sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Artigo de Opinião - Drama, comédia e farsa - Nelson Motta


A ascensão e queda de Roberto Alvim foi uma farsa megalômana que virou um drama real, depois uma comédia de erros, e terminou como tragédia chinfrim. Com muitos anos de vivência no teatro como autor e diretor, Alvim encenou meticulosamente o seu monólogo triunfal, com o cenário, o figurino, o corte de cabelo, a atitude de um cruzado guerreiro e música de Wagner para dar grandiosidade. Só não imaginou que o protagonista se mostrasse um canastrão, falando como um ungido de Deus e pregando uma espécie de nacionalismo nazicristão.

Esse tal de Roberto Alvim, como o chamava Bolsonaro, pode ser meio louco, mas não é burro. Se não fosse ignorante, conheceria e nunca repetiria a citação de Goebbels no discurso fatídico, seria uma provocação inútil e perigosa. Algum assessor malvado, ou conspirando para derrubá-lo, sugeriu a citação e Alvim adorou, expressava suas ideias sobre a nova arte brasileira, cristã, heroica e de direita.

Mas quem plantou a citação fatal? Não deve ser difícil descobrir, entre os próprios assessores que participaram do discurso. A serviço de quem?

A primeira coisa que Regina Duarte deve fazer é demitir toda a assessoria de olavistas de Roberto Alvim e cercar-se de pessoas decentes da área de cultura, com experiência em gestão e convicções democráticas. O Estado não deve fazer cultura, só estimular, sem dirigismo e com diversidade.

Além de ótima profissional, Regina é uma pessoa honesta e bem-intencionada, com intensa vivência dos problemas do teatro, do cinema e da televisão, que às vezes toma decisões e posições com mais emoção do que razão.

Mas não se pode querer tudo. Ela sabe que boas intenções não bastam e que o governo, qualquer governo, é um viveiro de conspiradores e puxa-sacos capazes de arruinar os melhores planos.

Sua missão é convencer Bolsonaro da importância econômica da indústria cultural, seus empregos, seus impostos e sua capacidade de alegrar, divertir, emocionar e informar as pessoas.

Chato é passar de namoradinha do Brasil a noiva de Bolsonaro.

Artigo de Opinião - Respeita o meu axé. E o amém - Flávia Oliveira


Era 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, e um comentário na rede social expôs o tamanho do buraco em que a liberdade de credo está metida. Num post, dois recados: 1) As religiões de matriz africanas serão sempre minoria; 2) Majoritário, portanto hegemônico, no país é o cristianismo. Li a mensagem, que denunciei como inadequada, horas depois de falar sobre Mãe Gilda de Ogum, homenageada com a efeméride instituída pela Lei 11.635/2007. Gildásia dos Santos e Santos era ialorixá do Ilê Axé Abassá de Ogum, terreiro da mesma Bahia por onde os colonizadores inauguraram a invasão das terras, a pilhagem da riqueza, a subordinação dos corpos, a conversão das almas no Brasil. Ela morreu há 20 anos, após complicações de saúde decorrentes de agressões verbais e ataques à comunidade religiosa.

Uma foto de Mãe Gilda estampou em 1999 reportagem da “Folha Universal” que relacionava religiões de matriz africana a charlatanismo e golpe financeiro. Identificada, ela foi perseguida e teve a vida abreviada por um infarto fulminante, em 21 de janeiro de 2000. A filha e sucessora da líder religiosa, Jaciara Ribeiro dos Santos, acionou judicialmente a Igreja Universal do Reino de Deus, instituição à qual o jornal é ligado. Em 2009, o Superior Tribunal de Justiça condenou a IURD à retratação e indenização por danos morais. A data de morte tornou-se símbolo da luta contra a intolerância religiosa. Terça passada, no Parque Metropolitano do Abaeté, em Salvador, ela foi homenageada com toque de atabaques, flores e alimentos sagrados.

A perseguição ao candomblé, à umbanda e às demais religiões de matrizes africanas e ameríndias atravessa Colônia, Império e República. Acomodou-se com o arcabouço constitucional que instituiu liberdade de credo e criminalizou a perseguição a terreiros e filhos de santo. Nas últimas décadas, recrudesceu como atestam estatísticas do governo, da sociedade civil e até um relatório do Ministério Público Federal. No primeiro semestre de 2019, o Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos, recebeu 354 denúncias de discriminação religiosa, média de duas por dia. O serviço identificou a religião de 121 vítimas. Houve 26 agressões a umbandistas, 18 a candomblecistas, 17 a outras denominações de matriz africana. O número de queixas é crescente: nos seis primeiros meses de 2018, foram 221 denúncias; em todo o ano, 506.

