segunda-feira, 23 de abril de 2018

Você sabia disso ?

Está em todo lugar, não é? A história da vereadora Marielle Franco, que morreu. O que aconteceu?

A vereadora da cidade do Rio de Janeiro pelo PSOL, Marielle Franco, foi assassinada a tiros na noite de quarta (15/3). Ela saía de um evento em um carro e foi alvejada por um atirador que estava em outro carro. Além da parlamentar, o motorista Anderson Pedro Gomes também morreu.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Artigo de Opinião - Livros Livres

Na semana passada, os alunos da Universidade de Brasília (UNB) inscritos na disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” começaram as aulas cercados de cuidados especiais. Providenciou-se uma sala afastada dos pontos de maior movimento do campus, ouvintes foram barrados e foi pedido que não se usasse gravador. Numa atitude no mínimo extravagante no que diz respeito ao princípio de autonomia universitária, o ministro da Educação, Mendonça Filho, chegou a pedir ao Ministério Público que apurasse se o professor Luís Felipe Miguel teria cometido “improbidade administrativa” ao levar para a sala, numa matéria não obrigatória de ciências sociais, a suposta “promoção de uma tese de um partido político”.

Artigo de Opinião - Do seu bolso

Nada pode ir bem num país em que os seus juízes e procuradores se aproveitam da vantagem de não poderem ser punidos nunca, por ninguém e por nenhum motivo, para desrespeitarem a lei em busca de um benefício pessoal. Felizmente não são todos ─ o país realmente já teria ido para o diabo se fossem. Os juízes estaduais e os Ministérios Públicos dos Estados, por exemplo, não participam da “greve” convocada para o dia 15 de março pelas “lideranças da categoria”. Mesmo entre os magistrados federais o problema está concentrado num desses grupos que transformaram suas associações em sindicatos trabalhistas com militância política. Não são muitos ─ mas falam, decidem e agem por todos. O resultado, de qualquer jeito, é que temos aí mais uma agressão aberta à democracia no Brasil. Não há um regime democrático em funcionamento normal quando juízes de direito dão a si próprios direitos diferentes e maiores que os do cidadão comum ─ no caso, colocando-se acima da lei numa greve para obrigar o Supremo Tribunal Federal a decidir uma causa em seu favor. Ou o STF faz o que eles querem, segundo ameaçam, ou então a Justiça não vai funcionar. Isso, obviamente, não existe em democracia nenhuma do mundo. O STF não pode ser obrigado por nenhum grupo particular, e muito menos por magistrados, a agir assim ou assado. Mas aqui, hoje, está valendo tudo.

Crônicas do Dia - Marielle e o Terrorismo de Estado

A bárbara execução de Marielle Franco demonstra do que são capazes os grupos que exercem, ilegitimamente, parcela significativa de poder em nossa sociedade. A substituição da civilidade pela força foi opção que os algozes das liberdades fizeram no Brasil e a ocorrência não é recente. Foi o Estado quem criou 'homens de ouro', autorizados a matar.

Crônicas do Dia - Escolas Iletradas

Rio - Reinício do ano letivo. Na rede pública, como sempre, são tantos problemas e desafios que fica, às vezes, difícil de dizer o que deve ser prioridade. Fato é que um dos elementos estruturantes do dia a dia das instituições de ensino quase sempre fica em última instância: a biblioteca.

Artigo de Opinião - Um espectro ronda a Igreja, o espectro do fascismo

A certeza absoluta imprensada em cápsulas leva ao fervor do fanatismo. O fanático odeia a dúvida, e por extensão, ao cético. O ceticismo não nega, apenas suspeita. O fundamentalista não suspeita, apenas nega. O fascista não admite conviver com o cético.

Entrevista - Leandro Karnal

Historiador fala como o mundo virtual influencia na vida real



O historiador Leandro Karnal está rodando o país com a palestra “Felicidade e Liberdade: a Busca por um Mundo de Significados Reais”. Para o pensador pop, que tem mais de um milhão de seguidores no Facebook, as redes sociais criam modelos para serem seguidos semelhantes aos estabelecidos por religiões. Em entrevista, o escritor classificou como ‘cafona’ a ‘obrigatoriedade’ de felicidade constante, afirmou que a tristeza faz parte da caminhada para ser feliz e refutou a ideia de felicidade plena. Aos 55 anos, Karnal se considera mais feliz e admite que a grande vantagem de envelhecer é adquirir sabedoria.

Como pode ser definido o conceito de felicidade nos dias atuais?
Onde houver seres humanos, o conceito vai variar. Temos vivido a ascensão de dois valores fortes que regulam certo padrão de felicidade: o consumo e a popularidade via redes sociais. Sou adepto da ideia clássica de que a felicidade não é aleatória, mas deriva de opções e ações efetivas e de como lidamos com fracassos e sucessos. A velha ideia de que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional contém parte da crença da nossa participação ativa nas coisas.

E o conceito de liberdade?
Hamlet (personagem do dramaturgo inglês William Shakespeare) define como independente do espaço: posso ser livre em uma casca de noz. Há coisas que limitam minha liberdade, como os vícios, por exemplo, e por isso devem ser combatidos. Drogas, álcool, excesso de qualquer coisa que se imponha à minha vontade é algo complexo. Apesar de parecer contraditório, por vezes, o controle de si garante mais liberdade. Somos sempre livres, mas gostamos de atribuir limitações.

Como as redes sociais influenciam ideais de felicidade e liberdade?
Criam modelos, como grandes religiões e pensamentos criam. Estabelecem um tempo líquido (conceito do sociólogo polonês Zygmunt Bauman) no qual “ser” é ser notado. É difícil saber se é bom ou ruim, porque a minha geração, mais velha, ainda distingue perfeitamente entre um amigo real, de carne e osso, e um amigo virtual. Isso não ocorre mais (nos dias atuais) e a própria percepção do real está ligada a redes. Temos um outro paradigma, um novo modelo. As redes formaram outra percepção de mundo e, como toda novidade, encontra detratores, especialmente entre adeptos da velha ordem.

Qual é a importância da tristeza para nossa vida?
A tristeza é um estado natural e não indesejável. Não se confunda tristeza com depressão, esta última é uma doença que escapa ao controle do indivíduo e que necessita de atenção profissional. A tristeza é parte essencial ao projeto de felicidade. Por exemplo, não importa o que você faça, você perderá alguém importante na sua vida. O luto mostra a importância das pessoas e é um amor com vetor trocado. Sou feliz porque já estive infeliz. A tristeza marca um ponto a partir do qual você estabelece a perspectiva da felicidade. Desejar que todos os momentos sejam de êxtase total é infantilidade. Perder meu pai e minha mãe rasgou meu coração e mostrou o quanto eu os amava. Hoje sou melhor como pessoa pelo amor deles.

Como a liberdade e a felicidade influenciam em nossa vida como sociedade?
Estabelecemos projetos públicos de felicidade. Todos querem a selfie do momento perfeito e com alguém famoso. Todos publicam e esperam likes. Ao contrário do que possa parecer, estamos em uma época de fraqueza narcísica. O verdadeiro narcisista não precisa da aprovação de ninguém.

É possível conquistar a felicidade plena?
A palavra plena não condiz com a condição humana. As religiões a projetam, no além paradisíaco. Em primeiro lugar, temos a finitude e, em segundo lugar, o caráter efêmero de tudo, do prazer à saúde. Único animal com consciência da morte, o ser humano vive em uma estrada determinada com fim conhecido. O que fazer antes do fim é o desafio de todo gesto de pensar.

Vivemos em uma sociedade em que somos, praticamente, obrigados a ser felizes o tempo todo, mas, em contrapartida, os níveis de depressão só aumentam. O que está acontecendo?
Isso é a grande cafonice contemporânea. Todos sorrindo o tempo todo, vestindo uma máscara dentária. Estamos com preconceito com a dor, inevitável ao viver. Achamos que a infelicidade é um acidente quando ela é inevitável em determinados momentos. Ter de parecer feliz sempre e postar sempre como estamos bem é algo muito, mas muito cafona.

De que forma a crise financeira e moral que enfrentamos no Brasil influencia na percepção de felicidade e liberdade das pessoas?
Temos uma época de pessimismo dominante, como a primeira década do século 21 foi de otimismo. Esse movimento é pendular na história. Mas essa é uma condição sociológica geral. Pode ser que você esteja muito bem hoje em meio ao pessimismo sobre as eleições de 2018. Pode ser que, no momento em que o Brasil parecia prosperar, em 2005, por exemplo, você estivesse mal. O pessimista, em geral, recolhe do real o que reforça sua posição pessimista.

Como você analisa a mudança de valores no Brasil ao longo da nossa história?
Toda época histórica constitui valores. Não apenas no Brasil, mas em todos os lugares, cada época ditou suas regras e sempre houve adaptados e transgressores. Cada rebelde e cada ajustado pagam um preço por aceitar ou não as molduras. Não existem pessoas integralmente livres e felizes, mas algumas olham pelas grades, outras lamentam e outras decoram a cela.

A população brasileira está envelhecendo. Muitos enxergam isto como algo ruim. Como envelhecer feliz?
Sou muito mais feliz aos 55 do que eu era com 18. Isso é subjetivo. A velhice tem mazelas, como a juventude tem. Quem anseia pela infância é o adulto, nunca a criança. A cor da morte combina com a cor da vida: jovens otimistas e estratégicos podem gerar, com mais facilidade, velhos otimistas e estratégicos. Há belezas e problemas no crepúsculo. Você tem mais dinheiro, menos colágeno, passa à frente nas filas, tem mais dores etc. Cada época é acompanhada de novas consciências. Pelo menos, o amadurecimento vem acompanhado de mais chance de ficar sábio. Ninguém é sábio com 15 anos.

Em um de seus vídeos, você fala que a solidão é o ‘lugar onde estou comigo mesmo’. Na sua concepção, isto é bom?
Solidão não depende de estar ou não com pessoas. Há solitários acompanhados e pessoas muito felizes sem ninguém. Solidão vista como defeito é a falta que eu sinto, uma ausência, um vazio insuperável. Solidão como virtude é estar consigo, bem, pensando ou fazendo coisas: absorvendo um livro, um chá, um vinho, um quadro ou uma música. Os diálogos do meu eu com o mundo não dependem dos outros. Se você nunca pode estar com ninguém e nunca pode ficar sem outra pessoa, temos um problema que não é com a solidão, mas com você.


Jornal Extra

Você sabia disso ? - O que toda escola deve ensinar

A partir do ano que vem, todas as escolas do país terão que adequar o que ensinam no nível fundamental (do 1º ao 9º ano) à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Elas têm até 2020 para terminar a mudança. Agora, para saber o que seu filho deve aprender, é só consultar em www.basenacionalcomum.mec.gov.br.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Crônicas do Dia - Quando a tecnologia irá abalar a educação superior ?

No início da década de 1990, no início da era da internet, uma explosão da produtividade academica parecia estar ao virar da esquina. Mas essa esquina nunca apareceu. Em vez disso, as universidades ensinaram técnicas que permitem que estes se orgulhem de terem lançado ideias criativas que podem afectar o resto da sociedade, algo que tem vindo a evoluir a um ritmo glaciar.

Crônicas do Dia - Uma crise sem fim

Nos países desenvolvidos fala-se hoje em Quarta Revolução Industrial (4.0). São novas tecnologias que integrarão os domínios físicos, digitais e biológicos, o que naturalmente irá modificar o panorama das escolas em todos os graus. O que vai acontecer na escola de 2019 só Deus sabe...

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Crônicas do Dia - Em 2018, caras? Sério ? - Martín Fernandez



Enquanto a Uefa arquiva caso de racismo contra jogador belga, em São Paulo ainda gritam ‘bicha’ nos tiros de meta do rival


Para a Uefa, a poderosa confederação europeia de futebol, acender fogos de artifício ou bloquear as escadas de um estádio são atos mais graves do que chamar um homem negro de macaco. É difícil chegar a outra conclusão depois de ler o mais recente relatório disciplinar da entidade, publicado nesta quinta-feira.

Crônicas do Dia - Fascistas sem limites

João Batista Damasceno, colunista do DIA - Divulgação


As ocorrências violentas contra a caravana do ex-presidente Lula somente têm precedente nos piores momentos da nossa história. Parcela da mídia corporativa minimiza as ocorrências. Mas, é grave. Quando trabalhadores rurais sem-terra fazem caminhadas com seus instrumentos de trabalho são tratados como grupo violento e armado e o assunto, noticiado ao lado de crimes. Mas, os senhores rurais e do "mercado de terra" obstruem as vias públicas com seus tratores e caminhonetes financiadas por crédito rural público, atiram objetos na caravana e são tratados como manifestantes. Uma senadora sulista parabenizou os vândalos e no dia seguinte a caravana foi alvejada por tiros.

Crônicas do Dia - A chama que não se apagará

Publicado em 31/03/2018 por O Globo
Também não consigo dormir há dias. Estou com Marielle atravessada nas minhas pálpebras. Estou com Marielle atravessada na minha garganta. Difícil ensaiar qualquer possibilidade de fala neste momento. As palavras de Galeano me acertam e traduzem, mesmo que infimamente, uma angústia imensa, com a qual não estou sabendo lidar. São muitos golpes de uma vez só. Virão mais outros pela frente, tenho certeza. Difícil seguir. Difícil manter a chama acesa, apesar de sabermos que temos de lutar para que ela não apague.

São muitas as narrativas e as especulações sobre as possíveis razões da execução da parlamentar Marielle Franco no dia 14 de março - se é que podemos pensar em admitir que haja motivos plausíveis que expliquem um crime bárbaro como o que testemunhamos. Vemo-nos diante de uma selvageria que nos tira o chão, nos golpeia na alma e nos deixa atônitos. Como decodificar a real mensagem desse crime hediondo? O que diz essa tragédia sobre o fato de que aconteceu no Rio de janeiro no contexto de enfrentamentos, por garantias de direitos, de parte da sociedade civil e alguns segmentos de alguns partidos políticos juntos aos três níveis de governo?

Nesse cenário de retrocessos e incertezas no sentido de para onde caminhamos, torna-se primordial um olhar sobre a sucessão de fatos que podem ser determinantes para o que estamos vivendo. Refiro-me, por exemplo, à irrefutável situação de que temos, no Estado do Rio, um governador que foi eleito em 2014, mas que, nos três anos de seu mandato, não conseguiu cumprir minimamente com as suas obrigações em dimensão alguma. O atraso no pagamento dos salários dos servidores é um dos fatos paradigmáticos que revelam o abandono que estamos vivendo. No quarto e último ano de sua gestão, fomos surpreendidos com uma intervenção do governo federal que, por meio de uma estratégia militar, retira a pasta da Segurança Pública e a entrega a um integrante das Forças Militares.

Olhando para esse cenário, não há como deixar de reconhecer que se criou uma situação de exceção em relação ao Rio e a outros estados brasileiros, suspendendo-se os papéis legítimos de instituições como a Secretaria de Segurança Pública e as Polícias Civil e Militar. Lembrando-se de que esses órgãos vêm sendo sucateados no contexto da crise política, financeira e ética do estado. Então, a pergunta que se impõe é: por que o governo federal não escolheu investir no fortalecimento dessas instâncias, já que há reconhecimento público sobre capital humano, profissional e inteligência, tanto na sociedade quanto de parte das polícias - que poderia ser mobilizado, caso a demanda fosse, de verdade, entender as possíveis formas de diminuir a taxa de letalidade e violências em que nos encontramos?

Nesse quadro de incertezas e desmandos, no qual não se tem claro o quão movediço é o chão que estamos pisando, temos, talvez, o elemento chave que pode ter favorecido o ato de covardia que atingiu Marielle: a impunidade e a falta de esclarecimentos e responsabilização de um número significativo dos homicídios no país têm gerado certa naturalização, no que tange à aceitação de confrontos bélicos como parte da realidade cotidiana. O valor da vida e o seu sentido inegociável deixaram, faz tempo, de ser a razão predominante para que cesse a lógica bélica que tem caracterizado as ações no campo da segurança no Rio.

Você sabia disso ?

Semana de Arte Moderna de 1922

Evento que marcou para sempre a literatura brasileira e as artes em geral, a Semana de Arte Moderna ajudou a divulgar e a solidificar os ideais modernistas.

Crônicas do Dia - Assassinos de Marielle

Certa lenda árabe diz que uma espécie de coruja invisível sai de dentro das pessoas assassinadas, para perseguir seus assassinos até que eles sejam condenados. O Brasil inteiro deseja que essas aves ajudem os investigadores a identificarem os bandidos que mataram Marielle e Anderson. Mas precisamos de outra ave que nos dê força para lutarmos contra os assassinos invisíveis, históricos, que não apertaram o gatilho, mas criaram as nefastas condições que levaram ao assassinato deles.

Crônicas do Dia - Perdendo a guerra - Zuenir Ventura

Neste fim de Semana Santa, é triste e preocupante constatar que a violência ampliou seu campo de ação e chegou à política. Ao mesmo tempo em que o ministro Edson Fachin, do STF, revelava que ele e sua família estão sofrendo ameaças, dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula no Paraná eram atingidos não mais por ovos e pedras, mas por balas dirigidas, não perdidas. É indispensável que o repúdio geral, inclusive dos opositores do líder petista, se transforme numa investigação que descubra os responsáveis. O alvo não foi atingido, mas a democracia sim.

Artigo de Opinião - Pobre plantinha tenra - Ana Maria Machado

Ainda que já seja um clichê, não deixa de ser exata a imagem de Otavio Mangabeira que compara a democracia a uma planta tenra que precisa ser regada e cuidada sempre, sob o risco de não sobreviver. Os acontecimentos recentes só vêm lhe dar razão. Exigem cuidados redobrados por parte de cada um de nós.

domingo, 1 de abril de 2018

Você sabia disso ? - Vanguardas Europeias

As vanguardas europeias foram manifestações artístico-literárias surgidas na Europa, nas duas primeiras décadas do Século XX, e vieram provocar uma ruptura da arte moderna com a tradição cultural do século anterior.

Artigo de Opinião - A notícia verdadeira

A campanha de difamação contra a vereadora Marielle Franco, que, como um vírus letal, invadiu a internet, além de sórdida, é assustadora. Um novo protagonista se insinuou no tumultuado cenário politico: a notícia falsa. A covardia dos que agem nas sombras aproxima os tiros que a mataram da campanha lançada nas redes para desacreditá-la, assim como as causas que ela defendia. Essa selvageria, que destrói reputações, essa violência espelha a que enfrentamos nas ruas, a que destrói vidas.

Por trás do anonimato nas redes, a assinatura inconfundível desse sinistro protagonista: todos os tipos de preconceito com ênfase no machismo, como acontece quando se trata de uma liderança feminina. Não cito aqui as acusações para não sujar esta página. Já basta o que fizeram o deputado Alberto Fraga, da famigerada bancada da bala, e a desembargadora Marilia Castro Neves, contumaz rancorosa que se referiu “à tal Marielle” e já sugerira, na rede, colocar o deputado Jean Wyllys no paredão, além de ironizar uma professora portadora da síndrome de Down. As mentiras já foram desmentidas pela imprensa responsável, em que se assina o que se escreve.

Não sabemos quem matou, quem mandou matar a vereadora Marielle Franco. Mas já é possível fazer o inventário das perdas. Uma vida de mulher jovem, que tinha pai e mãe, uma filha, uma companheira, amigos e 46 mil eleitores. Uma cidade e um país estarrecidos, em estado de choque, confrontados a essa insolente ameaça ao estado de direito.

Não sabemos quem a matou, sabemos o que quiseram assassinar. A defesa de causas que apontam para as misérias de nossa democracia inacabada, que se equilibra apesar da marginalização das mulheres, dos negros, dos homossexuais, dos que nascem pobres como ela nasceu e morrem cedo, de morte violenta, nos becos das favelas ou apodrecem no inferno das prisões. A aspiração a uma democracia que não seja uma farsa, um sonho generoso de país que Marielle sonhou e conseguiu, encarnando-o, simbolizá-lo. Esse simbolismo foi mortalmente ferido. Daí a indignação, o sentimento de revolta que vai durar enquanto a situação que engendrou o crime não mudar. Às autoridades responsáveis pela segurança pública, sob o comando do general Braga Netto, cabe encontrar e prender os assassinos e mandantes, sejam eles quem forem.

Esse crime politico é a ponta de um iceberg que pode destroçar a nossa democracia. Enfrentar a violência e a corrupção, que se apoderaram do Rio de Janeiro e que se retroalimentam, pede energia e determinação da população, que terá que se construir como sujeito de sua própria salvação.

Não se espere nada do Planalto. Para o presidente da República, a segurança no Rio é apenas uma carta em seu jogo eleitoral. Cogitou encerrar a intervenção militar em setembro porque ela já teria “dado frutos” e encerrá-la permitiria votar a reforma da Previdência. Precisa de coelho novo na cartola.

Em sua lógica perversa, ao Rio caberia o destino de terra de ninguém às voltas com a banda podre da polícia, milícias e traficantes sanguinários. Ele e os políticos que o cercam continuam alheios ao desespero de mães órfãs de seus filhos mortos.

Dado o sentimento de exasperação generalizado e o nível de polarização da sociedade brasileira, ou conseguimos, no Rio, uma convergência de propósitos acima das divisões partidárias ou elas destruirão qualquer possibilidade de ação eficaz e persistente.

Há uma pauta de urgências: estancar, impondo normas rígidas de controle da ação policial, a violência que mata pessoas colhidas no fogo cruzado entre policiais e bandidos; aprofundar a ação de repressão à corrupção na polícia já deflagrada pelos militares em aliança com os policiais honestos; assegurar a continuidade das ações de pacificação para além da ação policial.

Em uma frente ampla de resistência à criminalidade e pela paz, todos devem estar presentes, exceto os corruptos e violentos. A repulsa à corrupção e à violência é o que nos une acima das divergências e é o que nos separa destas exceções. O silêncio gritante do deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro sobre o assassinato de Marielle Franco desenha com nitidez essa fronteira. Medo, ódio, intolerância só geram mais violência, e seu legado é sempre um campo de ruínas.

A população do Rio de Janeiro, em multidão, fiel a sua tradição libertária, foi às ruas, dizer presente à pessoa que Marielle continua a ser nas causas que defendia e que sobreviverão. E ao direito de defendê-las sem risco de vida. Essa notícia é verdadeira. E é a verdadeira notícia.

O Globo, 24/03/2018

Você sabia disso ? - ALUNO ACUSADO DE RACISMO AGRIDE ESTUDANTE COM ESTILETE DENTRO DE SALA EM SÃO PAULO

SÃO PAULO – Um aluno de uma escola estadual em São Paulo atacou com um estilete outro colega de turma, na tarde desta segunda-feira, num possível ato de racismo. Outro jovem ficou ferido ao tentar parar a briga. Testemunhas contam que o jovem, de 18 anos, defende discurso neonazista. Em nota publicada na página Escola Estadual Professora Zuleika de Barros Martins Ferreira, na zona oeste, os responsáveis informam que “todas as medidas cabíveis já foram devidamente encaminhadas”.

racismo

O agressor cursa o terceiro ano do Ensino Médio. De acordo com o pai de uma aluna que estuda com ele, há mais de um ano o jovem leva canivete e faca para a unidade de ensino e persegue alunos gays e negros. Outros pais já teriam reclamado de suas atitudes para a direção, segundo esse responsável, que prefere não se identificar.

– Minha filha não chega nem perto, vive com medo. Já me ligou chorando porque presenciou esse aluno espancando outro na frente da escola. Reclamamos muito, mas a escola não nos atende – relata o pai.

Tudo começou quando o aluno ferido, que é negro, tentou conversar com o agressor sobre suas atitudes preconceituosas. Ele não gostou e o cortou com o estilete.
Outro adolescente tentou apartar a briga e foi jogado contra uma janela. O
vidro se quebrou e ele acabou ferido pelos estilhaços. A polícia foi chamada para conter a briga, mas segundo testemunhas os agentes de segurança bateram nos três envolvidos. O agressor foi levado ao 23º Distrito Policial, em Perdizes, e liberado. A Secretaria Estadual da Educação informa que aguarda apuração do caso.

A mãe do agressor teria ido à escola para pedir transferência do filho. Na manhã desta terça os alunos fizeram um protesto. 
Vestidos de preto, eles pedem resposta da direção. “Um menino foi cortado. Esse menino poderia ter sido morto ou qualquer um de nós”, alerta uma das estudantes num vídeo feito durante o ato. Um grupo de quatro amigos do agressor teria circulado em frente à unidade para tentar intimidar os adolescentes, segundo os pais.

Ainda na nota divulgada pela escola, a direção informa que “assume o compromisso contra qualquer forma de discriminação e racismo, procurando atuar sobre os aspectos pedagógicos para coibir qualquer manifestação e comportamento que defendam atitudes que contrariem os valores da afirmação de nossa diversidade cultural”. Ela pondera, no entanto, que “infelizmente, tais medidas não surtiram os efeitos esperados, e a situação saiu de controle”.

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Artigo de Opinião - E se fosse uma filha sua ?

Mataram um estudante, e se fosse um filho seu? Com raiva na voz e sangue nos olhos, grupos de estudantes entravam em ônibus, restaurantes, teatros e cinemas, denunciando o assassinato de Edson Luís Lima Souto no Centro do Rio de Janeiro por soldados da Polícia Militar. E se fosse um filho seu?, indagavam, na esperança de suscitar compaixão e solidariedade.