sexta-feira, 13 de abril de 2018

Você sabia disso ? - O que toda escola deve ensinar

A partir do ano que vem, todas as escolas do país terão que adequar o que ensinam no nível fundamental (do 1º ao 9º ano) à nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Elas têm até 2020 para terminar a mudança. Agora, para saber o que seu filho deve aprender, é só consultar em www.basenacionalcomum.mec.gov.br.


O documento, que vem sendo discutido desde 2015 por especialistas, foi homologado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e aprovado pelo Congresso Nacional. Veja o que diz o texto sobre alguns temas polêmicos.

O português

O tempo considerado como adequado para a alfabetização mudou. O novo documento prevê que a criança esteja lendo e escrevendo plenamente no 2º ano — um ano antes do que o Plano Nacional de Educação previa. O Brasil, porém, já não consegue alfabetizar as crianças nem mesmo no 3º ano do fundamental. Segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), o índice de alunos com nível insuficiente em leitura, em 2017, é de 54,73%. A especialista Janaina Spolidoro diz que a mudança é boa, mas é um desafio: “A escola terá que mudar o currículo e treinar os professores”, diz a especialista.

A matemática

Alguns especialistas em Matemática afirmam que a quantidade de conteúdos obrigatórios da base é muito extensa. Claudia Groenwald, autora de artigo sobre a Matemática na BNCC, avalia como positiva a base, mas explica que as escolas terão que definir a quantidade de tempo a ser dedicado para cada conteúdo. Para ela, a listagem de conteúdo é muito extenso e nem todos são tão importantes para o desenvolvimento do pensamento matemático necessário no ensino fundamental. “Pense no ensino de função, por exemplo, no 9º ano. Poderia perfeitamente ficar no ensino médio”, diz.

A questão racial

O documento é considerado um avanço no debate da questão racial. Torna, por exemplo, obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira. Em um dos pontos, prevê, em História, o estudo das “diferentes formas de organização política na África: reinos, impérios, cidades-estados e sociedades linhageiras ou aldeias”. No entanto, alguns especialistas acreditam que alguns pontos poderiam ser repensados. “Tem que ter não só o olhar do colonizador, mas o de luta e de resistência dos próprios colonizados”, afirmou o especialista em educação afro-referenciada Pedro Bárbara.

A religião

A base tornou o ensino religioso obrigatório, mas no modelo não confessional, ou seja, sem escolher uma só fé. A ideia é ensinar sobre diversas doutrinas e valores. No 1º ano, os estudantes devem aprender a “respeitar características físicas e subjetivas de cada um" e “valorizar a diversidade de formas de vida”. No 5º ano, já precisam “identificar elementos da tradição oral nas culturas e religiosidades indígenas, afro-brasileiras, ciganas, entre outras”. No 6º ano, “reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos (do Budismo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros)”.

A questão de gênero

O CNE retirou questões de gênero e orientação sexual da base. Uma versão preliminar definia que as escolas deveriam “discutir as distintas concepções de gênero e sexualidade”. Com a alteração, o tema deixou de ser considerado objeto de conhecimento. Por outro lado, foi incluída a habilidade de “reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana”. A mudança foi defendida sob alegação de que a versão anterior era “doutrinação”. Já a professora Sara Wagner, travesti e estudiosa do tema, acredita que o novo modelo impede a discussão sobre o preconceito de gênero em sala.

Ensino médio em debate

Os documentos já aprovados definem os conteúdos do ensino infantil e do fundamental. O Ministério da Educação liberou, na última semana, o documento com a proposta de base do ensino médio para o Conselho Nacional de Educação homologar.

Após a homologação do texto pelo MEC e a publicação, as mudanças estabelecidas pela reforma desse nível de ensino também deverão ser implementadas em até dois anos nas escolas de todo o Brasil. A partir de então, o Enem e livros didáticos adotados também deverão mudar.

Uma das consequências da base é o começo do novo modelo de ensino médio. O documento dará as diretrizes de 60% da carga horária dessa etapa de ensino em todas as escolas do país. Os 40% restantes da carga horária serão dedicados à parte flexível e não serão definidos pela base.

O governo federal liberou verba para os estados ampliarem o número de escolas em horário integral — um dos objetivos do novo ensino médio. Em 2018, foram 451 escolas no Brasil. No estado do Rio, em 2016 e 2017, foram mais 81 unidades. Agora, são 216 escolas de ensino médio com o horário ampliado. Neste ano, mais 35 escolas entrarão no programa do governo federal.

Jornal O Extra 

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