No Rio, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa contabilizou 201 casos de agressões e ameaças em 2019, mais que o dobro de 2018 (92). Os ataques partem não só de líderes religiosos, mas de grupos de criminosos autodenominados evangélicos. Um em cada três episódios (35%) de violência religiosa ocorreu na Baixada Fluminense. Não por acaso, a cidade de Nova Iguaçu foi escolhida para abrigar o primeiro Núcleo Avançado de Atendimento às Vítimas de Intolerância Religiosa, parceria da Secretaria estadual de Desenvolvimento Social com a prefeitura. Desde fins de 2018, o Rio tem delegacia especializada em crimes raciais e delitos de intolerância, a Decradi.

Religiões de matriz africana não buscam hegemonia; nada têm a ver com catequese, conversão forçada, imposição. O que mães, pais e filhos de santo reivindicam, desde sempre, é liberdade para praticar sua fé. E respeito. Existiram e resistiram nas frestas; assim, atravessaram os séculos num país assentado no racismo e no autoritarismo. Por isso, é revolucionário ver, no epicentro do racismo religioso, o carnaval se refundar pela via da reaproximação com seus personagens, tradições e territórios. Desidratadas de recursos financeiros e apoio político, as escolas de samba voltam às origens. No Grupo Especial do Rio, oito das 13 escolas fazem referências a divindades e encantados das religiões afro-ameríndias nos sambas-enredo: Viradouro (Oxum, Xangô), Vila Isabel (Preto Velho), Portela (Oxóssi), Mocidade Independente de Padre Miguel (Exu), Paraíso do Tuiuti (Oxóssi e o Touro Encantado de Lençóis, representação de Dom Sebastião, o rei desaparecido de Portugal), Grande Rio (caboclos, Exu, Oxóssi, Iansã), Beija-Flor de Nilópolis (Exu) e Estácio de Sá (Xangô).

Na homenagem mais explícita, os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, da Grande Rio, apresentarão Joãozinho da Gomeia, Tata Londirá, um dos sacerdotes de candomblé mais famosos do Brasil. O enredo, sugerido por componentes antigos da escola, foi abraçado pela dupla de artistas, estreante na agremiação e no Grupo Especial. No refrão contundente, cantado a pleno pulmões, a comunidade escancara o combate à intolerância: “Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé /Eu respeito o seu amém, você respeita o meu axé”, nítida referência à perseguição de denominações neopentecostais aos cultos afros.

A polêmica do ano, contudo, ronda a Mangueira, que levará à avenida um Jesus Cristo pobre, de rosto negro, sangue indígena, corpo de mulher, concebido pelo carnavalesco Leandro Vieira à luz de uma interpretação progressista e inclusiva da Bíblia. As críticas por católicos e evangélicos conservadores e dogmáticos já renderam até abaixo-assinado contra a escola. É a verdade absoluta dos homens de bem que monopolizam o debate político, se impõem à criação artística, interferem nas políticas sociais, desprezam a liberdade de credo, apequenam a democracia. Não respeitam a diversidade. Nem no amém, nem no axé.

Artigo de Opinião - Alvim é Bolsonaro -

Carlos Andreazza - O Globo - 22/01/20

‘Não queira estar no meu lugar” — vitimizou-se Jair Bolsonaro. Não quero — respondo. Por isso não me candidatei à Presidência nem fiz campanha — ilegalmente — por quase quatro anos. Há método, porém, na falsa incoerência. O líder que, eleito como consequência do próprio empenho, projeto de uma vida, reclama do fardo como se cumprisse missão divina é aquele que — síntese do populista autoritário — pede, cobra, adesão incondicional. Ele se sacrificou por nós. Não é isso?

Bolsonaro, o que se martiriza pelo Brasil, pede — cobra — adesão incondicional tanto quanto não hesita em se livrar dos que instrumentalizou.

Investido de poder pelo presidente e estimulado por ele (“secretário de Cultura de verdade”), Roberto Alvim cumpriu seu papel. Mais um kamikaze disparado para desfiar o tecido social de um país há muito em profunda depressão política; um país cujo liberalismo, por exemplo, dá-se à luxúria de se crer somente econômico — a própria expressão da doença — e capaz de prosperar servindo ao ressentimento reacionário (a própria definição de suicídio).

O erro de Alvim: explicitar a essência do bolsonarismo

Como todo fusível, Alvim queimou. Há vários assim, peões de baixo alcance, à mão do projeto bolsonarista de afrouxamento da democracia liberal. Sim, as instituições mobilizaram-se para mostrar que o vídeo do então secretário de Cultura, aquele com referência a texto nazista, violava valores inegociáveis. Não havia dúvida de que a reação viria; tampouco de que Alvim seria lançado ao mar. O problema está na frequência com que as instituições ora são provocadas no Brasil — o que significa que os freios de nosso sistema, por enérgicos que sejam, submetem-se ao desgaste de um uso excepcional, não sendo improvável que, tão esticados, cedam algum terreno a cada vez que acionados. Alvim vai. A ideia fica.

