quarta-feira, 8 de julho de 2020

Personalidades - Desmond Tutu


Ao longo da sua vida, o antigo arcebispo Desmond Tutu defendeu os pobres e oprimidos e combateu pacificamente o regime de segregação racial apartheid.
"Seremos livres! Todos nós! Pretos e brancos, juntos," gritava, em abril de 1993, para a multidão de mais de 100 mil pessoas, no funeral de Chris Hani, o líder do braço armado do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) e forte opositor ao regime do apartheid que tinha sido assassinado.
A África do Sul assemelhava-se, na época, a um barril de pólvora. Depois de décadas de opressão da população negra, o Presidente Frederik Willem de Klerk anunciou reformas em 1990 e alguns presos políticos, como Nelson Mandela, foram libertados.
Em momentos difíceis da história do país, Desmond Tutu demonstrou coragem para seguir o ideal de uma nação arco-íris e de paz.
O arcebispo nasceu em Klerksdorp, a cerca de 200km de Joanesburgo. Foi professor, mas abandonou a profissão quando o Governo decidiu implementar um sistema de ensino para os negros pior do que o da população branca.
Desmond Tutu fez uma carreira teológica. Foi o primeiro bispo anglicano negro de Joanesburgo e depois arcebispo da Cidade do Cabo. Politicamente, simpatizava com o Congresso Nacional Africano. Em 1984, recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua ação não-violenta contra o apartheid. Mas mais importante, para Tutu, foram as primeiras eleições livres e democráticas da África do Sul, em abril de 1994.
"É fantástico. É um dia incrível para todo o nosso povo. E digo o nosso povo, pretos e brancos. Porque a partir de agora não vamos dizer o regime ilegal, será o nosso Governo," declarou na época.
Entre 1996 e 1998, Desmond Tutu liderou a Comissão de Reconciliação e Verdade, que abordou os crimes do apartheid. Milhares de vítimas do regime partilharam o seu sofrimento e os culpados pediram perdão. Com a comissão, o arcebispo pretendia alcançar um equilíbrio entre a justiça e a amnistia, o perdão e a reconciliação.
Atento aos desenvolvimentos do país, Desmond Tutu tornou-se também crítico em relação ao ANC.
"Nos primeiros anos da nossa de liberdade, a maior parte da população tendia a votar ANC. Mas agora, já não é exatamente assim. As pessoas tendem a questionar-se o que é bom. É isso que é a democracia," defendeu.
Com o seu modo alegre, sorridente e despreocupado, Desmond Tutu continua a ser muito querido entre os sul-africanos. Mas agora está mais resguardado. A saúde assim o obrigou. Em 1997, foi-lhe diagnosticado cancro da próstata. Três anos depois, aposentou-se. Diz que quer ter mais tempo para beber chá com a mulher.



Você sabia disso? - O povo Zulu

Os Zulus são povos que vivem onde hoje se encontra a África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Antigamente, mantinham formas de sobrevivência baseadas em guerras. Lutaram, por exemplo, contra a invasão dos britânicos e dos povos Bóeres, ainda no século XX. Hoje em dia, o poder político dentro da tribo funciona de forma restrita.
Em síntese, o povo Zulu corresponde a um total de 23,4%  da população da África do Sul. Isso significa, aproximadamente, 44,3 milhões de pessoas. São um grupo hegemônico, falam o isiZulu, idioma mais falado no país depois do inglês. Nos outros países africanos, a população dos Zulus correspondem a um toral de 400 mil pessoa.
Um dos costumes cultivados pelos Zulus se refere ao fato dos homens da tribo terem mais de uma mulher. Assim, os homens podem ter quantas mulheres quiserem, desde que possam sustentar cada uma delas. Além disso, uma das formas de medir a riqueza dos homens é observando a quantidades de vacas que dispõe.
Os Zulus, antigamente, eram um clã fundado por Zulu kaNtombhela. Assim, quando Chaka, em 1816, se tornou chefe da tripo, as ordens foram para que o poder se expandisse para outras tribos e clãs. Dessa forma, formou-se o Império Zulu.
Entretanto, a tribo não possuía um exército, muito menos armas e poderio de guerra. Assim, como líder do clã, Chaka organizou formas de treinar e armar os guerreiros da tribo. Dentre os armamentos feitos para os combates estavam grandes escudos produzidos a partir de camadas de pela de vaca. Após treinamentos que incluíam pisar em espinhos, os guerreiros estavam prontos para os enfrentamentos.
Assim, os Zulus se tornaram rápidos e silenciosos em seus ataques, pegando os inimigos de surpresa. Entretanto, a força adquirida pela tribo não foi suficiente para enfrentar os holandeses e ingleses. Assim, em 1887, o povo Zulu foi dominado pelos britânicos que invadiram a Zululândia.
Um dos costumes mais cultivados pelos Zulus está no fato de terem uma refeição e todas as pessoas comerem no mesmo prato. O costume simboliza amizade, partilha e reciprocidade entre os povos da tribo. Além disso, o trabalho fica por conta das mulheres que produzem cerveja, artesanato e comida.
Ainda em relação à mulheres, existe uma divisão feita para identificar as virgens, comprometidas e as casadas. Assim, as mulheres virgens andam com o peito nu, as comprometidas usam uma espécie de top de miçanga. Enquanto isso, as casadas cobrem o corpo com top maior, saia até o joelho e chapéu.
Um ponto interessante é que, antes do casamento, o casal se comunica por meio de um colar de miçangas, denominadas “Love Letter”. Assim, cada miçanga possui uma cor diferente, simbolizando a mensagem que deseja ser passada. Além disso, o ato de se beijar não é praticado pelos Zulus.
Em relação à maneira de se vestir, animais como a cabra e vaca são utilizados para fornecer as vestimentas. Assim, peças de roupas são fabricadas a partir da pele desses animais que, depois de elaboradas, passam a ser finas e confortáveis.
A miçanga é um artefato bastante utilizado pelos Zulus. Com elas produzem desde vestimentas, artesanato e até a utilizam como forma de escrita. Dessa forma, as miçangas simbolizam para esse povo o ato de “falar”. Nesse sentido, as cores representam diferentes significados. Assim, para representar o amor utilizam o branco, o vermelho é a inspiração e o amarelo representa a saudade.
Em relação à religião os Zulus acreditavam em diversos deuses. Entretanto, não possuem uma religião específica e não são adeptos do Cristianismo. Isso porque, acreditam que as ideias desenvolvidas dentro da religião é fortemente influenciada pela política. Hoje em dia, é possível ver o comunismo como a ideologia seguida por eles.
Para a cultura africana, a dança é uma forte representação cultural. Os povos africanos, em especial os Zulus, utilizam desse meio artístico na caça, guerras, casamentos, trabalho e em comemorações consideradas mais simples. A dança sempre está presente.
Assim, para os Zulus a dança significa, além de um rito, conquista, alegria, vitória. Além disso, faz parte de cerimônias fúnebres e em exorcismos. Dessa forma, a dança faz parte de todas as formas de expressão da tribo, sendo, cada uma delas, representação de alguma mensagem.
O que achou da matéria? Se gosta de se aventurar em temas sobre história de viajar pelo mundo sem sair de casa, confira esse outro texto sobre quem foram os Maias, Astecas, Incas.

Você sabia disso? - Machado de Assis era negro?!!!!!!!!!!!!


Máscara mortuária de Machado de Assis, no Instituto Histórico e Geografico Brasileiro / Crédito: Wikimedia Commons

No ano passado, a Faro editorial surpreendeu brasileiros diante da publicação da obra O homem que odiava Machado de Assis, de José Almeida Júnior, que já venceu o prêmio Sesc de literatura. O livro se destacou entre as outras obras já lançada sobre o gênio brasileiro. Além de misturar história e ficção em torno de um dos maiores nomes da literatura, o exemplar apresentou a primeira imagem de Machado de Assis negro em sua capa.

“Quando tomei conhecimento da campanha Machado de Assis real, promovida pela faculdade Zumbi dos Palmares, a capa de meu livro já estava na gráfica. Machado de Assis era mestiço, bisneto de escravos, mas sofreu um processo de embranquecimento ao longo do tempo”, revelou Almeida.

“Retratar o mais importante escritor brasileiro como negro é uma correção histórica, que garante às novas gerações conhecer o Machado de Assis real. Devido à importância da campanha, a editora interrompeu o processo de produção do livro e alterou a foto de Machado de Assis na capa.”

