1975
Direção: Gerson Tavares
Produção: TV alemã 
* Obs.: Inédito no Brasil


Filme: Carolina
Sinopse: Brasil. Final dos anos 50. Carolina de Jesus escreve seu diário. Dentro de seu barraco ela denuncia a fome, o preconceito e a miséria. Publicada, torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13 línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a “exótica” mulher negra e ex-favelada falece pobre. Passadas algumas décadas, as palavras de Carolina continuam a ser uma denúncia contra a miséria em que se encontram milhões de pessoas.
Gênero: Documentário - formato: 35 mm
País: Brasil
Ano: 2003
Duração: 14 min.
Direção e edição: Jeferson De
Roteiro: Jeferson De e Felipe Berlim
Direção de fotografia: Carlos Ebert, ABC
Elenco: Zezé Motta e Gabrielly de Abreu
Produção executiva: João Marcello Bôscoli, André Szajman e Cláudio Szjaman
Produzido por: Renata Moura
Consultora do projeto: Carla Esmeralda
Trilha sonora: Max de Castro
Direção de arte: Kelly Castilho
Figurino: Clarissa Steed
Som direto: Gabriela Cunha
Arte: Rita Figueiredo
Cartaz e logo arte: Elisa Cardoso
Coordenação: Núcleo de Moda e Imagem da Trama
Still: Jeyne Stakflett

"Ao transformar a experiência real da miséria na experiência lingüística do diário, [a autora] acaba por se distinguir de si mesma e por apresentar a escritura como uma forma de experimentação social nova." 
- Carlos Vogt, em " Trabalho, pobreza e trabalho intelectual". Carolina Maria de Jesus. In: SCHWARZ, Roberto (Org.). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.


Televisão
Especial: Quarto de Despejo - de catadora de papéis a escritora famosa
Série: Caso Verdade
Apresentação: Zé Capeta
Elenco: [...]
Exibição: 7/3 a 11/3/1983
Realização: Rede Globo de Televisão 

 
Capa do programa da peça Quarto de despejo, adaptação
 da obra de Carolina de Jesus, por Edy Lima

ADAPTAÇÃO
Teatro
Peça: Quarto de despejo
Adaptação do livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus.
Direção: Amir Haddad
Adaptação do texto: Edy Lima
Cenografia: Cyro Del Nero - (Prêmios Saci e Associação Paulista de Críticos Teatrais, APCT)
Elenco: Ruth de Souza e Célia Biar
Produção: Companhia Nydia Licia
Local: Teatro Bela Vista, em São Paulo/SP
Estreia: 27 de abril de 1961.
___
** Fonte: KLEMZ, Laura; MENEZES, Julia; BEZERRA, Elvia. Quarto de despejo: a peça. Blog do IMS, 11 de março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).

 
Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé.
 São Paulo, 1961 - foto: Acervo Acervo Ruth de Souza


Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé.
 São Paulo, 1961 - foto: Acervo Ruth de Souza


"Quarto de Despejo
Nas folhas brancas que do lixo recolhia
Ela escrevia o drama de sua gente
Sua própria história de tristeza
E a pobreza de todo aquele ambiente
Deus satisfaz o seu desejo
Do teu “Quarto de despejo”
Viu seu dia de ventura
Hoje todo mundo fala nela
Não mora mais na favela 
Mora na literatura"
- B. Lobo - samba (gravado por Ruth Amaral).


"A eles eu falo: grande é a irmã que abriu a porta. Ela é um pouco de vocês todos, na revelação. É até um pouco-muito do Brasil, que muitos são os quartos de despejo, sul-norte-leste-oeste, beira de rio, beira de mar, morro e planalto.
Vejam o sol que entra agora no Quarto de despejo. Aqueçam-se, irmãos, que a porta está aberta. Carolina Maria de Jesus achou a chave. Aqueçam-se!"
- Audálio Dantas, no "prefácio" do livro "Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Carolina de Jesus.São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1960.


