quinta-feira, 4 de agosto de 2016

"Dez Mandamentos do Professor" - por Leandro Karnal


Por Revista Pazes -  fevereiro 27, 2016

A sabedoria do mais influente legislador do Ocidente, Moisés, sintetizou uma concepção de mundo em Dez Mandamentos. Como bom educador, o ex-príncipe do Egito sabia que longos códigos são de difícil acesso. Curioso notar que constituições muito breves, como a norte-americana, passam dos dois séculos e constituições prolixas, como todas as brasileiras , caducam em prazos muito curtos.

Qual é o plural de mel ?

O plural da palavra mel pode ser meles ou méis. Existe uma explicação histórica para este facto. No Latim, língua a partir da qual nasceu o Português, para formar o plural das palavras acabadas em vogal, acrescentava-se um -s, como ainda hoje se faz; e acrescentava-se -es para formar o plural das palavras que acabavam em consoante. Assim, de acordo com esta regra latina, o plural de mel é meles (mel + es), tal como acontece com a palavra mal, que no plural é males. Durante a evolução do Português, registaram-se muitas modificações nas regras gramaticais. Uma dessas modificações, que ainda hoje se mantém, foi, precisamente, a formação dos plurais em palavras acabadas em -al, -el, -ol e -ul. Segundo esta regra, retira-se o -l que está no fim da palavra e acrescenta-se -is. Por isso, méis, também pode ser o plural de mel (mel-> mé + is). As palavras pardal (pardais); papel (papéis); farol (faróis) e azul (azuis) são exemplos da formação do plural com esta regra. Mas atenção, a palavra mel é, de todas as palavras aqui apresentadas, a única que pode ter dois plurais; é uma excepção na Língua Portuguesa, a formação do plural na grande maioria dos substantivos acabados em -l faz-se aplicando apenas a regra ‘nova’.