Acontece que, por mais que muita gente lembre Machado como branco, e tenha se convencionado representá-lo assim, muito se debate sobre o tema e a maioria das falas conceituadas afirmam que o escritor era preto, inclusive de pele retinta.
Embranquecimento
A primeira vez em que o Bruxo do Cosme Velho foi tratado como branco foi em sua morte. O obituário do escritor, que faleceu em 1908, o classifica como “branco”, enquanto sua máscara mortuária possui claros traços que se associam a características de afro-brasileiros. Depois, com a fama do autor e disseminação de obras durante a República Velha, sua imagem foi reproduzida de maneira embranquecida.
“O maior escritor da literatura brasileira era um homem negro”, reiterou Ana Flávia Magalhães Pinto, da UnB. A batalha narrativa pela representação da pele de Machado tem grande peso, principalmente por incluir entre os fatores a forte herança do racismo do século 20.
Por anos, o tema foi tratado como menor, até que, em 1957, o escritor Rubens Magalhães Jr, divulgou uma fotografia polêmica que teria sido feita no final da vida de Machado. Descrita como “sem retoques”, ela mostra o autor com pele escura e traços africanos, o que chocou, pois era justamente aquela imagem que fora muitas vezes usada, após edições de cor, como prova de que ele era um homem branco.

Movimentos de pauta racial se apegaram à questão e fizeram dela uma bandeira de respeito à ascendência cultural dos negros no Brasil. O embranquecimento de Machado de Assis, ofensivo, era uma forma de ignorar o papel dos afro-brasileiros na construção da literatura nacional (sendo que Machado é, com poucas ressalvas, o maior escritor de nossa história). O debate se acalorou, e a pauta dos movimentos negros se fortaleceu, finalmente, em 2018.
A foto desconhecida
Isso porque, naquele ano, uma inédita fotografia de Machado de Assis foi encontrada pelo pesquisador Felipe Rissato. Ela estava numa edição de Caras y Caretas, uma revista argentina, e mostrava o autor de pé num jardim, sendo visível uma pele retinta e traços faciais negros. Isso apenas fortaleceu o argumento de que Machado era afro-brasileiro.

“Não há texto ou registro algum de Machado em que ele diz ser branco. Ainda assim, por causa do nosso racismo institucional, a elite sempre fez de tudo para apresentá-lo como tal”, afirma o pesquisador da UFMG Eduardo de Assis ao portal Geledés. Mas, para ele, “esse é um debate que ainda vai durar por muitas gerações”.
As representações de Machado como branco nunca cessaram, o que deu origem a um movimento virtual capitaneado pelo portal machadodeassisreal.com.br, que fornece ao público a mais famosa fotografia do escritor, colorizada e representando ele como preto, para que leitores substituam as imagens embranquecidas pela forma mais verossímil nos livros.
“esse resgate é importante porque ele permite que todos possam se apropriar do que é o personagem, essa personalidade, na sua autenticidade, na sua apresentação genuína. Essa pele escura, essa sua antecedência de filhos e filhas de negros escravos, ela foi ficando e se perdendo pela História”, afirmou José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em entrevista à Band.
A fotografia de Caras y Caretas foi, então, submetida a análises por parte do historiador Joaquim Marçal, curador da Brasilianas Fotográfica da Biblioteca Nacional. Para ele, as variações de luz do local dificultam uma resposta, pois há partes em que a pele parece mais clara que outras. Porém, ele concluiu pelos traços gerais que é possível afirmar que ele era um homem de pele escura, muito mais do que a maioria de seus retratos.
Ele colocou: “Usando a luz, tudo é possível para um fotógrafo, inclusive afinar um nariz [em referência à fotografia divulgada pelo fotógrafo Insley Pacheco]. O retoque pode ter até acontecido, inclusive como um acordo tácito entre Machado e Pacheco, mas não há como saber ao certo”. Porém, ele lembra que a imagem está com uma qualidade bem baixa.
O irônico Bruxo
É importante lembrar que a obra inteira de Machado é composta de uma capacidade de crítica gigantesca, e seu principal alvo é o racismo e o escravismo da sociedade imperial. Com ironia e sarcasmo, ele retratou o encobrimento das relações senhoriais dessa mesma maneira: com a sutileza enganadora. Neto de africanos alforriados e filho de pardos, ele tinha conhecimento direto da vida infeliz da escravidão, e buscou a ascensão social (pois nascera numa área pobre do Rio de Janeiro) pela cultura erudita.
Por último, vale citar novamente a professora Magalhães Pinto, que afirma que os esforços de retratar Machado como branco: “demonstram como a violência racial tem organizado até mesmo as políticas de memória sobre a história do país e de sua gente. O embranquecimento de Machado é produto da apropriação da sua memória por parte de homens que o queriam branco, para legitimar um projeto de país em que pessoas negras seriam apenas resquícios de um passado que se queria esconder e quiçá esquecer”.

