Dezembro é um mês perigoso. Nele, surgem mágoas e, pior, famas que grudam na pele da gente. Já contei mil vezes: certa vez, no amigo secreto (ou oculto, como preferem os fluminenses), tirei um grande amigo. Comprei uma camisa em promoção. Ele adorou! Mas a camisa não serviu. Fiquei de trocar. Não trocavam. Eu estava sem grana e enrolei meses, embora ele reclamasse todo dia. Fiquei com fama de pão-duro. Pior, de enrolão. Era uma fama justa, mas quem deseja ter? Amigos secretos são armadilhas. As pessoas escrevem e fazem charme anonimamente. Estipula-se o valor do presente, mas ninguém espera, na real, ganhar coisa baratinha. Presentes têm uma aura de romantismo. Crianças raramente querem roupa, a não ser meninas starlets. Querem brinquedos ou gadgets eletrônicos. Adultos? Chatíssimo receber um CD que não tem a ver no amigo secreto do trabalho. E ainda sorrir por obrigação: