terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Artigo de Opinião - A PM é assassina de negros pobres


É urgente a desmilitarização da polícia

O DIA


Rio - A PM do Rio se transformou numa corporação assassina de jovens pobres e pretos. O episódio em que foram trucidados cinco rapazes, semana passada, não foi fato isolado. Foi a repetição do que vem acontecendo. O carro dos jovens recebeu mais de 50 tiros de fuzil. Foi transformado numa peneira. Suas imagens são peça de acusação contra os assassinos. Nem numa guerra seria aceitável.

Se o episódio acontecesse no Leblon, cairia a cúpula da polícia. Mas não. As vítimas foram pobres jovens e negros. Gente marcada para morrer. Vidas que, para a PM, são descartáveis. O mais grave é que episódios como este não são acidente. São fruto de uma filosofia assassina. A filosofia com que atua a PM do Rio.

Sempre fui cuidadoso ao tratar dos problemas da polícia. Nunca fiz carga contra as UPPs, mesmo quando o projeto começou a fazer água. Via nele um passo no sentido do policiamento comunitário, no lugar da política de confronto que vitima a população das favelas.

Aceito, inclusive, o uso de blindados pela polícia — claro que não da forma como é utilizado o famigerado Caveirão, que serve para intimidar moradores. Mas como instrumento para que, em determinadas circunstâncias, policiais avancem sem trocar tiros. Mas o quadro atual é inaceitável. E enquanto não for radicalmente modificada a filosofia de trabalho da PM, chacinas como essa vão continuar a acontecer. É preciso dar um basta nisso.

É urgente a desmilitarização da polícia. Ela existe para proteger as pessoas, mesmo que seu ramo responsável pelo policiamento ostensivo use uniforme, para ser identificada pelos cidadãos. Força militar é outra coisa. Serve para destruir um inimigo. E enquanto não vem a desmilitarização da PM, é preciso proibir o uso de armas de fogo em circunstâncias ou locais em que inocentes possam ser atingidos.

É preciso que o policial seja chamado a se explicar toda vez em que usa a arma de fogo, justificando cada tiro, como ocorre nos países civilizados. Por fim, é preciso ser dito algo. Ou o governador Pezão e o secretário Beltrame são coniventes com a atual política de extermínio de pretos jovens e pobres ou são incapazes de controlar a PM. Em qualquer dos casos estão despreparados para os cargos que ocupam.

Cid Benjamin é jornalista

No dia - José Henrique da Silva

No dia

No dia  em que se faz 54 anos
Está riscado
Que sem importar - se mais com perdas e danos
É pra se amanhecer do passado, alforriado.

Pois é  momento de pegar -se o remo da vida
Recarregar tua artilharia
E direcionar tua autobiografia,
Pois não adianta,
A história que de você irradia
E escreve
É sempre de tua autoria.

É dia de se reafirmar o que  acredito
Bendizer o que já foi dito,
E ter sonhos, desejos, anseios irrestritos.

É dia de muito agradecer o que estava sabiamente prescrito
Agradecer a força que recebo e transmito
Prostrar - me diante do que é bendito
Entender que para aqui estar inscrito,
Neste mundo de conflitos,
Mais do que nunca faz se necessário ritos.

José Henrique da Silva

19 de dezembro de 2015