Você sabia disso? - 5 obras de Machado de Assis que denunciavam a sociedade escravista


Por meio de uma linguagem irônica e sarcástica, o precurso do Realismo no Brasil abordava o racismo estrutural de sua época
Machado de Assis é um dos principais autores do Realismo no Brasil, e suas obras criticavam a sociedade escravocrata da época. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, é possível perceber isso no capítulo LXVIII, O Vergalho. O autor retrata a submissão de Prudêncio, ex-escravo de Brás Cubas, que ao ser flagrado agredindo outro homem negro, acata as ordens de seu antigo senhor. A intenção de Machado de Assis é mostrar como os reflexos da escravidão perduraram na vida dos negros.
Lançada após a promulgação da Lei Áurea e sob um pseudônimo, a crônica Abolição e Liberdade foi publicada na coluna Bons Dias!, de Machado de Assis. Na obra, o autor apresenta de forma sarcástica sua opinião sobre a abolição da escravidão no Brasil. Segundo o escritor, a carta de alforria foi ilusória, uma vez que os negros continuaram em condições de exploração e miséria.
O conto Pai contra Mãe, presente na obra Relíquias de Casa Velha, retrata a perseguição de escravos foragidos, em que pessoas eram pagas para capturá-los. A trama se baseia na história de Cândido Neves que se vê desempregado e prestes a perder a guarda de seus filhos. Para arrumar dinheiro, começa a trabalhar capturando escravos. Nesta obra, o autor critica a forma como a sociedade tratar os negros e a desigualdade social.
Considerado um romance de caráter psicológico, o livro Memorial de Aires aborda temas polêmicos, como a sociedade racista e as conflituosas relações amorosas. Com caráter autobiográfico, a obra apresenta, ainda, a vida de um diplomata idoso e das pessoas que conheceu ao longo de sua trajetória.
Quincas Borba critica os costumes e a filosofia da época, além de ser uma paródia do cientificismo e evolucionismo. O romance, assim como os outros, aborda questões sociais da época, a partir das fictícias teorias Humanitistas do personagem principal, o filósofo Quincas Borba .

+Saiba mais sobre o tema por meio de grandes obras:
1. Memórias Póstumas De Brás Cubas – Edição Exclusiva Amazon, de Machado de Assis (2019) - https://amzn.to/2RAiUzF
2. Bons Dias!, de Machado de Assis (2008) - https://amzn.to/2uJ1x6t
3. Relíquias de Casa Velha, de Machado de Assis (2014) - https://amzn.to/38NrtwQ
4. Memorial De Aires, de Machado de Assis (2000) - https://amzn.to/2t40Nsf
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https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-5-obras-de-machado-de-assis-que-denunciavam-sociedade-escravista.phtml

Você sabia disso? - De onde veio a expressão "Sangue Azul"



Há duas explicações para a criação da expressão usada para designar membros de famílias nobres. A mais aceita pelos etimologistas, os estudiosos da língua, é a de que ela tem origem na Espanha do século 6.

“Ela nasceu num contexto de preconceito étnico, religioso e cultural”, diz o etimologista Deonísio da Silva, da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

“Faz referência à cor clara da pele, sob a qual destacavam-se veias e artérias azuis – quase invisíveis na pele de mouros e judeus, constantemente expostos ao sol durante o trabalho.”

Porém, alguns pesquisadores defendem que a origem da expressão seja bem mais antiga e esteja no antigo Egito. Segundo eles, os faraós diziam ter sangue azul como as águas do rio Nilo, contrapondo-o ao vermelho do sangue dos súditos.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/onde-termo-sangue-azul.phtml