Carolina de Jesus, ao fundo a maloca do Canindé - foto: Acervo Audálio Dantas

FORTUNA CRÍTICA
[Estudos acadêmicos: livros, teses, dissertações, monografias, artigos, ensaios e afins]
AMARAL, Luiz Eduardo Franco do. Vozes da Favela: representações da favela em Carolina de Jesus, Paulo Lins e Luiz Paulo Corrêa e Castro. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC/RJ, 2003. 
ANDRADE, Leticia Pereira de. Carolina de Jesus e Clarice Lispector: discursos em diálogo. Raído (UFGD), v. 5, p. 73-84, 2011. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
ANDRADE, Leticia Pereira de. O diário como utopia: Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, 2008.
ANDRADE, Leticia Pereira de. Crítica literária versus Quarto de despejo. web Revista Diálogos & confrontos Revista em Humanidades, vol. 1,  jan./jun. 2012. Disponível no link. (acessado 2.5.2014).
ANDRADE, Leticia Pereira de. Utopia em Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. Revista Querubim (Online), v. 3, p. 94-104, 2007.
ANDRADE, Leticia Pereira de. Meu estranho diário: a memória do ressentimento. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
ANDRADE, Leticia Pereira de. Isso é literatura?. Anais do III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL – UEMS-Dourados. 08 a 10 de outubro de 2007. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014)
ANDRADE, Leticia Pereira de; MACIEL, Sheila Dias. Entre a memória e a utopia: Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. In: Rosiane Goçalves Braga e Sheila Dias Maciel. (Org.). Memória e utopia: experiências de linguagem. 1ª ed., Cuiabá MT: EdUFMT, 2011, v. , p. -.
ANDRADE, Leticia Pereira de; MACIEL, Sheila Dias; SANDRI, Silvana. O testemunho singular em Quarto de despejo, de Carolina de Jesus. In: Vânia Maria Lescano Guerra, Marlene Durigan; Edgar Cézar Nolasco. (Org.). Identidade e discurso: história, instituições e práticas. 1ª ed., Campo Grande: Editora UFMS, 2008, v., p. 191-204.
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Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo 
Jornal Ultima Hora  1952.
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SUSSEKIND, Flora. Literatura e vida literária: polêmicas, diários & retratos. (Coleção Brasil: Os Anos de Autoritarismo). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. 
TILLIS, Antonio D. (editor). Routledge studies on African an black diaspora - Critical perspectives on afro-latin american literature. Routledge, 2012. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
TOLEDO, Cristiane Vieira Soares. Carolina Maria de Jesus: a escrita de si. Lêtronica, vol.3, n.1, p. 247-257; Porto Alegre, julho de 2010.
TOLEDO, Cristiane Vieira Soares. O estudo da escrita de si nos diários de Carolina Maria de Jesus: a célebre desconhecida da literatura brasileira. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, 2011. Disponível no link. (acessado em 2.5.2014).
VIANA, Maria José Motta. Do sótão à vitrine: memórias de mulheres. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1995.
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XAVIER, Elódia. Quarto de despejo: discurso de uma subalterna. Água Viva. Revista de alunos de pós-graduação de Tel/UnB, Brasília, 1, jul./dez. 2002.



Carolina Maria de Jesus e Audálio Dantas na Favela do Canindé. 
São Paulo, 1961 - foto: Acervo Acervo Ruth de Souza

"Ser negra num mundo dominado por brancos, ser mulher num espaço regido por homens, não conseguir fixar-se como pessoa de posses num território em que administrar o dinheiro é mais difícil do que ganhá-lo, publicar livros num ambiente intelectual de modelo refinado, tudo isto reunido fez da experiência de Carolina um turbilhão"
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 63.



Da esquerda para a direita: Carolina Maria de Jesus, Audálio Dantas e Ruth de 
Souza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961 - foto: Acervo Ruth de Souza

"[...] a trajetória de Carolina implica a visão de um lado pouco mostrado da cultura brasileira: a luta quotidiana de uma mulher ‘de cor’, pobre e desprovida de favores do Estado, de organismos sociais, de instituições e até de amigos. Logicamente, isto não remete apenas a ela enquanto indivíduo, mas também a todo o sistema que abriga os despossuídos legados ao anonimato. [...] Rebelava-se sozinha e por isso jamais chegou a ser revolucionária ou heroína permanente. Sequer foi musa de causas coletivas. Houve um momento em que, ainda que de maneiras contraditórias e estranhas, ela cabia em todas as frentes e, ao mesmo tempo, não servia por longo período a nenhuma. Por isso é provável que tenha sido deixada por todos."
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 19.



Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus - foto: (...)

