quinta-feira, 29 de março de 2018

Artigo de Opinião - Cortejo do medo


Que o luto de Marielle nos implique. Para que ela fique.


Por Carlos Eduardo Rebuá.

Um medo que não passa. Talvez a face mais assombrosa do medo em suas múltiplas morfologias. Possivelmente uma das descrições da iminência da morte ou dela própria.

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Campanha deste ano será marcada por distribuição de informações sem fundamento pela internet
Por Bruna Fantti

Você sabia disso ? - O legado da Semana de 22

O legado da Semana de 22


Da Semana de Arte Moderna, em 1922, para cá, Brasil amadureceu em relação à produção e ao consumo da arte. A análise é da ensaísta e professora titular de literatura brasileira do Departamento de Teoria Literária da Unicamp, Maria Eugênia Boaventura. Ela é autora do livro "22 por 22 : A Semana de Arte Moderna" (Editora Edusp). Em entrevista exclusiva à Folha da Região, a ensaísta comenta o legado deste movimento de vanguarda e diz que o povo brasileiro, hoje, recebe bem a produção de seus artistas.

A Semana de Arte Moderna, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, contou com a participação de escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade. Os artistas queriam a produção de uma arte brasileira, afinada com as tendências vanguardistas da Europa, sem, contudo, perder o caráter nacional.

Maria Eugênia orienta inúmeras pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado, além de supervisão de projeto de pós-doutorado.

Suas pesquisas, bem como as de seus orientados, são assiduamente contempladas com financiamento de agências de fomento nacional, como CNPq, Capes, e Fapesp. Sua especialidade é a literatura brasileira como um todo, embora seja referência fundamental nos estudos sobre o modernismo e a literatura contemporânea. É pesquisadora relevante também sobre fontes primárias e arquivos privados.

O Livro

O livro"22 por 22" é uma coletânea de textos publicados originalmente em jornais de São Paulo e Rio de Janeiro ao longo daquele ano-chave e recupera o calor da polêmica que envolveu escritores, artistas, críticos e jornalistas num verdadeiro tiroteio verbal entre passadistas e futuristas - com destaque para nomes como os de Oswald e Mário de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, Sérgio Milliet, Plínio Salgado e Lima Barreto -realçado por caricaturas de Belmonte e Voltolino.

Para a escritora, a Semana de 22 não teria tanta importância sozinha. O que a tornou importante, afirma a pesquisadora, foram as mudanças que o evento provocou na vida cultural e intelectual de São Paulo.

"A semana teve sentido a partir do momento em que estimulou uma vida cultural interessante". A Semana, para a escritora, foi um marco na vida intelectual de São Paulo. O Ano de 1922 foi responsável pela construção da modernidade no Brasil ao instaurar efetivamente a vida cultural na cidade.

Leia trechos da entrevista:

O que motivou a senhora a selecionar esses textos e reviver o tema da Semana da Arte Moderna?

O que me levou a reunir este conjunto de textos foi a constatação da impossibilidade de encontrar este material reproduzido em qualquer livro sobre o Modernismo, impedindo assim que o interessado pudesse conhecer detalhes do processo de atualização da linguagem artística em geral. Em particular, o leitor tomará conhecimento das principais polêmicas fundadoras daquele movimento.

Quais textos e ideias a senhora destaca do livro como ponto de partida para novas discussões quase um século depois?

Os textos dos dois primeiros capítulos revelam de um lado o período de preparação da Semana, a escolha do nome, as pessoas envolvidas, a repercussão, a forma como se divulgou o evento, os temas preferidos, o nível de informação, o tom do debate. Acabam-se com as dúvidas sobre o processo de modernização da literatura brasileira.

Como foi o processo de pesquisa? A quem se destina o livro?

A Pesquisa procurou rastrear nas revistas e jornais do Rio e de São Paulo, exclusivamente em 1922, ano da Semana de Arte Moderna, textos sobre o citado evento, quer de autores favoráveis, quer de pessoas contrárias ao movimento em prol da atualização da cultura brasileira, ou do seu processo. O livro se destina a qualquer pessoa que deseje conhecer os bastidores do Modernismo, ou pelo menos de sua primeira festa. É uma pequena amostra do jornalismo da época. Portanto, também uma bibliografia para cursos de Letras, Jornalismo, Comunicação, História, etc.

A senhora acredita que o Brasil reconhece a valorosa contribuição dos artistas que participaram deste movimento?

Claro, não tem como não reconhecer. Basta observar como se produzia arte no Brasil do início do século 20 e comparar com o cenário que se descortinaria depois de 1922.

Hoje o Brasil carece de novas polêmicas e produções de vanguarda nas artes?

Isto acontece de modo cíclico, pelo menos no mundo ocidental. Movimentos artísticos surgem e revitalizam a vida cultural, desaparecem quando sua produção se torna convencional.

De 1922 para cá, o povo brasileiro progrediu ou regrediu na discussão e produção artística?

Acho que nem uma coisa, nem outra. Os artistas procuram rotineiramente manter a produção local atualizada, sobretudo em termos de técnica e linguagem. No mínimo, acho que o país amadureceu.

Como a senhora analisa a relação do brasileiro com sua história e sua arte?

Quando tem oportunidade o povo recebe muito bem: as exposições, os cinemas, os teatros estão lotados. Publica-se muito mais hoje no País. Tudo isso acontece, por enquanto, em zonas urbanas privilegiadas, ou seja mais ricas.

As escolas cumprem o seu papel de ensinar os estudantes sobre produção cultural?

Na medida do possível sim. Para que a situação melhore, o professor precisa ser mais valorizado, isto é, o seu salário tem que ser aumentado, muitíssimo. E as instalações escolares devem ser aprimoradas.

Obras ajudam a entender anseios do movimento artístico modernista

A Semana da Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922, é um dos períodos das história da arte brasileira mais retratados em livros. Vários especialistas investigam este movimento, destacando desde a sua importância para a criação de uma identidade artística nacional até sua influência nas políticas culturais do País.

Além de "22 por 22 : A Semana de Arte Moderna" (Editora Edusp), da professora Maria Eugênia Boaventura, os leitores interessados em conhecer mais sobre o tema podem buscar informações em publicações como "A Semana de Arte Moderna" (Editora Ática), de Neide Rezende; "Semana de 22 - Entre Vaias e Aplausos" (Boitempo Editorial), de Márcia Camargos; "A Semana de 22 - Coleção História em Aberto" (Editora Scipione), de Francisco Alambert.

MAIS

Também são consideradas obras importantes sobre este período os livros "Artes Plásticas na Semana de 22" (Editora 34), de Aracy A. Amaral; "Entre o Escândalo e o Sucesso - A Semana de 22 e o Armory Show" (Editora Unicamp), de Eliana Bastos; "A Ausência Lilás da Semana de Arte Moderna" (Editora Letras Contemporânea), de Tereza Virgínia de Almeida, e ainda "A Semana de Arte Moderna - Série Princípios" (Editora Ática), de Neide Rezende. J.o.