segunda-feira, 9 de abril de 2018

Crônicas do Dia - Em 2018, caras? Sério ? - Martín Fernandez



Enquanto a Uefa arquiva caso de racismo contra jogador belga, em São Paulo ainda gritam ‘bicha’ nos tiros de meta do rival


Para a Uefa, a poderosa confederação europeia de futebol, acender fogos de artifício ou bloquear as escadas de um estádio são atos mais graves do que chamar um homem negro de macaco. É difícil chegar a outra conclusão depois de ler o mais recente relatório disciplinar da entidade, publicado nesta quinta-feira.

Crônicas do Dia - Fascistas sem limites

João Batista Damasceno, colunista do DIA - Divulgação


As ocorrências violentas contra a caravana do ex-presidente Lula somente têm precedente nos piores momentos da nossa história. Parcela da mídia corporativa minimiza as ocorrências. Mas, é grave. Quando trabalhadores rurais sem-terra fazem caminhadas com seus instrumentos de trabalho são tratados como grupo violento e armado e o assunto, noticiado ao lado de crimes. Mas, os senhores rurais e do "mercado de terra" obstruem as vias públicas com seus tratores e caminhonetes financiadas por crédito rural público, atiram objetos na caravana e são tratados como manifestantes. Uma senadora sulista parabenizou os vândalos e no dia seguinte a caravana foi alvejada por tiros.

Crônicas do Dia - A chama que não se apagará

Publicado em 31/03/2018 por O Globo
Também não consigo dormir há dias. Estou com Marielle atravessada nas minhas pálpebras. Estou com Marielle atravessada na minha garganta. Difícil ensaiar qualquer possibilidade de fala neste momento. As palavras de Galeano me acertam e traduzem, mesmo que infimamente, uma angústia imensa, com a qual não estou sabendo lidar. São muitos golpes de uma vez só. Virão mais outros pela frente, tenho certeza. Difícil seguir. Difícil manter a chama acesa, apesar de sabermos que temos de lutar para que ela não apague.

São muitas as narrativas e as especulações sobre as possíveis razões da execução da parlamentar Marielle Franco no dia 14 de março - se é que podemos pensar em admitir que haja motivos plausíveis que expliquem um crime bárbaro como o que testemunhamos. Vemo-nos diante de uma selvageria que nos tira o chão, nos golpeia na alma e nos deixa atônitos. Como decodificar a real mensagem desse crime hediondo? O que diz essa tragédia sobre o fato de que aconteceu no Rio de janeiro no contexto de enfrentamentos, por garantias de direitos, de parte da sociedade civil e alguns segmentos de alguns partidos políticos juntos aos três níveis de governo?

Nesse cenário de retrocessos e incertezas no sentido de para onde caminhamos, torna-se primordial um olhar sobre a sucessão de fatos que podem ser determinantes para o que estamos vivendo. Refiro-me, por exemplo, à irrefutável situação de que temos, no Estado do Rio, um governador que foi eleito em 2014, mas que, nos três anos de seu mandato, não conseguiu cumprir minimamente com as suas obrigações em dimensão alguma. O atraso no pagamento dos salários dos servidores é um dos fatos paradigmáticos que revelam o abandono que estamos vivendo. No quarto e último ano de sua gestão, fomos surpreendidos com uma intervenção do governo federal que, por meio de uma estratégia militar, retira a pasta da Segurança Pública e a entrega a um integrante das Forças Militares.

Olhando para esse cenário, não há como deixar de reconhecer que se criou uma situação de exceção em relação ao Rio e a outros estados brasileiros, suspendendo-se os papéis legítimos de instituições como a Secretaria de Segurança Pública e as Polícias Civil e Militar. Lembrando-se de que esses órgãos vêm sendo sucateados no contexto da crise política, financeira e ética do estado. Então, a pergunta que se impõe é: por que o governo federal não escolheu investir no fortalecimento dessas instâncias, já que há reconhecimento público sobre capital humano, profissional e inteligência, tanto na sociedade quanto de parte das polícias - que poderia ser mobilizado, caso a demanda fosse, de verdade, entender as possíveis formas de diminuir a taxa de letalidade e violências em que nos encontramos?

Nesse quadro de incertezas e desmandos, no qual não se tem claro o quão movediço é o chão que estamos pisando, temos, talvez, o elemento chave que pode ter favorecido o ato de covardia que atingiu Marielle: a impunidade e a falta de esclarecimentos e responsabilização de um número significativo dos homicídios no país têm gerado certa naturalização, no que tange à aceitação de confrontos bélicos como parte da realidade cotidiana. O valor da vida e o seu sentido inegociável deixaram, faz tempo, de ser a razão predominante para que cesse a lógica bélica que tem caracterizado as ações no campo da segurança no Rio.

Você sabia disso ?

Semana de Arte Moderna de 1922

Evento que marcou para sempre a literatura brasileira e as artes em geral, a Semana de Arte Moderna ajudou a divulgar e a solidificar os ideais modernistas.

Crônicas do Dia - Assassinos de Marielle

Certa lenda árabe diz que uma espécie de coruja invisível sai de dentro das pessoas assassinadas, para perseguir seus assassinos até que eles sejam condenados. O Brasil inteiro deseja que essas aves ajudem os investigadores a identificarem os bandidos que mataram Marielle e Anderson. Mas precisamos de outra ave que nos dê força para lutarmos contra os assassinos invisíveis, históricos, que não apertaram o gatilho, mas criaram as nefastas condições que levaram ao assassinato deles.

Crônicas do Dia - Perdendo a guerra - Zuenir Ventura

Neste fim de Semana Santa, é triste e preocupante constatar que a violência ampliou seu campo de ação e chegou à política. Ao mesmo tempo em que o ministro Edson Fachin, do STF, revelava que ele e sua família estão sofrendo ameaças, dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula no Paraná eram atingidos não mais por ovos e pedras, mas por balas dirigidas, não perdidas. É indispensável que o repúdio geral, inclusive dos opositores do líder petista, se transforme numa investigação que descubra os responsáveis. O alvo não foi atingido, mas a democracia sim.

Artigo de Opinião - Pobre plantinha tenra - Ana Maria Machado

Ainda que já seja um clichê, não deixa de ser exata a imagem de Otavio Mangabeira que compara a democracia a uma planta tenra que precisa ser regada e cuidada sempre, sob o risco de não sobreviver. Os acontecimentos recentes só vêm lhe dar razão. Exigem cuidados redobrados por parte de cada um de nós.