"Ela escrevia, de fato, um diário em seu barraco, atulhado do lixo que não pudera vender no mesmo dia. Quarto de despejo - Diário de uma favelada vendeu cerca de 100 mil cópias em um ano; 10 mil em três dias, equiparando-se a Jorge Amado e Paulo Coelho. Foi talvez o mais traduzido dos livros brasileiros [...] Grafomaníaca, deixou perto de 140 cadernos, folhas avulsas, pedaços de jornal e papelão anotados que os filhos guardam com orgulho até hoje." 
- Joel Rufino dos Santos, em "Os papéis de Carolina Maria". Almanaque Brasil (Curiosidades da literatura).


POEMAS E TEXTOS ESCOLHIDOS
Poesia

A Rosa
Eu sou a flor mais formosa
Disse a rosa
Vaidosa!
Sou a musa do poeta.

Por todos su contemplada
E adorada.

A rainha predileta.

Carolina Maria de Jesus - foto: (...)
Minhas pétalas aveludadas
São perfumadas
E acariciadas.

Que aroma rescendente:
Para que me serve esta essência,
Se a existência
Não me é concernente...

Quando surgem as rajadas
Sou desfolhada
Espalhada
Minha vida é um segundo.
Transitivo é meu viver
De ser...
A flor rainha do mundo.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.


Dá-me as rosas 
No campo em que eu repousar 
Solitária e tenebrosa 
Eu vos peço para adornar 
O meu jazigo com as rosas 

As flores são formosas 
Aos olhos de um poeta 
Dentre todas são as rosas 
A minha flor predileta 

Se a afeiçoares aos versos inocentes 
Que deixo escritos aqui 
E quiseres ofertar-me um presente 
Dá-me as rosas que pedi. 

Agradeço-lhe com fervor 
Desde já o meu obrigado 
Se me levares esta flor 
No dia dos finados. 
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.169.



Humanidade
Depôis de conhecer a humanidade
suas perversidades
suas ambições
Eu fui envelhecendo
E perdendo
as ilusões
o que predomina é a
maldade
porque a bondade:
Ninguem pratica
Humanidade ambiciosa
E gananciosa
Que quer ficar rica!
Quando eu morrer...
Não quero renascer
é horrivel, suportar a humanidade
Que tem aparência nobre
Que encobre
As pesimas qualidades

Notei que o ente humano
É perverso, é tirano
Egoista interesseiros
Mas trata com cortêzia
Mas tudo é ipocresia
São rudes, e trapaçêiros
- Carolina Maria de Jesus,  em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996. (grafia original)



Carolina Maria de Jesus autografando 
seu livro O Quarto de Despejo, 1960
[Muitas fugiam ao me ver]
Muitas fugiam ao me ver
Pensando que eu não percebia
Outras pediam pra ler
Os versos que eu escrevia

Era papel que eu catava
Para custear o meu viver
E no lixo eu encontrava livros para ler
Quantas coisas eu quiz fazer
Fui tolhida pelo preconceito
Se eu extinguir quero renascer
Num país que predomina o preto

Adeus! Adeus, eu vou morrer!
E deixo esses versos ao meu país
Se é que temos o direito de renascer
Quero um lugar, onde o preto é feliz.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.


Sonhei 
Sonhei que estava morta 
Vi um corpo no caixão 
Em vez de flores eram Iivros 
Que estavam nas minhas mãos 
Sonhei que estava estendida 
No cimo de uma mesa 
Vi o meu corpo sem vida 
Entre quatro velas acesas 

Ao lado o padre rezava 
Comoveu-me a sua oração 
Ao bom Deus ele implorava 
Para dar-me a salvação 
Suplicava ao Pai Eterno 
Para amenizar o meu sofrimento 
Não me enviar para o inferno 
Que deve ser um tormento 

Ele deu-me a extrema-unção 
Quanta ternura notei 
Quando foi fechar o caixão 
Eu sorri... e despertei. 
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.174.


Quarto de Despejo 
Quando infiltrei na literatura 
Sonhava so com a ventura 
Minhalma estava chêia de hianto 
Eu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de Despejo 
Concretisava assim o meu desejo. 
Que vida. Que alegria. 
E agora... Casa de alvenaria. 
Outro livro que vae circular 
As tristêsas vão duplicar. 
Os que pedem para eu auxiliar 
A concretisar os teus desejos 
Penso: eu devia publicar... 
– o ‘Quarto de Despejo’. 

