quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Racismo: ninguém sente, ninguém vê, ninguém sabe o que é

Por Ana Maria Gonçalves, para a Revista Fórum



Diante de tantos anos de negação e silêncio, é preciso começar a entender que os preconceitos, como o racismo, são produtos da cultura na qual estão inseridos, e como tais adaptam-se às condições de manifestação aceitáveis e estabelecidas pela sociedade, manifestando-se às claras ou de forma velada e simbólica.

Cotas da Igualdade

Debate sobre as cotas raciais nas universidades brasileiras trouxe de volta velhos clichês como a suposta “democracia racial” brasileira e o reducionismo econômico, que insiste em negar a diferença de tratamento entre brancos e negros da mesma classe social

Por Túlio Vianna

Homofobia em preto e branco

Episódios de violência contra homossexuais trazem à tona a discussão sobre direitos negados e preconceitos, que são encarados como corriqueiros pela sociedade

Por Glauco Faria e Thalita Pires*

Personalidades - Rubem Alves





Revista Nova Consciência Nº 4 - Ano 1 - 2008 

Crônicas do Dia - Política oprime ou liberta - Frei Betto


Quem tem nojo de política é governado por quem não tem

Crônicas do Dia - Virando lata na terra dos bacharéis - Luiz Antônio Simas


Uma pessoa revela o que em parte é a partir da maneira como trata aquela que julga estar abaixo de si

Crônicas do Dia - Exemplo da família Vargas


Reportando à história republicana, tivemos duas fases de 20 anos sem arrogância e sem corrupção

Crônicas do Dia - Contra o retrocesso, maioridade educacional - Waldeck Carneiro


Estados Unidos, Alemanha e Espanha perceberam que diminuição da maioridade penal pouco contribui para a redução de violência

Artigo de Opinião - Aperte o like e confirme - Luisi Valadão


A internet hoje é uma ferramenta que permite o candidato estar mais próximo do eleitor

Artigo de Opinião - Danos morais por falta de amor - Siro Darlan


Os pais que se omitem quanto ao direito dos filhos, sobretudo à convivência familiar, estão descumprindo obrigação legal, acarretando sequelas ao desenvolvimento moral, psíquico e socioafetivo dos filhos

Crônica do Dia - Por que é assim ? - Leda Nagle


Vontade de sair do carro e explicar para duas turistas passeando por Ipanema de madrugada que estão em perigo

Pacto - José Henrique da Silva

Pacto 

Então fica assim ...
Caminhamos juntos
Eu cuidando de você
Você cuidando de mim .

Sem buscar cobrar grandes promessas
Percorrendo o mesmo caminho
Sem aflições, sem pressa
Bebendo do mesmo vinho ...

Então fica assim 
E tudo passa a ter um novo sentido.
Responsabilidades?
Só a de um o outro não trair
Você sendo feliz comigo
Eu reaprendendo a felicidade contigo.

Nós dois pela vida dividindo coisas miúdas
Pequenas emoções, simples aflições
Na cama - grandes sensações.

Então fica assim ...
Deixa o mestre Tempo correr
Nosso sentimento entardecer
Sem nos preocuparmos com o que vai ser.
Só atentos para você não me machucar
E eu não machucar você ...

Então fica assim ...

José Henrique da Silva
Tarde de 31 de janeiro de 2006


Me perdoa ? - José Henrique da Silva

Me perdoa ?


Insônia
Entre um pigarro e outro,
Preciso parar com esse cigarro,
Lembranças, memórias,
Fantasmas a me perseguir
O passado na minha escuridão a reluzir,
Mas brilha você em meu presente
Penso sorrindo que poderia ter desfilado antes pela tua história
Teria poupado tantos lamentos?
Tanto perecer ?
Sutis sofrimentos?
Tanto dar sem receber?
Ah, como o príncipe encantado 
Queria ser
Para cuidados, flores e carinhos te ofertar
Vivências dolorosas reduzir, minimizar
Queria novamente na chama do sentimento 
Me arder, me consumir, me queimar
Sou apenas carinho e  desejo 
Mas penso que você merece,
Pela trajetória caminhada,
Alguém que te oferte mais, muito mais
Do que carinho e desejar
Merece sutilezas e sacrifícios
Alguém que faça do amor um ofício
Para a uma princesa se entregar.
Me debato questionando 
Se faço certo, correto
Estar pela sua vida percorrendo
Assim tão latejando, sofrido, doendo 
E dolorido
Sinto que já não quero te perder
Egoísta que sou.
Porém tenho medo de me decepcionar
E novamente - Ah! - novamente vir a sofrer
Pânico de na piscina mergulhar
Por completo me doar
E no fim de tudo me estraçalhar
Coração sussurando - Vai, é preciso se arriscar!
Alma gritando: Se proteja para não se machucar!
Sangra incessantemente
Quando a gente inultimente se doa,
Portanto,
Se ainda não sou o que gostaria que fosse,
Me perdoa ? 


José Henrique da Silva
30 de dezembro de 2005, 05 horas da madruga

Da feijoada à mineira - Carlos Drummond de Andrade

Uma velha e perfeita cozinheira a quem pedi a fórmula sagrada

Da feijoada à mineira,

Mandou-ma. Ei-la: "Receita de feijoada -

Tome coisa de um litro de feijão

Preto, novo, sem bicho,

E, depois de catado com capricho,

Jogue no caldeirão.

(Com feijão que não seja preto é à toa

tentar fazer feijoada.

E se teimar, não cuide que sai boa;

Sai não valendo nada.)

Quando estiver o caldeirão fervendo

Ou antes, deite o sal,

As mãos de porco, orelhas e, querendo

Focinhos e rabo; isto (está claro) tendo,



Porque não tendo é o mesmo, não faz mal.

Se, além desses preparos, deitar nela

Linguiça e mais um osso de presunto,

Só o cheiro da panela

Faz crescer água à boca de um defunto.

Eu já ia me esquecendo (que memória)

Da carne seca e da couve.

Feijoadas sem elas, qual! É a história...

Não há nem nunca houve.

Depois de tudo bem cozido, a ponto,

Machuque bem um pouco do feijão

E pronto.

Mas machuque só a parte que senão,

Em vez de feijoada sai pirão.

Eis, aí está o prato preparado...

Minto: falta ainda o molho

Que embora simples é o segredo o escolho De muito bom guisado.

O molho faz-se com vinagre, ou então,

(Para sair a coisa mais completa)

com suco de limão

e bastante pimenta malagueta.

Sal, ponha quantum satis.

Não vai ao fogo nem ligeiramente,

Exceto se levar também tomates,

Cebola, ou outro que tal ingrediente.

Co/a feijoada, a clássica, a mineira É compulsório o uso da farinha.

Como bebida, um trago de caninha.

Há quem regue o vinho; mas é asneira.

Quanto à caninha fala-se

Ou não se fale, a mim é indiferente.

Eu tenho a firme opinião que um cálice

Nenhum mal faz à gente."

Eis aí a receita.

Publico-a sem responsabilidade.

Experimentem, se sair bem feita

E eu, no dia, estiver nessa cidade...

Não insinuo nada:

Apenas lembro que ninguém rejeita

Convite para almoço de feijoada.