segunda-feira, 26 de setembro de 2016

6 sites para baixar livros gratuitamente e de forma legal

Quer ler mais sem "sentir dor no bolso"? Separamos sites incríveis que disponibilizam obras para download gratuito. Baixe e-books de forma legal, economize e viaje para lugares incríveis na frente do computador (ou do tablet, ou do reader):

É bom saber .....

Pedimos aos nossos leitores, através das redes sociais, recomendações de livros escritos por autores brasileiros. Mas livros especiais, que haviam mudado a vida das pessoas e que eles recomendavam. Confira aqui algumas das melhores indicações e veja a lista completa das recomendações no fim do post:

Você tem medo da polícia ?

Tua mãe já era", foi o que o adolescente ouviu de um dos policiais. Sua cabeça foi empurrada contra a janela da viatura para que ele a visse dentro do carro, machucada, mãos e pés algemados. No dia 8 de abril, na periferia de Ribeirão Preto, em São Paulo, o jovem de 14 anos presenciou o espancamento da mãe, Luana Barbosa dos Reis, por policiais militares. Cinco dias depois, ela morreria em decorrência de uma isquemia cerebral causada por traumatismo cranioencefálico.

Você sabia disso ? - Precisamos de um currículo que abranja a Humanidade - Antônio Nóvoa

RIO — Cooperação, aprendizado em conjunto, criação, Humanidade, alegria de viver. Palavras e expressões como estas apareceram ao longo da palestra do educador português António Nóvoa, professor e reitor honorário da Universidade de Lisboa, como direções para os novos rumos da educação. Em sua conferência no Educação 360, o sociólogo também disse que a escola deve oferecer uma visão ampla de mundo, o que não se consegue reduzindo a importância de artes, filosofia, sociologia e educação física no currículo.

Você sabia disso ? - 'O fim de um mundo não é o fim do mundo' - Michel Maffesoli

RIO — O sociológo francês Michel Maffesoli abriu o segundo dia do Educação 360, neste sábado, descrevendo uma era dos afetos. Na avaliação dele, a era moderna chegou ao fim em meados do século XX junto de seus paradigmas. O individualismo dá lugar à “pessoa plural”, à crença no presente sai de cena para a valorização do presente, e o racionalismo cai diante do sentimento. Esse é, para ele, o “espírito coletivo” da pós-modernidade. O encontro internacional que recebeu o professor da Universidade de Sorbonne é realizado pelos jornais O Globo e "Extra", em parceria com o Sesc. O evento, que acontece na Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, tem apoio da Coca-Cola Brasil, da TV Globo e do Canal Futura.

Você sabia disso ? Renato Russo - Tudo era para sempre

POR SILVIO ESSINGER 25/09/2016 



RIO – Líder da Legião Urbana — a maior banda de rock do Brasil, com mais de 20 milhões de discos vendidos e um memorável histórico de shows lotados —, Renato Manfredini Júnior morreu no dia 11 de outubro de 1996, vítima de complicações da Aids. Já era um mito. Agora, às vésperas dos 20 anos de sua morte, ele será celebrado com lançamentos, eventos e reedições que mostram que, desde 1996, Renato só fez crescer em notoriedade e adoração.

Você sabia disso ? - Brasil leva capoeira da paz a congoleses

Com a luta, cerca de quatro mil menores e jovens da República Democrática do Congo tentam superar violência e se reinserir na sociedade

POR CAROLINA JARDIM 18/09/2016 


RIO — Ao ritmo de berimbau e pandeiro, crianças e jovens da República Democrática do Congo tentam superar uma realidade de intensos conflitos armados, violações e vulnerabilidade. Elas se esquecem, pelo menos por um instante, da infância conturbada, dando espaço a sonhos e planos para o futuro. Desde que o projeto “Capoeira pela paz” desembarcou no segundo maior país da África, há três anos, cerca de quatro mil menores e jovens — de 6 a 25 anos — já foram apresentados à luta brasileira.

Idealizada pelo embaixador do Brasil na República Democrática do Congo, Paulo Uchôa, a iniciativa foi implementada primeiro em Goma, capital da província do Kivu do Norte (área mais violenta do país), para atender crianças desmobilizadas de grupos armados e em fase de reinserção na sociedade. Depois, a prática da capoeira se estendeu a outras localidades. Na capital, Kinshasa, o programa é destinado a menores de rua da periferia. E na região Norte, é aplicado para refugiados nos campos de Mole e Boyabu.

— Quando cheguei ao país, fui tomando conhecimento dos aspectos da realidade local e da situação das crianças. Busquei algum projeto que pudesse contribuir com a pacificação e a reintegração social — contou o embaixador, que praticou capoeira na adolescência. — Nos últimos 40 anos, a capoeira começou a ser abordada pela sua capacidade sociointerativa de promover inclusão e conter a violência. A atividade ajuda as crianças rejeitadas a superarem traumas e a tentarem encarar a ressocialização de maneira natural e suave.

Coordenador do projeto em Goma, o mestre de capoeira Flávio Saudade ressalta que a prática, utilizada como ferramenta social, também oferece a possibilidade de reconstrução da identidade e contribui para a formação humana.

— A criança entra em contato consigo mesma. Tentamos criar um círculo de interação e proteção com apoio da comunidade e das famílias. O objetivo é que elas se tornem multiplicadoras e possam espalhar a capoeira pelo país — destacou Flávio.

Natural de São Gonçalo, o mestre já havia trabalhado em favelas no Rio e no Haiti. Ele descreveu o drama enfrentado pelos capoeiristas congoleses aprendizes, a maioria vítima de violações e brutalidade. Rico em minerais, o país é palco da violenta disputa entre grupos rebeldes armados.

— Muitas das crianças foram raptadas, sofreram recrutamento forçado e tiveram suas escolas e vilas invadidas. A situação para as meninas é ainda pior, pois foram vítimas de abusos sexuais. Com a capoeira, elas aprendem a dominar suas emoções e a perdoar colegas que vieram de grupos armados rivais — complementou Flávio, que também coordenou o projeto "Gingado pela Paz" para haitianos em Porto Príncipe, da ONG Viva Rio.


Na roda, os capoeiristas congoleses demonstram familiaridade com a arte marcial, desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos. Eles relatam até mudanças de comportamento:

— A capoeira leva a raiva embora, tira o comportamento violento de mim. Antes, eu só queria lutar. Quando eu voltar para casa, vou ensinar aos meus irmãos mais novos. Meu sonho é me tornar professor de capoeira — relatou Aimé, de 17 anos, em um vídeo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Assim como Aimé, milhares de crianças foram sequestradas por grupos armados no país e atuam na linha de frente dos combates — estima-se que mais de três mil ainda estejam sob poder dos insurgentes. De acordo com o embaixador, a redução do comportamento violento dos capoeiristas foi atestada pelos próprios monitores.

— Os instrutores vêm observando uma melhora no comportamento. As crianças ficam mais estimuladas a retomar uma vida normal — acrescentou Uchôa.

Outro aspecto importante, segundo ele, é que o projeto tem ajudado a aliviar as tensões religiosas:

— Um dos problemas nos campos de refugiados são as diferenças religiosas. Cristãos e muçulmanos centro-africanos relatavam ter muito ressentimento. Com a capoeira, aprenderam que podem brincar juntos e se entender através da tolerância.



Além do Brasil, a iniciativa conseguiu apoio de diferentes entidades e países, incluindo Mônaco, Canadá e Suíça. É executada em parceria com o Unicef, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). Já foram mobilizados cerca de US$ 1,2 milhão — o Brasil destinou US$ 85 mil por meio do Unicef.