No início vêio adimiração 
O meu nome circulou a Nação. 
Surgiu uma escritora favelada. 
Chama: Carolina Maria de Jesus. 
E as obras que ela produz 

Deixou a humanidade habismada 
No início eu fiquei confusa. 
Parece que estava oclusa
Num estôjo de marfim.
Eu era solicitada 
Era bajulada. 
Como um querubim. 

Depôis começaram a me invejar. 
Dizia: você, deve dar 
Os teus bens, para um assilo 
Os que assim me falava 
Não pensava. 
Nos meus filhos. 

As damas da alta sociedade. 
Dizia: praticae a caridade. 
Doando aos pobres agasalhos. 
Mas o dinheiro da alta sociedade 
Não é destinado a caridade 
É para os prados, e os baralhos 

E assim, eu fui desiludindo 
O meu ideal regridindo 
Igual um côrpo envelhecendo. 
Fui enrrugando, enrrugando... 
Petalas de rosa, murchando, murchando 
E... estou morrendo! 

Na campa silente e fria 
Hei de repousar um dia... 
Não levo nenhuma ilusão 
Porque a escritora favelada 
Foi rosa despetalada. 
Quantos espinhos em meu coração. 
Dizem que sou ambiciosa 
Que não sou caridosa. 
Incluiram-me entre os usurários 
Porque não critica os industriaes 
Que tratam como animaes. 
– Os operários... 
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 151-153. (grafia original)



 
Carolina Maria de Jesus, por Mário?
(Tribuna de Minas)
Citações, provérbios e aforismos 
"Ah! São Paulo rainha que ostenta vaidosa a tua coroa de ouro que são os arranha-céus. Que veste viludo e seda e calça meias de algodão que é a favela."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960.
  


"Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 37.


"Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. [...] Toquei o carinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é amarga".”
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 53.


"Mas eu já observei os nossos políticos. Para observá-los fui na assembleia. A surcusal do purgatório, porque a matriz é a sede do Serviço Social, no palácio do Governo. Foi lá que eu vi o ranger de dentes. Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas dos pobres como os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as tragédias que os políticos representam em relação ao povo."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 54.



"[...] Deixei o leito para escrever vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. [...] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela. / Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama./ As horas que sou feliz é quando estou residindo nos castelos imaginários."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 59–60. 


"O homem que cultiva o ódio racial é um imbecil"
- Carolina Maria de Jesus, em "Provérbios". São Paulo: Editor Áquila, 1963.


“Quem inventou a fome sao os que comem.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 


"... Quando estou com pouco dinheiro procuro não pensar nos filhos que vão pedir pão, pão, café. Desvio meu pensamento para o céu. Penso: será que lá em cima tem habitantes? Será que eles são melhores que nós? Será que o predomínio de lá suplanta o nosso? Será que as nações de lá é variada igual aqui na terra? Ou é uma nação única? Será que lá existe favela? E se lá existe favela será que quando eu morrer eu vou morar na favela?"
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960


“Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.”
- Carolina Maria de Jesus


“O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.”
- Carolina Maria de Jesus


“Eu sou negra, a fome é amarela e doi muito”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 


 “Triste glória que não me deixa ter vontade própria. Quero ser eu. Fizeram-me desviar de tudo que pretendia quando morava na favela e ansiava de deixar o barraco. O que sou agora? Um boneco explorado e me recuso a isso."
- Carolina Maria de Jesus, em "depoimento a Ignácio Loyola", em 1961.



"- Eles falava que eu sendo poetisa era para estar entre os fidalgos. Que os poetas são pessoas finas que andam com as unhas esmaltadas e luvas. Sorri. Pórque eles não conhecem os poetas. - O poeta é um infeliz conhece so agruras do roteiro neste hemisfério."
- Carolina Maria de Jesus


“As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinqêdos periletos. E as crianças pobres, acompanham as maes a pedrirem esmolas pelas ruas. Que desiguladades tragicas e que brincadera do destino.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". [textos inéditos e sem cortes e sem correção de grafia]. Revista da História, 7.2.2011. 


"Quem escreve pode passar fome de comida mas tem o pao da sabedoria e pode gritar com suas palavras sabias."
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 


“Quem nao tem amigo mas tem um livro tem uma estrada.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 


“A amizade do analffabeto é sincera. E o ódio também.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011. 



CASA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Casa de Carolina Maria de Jesus. Um Barraco feito de tábuas, coberto com lata, papelão e tábuas, na então Favela do Canindé, rua A, barraco número 9 - São Paulo/SP, em 1952.