Alvim morto é Alvim posto. Um provocador que veio para trombar, para testar linguagem, averiguar reações e avançar algumas peças retóricas extremadas — que equivalem a iscas para demonstração de fidelidade, de submissão. A ideia fica e circula. Considerada a relativização do discurso do sujeito por influentes pensadores do bolsonarismo, a questão agora consiste somente em medir como o arreganho fascista chegará ao guarda da esquina. Sempre chega.

A mensagem contida no vídeo tem a arte apenas como um meio para expressão da fé autocrática: o Estado como gerador de uma nova civilização brasileira; um Estado em que à elite dirigente — a um indivíduo como Roberto Alvim — é pedido que faça uma cultura. Isto mesmo: que faça uma cultura. Onde já vimos algo dessa natureza?

O padrão autoritário de comunicação bolsonarista é conhecido. Alvim sentiu-se à vontade para pontificar sobre “as aspirações urgentes do nosso povo”. Reproduzia o chefe. O presidente é um que fala para uma pequena porção da sociedade, mas que arma esse discurso, segmentado, com pretensão totalizante. Comunica-se para poucos, trata da agenda de pouquíssimos, mas como se para todos, de todos — o que é uma das formas de exclusão que caracterizam os populistas autoritários.
  
Os frequentes impulsos extremistas de Bolsonaro autorizam vídeos como o do ex-secretário de Cultura. É impossível não ver, na versão de Alvim, um desenvolvimento da estética das lives do presidente.

Roberto Alvim era descartável. Se louco, um — mais um — escolhido e empossado por Bolsonaro. Outros como ele virão. São agentes antiliberais a serviço de uma concepção de Estado que, sem a vigilância da democracia, terá a sua musculatura aplicada contra os cidadãos — contra aqueles que, sem serem o mal, não veem nobreza em “mitos fundantes” como pátria, família e Deus.

A própria ideia de cultura — um campo de guerra e, pois, de imposição —veiculada pelo bolsonarismo mostra que aquela secretaria não importa senão como estrutura, máquina, para a destruição; inclusive de quem a comanda. O próximo Alvim — ainda que Regina — virá para morrer.

O próximo Wajngarten também virá para morrer.

O presidente sabia da atividade — típico ato de improbidade administrativa — do chefe da Secom. Não se incomodou com a irregularidade. A razão é dupla: nunca se importou com o auxiliar; o auxiliar está ali como escada, gatilho, como criador mesmos de arestas, para seus ataques à imprensa.

De resto: ninguém melhor do que ele, Bolsonaro, sabe se desvincular da responsabilidade por aqueles a quem delega. Fábio Wajngarten tinha uma missão a cumprir no governo — e a cumpriu. Enquanto o presidente avaliar que pode mantê-lo como o zumbi que já é, zumbi será, exposto e progressivamente enfraquecido, ainda assim carne para substanciar suas afrontas ao jornalismo. Se e quando a situação se tornar insustentável, já de todo afastado do elemento, de todo murchado o elemento, colocará outro no lugar do descartável.

Não faltam Waingartens à disposição do presidente. O problema é a ideia: que fica.


Artigo de Opinião - Educação: as desculpas vão perder força




















Culpar governos passados, ou o bode expiatório da vez, uma hora perde a força. Em 2021, alunos brasileiros com 15 anos de idade farão o Pisa, uma avaliação de aprendizagem realizada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e em 2022, conheceremos sua pontuação. Será difícil escapar da responsabilidade pelos resultados de uma avaliação independente. O governo atual tem de decidir logo (e já com atraso) se manterá o rumo atual — ideológico e ineficiente — ou se fará um compromisso efetivo com estados e municípios em prol da aprendizagem dos alunos, que são brasileiros, não federais, estaduais ou municipais.
O Ministério da Educação (MEC) segue errático em suas iniciativas, mostrando constância apenas na atribuição de culpa a governos anteriores, a Paulo Freire, aos professores, à balbúrdia etc. Infelizmente, problemas sociais não acabam quando findam os mandatos e, se negligenciados, crescem. Que tal unir esforços em vez de só apontar o dedo?
Há muito a ser feito. Estão em curso discussões importantes para fazer avançar a educação básica brasileira que exigem máxima atenção, pois definirão as oportunidades dadas a milhões de crianças e jovens. A despeito da apatia estratégica da gestão federal, alguns atores já entenderam isso.
O Congresso Nacional — em especial o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) — já compreendeu que o ano traz oportunidades ímpares, como garantir maior eficiência e mais recursos para os alunos mais vulneráveis com a reformulação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação); assegurar uma trajetória escolar com menos percalços a partir da aprovação do verdadeiro Pacto Federativo da educação — o Sistema Nacional de Educação (SNE) — e, por fim, colocar de vez na agenda nacional o desenvolvimento infantil pleno com o início do Biênio da Primeira Infância (2020-2021).
É preciso aprofundar esses debates, tomando cuidado com os possíveis retrocessos. Um deles diz respeito ao Fundeb, discussão que o MEC pretende devolver à estaca zero. Não podemos deixar que seja ignorado o diálogo sobre o assunto construído nos últimos três anos, nem que haja prorrogação do prazo do Fundo sem mudanças. Menos ainda aceitar seu desaparecimento. Protelar a reformulação do Fundo é colocar a melhoria da educação em suspenso; e acabar com ele, promover o caos. Não instituir o SNE, por sua vez, é apostar na descoordenação entre os níveis de governo.
No campo do Executivo, os governadores vêm intensificando seu protagonismo em temas como alfabetização, carreira docente e ensino médio. Muitos estados, como Pernambuco, Espírito Santo, Amapá, Sergipe, estão implementando junto aos municípios políticas de alfabetização inspiradas no sucesso do Ceará.
O governo federal, por outro lado, prometeu um programa nacional de alfabetização como meta de 100 dias, mas divulgou apenas a Política Nacional de Alfabetização (PNA) —genérica e sem estratégia de implementação. Desde então, pouco tem dialogado com um espectro amplo de especialistas ou com os gestores municipais, principais responsáveis pela alfabetização. Será preciso articular a PNA aos programas já em funcionamento nos estados.
Ademais, em 2020, será crucial assegurar que as pautas relevantes da educação — e não sua defesa genérica — sejam prioritárias para os novos prefeitos a serem eleitos em outubro.
É tempo de decidirmos como o ano de 2020 será lembrado. Apenas como uma coincidência numérica que ocorre a cada século ou como o ano em que o Brasil decidiu priorizar efetivamente a educação básica? A história do ensino básico neste ano dependerá muito da ação do MEC. Se continuar como hoje, não terá parte dos sucessos, mas será responsabilizado por eventuais fracassos. É uma escolha.
Priscila Cruz é presidente-executiva, e João Marcelo Borges é diretor de estratégia política do Todos Pela Educação

Poesia - Vou - me embora pra Pasárgada - Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe - d’água.
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Artigo de Opinião - Regina Duarte tem um nome a zelar

Espanta que atriz não sinta medo de entrar na máquina bolsonarista

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Artigo de Opinião - Abaixo os rótulos - Eurípedes Alcântara

No tempo que os homens falavam (*) dizia-se que a regra para encantar uma mulher considerada feia seria elogiar sua beleza, já com uma mulher tida como bela, infalível seria elogiar sua inteligência. Mas esse tempo, felizmente, passou. Bonito, feio, inteligente e burro são conceitos voláteis com significados dependentes dos variados pontos de vista. Sobrevive, porém, a mania de tentar definir a condição humana com rótulos reducionistas. Ainda colocamos todo o peso do conhecimento interpessoal na ilusão de que somos psicólogos altamente treinados para ler as mentes uns dos outros. Isso explica o triunfo dos rótulos.

Neofascista, neonazista, liberal radical, comunista, socialista, machista, feminista… Basta um desses rótulos e dá-se por decifrado todo o intrincado e mutante dinamismo da vida. Tudo bem que na rispidez das trocas de socos a 280 caracteres por segundo no Twitter, um rótulo ajuda bastante acertar o nariz do oponente. Mas no cotidiano, no quase nada que sobrou de contato humano — o que, na piada da hora, explicaria a lenta propagação do coronavírus fora da China — os rótulos são perniciosos. Deveriam ser evitados em benefício da esquecida arte da conversação.

Como deixar de falar com alguém que sempre admiramos porque, como disse com a genialidade de sempre o economista Delfim Netto, votou em Bolsonaro “em legítima defesa”? Ou simplesmente bloquear uma pessoa como @beruta, que no Twitter se define como, “médica, cearense, esquerdista, progressista, feminazi”. Pois essa feminazi conta como atendeu no pronto-socorro, em um fim de semana, um paciente jovem, negro, baleado na cabeça, enquanto ouvia na sala da emergência comentários desumanos: “Se foi a polícia que trouxe é bandido”… “Você vai tentar salvar isso aí?” Não era bandido. Ele tinha ido à casa da avó buscar um documento de que precisaria na segunda-feira, seu primeiro dia de trabalho. Foi baleado por traficantes que o confundiram com integrante de facção rival. O paciente morreu. A resposta dela para os colegas foi: “Sou médica e cuido de pacientes. Se quisesse julgar as pessoas teria estudado Direito e feito concurso para juíza”. Uma pessoa assim não cabe dentro de um rótulo.

Mais de Eurípedes Alcântara
Mais uma crise na espaçonave Terra
Nazismo sem chance aqui
Trilhões para a sustentabilidade

“Nós pensamos que somos ótimos juízes do que os outros estão pensando. Não somos. De fato, somos péssimos nisso”, diz Scott Adams, criador do Dilbert, o famosopersonagem de tiras sempre confinado em um cubículo — no Brasil sai em edições de bolso da editora L&PM. Adams acaba de publicar um novo livro nos Estados Unidos com o título intraduzível “Loserthink”, expressão criada pela união das palavras loser (perdedor) e think (pensar) para definir o modo irracional de leitura de caráter desses tempos de politização turbinada.

Scott diz que 90% das críticas que recebe de pessoas estranhas embutem alguma forma de adivinhação do como ele deve estar pensando. “Uma rápida verificação do meu feed do Twitter mostra um estranho dizendo que sou defensor da mentira, outro tem certeza de que apoio neonazistas, um terceiro diz que só quero ‘vender livro’ e, mais adiante, um quarto assevera que apoio o Trump, seja qual for a fala ou atitude dele. Bem, nenhuma dessas afirmações é verdadeira. Elas são fruto de estranhos acreditando que podem enxergar além das minhas palavras reais para adivinhar meus pensamentos secretos.”

De uma maneira ainda mais direta, o professor Claudio de Moura Castro explicou há pouco tempo o mesmo fenômeno: “O analfabeto emocional é aquele que sabe ler, mas é presa das emoções para entender o texto. Em vez de usar a razão, faz leitura ‘criativa’, embalada pelo sentimento e pela paixão. Decifra o texto por via de uma reação pura e espontânea, ignorando os estreitamentos de significado imposto pelo sentido rigoroso das palavras escritas.” Concordo. Se sua opinião depende da ilusão de ser capaz de adivinhar os pensamentos e os sentimentos mais profundos de um estranho, são enormes as chances de estar errado.

(*) Essa ironia em torno da expressão “no tempo que os bichos falavam” deve me atrair diversos rótulos. Talvez tivesse sido mais seguro ter escrito “no tempo que os homens podiam falar bobagens à vontade”.

Fonte: “O Globo”, 8/2/2020

Artigo de Opinião - Deixe o ódio para quem tem


O GLOBO - 08/02/2020
ANDRÉA PACHÁ 


Para impedir que alunos tenham acesso a obras de “conteúdo inadequado”, como Machado de Assis e Euclides da Cunha, a Secretaria de Educação de Rondônia mandou recolher 43 livros das escolas. Descoberto o plano arbitrário, as autoridades classificaram a notícia como fake news, e apenas recuaram quando confrontadas com os documentos, cuja existência se pretendia esconder.
Esse é apenas um, dentre inúmeros exemplos dos pesadelos diários a que somos submetidos. Anúncios ilegais, ainda que seguidos de recuos estratégicos, provocações desnecessárias, xingamentos, desqualificações, confusão permanente entre público e privado, entre governo e Estado passaram a integrar o cardápio da nova política, dificultando o controle institucional, e deixando os cidadãos exaustos e indignados, sem saber como reagir diante de tanta grosseria, falta de informação, preconceito e disseminação do ódio como linguagem.

A polarização, que se imaginava superada após as eleições, é cada vez mais estimulada, levando a rompimentos familiares e afetivos, ao esgarçamento da credibilidade nas instituições, à desconfiança e ao medo. Vez ou outra nos surpreendemos, respondendo à intolerância com mais intolerância, reproduzindo a linguagem que abominamos e que, lamentavelmente, nos contamina e se impõe.

É possível acreditar que vivíamos contidos, e que nunca fomos verdadeiramente solidários, gentis ou dóceis. As comportas da violência escancaradas apenas revelaram nossa real e truculenta dimensão. Ou —o que parece mais razoável — é fundamental indagar como a disseminação do ódio, do medo e a utilização de algoritmos estão sendo manipulados politicamente, impactando as relações sociais e alterando profundamente a forma com que nos comunicamos, e nos organizamos na vida em grupo.

Exatamente por recusar a ideia de que somos todos fascistas, corruptos ou cruéis, de que não podemos confiar em ninguém, até mesmo nas pessoas com quem convivemos ao longo de toda a existência, e pela percepção da escalada da comunicação agressiva, que não se restringe mais ao ambiente virtual, é importante compreender como a política se apropriou dos dados das redes, para turbinar confrontos, ódio e legitimar lideranças extremadas e populistas, pelo controle direto dos desejos e comportamentos.

É o que demonstra Giuliano Da Empoli, ex-secretário de Cultura de Florença, no livro “Os engenheiros do caos”, publicado pela Editora Vestígio. A estratégia do populismo, segundo ele, é sustentar nas redes sociais quaisquer posições, por mais absurdas que pareçam, de modo a que sejam interceptadas as aspirações e principalmente os medos dos eleitores. Quanto mais grotesco, grosseiro, ridículo, maior o potencial de se cacifar nessa nova política, que ainda não compreendemos, mas cuja existência e avanço são irreversíveis.

O fenômeno mundial, que ameaça a democracia — tal como a concebemos até aqui — reproduzido também no Brasil, tem nos levado ao adoecimento. As ferramentas da linguagem racional, que aprendemos a utilizar ao longo do processo civilizatório, são insuficientes para enfrentar o mal-estar causado pelo ambiente virtual, e pelo uso deliberado da instabilidade provocada pelo medo. O ódio, como método, vulnerabiliza todos os direitos fundamentais e garantias sociais.

Roland Barthes, escritor francês, que seguramente integraria a lista dos “autores inadequados”, definiu a linguagem amorosa como uma pele. “Esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos na ponta das palavras. Minha linguagem treme de desejo”, dizia ele, numa ode à delicadeza. Embora pareça inglório lutar contra os deuses do ódio e fulminar seus métodos repulsivos, enquanto não compreendemos e não dominamos a nova linguagem do caos, é fundamental, para a sobrevivência da liberdade e da democracia, exercitar a serenidade, irrigando, com a linguagem amorosa de Barthes, espaços da educação, da ciência e da justiça. É o convite que faço a todos.



sábado, 22 de fevereiro de 2020

Como surgiu a expressão " para inglês ver " ?


Com leis que eram oficializadas, mas não cumpridas nas ruas


“Não deve ter existido apenas uma origem para o surgimento dessa expressão”, diz John Schimitz, professor de Linguística Aplicada da Unicamp. Mas, segundo a maioria dos especialistas, a fonte mais provável data de 1831, quando o Governo Regencial do Brasil, atendendo as pressões da Inglaterra, promulgou, naquele ano, uma lei proibindo o tráfico negreiro – declarando assim livres os escravos que chegassem aqui e punindo severamente os importadores.

Mas, como o sentimento geral era de que a lei não seria cumprida, teria começado a circular na Câmara dos Deputados, nas casas e nas ruas, o comentário de que o ministro Feijó fizera uma lei só “para inglês ver”.

“E, de fato, foi isso que aconteceu”, diz Regina Horta, professora de História do Brasil-Império da Universidade Federal de Minas Gerais. “Apesar do esforço do governo inglês, que defendia o fim do tráfico por motivos que vão desde a pressão da opinião pública interna até seus interesses coloniais na África, a lei brasileira permaneceu como letra morta por mais de 20 anos.” Foi preciso esperar outra lei, promulgada pelo imperador Dom Pedro II, em 1852, para a proibição definitiva do tráfico.




domingo, 16 de fevereiro de 2020

Você sabia disso ? - Marchinhas de Carnaval


A marchinha, ou marcha, de Carnaval surgiu em 1899, com Chiquinha Gonzaga. Foi ela que compôs “Ô abre alas”, famosa marchinha que até hoje é cantada por foliões de todo o país.
A marchinha é um tip de música que tem uma cadência que lembra as músicas tocadas pelas fanfarras militares, daí o nome marcha. Era ao som das marchinhas que os brasileiros participavam dos folguedos de rua e de salão do Carnaval durante quase todo o século XX.
Antes disso, as trilhas sonoras do Carnaval eram as músicas europeias —que não tinham letra e cujo ritmo era bem diferente do que surgiu depois da canção de Chiquinha Gonzaga. A partir dela, mais compositores começaram a escrever marchinhas, como Donga, Mauro de Almeida, Ari BarrosoNoel RosaJoão de Barro (Braguinha), Lamartine Babo e muitos mais.
Para que os foliões ficassem afiados na letra das marchinhas, elas eram divulgadas pelas rádios já a partir de dezembro. Ainda não havia televisão e as pessoas se reuniam em torno do aparelho de rádio, ansiosas para ouvir os lançamentos para o próximo Carnaval. Aí então elas eram tocadas e cantadas nas ruas, pelos blocos e cordões, e nos bailes de salão.
O Carnaval de rua, dos blocos, reavivado nos últimos anos, principalmente no Rio de Janeiro, continua incentivando a composição de marchinhas, um gênero leve, humorado e satírico de comentar costumes, personagens e acontecimentos do dia a dia, do Brasil e do mundo.

    Artigo de Opinião - O guarda da esquina


    O guarda da esquina

    O caso é conhecido e já entrou para a história política brasileira. Em 13 de dezembro de 1968, o governo Costa e Silva decretou o Ato Institucional nº 5 e, na reunião ministerial, o único voto contrário foi do vice – presidente Pedro Aleixo, que alegou, premonitoriamente: “O problema de uma lei assim não o senhor, nem os que com o senhor governam o país. O problema é o guarda da esquina.
    O episódio da censura a livros em Rondônia é o típico caso de o guarda da esquina sentir – se autorizado a cometer abusos de autoridade, não mais pelo AI-5, revogado ainda na ditadura militar com Geisel, mas pelo exemplo do ministro da Educação e do próprio presidente Jair Bolsonaro.
    Não se pode dizer que há uma ordem direta deles para que atitudes desse tipo sejam tomadas, mas palavras do líder são levadas a sério pelos liderados mais afoitos ou com menos bom senso.
    A mesma coisa aconteceu com o meio ambiente. O ex – presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão, em pleno debate sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, disse que não tinha dúvidas de que foi a leniência do governo Bolsonaro com o desmatamento que fez com que ele crescesse no primeiro ano de governo. As críticas de Bolsonaro às ONGs que defendem a Amazônia também teriam dado respaldo aos grileiros que atuam na região.
    O “guarda” no momento na prefeitura do Rio, bispo Crivella, já censurou histórias em quadrinhos com beijo bay, alegadamente para proteger nossas crianças. Quando ainda era próximo politicamente do governo Bolsonaro, o “guarda” governador de São Paulo João Doria mandou recolher uma cartilha com material escolar de ciências para alunos do 8º anos do ensino fundamental da rede estadual.
    A cartilha travada de conceitos de sexo biológico, identidade de gênero e orientação sexual. Também trazia orientações sobre gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. As duas decisões foram revogadas pela Justiça.
                O “guarda” no governo de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL), ex – chefe do Centro de Inteligência da PM do Estado e ex – secretário de Educação de Porto Velho, mandou recolher dezenas de livros das bibliotecas das escolas públicas, entre eles clássicos da literatura brasileira como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, “Os Sertões” de Euclides da Cunha, e “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
    Também estava querendo proteger nossas crianças e adolescentes de “conteúdos inadequados”. Alegadamente, a decisão foi tomada por um técnico sem a autorização do secretário de Educação, Suamy Lacerda de Abreu. O memorando incluía 43 livros de autores brasileiros e estrangeiros, que deveriam ser devolvidos pelas escolas ao Núcleo do Livro Didático da Secretaria estadual da Educação.
    A medida, como não poderia deixar de ser, provocou protestos de instituições regionais, como a OAB de Rondônia , e nacionais, como a Academia Brasileira de Letras (ABL), que tem como missão a defesa da cultura nacional. Eis a nota:
    “A Academia Brasileira de Letras vem manifestar publicamente seu repúdio à censura que atinge, uma vez mais, a literatura e as artes. Trata – se de gesto deplorável, que desrespeita a Constituição de 1988, ignora a autonomia da obra de arte e a liberdade de expressão.
     A ABL não admite o ódio à cultura, o preconceito, o autoritarismo e a autossuficiência que embasam a censura. É um despautério imaginar, em pleno século XXI, a retomada de um índice de livros proibidos. Esse descenso cultural traduz não apenas um anacronismo primário, mas um sintoma de não pequena gravidade, diante da qual não faltará a ação consciente da cidadania e das autoridades constituídas”.
    São tantas as críticas do governo, e do próprio Bolsonaro, à cultura, são tantas as referências ao que denominam esquerdização na literatura, no cinema, no teatro, tantas denúncias de supostas imoralidades, que os guardas da esquina estão se sentindo empoderados pelos novos tempos.

    Merval Pereira / Jornal O Globo 



    Aspectos Culturais da Região Nordeste

    A Região Nordeste do território brasileiro é composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. 

    Apresenta grande pluralidade cultural, com elementos diversificados, por esse motivo serão abordados alguns elementos que integram a cultura da região.

    O carnaval é o evento popular mais famoso do Nordeste, especialmente em Salvador, Olinda e Recife. Também as festas juninas de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) se destacam. Os festejos de bumba meu boi são tradicionais em todos estados nordestinos.


    Bumba Meu boi - 

    Bumba meu Boi é um festejo que apresenta um pequeno drama. O dono do boi, um homem branco, presencia um homem negro roubando o seu animal para alimentar a esposa grávida que estava com vontade de comer língua de boi. Matam o boi, mas depois é preciso ressuscitá-lo.

    A Capoeira - 

    A capoeira foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos, é considerada uma modalidade de luta e também de dança. Adquiriu adeptos rapidamente nos estados nordestinos, principalmente na Bahia e Pernambuco. O instrumento utilizado durante as apresentações de capoeira é o berimbau, que é constituído de arco, cabaça cortada, caxixi (cestinha com sementes), vareta e dobrão (moeda).

    O Reisado - 

    O Reisado é uma manifestação cultural trazida pelos colonizadores portugueses. É um espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cujo palco é a praça pública, a rua. No Nordeste, a partir do dia 24 de dezembro, saem os vários Reisados, cada bairro com o seu, cantando e dançando. Os participantes dos Reisados acreditam ser continuadores dos Reis Magos que vieram do Oriente para visitar o Menino Jesus, em Belém.

    O Coco - 

    O coco é um estilo de dança muito praticado nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A dança é uma expressão do desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro; além disso, foi a dança preferida dos cangaceiros; Lampião e outros cangaceiros dançavam nas horas de descanso e distração.

    O frevo - 

    O frevo surgiu através da capoeira, pois o capoeirista sai dançando o frevo à frente dos cordões, das bandas de música, executando passos semelhantes ao da capoeira. É uma dança de alucinação coletiva, do carnaval pernambucano, é praticado em salões e nas ruas.


    Frevo em Pernambuco - 

    Terno de Zabumba é um conjunto musical típico do Nordeste, que alegra sempre as festas. O Terno de Zabumba exerce função profana e religiosa. Tocam as “salvas”, nas rezas e novenas. É conhecido também pelos nomes de Terno de Música, Esquenta Mulher, Cabaçal e Banda de Couro.

    O Maracatu - 

    O maracatu é originário de Recife (PE), surgiu durante as procissões em louvor a Nossa Senhora do Rosário dos Negros, que batiam o xangô (candomblé) o ano inteiro. O maracatu é um cortejo simples, inicialmente tinha um cunho altamente religioso, hoje é uma mistura de música primitiva e teatro.

    Marujada - 

    Marujada é um bailado popular muito antigo. Consiste na dramatização das lutas portuguesas, da tragédia que foi a conquista marítima.

    Quilombo - 

    Quilombo é um folguedo tradicional alagoano, tema puramente brasileiro, revivendo a época do Brasil Colônia. Dramatiza a fuga dos escravos, que foram buscar um local seguro para se esconder, na serra da Barriga, formando o Quilombo dos Palmares.

    Candomblé - 

    Candomblé consiste num culto de origem africana trazido pelos escravos negros, na época do Brasil colonial. Na Bahia esse culto é chamado de candomblé, em Pernambuco nomeia-se xangô, no Maranhão, tambor de menina. Atualmente o candomblé, em algumas regiões, está muito modificado em razão da influência dos brancos.

    Afoxê - 

    Afoxê é o sagrado participando do profano. É uma obrigação religiosa que os membros dos candomblés (de origem jeje-nagô) devem cumprir. É uma vertente do candomblé adequado ao carnaval. Inicia-se com um despacho para Exu, para que ele não interrompa as festividades carnavalescas, dão-lhe farofa de dendê com azeite.

    A Festa de Iemanjá - 

    A Festa de Iemanjá é um agradecimento à Rainha do Mar. A maior festa de Iemanjá ocorre na Bahia, no Rio Vermelho, dia 2 de fevereiro. Todas as pessoas que têm “obrigação” com a Rainha do Mar se dirigem para a praia. Nesse evento cultural há o encontro de todos os candomblés da Bahia. Levam flores e presentes, principalmente espelhos, pentes, joias e perfumes.

    Lavagem do Bonfim - 

    Lavagem do Bonfim é uma das maiores festas religiosas populares da Bahia. É realizada numa quinta feira de janeiro. Milhares de romeiros chegam ao Santuário do Senhor do Bonfim, na Bahia. Senhor do Bonfim é o Oxalá africano, existem também promessas católicas de “lavagens de igrejas”. Os fiéis lavam as escadarias da igreja com água e flores.



    Literatura de Cordel - 

    Literatura de Cordel é uma das manifestações culturais nordestinas, consiste na elaboração de pequenos livros contendo histórias escritas em prosa ou verso, os assuntos são os mais variados: desafios, histórias ligadas à religião, ritos ou cerimônias.

    Artesanato - 

    Outro elemento cultural de extrema importância no Nordeste são os artesanatos. A variedade de produtos artesanais na região é imensa, entre eles podemos destacar as redes tecidas, rendas, crivo, produtos de couro, cerâmica, madeira, entre outros.

    Culinária - 

    A culinária nordestina é bem diversificada e se destaca pelos temperos fortes e comidas apimentadas. Os pratos típicos são: carne de sol, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão verde, canjica, tapioca, peixes, frutos do mar, etc. Também são comuns as frutas ciriguela, umbu, buriti, cajá e macaúba.



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    FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Aspectos Culturais da Região Nordeste "; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos-culturais-regiao-nordeste.htm. Acesso em 16 de fevereiro de 2020.