Em visita ao país, em fevereiro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegou a arriscar alguns passos de capoeira com as crianças desmobilizadas de grupos armados. O Unicef também usou o esporte brasileiro em campos de refugiados palestinos na Cisjordânia, na Síria e no Iraque. Segundo a organização, a atividade ajuda no bem-estar físico e psicológico dos jovens afetados pelos conflitos no Oriente Médio.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/brasil-leva-capoeira-da-paz-congoleses-20132537#ixzz4LMWMPzLU

domingo, 25 de setembro de 2016

Crônicas do Dia - Artista também é gente - Carlos Andreazza


Tão natural é que Chico integre a comitiva oficial dos golpeados no Senado quanto desonesto é que sua presença seja vendida como a própria representação da verdade

06/09/2016 
Carlos Andreazza, O Globo

Crônicas do Dia - Cuidado, meu bem, há perigo na esquina ... - Zélia Duncan

Na vida, a ficção é implacável e não valoriza um final feliz

Editorial de O Globo


Dentro da crise mais ampla da educação básica, a degradação da sua fase final, o ensino médio, é gritante há tempos. Algo assustador, porque os avanços que têm sido alcançados na parte inicial dos estudos terminam sendo perdidos à medida que o jovem se aproxima do ciclo médio. Os resultados do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente a 2015, confirmaram este cenário e mostraram, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o ensino médio, em estado terminal, caminha para a falência absoluta.

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Pelo terceiro ano consecutivo, a nota média do ciclo foi de 3,7, muito distante das metas. A estabelecida para 2015, por exemplo, era de 4,3. Há intenso debate sobre a crise do ensino básico e, em especial, o médio. Já era mesmo hora de agir, como fez o governo ao baixar ontem medida provisória com mudanças importantes a vigorar a partir do primeiro semestre do ano que vem, mesmo que exista um projeto de lei de reforma deste ensino, desde 2013, na Câmara. Divergências haverá, mas algo foi feito, dentro de alguma lógica.

Um termômetro desta crise é a evasão de alunos. Dados oficiais indicam que há no país 1,7 milhão de jovens, entre 15 e 17 anos, fora da escola, ou 16% desta faixa etária. É razoável admitir que isso se deve bastante à inadequação da escola aos adolescentes.

Pouco existe nela que atraia o aluno, e assim a tentação de ir logo para o mercado de trabalho — amplificada pelos problemas econômicos e sociais — se torna irresistível. Ou mesmo para nada fazer, engrossar a parcela dos “nem-nem” (nem estuda, nem trabalha).

O currículo mudará de forma radical: em vez de 13 disciplinas inamovíveis a serem estudadas em três anos, haverá, assim que o currículo único ficar pronto, matérias distribuídas por cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. Depois de cursar, no início do ciclo, disciplinas comuns, os jovens optarão sobre o que desejam estudar na fase restante dos três anos. Incluindo o chamado profissionalizante, algo sempre reclamado nos debates acerca de reformas educacionais.

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Com isso, deseja-se dar alternativas a quem já começa a pensar em seguir uma profissão. Não deixa de ser, em alguma medida, uma volta aos conceitos do “clássico” (ciência humanas) e do “científico” (exatas) em que se dividia o ensino médio. E que funcionou a contento. Ainda na linha da flexibilização, será permitido ao aluno acumular créditos, como no ensino superior, para facilitar a retomada dos estudos caso os interrompa ou os desacelere por algum motivo. Outra arma contra a evasão.

Ainda levará algum tempo para a digestão das mudanças, mas é positiva não apenas a preocupação em quebrar a rigidez do currículo, como também o aumento da carga horária, rumo ao ensino em tempo integral (sete horas de aulas). Tudo convergindo para a meta de se ter em 2024, neste regime, 25% dos matriculados e não apenas 6% como hoje.

Não é uma reforma fácil — nenhuma é —, até porque há a questão da quantidade e qualificação dos professores. Mas terá de ser iniciada. Sem ela estará de vez comprometida a aspiração de o Brasil ser um país desenvolvido, estágio só alcançado pela elevação do nível educacional de novas gerações. E o tempo para isso está se esgotando.




Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/tratamento-de-choque-para-ensino-medio-20162912#ixzz4LIrYIJih

Crônicas do dia - Estamos sem 'porquês' - Arnaldo Jabor



O Mal parece uma forma perversa de liberdade

Li outro dia uma frase aterrorizante que nos explica — hoje. Quando o escritor Primo Levi foi preso em Auschwitz, ele perguntou algo a um oficial do campo. O sujeito respondeu: “Hier ist kein Warum” (aqui não há o porquê). Estamos sem porquês.

Artigo de Opinião - Impeachment: forma e conteúdo

POR LISZT VIEIRA
 04/09/2016 


Prefeitos não são perfeitos 
“Oh! Que formosa aparência tem a falsidade”

(William Shakespeare)

A tradição bacharelesca do Brasil, herança colonial do patrimonialismo português, leva à hipervalorização da forma jurídica em detrimento do conteúdo. Daí a tese de que não houve golpe porque a forma legal foi respeitada. Fica em segundo plano a questão central: para haver impeachment, tem de haver crime de responsabilidade pessoal do presidente, o que não ocorreu.

É verdade que o segundo governo Dilma fracassou, e ela mostrou não ter as qualidades necessárias para a função que ocupava. Foi, no mínimo, conivente com a corrupção que assaltou a Petrobras e outras estatais para alimentar com propinas tecnocratas e políticos ligados à base de apoio do governo. O PMDB, agora no poder, sempre fez parte do governo, e muitos de seus dirigentes já foram acusados e até mesmo processados como corruptos. São inúmeros os exemplos, mas o caso mais emblemático é o do deputado Eduardo Cunha, um gênio na sua especialidade: a corrupção.

O país mergulhou em recessão; o PIB caiu; as contas públicas se desorganizaram; o desemprego se elevou a 11,6%, segundo o IBGE; a maioria da população passou a rejeitar o governo. Mas alta taxa de rejeição não é motivo para impeachment. Na França, até pouco tempo, o presidente François Hollande tinha 80% de rejeição, e ninguém falou em impeachment. O mesmo ocorreu anteriormente com o então presidente Bush nos EUA.

O processo de impeachment foi uma farsa, embrulhada num pacote jurídico, que configura um golpe parlamentar. O novo governo já ameaçou aumentar impostos e cortar direitos sociais. Nesse sentido, o grande alvo, além de Lula, são os direitos consagrados na Constituição de 88. É claro que muitas distorções devem ser corrigidas como, por exemplo, conceder pensões para filhas de militares e desembargadores. Mas o que se percebe no horizonte são as nuvens carregadas do economicismo típico do neoliberalismo que parece renascer das cinzas depois de seu fracasso histórico revelado na crise do fim de 2008.

O ciclo do governo do PT, encerrado agora, não pode ser visto como um processo retilíneo. A crise do capitalismo em 2008 é um divisor de águas, um verdadeiro ponto de inflexão. Antes, o Brasil se beneficiava dos altos preços das commodities que exportava, o que ajuda a explicar nos anos 2000, durante o governo Lula, o aumento da renda dos pobres e também dos ricos, bem como a redução da brutal desigualdade social no país. Depois de 2008, vem a queda nos preços das commodities e a recessão econômica. O governo Dilma afunda e começa a fazer o contrário do que havia prometido, cortejando a política do candidato derrotado na eleição.

Assim, a ruptura é menor do que parece. Afinal, o segundo governo Dilma já havia adotado medidas na direção de um ajuste que agora vai ser aplicado pelo ministro Meirelles, aquele mesmo indicado por Lula para ser ministro da Fazenda de Dilma.

Mas é o novo governo quem já simboliza uma política voltada primordialmente aos interesses do mercado, principalmente do capital financeiro. Assim, quem apoiou o impeachment avalizou o governo Temer e seu ajuste fiscal que pede sacrifícios apenas ao povo. E contribuiu para o esvaziamento político do processo de anulação da chapa Dilma/Temer no TSE, o que inviabiliza a possibilidade de eleições diretas ainda este ano, o único caminho para se obter um governo legítimo, objeto do respeito de todos, vencidos e vencedores.

Liszt Vieira é professor da PUC-Rio



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/impeachment-forma-conteudo-20048246#ixzz4LIn7fx8y 

Resenhando - Feridas abertas



Filme sobre escravização de crianças negras nos anos 1930 remete à permanência do racismo no Brasil
Eduardo Seabra

Crônicas do Dia - Papai Noel - Veríssimo

Foi golpe ou não foi golpe? Uma questão semântica. Teve cara de golpe, cheiro de golpe, penteado de golpe, mas há controvérsias

04/09/2016 

Você sabia disso ? - Saber é poder



Educação ocidental ajudou a subjugar os povos africanos colonizados pela Europa, mas tornou-se ferramenta para sua libertação
Marina de Mello e Souza

Artigo de Opinião - A necessidade de mudar o Sistema de Justiça - Wadih Damous


O dantesco espetáculo da apresentação da denúncia contra Lula é exemplo sintomático da perda de controle do MP

O DIA

Artigo de Opinião - A luta da pessoa com deficiência - Eugênio Cunha


A sociedade deveria seguir o exemplo da Paralimpíada, que não evidenciou as deficiências, mas as habilidades

O DIA

Artigo de Opinião - Discurso único e roubo do futuro


Nossa escola vai mal. Faltam a ela garantias elementares para seu desenvolvimento

O DIA

Artigo de Opinião - Você tem provas ? - Roberto Muylaert


Em vez de vergonha, despudor; em vez de se arrepender, vangloriar-se das conquistas

O DIA

Você sabia disso ? - Proibido Educar



Com o pretexto de evitar “doutrinação”, projeto de lei ameaça o ensino escolar e criminaliza a prática docente
Fernando de Araujo Penna

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Você sabia disso ? - A delação compensa



Todos os que fizeram seu dever aos olhos de Sergio Moro encaminham-se para a vida boa de tornozeleira eletrônica. Só Léo Pinheiro paga pelo silêncio
por Henrique Beirangê — publicado 13/07/2016

terça-feira, 20 de setembro de 2016

É sempre bom saber .....



De volta ao passado ?

Reportagem: Camilla Shaw*

O Governo decide, até o fim da semana que vem, se envia ao Congresso Nacional medida provisória referente à reforma do Ensino Médio, segundo informações do Ministro da Educação (MEC), Mendonça Filho. (fonte -  agenciabrasil) A partir do baixo resultado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), o ministro afirmou que a situação da última etapa da educação básica é crítica e prioridade no momento. A meta esperada para 2015 nas escolas públicas era de 4,3, porém o índice ficou em 3,7.

Você sabia disso ? - Mudanças no Ensino Médio estão chegando .....

BRASÍLIA E RIO - Diálogo entre disciplinas, espaço para regionalização, possibilidade de escolhas no ensino médio. Os objetivos explícitos na proposta de Base Nacional Comum Curricular (BNC), divulgada ontem pelo Ministério da Educação (MEC), são louváveis. Mas, de acordo com especialistas que analisaram o documento, ainda há muito trabalho a ser feito até se chegar à versão final do currículo que norteará o conteúdo de todo o ensino básico no país. Eles levantam diferentes fragilidades do rascunho, que, por exemplo, foi divulgado ainda sem o conteúdo referente à disciplina de História. A falta de clareza e a pouca atenção à alfabetização foram outras críticas levantadas, mas, em geral, reconhece-se a importância de um currículo nacional unificado.

Crônicas do Dia - A ladainha da Educação sem qualidade - Julio Furtado

O Ensino Médio aparece, mais uma vez, como o pior aluno da classe

O DIA
Foram divulgados os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) relativos a 2015. Mais uma vez, somente o Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) ‘passou de ano’. O Fundamental II (6º ao 9º) ficou reprovado por dois décimos, e o Ensino Médio, por seis décimos. Para chegar ao Ideb, o Ministério da Educação calcula a relação entre o rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e o desempenho em Português e Matemática na Prova Brasil, aplicada para crianças do 5º e 9º ano do Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio.

Crônicas do Dia - O ajuste moral - Ruth de Aquino

A palavra de ordem no Brasil de hoje, mais que ajuste fiscal, é  “ajuste moral”. Por isso o novo slogan nas redes sociais é #ForaLadrao, apartidário e impessoal. Ele abarca a todos. Não só aos ladrões de bilhões de reais ou dólares, mas aos vândalos de sonhos, ideais e convicções. Ladrões da inclusão social, das estatais, dos direitos a um voto limpo, ladrões da paz, da educação e da saúde. Os presidentes – a destituída e o entronado –, os governadores, os prefeitos, os senadores, os deputados, os vereadores, todos têm uma dívida moral gigantesca com o país. Algumas medidas são urgentes para começar a saldar essa dívida.

Charges


Artigo de Opinião - E viva Nelson Rodrigues - Nelson Vasconcelos

Quantas dessas informações abaixo você diria que são verdadeiras?

O DIA
A realidade está assustando “brasileiros de todos os brasis”. Por isso, vamos fazer um teste, a ver se você acredita em tudo o que lê.

Nunca é demais saber .....

Biografia de Machado de Assis



Esta pequena biografia do maior escritor brasileiro foi escrito por Alexei Bueno, poeta, editor, crítico, e incansável lutador na causa de literatura nacional, que gentilmente me permitiu postá-la aqui:

O ano de 1839, em que veio ao mundo Joaquim Maria Machado de Assis, marcava o fim da década mais conflagrada da história brasileira no século XIX, ao lado da futura primeira década republicana, a de 1890. O período entre a abdicação de D. Pedro I em 1831, em favor de seu filho e a Maioridade do mesmo, aos quinze anos de idade em 1840, ou seja, os nove anos da Regência, foi farto em revoluções, separatistas ou não, em diversos quadrantes do país, como a Rusga em Mato Grosso, a Cabanagem no Pará, a Balaiada no Maranhão, a Sabinada na Bahia, ou a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Toda essa instabilidade política só acabaria, de fato, na metade da década seguinte com o território nacional íntegro e pacificado pela espada de Caxias, a “vassoura do Império”.

Não saberemos nunca que ecos dessa situação nacional chegaram ao menino nascido na Corte. Machado de Assis, como é de conhecimento geral, foi homem de um sedentarismo notável, não sabemos se por índole se pelos problemas com a epilepsia ou por ambas as coisas. Em sua vida de 69 anos – idade provecta para os padrões do início do século XX – seu mais longo afastamento do Rio de Janeiro foi uma viagem a Minas Gerais em 1890, já cinquentão, na qual chegaria até Barbacena, à qual se acrescentam umas tantas estadas em Nova Friburgo e uma viagem a Barra do Piraí. Não é por acaso portanto, que em seu romance publicado no ano seguinte, Quincas Borba, o personagem Rubião aparece naquela cidade mineira. A verdade é que com algumas poucas exceções, o Simão Bacamarte de Itaguaí, em O alienista, o Rubião de Barbacena em Quincas Borba, a sua obra imensa toma como cenário o Rio de Janeiro onde viveu, microcosmo absoluto de sua comédia humana.

A importância ímpar e fulcral de Machado de Assis na literatura brasileira, aliada à sua extrema reserva, de toda vida, em fornecer quaisquer informações biográficas, deu ensejo a uma série de lendas ou simplesmente inexatidões a respeito de suas origens, que vale a pena comentar. Do pouco que sabemos, estes são os fatos incontestáveis. Em 1805 casam-se no Rio de Janeiro Francisco José de Assis e Inácia Maria Rosa, seus avós paternos. No ano seguinte nasce seu pai, Francisco José de Assis, que vem a ser batizado na igreja de N. S. do Rosário e São Benedito, então Sé da cidade, ainda existente, mas com todo o interior destruído por um incêndio no ano de 1967. Três anos depois, em 1809 – e agora precisamos atravessar boa parte do Atlântico para apanhar as pontas do tecido do destino, ainda não urdido pelas Moiras – casam-se em Ponta Delgada nos Açores, José e Ana Rosa, que daria à luz em 1812 Maria Machado da Câmara, futura mãe do escritor. Três anos mais tarde o casal José e Ana Rosa embarca para o Brasil com a filha e um seu irmão, seguindo uma onda de imigração açoriana muito incentivada por D. João VI, o Príncipe Regente que em fins deste mesmo ano de 1815 elevaria o Brasil a Reino Unido e seria coroado Rei no ano seguinte.

Com um grande salto no tempo chegamos a 1838, ano em que se casam, sempre no Rio de Janeiro, os pais de Machado de Assis. Ele era pintor e dourador – essa última uma atividade artesanal de certo grau de especialização – ela uma agregada na chácara da rica portuguesa D. Maria José de Mendonça Barroso, no Morro do Livramento, onde como toda a agregada, se dedicava a afazeres domésticos diversos. Tal chácara do Barroso era uma vasta propriedade com uma casa grande e diversas outras construções menores, que dominava o morro onde hoje se encontra uma imensa e feia antena de telecomunicações. Francisco José de Assis e Maria Machado da Câmara se casaram na capela da chácara, onde numa das casas de empregados, lhes nasceria o primeiro filho, o nosso Joaquim Maria Machado de Assis, no dia 21 de junho do ano seguinte. Na mesma capela seria ele batizado, tendo como madrinha a sua rica proprietária lusitana. Sua mãe adotara após o casamento, o nome de Maria Leopoldina Machado de Assis – provavelmente em homenagem à mãe de D. Pedro II, a Princesa Leopoldina.

A partir desse quadro, que inclui quase tudo de documental que sabemos, é preciso destruir duas lendas cada vez mais disseminadas e exageradas a respeito do escritor, a miséria extrema em que teria nascido, o baixíssimo nível cultural de seus pais e a sua dominante negritude, para usarmos a afortunada palavra criada por Léopold Senghor. Para dar exemplo do nível de difusão dessas lendas, registramos aqui que em 2008, ano do centenário de morte de Machado de Assis, pudemos ouvir afirmar-se publicamente que seria ele filho de uma lavadeira negra analfabeta.

O biógrafo Gondin da Fonseca, em que pese o seu caráter atrabiliário e o seu freudismo de pacotilha, conseguiu, sujando as mãos no pó dos arquivos eclesiásticos, encontrar a certidão de casamento dos pais de Machado, documento da maior importância na qual constatamos pela desenvolta assinatura de sua mãe, que se tratava de uma jovem perfeitamente alfabetizada. Seu pai, que como pintor e dourador não era um joão-ninguém sem qualificação, era pardo, filho de pardos e a sua mãe uma portuguesa açoriana branca. Tratava-se, portanto, de uma família comum do que poderíamos chamar talvez com certo anacronismo, de classe média baixa da época. Sua composição étnica era, igualmente, o que de mais comum poderíamos encontrar no período na cidade maciçamente portuguesa que era, e ainda continuou a ser por muito tempo o Rio de Janeiro, com uma população autóctone livre altamente miscigenada, após quase três séculos de escravidão. Vale a pena lembrar também que Francisco José era assinante do Almanaque Laemmert, ou seja, um homem que lia, ou que no mínimo, gostava de estar informado.

Machado de Assis, pelas fotografias da juventude – com destaque para a magnífica fotografia descoberta em 2008 pelo grande bibliófilo carioca Manoel Portinari Leão, em que aparece sentado de perfil, como se lesse um livro, aos 25 anos de idade, tirada por Insley Pacheco e divulgada primeiramente na exposição comemorativa da Academia Brasileira de Letras – era, fenotipicamente, um mulato claro com cabelos castanhos lisos a partir da testa e que se encaracolavam à medida que dela se afastavam. Tinha lábios grossos e um nariz de largura mediana. Tais dados, sem qualquer importância, são aqui registrados apenas como contestação da tendência espantosamente crescente da parte de movimentos racialistas brasileiros a representar o autor de Dom Casmurro como um africano puro – como o foi, por exemplo, o grande Cruz e Sousa – ou um negro retinto. Machado de Assis não se distinguia como mestiço, de inumeráveis membros da mais alta elite do Império, como Francisco Acaiaba Jê de Montezuma, o Visconde de Jequitinhonha, como Domingos Borges de Barros, o Barão de Pedra Branca – que José Bonifácio chamava de Barão de Pedra Parda – como Saldanha Marinho, Presidente das Províncias de São Paulo e Minas Gerais, ou como João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe, ideologicamente o maior escravocrata de seu tempo.

O que sempre nos parece ter sido posto de lado na caracterização do homem foi a imensa importância de Portugal e da colônia portuguesa do Rio para a sua formação. Há uma palavra – da qual não gostamos aliás – muito em voga, pertencimento, que nos parece, no entanto, servir ao caso. Vale a pena lembrar que o carioquíssimo Joaquim Maria Machado de Assis era filho, marido, afilhado e cunhado de portugueses, para não citar os seus inúmeros amigos lusitanos ou a sua precoce frequência do Real Gabinete Português de Leitura. Em homenagem a Camões, nas apoteóticas festas binacionais do seu tricentenário de morte em 1880, escreveu ele cinco sonetos dos quais quatro, belíssimos, foram depois integrados a seu grande livro de poemas Ocidentais, publicado nas Poesias completas em 1901, sem edição independente. Em 1885 no livro O Marquês de Pombal, editado em Lisboa para comemorar o centenário de morte do todo-poderoso ministro de D. José I – ocorrido de fato três anos antes – publicaria Machado A derradeira injúria, quatorze sonetos formalmente nunca repetidos, de uma qualidade excepcional. No já lembrado Ocidentais encontramos igualmente poemas em homenagem a dois escritores nascidos no Rio de Janeiro mas pertencentes às letras portuguesas, Antônio José da Silva, o Judeu, e Gonçalves Crespo. Parece-nos, portanto, que Machado, o escritor e o homem, sempre sentiu uma grande ligação com o lado materno de sua ascendência. O Rio de Janeiro de sua época, e isso até a sua velhice e ainda após a sua morte, era uma cidade de tal maneira portuguesa que deu ensejo à conhecida piada de Luís Edmundo, o grande cronista carioca, quando de sua primeira viagem à nossa antiga Metrópole. Interrogado sobre o que achara de Lisboa, teria respondido: “Igualzinha ao Rio de Janeiro, com menos pretos e menos portugueses.” Até a década de 1920, de fato, mais de 90% do comércio carioca pertencia à colônia, o que deu ensejo às violentas diatribes do jacobino e lusófobo Antônio Torres contra João do Rio – ambos mulatos como Machado – sendo este último conhecido defensor da mesma através de seu jornal A Pátria.

Da infância do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas não sabemos de quase nada, o que é notório. Em 1841 nasce-lhe uma irmã, Maria, que viria a morrer com quatro anos de idade em 1845, numa das muitas epidemias de varíola que avassalavam regularmente a cidade. A mesma epidemia levou-lhe também a madrinha, a Viúva Barroso do Morro do Livramento. As deploráveis condições sanitárias da cidade continuariam como tais até a radical campanha de Osvaldo Cruz no governo Rodrigues Alves, já no outro século. Em 1849, ano de seu décimo aniversário, o menino Joaquim Maria perde a mãe, tuberculosa, com 37 anos. Sucumbia ela à grande doença de sua época, para os que escapavam da febre amarela e da varíola. Cinco anos depois seu pai se casaria novamente com Maria Inês da Silva, sua madrasta pelo resto da adolescência, que parece ter-lhe tratado com muito carinho. Neste mesmo ano de 1849 nasciam Rui Barbosa e Joaquim Nabuco. Dois anos antes nascera Castro Alves. No ano seguinte, 1850, a Lei Eusébio de Queiroz extinguia oficialmente o tráfico de escravos da África para o Brasil. Das relações afetivas de Machado com essas personagens que povoaram seus primeiros anos, sua mãe, sua madrinha, seu pai, sua madrasta, não nos ficou, em sua obra gigantesca, um único depoimento. A afeição que sempre demonstrou por escrito pela esposa e por diversos amigos não lhe rendeu uma só linha descritiva em relação aos que o trouxeram ao mundo, embora tenha dedicado à memória da mãe as Crisálidas e um poema. No extremo oposto de um Gorki – apenas como exemplo – que transformou a sua avó materna numa das mais comovedoras figuras da literatura russa, Machado de Assis, o anti-memorialista, nos surge quase com um ser criado ex nihil, o que sempre muito acrescentou à aura misteriosa que cerca o início de sua vida.
No ano de 1854 ao que tudo indica, começa Machado a trabalhar na tipografia de Paula Brito no então largo do Rocio, a atual Praça Tiradentes, ponto de encontro de muitos escritores da época, à frente de todos o popularíssimo Laurindo Rabelo e entre eles o seu amigo da mesma idade Casimiro de Abreu. É em 3 de outubro de 1854, aos quinze anos portanto, que ele estréia na imprensa e nas letras, publicando no Periódico dos Pobres ― ao menos do que chegou até nós ― o seu primeiro poema, um bisonho soneto intitulado À Ilma. Sra. D.P.J.A. Tinha início a Guerra da Criméia, o grande assunto da época, cujos ecos encontraremos em Dom Casmurro.
De toda essa geração literária de meados do nosso século XIX, assim como daquela que a seguiu, será Machado de Assis para só falar dos grandes nomes, um dos maiores sobreviventes em matéria etária. Entre os poetas, Álvares de Azevedo morrerá aos 20 anos, Casimiro de Abreu aos 21, Junqueira Freire aos 23, Castro Alves aos 24, Fagundes Varela aos 32, Laurindo Rabelo aos 38, Gonçalves Dias com 41 anos. Dos grandes prosadores, Manuel Antônio de Almeida, seu amigo e protetor, morre num naufrágio aos 30 anos, seu muito amigo José de Alencar morrerá aos 48, apesar de imensa obra literária que produziu concomitantemente com a vida política, Aluísio de Azevedo aos 55, havendo abandonado as letras antes disso, quando conseguiu um emprego público como cônsul, Raul Pompéia suicidou-se aos 32 anos e Euclides da Cunha, para fechar a lista, é assassinado aos 43. São dados interessantes que demonstram como junto ao gênio evidente, a longevidade – para a época – atingida por Machado de Assis foi importante para a realização de sua obra monumental, e quanto a literatura brasileira deve ter perdido por mortes precoces e não apenas no século XIX.
Em 1855 passa Machado a colaborar regularmente na Marmota Fluminense, de Paula Brito. No ano seguinte é admitido como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional, exercendo o ofício até 1858, ano em que chega ao Rio de Janeiro o poeta português Faustino Xavier de Novais, do qual se tornará amigo, fato que terá primordial importância em seu destino. Sua carreira de homem de letras, vocação irresistível, se consolida em variados órgãos de imprensa. Em 1861 inaugura a sua bibliografia, publicando a comédia Desencantos e a tradução da sátira Queda que as mulheres têm para os tolos. No ano seguinte, grande amante do teatro que sempre foi, assume o cargo de censor teatral no Conservatório Dramático Brasileiro. De 1864 data a sua verdadeira estréia, com a publicação de Crisálidas. No mesmo ano morre seu pai e se inicia a Guerra da Tríplice Aliança, o maior conflito bélico das Américas ao lado da Guerra de Secessão americana, que dominará corações e mentes do país até o seu término. Dois anos mais tarde, com a morte no Porto da mãe de Faustino Xavier de Novais, sua irmã Carolina embarca para o Brasil. Em visita ao poeta, que apresentava distúrbios mentais – lembremos que a loucura será sempre um dos temas de eleição da obra de Machado – conhece a irmã do amigo, que se tornará a figura central de seu introspectivo mundo afetivo. Tratava-se de uma bonita mulher – é preciso ver as suas fotos da juventude, não as da velhice, muito mais divulgadas – cinco anos mais velha do que ele. No ano seguinte, em correspondência aberta com José de Alencar apresenta ao público o jovem poeta Antônio de Castro Alves, cuja genialidade escandalosa começava a extrapolar as fronteiras da sua Bahia natal. Em 1869 morre Faustino Xavier de Novais, no dia 16 de agosto. A 12 de novembro, Joaquim Maria se casa com Carolina Augusta Xavier de Novais, na capela particular da casa do Conde de São Mamede no Cosme Velho. Será num dos cinco chalés para aluguel pertencentes à mesma família do Conde de São Mamede, muito amiga do escritor, que anos depois o casal Machado e Carolina encontrará seu pouso definitivo. Em 1870 acaba a Guerra do Paraguai. É o ano em que Machado publica seu segundo livro de poemas, Falenas, e em que Castro Alves, que morrerá no ano seguinte, publica Espumas flutuantes. Nesse ano de 1871 a escravidão no Brasil parece se aproximar de seu fim, com a aprovação da Lei do Ventre Livre em 28 de setembro, graças aos esforços ingentes do Visconde do Rio Branco, mas ainda 17 anos se passarão até que ela acabe. Na França, após a vergonhosa derrota para a Prússia, explode a Comuna de Paris. Em 1872 Machado publica o seu primeiro romance, Ressurreição. No ano seguinte é nomeado, a 31 de dezembro, 1º oficial da 2ª seção da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, início de uma carreira de perfeito burocrata que o libertará da insegurança do mundo das letras e que exercerá brilhantemente até as vésperas de sua morte.
Em 1874 publica o seu segundo romance, A mão e a luva, e no ano seguinte o seu terceiro livro de poemas, Americanas, onde dará a sua colaboração tardia ao indianismo. É curioso notar que enquanto a ficção machadiana é, como dissemos, quase exclusivamente de ambiência carioca e quase inteiramente apolítica, em sua poesia o autor viajará por muitas épocas e lugares que nunca conheceu, assim como externará suas opiniões políticas e sociais de forma até arrebatada, em poemas como Epitáfio do México, Polônia, A cólera do Império ou o furioso Hino patriótico, composto durante a Questão Christie e reproduzido com partitura, em bela página litográfica de Heinrich Fleuiss.
Em 1876 publica seu terceiro romance, Helena, ao qual se seguirá, dois anos depois, Iaiá Garcia. Nesse ano de 1878 tira uma licença na repartição e a 27 de dezembro viaja, doente dos olhos e dos intestinos para Nova Friburgo, onde fica até março de 1879. É nessa viagem ao que tudo indica, que concebe e começa a escrever Memórias póstumas de Brás Cubas, momento de completa ruptura estilística em sua obra, às vésperas dos quarenta anos e do nascimento do Machado de Assis da plena maturidade estética. Em 1880 é representada no teatro de D. Pedro II, a sua comédia Tu só, tu, puro amor…, por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões, às quais já nos referimos. Publica, na Revista Brasileira, as Memórias póstumas de Brás Cubas, a sua grande obra-prima enquanto romancista, na nossa opinião, entre os dias 15 de março e 15 de dezembro, obra que sairá em livro no ano seguinte.
Em 1882 publica Papéis avulsos, no qual começa a recolher em livro o inigualável conjunto de narrativas curtas que fazem dele o maior contista brasileiro. A este se seguirá dois anos depois Histórias sem data. Nesse ano de 1884 o casal Carolina e Machado se muda – após haver morado nas ruas dos Andradas, Santa Luzia, da Lapa, das Laranjeiras e na do Catete – para o já lembrado chalé da Rua Cosme Velho 18, onde viverão até a morte de ambos.
1885 assiste à morte de Victor Hugo, o gigante máximo das letras ocidentais, para o qual Machado então escreve o poema 1802-1885 que fará parte de Ocidentais. Nesse mesmo ano publica em A Estação o folhetim Casa Velha, que só sairá em livro em 1944 e que aqui reaparece em edição bilíngue. Alguns críticos tentaram ver algo de autobiográfico nestas páginas, sem maiores indícios comprobatórios.
Nos anos de 1888 e 1889 acontecem, consecutivamente, os dois fatos que alterarão de maneira irreversível o país e sua capital, a Lei Áurea e a proclamação da República, com o consequente exílio da família imperial. Machado, já numa posição única nas letras pátrias, assiste como testemunha discreta aos dois eventos. Em 1890 realiza em companhia de Carolina e da família do Barão de Vasconcelos, a convite dos diretores da Companhia Pastoril Mineira, a sua famosa viagem a Minas Gerais, visitando as cidades de Juiz de Fora, Barbacena e Sítio, atual Antônio Carlos, na qual oito anos depois morreria Cruz e Sousa, na mais completa miséria, aos 36 anos de idade.
1891 vê sair à luz do dia a segunda obra-prima romanesca de Machado, Quincas Borba. Sua velha madrasta, Maria Inês, morre aos setenta nos de idade e o escritor comparece a seu enterro acompanhado por Coelho Neto. Morre também o Imperador Pedro II no seu exílio em Paris. Cinco anos depois, em 1896, publica mais uma recolha de contos, Várias histórias, e é aclamado em 15 de dezembro para dirigir a primeira sessão preparatória da fundação da Academia Brasileira de Letras. O ano seguinte, no qual a instituição começa a funcionar de fato, é o ano da Guerra de Canudos, de inimagináveis consequências para a mentalidade nacional.
Em 1899 Machado de Assis publica a sua terceira e mais popular obra-prima no gênero do romance, Dom Casmurro e os contos de Páginas recolhidas. Em 1901 – ano em que morre a Rainha Vitória, vetusta soberana da maior potência da época, após mais de seis décadas de reinado – lança as Poesias completas, onde aparece o seu novo e maior livro de poemas, Ocidentais. 1902 vê o aparecimento de Os sertões, no qual Euclides da Cunha apresenta às elites de nossa Belle Époque positivista um outro Brasil insuspeitado, vivendo em pleno feudalismo, com uma mentalidade medieval e esquecido de todos.
Três anos depois em 1904, publica o romance Esaú e Jacó. A 20 de outubro morre Carolina, dias antes de completarem 35 anos de casados. Sua dor com a perda da esposa é intensa e duradoura. Ao publicar em 1906 os contos de Relíquias de casa velha, abre o livro com o célebre soneto A Carolina, de um andamento fortemente camoniano. Divide a sua velhice solitária entre a literatura, a repartição, a Academia e a correspondência com os amigos. Em 1908 publica seu último romance, o Memorial de Aires, onde o personagem título se apresenta como observador risonhamente indiferente aos acontecimentos e à passagem dos tempos. Entra a 1º de junho em licença do serviço público para tratamento de saúde. Na madrugada de 29 de setembro às 3h20m, morre em sua casa do Cosme Velho e é enterrado, segundo determinação sua e com grande acompanhamento, na sepultura de Carolina, o jazigo perpétuo 1359 no cemitério de São João Batista, à beira do qual Rui Barbosa, seu sucessor como presidente da Academia Brasileira de Letras, faz o discurso de despedida.

Toda a obra de ficção de Machado de Assis se passa, com raras exceções, como já dissemos, no Rio de Janeiro que viu escoarem-se as suas sete décadas de vida. A cidade, que conheceu como Corte, depois como Capital Federal, é o seu microcosmo, como a Paris de Balzac, a São Petersburgo de Gógol, a Londres de Charles Dickens, para citar uns poucos autores entre inúmeros. No Morro do Castelo – a acrópole quinhentista da cidade, estupidamente demolida em 1922 – só como exemplo, passa-se um episódio de Esaú e Jacó assim como o capítulo 75 de Memórias póstumas de Brás Cubas, onde, recontando as origens de Dona Plácida, aparece a Sé do Rio de Janeiro – cremos tratar-se da velha Sé, lá existente, e assim ainda nomeada muito depois de perder tal dignidade – , talvez o trecho da ficção machadiana que, na nossa opinião, melhor sintetize a sua visão schopenhaeuriana da realidade, da vida intrinsecamente como dor:

“Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: – Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: – Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia.”

No Caminho de Mata Cavalos – Rua do Riachuelo desde a vitória naval do mesmo nome em 1865 – “a mais carioca das ruas” no dizer do autor, erguem-se as casas contíguas de Bentinho e Capitu. É numa casinha da Gamboa que Brás Cubas, depois morador de uma chácara no Catumbi, monta o seu ninho de amor com Virgínia. A protagonista de A desejada das gentes habita a Glória, onde ficava aliás, o Clube Beethoven, muito frequentado pelo melômano Machado de Assis. É na Igreja do Carmo que Romão Pires, de Cantiga de esponsais, exercia suas funções como músico, a Igreja do Carmo na antiga Rua Direita – Primeiro de Março a partir do fim da Guerra do Paraguai – apesar de ele haver nascido no Valongo onde existiu o velho mercado de escravos, e habitar a Rua da Mãe dos Homens, do nome da igreja do mesmo nome, ainda existente, onde Tiradentes chegou a hospedar-se, a atual Rua da Alfândega. Defronte à Capela Real, bem ao lado da Igreja do Carmo na mesma Rua Direita, morreu a avó de Quincas Borba, atropelada por uma carruagem. No aristocrático Botafogo da época viviam Cristiano Palha e Sofia, que enfeitiçou o ingênuo Rubião de Quincas Borba. E assim por diante, numa enumeração que tão cedo não terminaria…

O Rio de Janeiro é, portanto, para Machado de Assis, o anfiteatro em que ele vê desfilar a dança macabra do egoísmo e da baixeza dos homens, a arena na qual se movem os espectros que horrorizaram o jovem príncipe Sidarta Gautama – antes de ele se tornar o iluminado, o desperto, o Buda – os espectros do sofrimento, da velhice, da doença e da morte, todos inerentes ao destino dos homens, aos quais poderíamos acrescentar um quinto, o mais dificilmente detectável, ainda que ubíquo, o da loucura.

Após sua morte, quase todos os traços físicos de Machado de Assis na sua cidade natal, na sua cidade de eleição, foram desaparecendo pouco a pouco. Da casa em que nasceu, casa de agregados da Quinta do Barroso, nada resta, como a própria chácara, e nem sabemos o ponto exato em que se erguia. Os prédios que abrigaram as repartições em que trabalhou foram todos demolidos. O chalé da Rua Cosme Velho, em que residiu por um quarto de século com Carolina e no qual escreveu grande parte de sua obra, foi posto abaixo no ano do seu centenário de nascimento, 1939, para dar lugar a uma mansão, demolida por sua vez no final na década de 1980 para que se levantasse um edifico de apartamentos com uma pizzaria no térreo, que lá está. Um ano após a sua morte no dia 29 de setembro de 1909, um grupo de acadêmicos inaugurou uma placa de mármore na fachada do chalé, capitaneados por Rui Barbosa, tendo Olavo Bilac proferido um discurso na ocasião. O chalé foi demolido mas a placa se conserva no Pátio dos Canhões, no Museu Histórico Nacional, numa grande ironia machadiana ou num retrato de um país em que se destroem as casas históricas e se conservam as suas respectivas placas comemorativas. O Silogeu Brasileiro, onde ele presidiu a Academia e onde foi velado, também foi posto abaixo. De todas as casas em que viveu, a da Rua da Lapa onde esteve com Carolina por uns poucos meses logo após o casamento, parece que ainda existe, salvo um erro na confrontação das numerações. Todas as outras desapareceram. A capela em que se casou nos fundos da casa do Conde de São Mamede no Cosme Velho, esta ainda existe, sem altar ou outro resquício de função religiosa, assim como a própria casa, onde ele ia jogar gamão quase todas as noites. Seu túmulo, finalmente, seu e de Carolina no Cemitério de São João Batista, o “leito derradeiro” do soneto, foi desmantelado no final da década de 1990. Suas cinzas – pouco mais do que isso resta de um corpo enterrado por noventa anos no úmido e ácido solo carioca – foram, juntamente com as de sua mulher, recolhidas ao Mausoléu dos Imortais no mesmo cemitério.

Seu espectro, este persevera por todos os recantos do velho Rio de Janeiro, um espectro a mais, a observar os outros cinco que enumeramos acima.

Há algo de muito louco e do mal no Brasil !!!!!

Existe algo de doentio no ódio contra Lula e o Partido dos Trabalhadores. Só alguém tomado por uma patologia muito severa para insinuar o envolvimento petista no afogamento de Domingos Montagner, como no post do Facebook que viralizou poucas horas após a confirmação da morte do ator.


Você sabia disso ?

Há dez anos atrás
ou
Há dez anos?

Na formação de expressões temporais, o verbo haver é impessoal e tem a acepção de passar-se, ter decorrido, ser decorrido: Há décadas não se usam tais trajes. Portanto, há redundância no acréscimo de atrás ou de qualquer outra palavra que denote tempo decorrido em tais expressões. Para evitar redundância, deve-se usar apenas há dez anos ou dez anos atrás.

As fragilidades do Bruxo do Cosme Velho

O “Bruxo do Cosme Velho” tinha um tabu: não admitia de forma alguma falar de suas frequentes crises de epilepsia. Sim, um dos maiores escritores em língua portuguesa, autor do célebre “Dom Casmurro”, fundador da Academia Brasileira de Letras, sim, ele mesmo, Joaquim Maria Machado de Assis, era epilético.

Machado de Assis e a epilepsia

Para biógrafos ortodoxos, Machado de Assis possuía uma saúde muito frágil; acredita-se que tenha nascido com epilepsia e gagueira, e que desenvolveu ao longo de sua vida problemas nervosos, cegueira, depressão, e que teriam se agravado de após o falecimento da esposa. As crises epilépticas teriam se iniciado na infância, tendo remissão na adolescência e recidivaram na terceira década, tornando-se mais frequentes nos últimos anos.

 Na imagem abaixo, vê-se Machado sendo acudido próximo ao Cais Pharoux, em 1º de setembro de 1907, fotografia tirada por Augusto Malta, embora haja dúvidas de que seja realmente o escritor.


Disfarçando a gagueira, conta-se que certa vez lhe notaram a dificuldade com que se expressava por conta das mordeduras na língua, ao que o escritor retrucou: "estas aftas, estas aftas..."Quanto à epilepsia, crê-se que não a contou nem mesmo para Carolina antes do casamento até acometê-lo uma crise generalizada tônico-clônica que desde criança prefigurava como "umas coisas esquisitas" que não haviam se repetido até o casamento. Crê-se que o autor não tivesse tido até então uma crise típica. Mesmo antes da morte de Carolina, em 1880 parcialmente perdeu a visão, tendo que ouvir a esposa ler-lhe textos de jornais ou livros.

Certos biógrafos dizem que ele não aludia sua enfermidade e nem lhe escrevia o nome, como em sua correspondência com o amigo Mário de Alencar: "O muito trabalhar destes últimos dias tem-me trazido alguns fenômenos nervosos..." Para alguns, a censura da palavra "epilepsia" lhe fez excluí-la das edições ulteriores de Memórias Póstumas de Brás Cubas, mas que deixaria escapar na edição primeira ao descrever o padecimento da personagem Virgília diante da morte do amante: Não digo que se carpisse; não digo que se deixasse rolar pelo chão, epiléptica..., que fora substituída por: Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa...

Praticamente todos seus biógrafos fizeram o diagnóstico de epilepsia: Lopes (1981) sugeriu a ocorrência, muito comum pelo menos na última fase da vida, de crises psicomotoras, provavelmente decorrentes de foco temporal e da ínsula, enquanto Guerreiro (1992), utilizando conceitos da epileptologia atual, assinalou que sofria alterações da consciência, automatismos e confusão pós-crítica. Ambos autores chegaram à conclusão que as crises eram provenientes do lobo temporal direito. Alguns indicam que um complexo de inferioridade acrescido de um grande introvertimento contribuíram para sua personalidade epileptóide. Segundo A. Botelho, "o epiléptico nem sempre está irritado, porém se mostra com frequência apático, deprimido e triste, com plena consciência de sua inferioridade social." A epilepsia seria, definitivamente, um fardo para Machado. Carlos de Laet presenciou o que seria uma de suas crises públicas e descreveu-a assim:

"Estava eu a conversar com alguém na Rua Gonçalves Dias, quando de nós se acercou o Machado e dirigiu-me palavras em que não percebi nexo. Encarei-o surpreso e achei-lhe desmudada a fisionomia. Sabendo que de tempos em tempos o salteavam incômodos nervosos, despedi-me do outro cavalheiro, dei o braço ao amigo enfermo, fi-lo tomar um cordial na mais próxima farmácia e só o deixei no bonde das Laranjeiras, quando o vi de todo restabelecido, a proibir-me que o acompanhasse até casa." — Carlos de Laet
Apesar dessas teses, críticos como Jean Michel Massa e Valentim Facioli afirmam que as enfermidades de Machado não passam de "mitos românticos". Para esse grupo, os biógrafos tendem a exagerar seus sofrimentos, o que seria fruto do "psicologismo que invadiu a crítica literária dos anos 30 e dos anos 40". Argumentam que na época muitos negros eram guindados ao Ministério e que o próprio Machado foi subindo socialmente, o que desvalidaria a tese de sentimento de inferioridade. Contudo, outros críticos conectam a saúde de Machado com sua obra. O conto "Verba Testamentária" de Papéis Avulsos descreve uma crise epiléptica ([...] tinha ocasiões de cambalear; outras de escorrer-lhe pelo canto da boca um fio quase imperceptível de espuma.), enquanto que em Quincas Borba um dos personagens percebe que andava à toa, vertiginoso (Deu por si na Praça da Constituição.) Memórias Póstumas de Brás Cubas conta em uma de suas linhas um problema nervoso em que o narrador vai andando conforme a perna lhe leva ([...] nenhum merecimento da ação me cabe, e sim às pernas que a fizeram), enquanto que no poema Suave Mari Magno há explicitamente o uso da palavra "convulsão": Arfava, espumava e ria,/ De um riso espúrio e bufão,/ Ventre e pernas sacudia,/ Na convulsão. Alguns notam que o Bentinho de Dom Casmurro, por ter se tornado uma pessoa fechada, taciturna, mal-humorada, podia sofrer de distimia,[204] enquanto que seu companheiro Escobar sofria de transtorno obsessivo-compulsivo e de tiques motores, com possível controle sobre eles. Em 1991, O Alienista foi visto como a primeira contribuição brasileira à anti-psiquiatria e a escrita de Machado, que faz inúmeras referências à problemas mentais de saúde, vista como uma extensão de seu "sentimento de inferioridade por ser mulato, de origem pobre, órfão, e epiléptico".

Acredita-se que Machado de Assis tenha consultado um homem da região, Dr. Miguel Couto, e este lhe indicou brometo. Parece que a droga ingerida foi ineficaz e que, causando efeitos indesejáveis, obrigou Machado a seguir o conselho de um dos amigos para descontinuar o tratamento e optar pela homeopatia. Em seus últimos dias, morreu com uma úlcera cancerosa na boca, provavelmente derivada de seus diversos tiques nervosos, e que lhe impedia de ingerir qualquer alimento sólido.


Você sabia disso ?

Memórias Póstumas de  Brás  Cubas foi  publicado por Machado de Assis  em 1881 é considerado  um dos  marcos  do  Realismo  brasileiro.  O protagonista, Brás Cubas, informa ao leitor que  narrará suas  memórias de  modo  pouco  habitual e apresenta-se: “[…] não sou  propriamente  um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a  campa foi outro  berço”. O que significa ser um “defunto autor”? Machado de  Assis exige  perspicácia de  seu  leitor e  brinca com a língua portuguesa ao apresentar este insólito personagem. O autor defunto é aquele que faleceu deixando  como   legado  toda a sua obra;  o defunto autor torna-se, na brincadeira machadiana, escritor depois  de  morto.

Como  bom narrador,  Brás Cubas  preocupa-se  com a  recepção de  sua   obra e escreve um prólogo  ao  leitor para dizer que é  uma “obra de finado”. 

O escritor Machado de Assis, no entanto,  deixa claro que Memórias talvez   não seja  bem recebido  pelos  leitores do  Romantismo e tampouco pelos adeptos do  Realismo  que  começava:
Escrevi-a com a  pena da galhofa e a tinta da  melancolia, e não é  difícil antever o  que poderá sair desse conúbio. Acresce que a  gente grave achará  no livro umas aparências de  puro romance, ao  passo que a gente  frívola não achará nele  seu  romance usual; ei-lo aí,  fica privado da estima dos graves e do amor dos  frívolos, que são as duas colunas máximas de opinião. […] Se te agradar, fino  leitor, pago-me da tarefa; se não   te agradar, pago-te com  um piparote, e adeus.

Em  2001,  foi   produzido   o   filme  homônimo  com  Petrônio Gontijo e Reginaldo  Farias no  papel principal.  No elenco estavam  também Marcos Caruso, Sônia  Braga, Walmor Chagas e  Otávio  Muller.  A direção era  de  André Klotzel.

Ficha técnica:
Tempo de duração:  102 min.
Gênero: comédia
Ano de lançamento: 2001
Estúdio: Europa  Filmes

http://conversadeportugues.com.br/2011/01/memorias-postumas-de-bras-cubas/

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Entrevista com Machado de Assis

Entrevista com Machado de Assis

São trechos de um programa de televisão em que Machado de Assis é entrevistado 50 anos depois de sua morte. Suas respostas são frases que ele mesmo escreveu em crônicas, contos ou romances.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Nos Tempos de Machado

A época de Machado de Assis


Além da fascinante autobiografia do autor-defunto, Memórias Póstumas pinta um interessante retrato do Rio de Janeiro do final do século XIX. 

Segundo reinado

Machado de Assis nasceu em 1839. No ano seguinte, começava o Segundo Reinado. Depois de ter sua maioridade antecipada, aos 14 anos, D. Pedro II era coroado imperador do Brasil. O Rio de Janeiro era a capital, além de principal centro urbano do País. Com ares cosmopolitas, a classe dominante da cidade tinha ambições de igualar-se às mais bem-educadas sociedades europeias. Durante os mais de 40 anos em que governou o País, o imperador tentaria conciliar os interesses dessa elite.


Cidade maravilhosa

Apesar da aparente pompa da elite, do ponto de vista humano e urbanístico o Rio de Janeiro no qual Machado de Assis viveu dificilmente poderia ser considerado uma cidade "maravilhosa". As ruas estreitas e as vielas sujas sofriam com a falta de iluminação e com a inexistência de rede de esgoto ou de um sistema de abastecimento de água. As casas de tijolo e alvenaria eram raras, e uma grande parte da população era obrigada a procurar moradia em cortiços e favelas, enquanto umas poucas famílias viviam em palacetes elegantes nas ruas de Botafogo e Laranjeiras. Entre os dois extremos – cortiços e palacetes –, uma classe média formada por pequenos assalariados, funcionários públicos, negociantes bem-sucedidos, médicos e integrantes das milícias construía suas casas nos subúrbios, expandindo os limites da cidade.


Crescimento desordenado

Esse crescimento desordenado agravava os problemas de planejamento urbano – ou da falta dele. Os transportes públicos eram raros e ainda funcionavam com tração animal – charretes ou carroças puxadas por um ou dois cavalos, quando não por braços humanos. Foi somente a partir de 1892 que alguns bondes, chamados "elétricos", começaram a circular na cidade, ligando o Flamengo e o Largo da Carioca. A principal atividade econômica, para a maioria da população, era o comércio. Vendia-se de tudo nas calçadas – leite, aves, frutas, legumes, sorvetes, miudezas. Essa imensa feira livre por toda a cidade e a inexistência de uma política de saneamento básico favoreciam o aparecimento de doenças. Febre amarela, varíola, cólera e peste bubônica eram algumas das graves doenças que ameaçavam a população, sobretudo no verão. Por isso, durante os meses mais quentes, as famílias mais ricas trocavam os perigos do Rio pelo ar mais saudável de Petrópolis.


Transformações rápidas

Se Machado de Assis nasceu às vésperas da coroação de D. Pedro, quando morreu o Brasil já não era o mesmo. Em 1888 foi declarada a abolição da escravatura e, no ano seguinte, a proclamação da República. A cidade do Rio também ganhava nova feição, com as medidas sanitárias impostas pelo médico Oswaldo Cruz, já no início do século XX, e obras urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos. Iniciava-se uma nova era para a capital
da República. 

Passeando pelo Rio de Janeiro com Machado de Assis



Machado de Assis detestava a estátua de Dom Pedro I, localizada na Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes. Ele dizia achar um absurdo homenagear um imperador que abandonou o Brasil para voltar para Portugal, deixando seu filho pequeno para governar o país. A estátua foi construída a mando de D. Pedro 




A Livraria Garnier, na Rua do Ouvidor, era um dos locais prediletos de Machado de Assis. Era lá o local de encontro com seus amigos e com o seu editor. O escritor também frequentava todo o entorno da Academia Brasileira de Letras. Para Daniela Name, idealizadora do aplicativo "O Rio de Machado", o romancista tinha um mapa do Centro na cabeça.





Machado foi morar no Cosme Velho porque adorava passear nas Paineiras. Outro ponto que ele frequentava era o Largo do Machado. A única coisa para a qual ele franzia a testa era a Matriz de Nossa Senhora da Glória. Machado dizia que arquitetura era tão horrorosa que as autoridades deveriam se envergonhar. Ele até abaixava a cabeça quando passava lá.







A Glória na época de Machado de Assis era um dos bairros mais nobres da cidade. Era lá onde ficavam as embaixadas. Em "Dom Casmurro", Bentinho e a Capitu moram no bairro e observam o mar da janela de sua casa. O Parque do Flamengo foi aterrado somente nos idos de 1960.







Importante destino de lazer do carioca no final do século XIX, a Praia do Flamengo correspondia à Copacabana do século XX. Mas, para Machado de Assis, a orla do bairro serviu de cenário para a morte de Escobar, amigo e antagonista de Bentinho em “Dom Casmurro”. O bairro também serviu de inspiração para "Memorial de Aires", o último livro dele.