Casa de Carolina Maria de Jesus, no Canindé
foto: Arquivo Jornal Ultima Hora (27.05.1952)

"É apanhadora de papel, passa fome com os filhos pequenos, mora num barracão infecto, mas sabe “ver” além da lama do terreiro e do zinco da favela – A miséria desperta o espírito – Cadernos cheios de “poesias”, “contos” e “romances” – Peregrinação (inútil) pelas editoras – A narrativa da vida na favela, num impressionante “diário” – Repórteres das FOLHAS editarão Carolina."
- Audálio Dantas, O drama da favela escrito por uma favelada: Carolina Maria de Jesus faz  um retrato sem retoque do mundo sórdido em que vive. Folha da Noite. São Paulo, ano XXXVII, n.10.885, 9 maio 1958.


"O livro se constitui em depoimento cruciante sobre as condições de vida de favelados que vivem à margem da grande cidade. [...] É também um livro de advertência, um livro de reivindicações, estas não bem formuladas, mas tocantemente implícitas no diário"
- Folha da Manhã. "Êxito amplo de Quarto de despejo". 22 ago. 1960.



Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte I]


Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte II]



O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 5. [parte I].


O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 6. [parte II].

ACERVO DE CAROLINA MARIA DE JESUS (IMS)
O Instituto Moreira Salles (IMS) é o guardião de pequena parte do arquivo da escritora Carolina Maria de Jesus: dois cadernos manuscritos, cujo conteúdo está parcialmente publicado. A um dos cadernos a escritora intitulou Um Brasil para os brasileiros: contos e poemas. O outro é coletânea do mesmo gênero, sem título.
E um raro LP de Carolina Maria de Jesus, pelo selo da RCA 1961, pertence ao Acervo José Ramos Tinhorão, sob a guarda do IMS, pode ser ouvido integralmente na rádio Batuta. 
___
** Fonte: IMS


Manuscrito Carolina Maria de Jesus
Transcrição do manuscrito
15 de julho 1955
15 de julho aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Êle ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar e sis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Êle estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho [...] 
- Carolina Maria de Jesus em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada". 


BIBLIOTECA "CAROLINA MARIA DE JESUS" DO MUSEU AFRO BRASIL

Biblioteca Carolina Maria de Jesus do Museu Afro
Brasil - foto: Museu Afro Brasil/divulgação
Carolina Maria de Jesus, é patrona da biblioteca do Museu Afro Brasil, que abriga seus manuscritos, parte já digitalizados.
A biblioteca
A biblioteca possui cerca de 10.000 itens, incluindo livros, revistas e outros tipos de periódicos, teses, posters e material multimídia, com uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Recebe anualmente aproximadamente 1.200 visitantes.
Estão disponíveis 20 títulos de obras raras digitalizadas no Catálogo online da Biblioteca "Carolina Maria de Jesus".
Serviço
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral - Parque Ibirapuera, portão 10 - São Paulo/SP
Horário de funcionamento: é de terça a domingo das 10h às 17hs, com permanência até às 18h. Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs.
Tel.: 55 11 3320 8900 
Site oficial: Museu Afro Brasil


“As flores também são de cores variadas. E entre elas não existe o preconceito. É que o homem raciocina, e as flores não. Mas o raciocínio do homem é tolice.”
- Carolina Maria de Jesus


AGENDA DE EVENTOS COMEMORATIVOS AO CENTENÁRIO 
DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Uma iniciativa da editora Ciclo Contínuo, a fan page Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus reúne informações sobre os eventos comemorativos que vêm sendo realizados em homenagem à autora nos mais diversos pontos do país.
Responsável: Marciano Ventura
Saiba mais: Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus


REDE SOCIAIS
Duas fan page dedicado à escritora Carolina Maria de Jesus
:: Fan page Carolina Maria de Jesus (A mulher na literatura - UFSC)
:: Fan page Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus (editora Ciclo Contínuo)


"A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 160. 


REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
:: AfroPress 
:: Blog IMS 
:: CNPQ Lattes
:: Enciclopédia de Literatura/Itáu Cultural 
:: GELEDÉS Instituto da Mulher Negra - [Hoje na História, 14 de Março de 1914, nascia Carolina Maria de Jesus].
:: Letras/UFMG - literatura afro


© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske

© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros