Mariazinha começou um novo relacionamento, um namoro. No começo tudo eram flores. Palavras intensas de ternura, juras de amor, mensagens que hora lá ou hora cá são guiadas pela frase "Eu te amo" e às vezes ele, o namorado da Mariazinha, leva um belo e perfumado buquê de flores para presenteá-la . Entretanto, alguns meses, ou até dias depois, parece que tudo virou, o namorado começou a querer ter acesso às redes sociais de Mariazinha, ela acha que gostava tando dela que queria protegê-la. Depois, o namorado de Mariazinha começou a querer limitar suas redes de relacionamentos sociais afetivos. Até que em uma bela tarde de sol as palavras bonitas se tornam agressivas! E aqueles adjetivos que outrora demonstravam "amor", agora são substituídos por palavras duras, xingamento... e violência física. Quantas de nós, mulheres, conhecemos uma ou outras "Mariazinhas" ou já fomos a própria Mariazinha?
A ideia de um amor perfeito, de um relacionamento em que somos condicionadas ao "elo fraco", e que sempre precisa de proteção, nos induz erroneamente a pensar que um relacionamento abusivo, travestido de afeto, é uma "prova de amor". Mas amor não é posse!
O amor precisa ser livre até mesmo para se expressar de outras formas. As construções sócias afetivas, as quais fomos e somos gestados todos os dias, nos leva enxergar, a pensar e sentir que amor e o afeto só podem ser exercitados e construídos com um parceiro. Daí, a loucura pela saga de um "homem-amor" tece um véu que impossibilita enxergar as violências simbólicas, físicas e psicológicas.
(*Historiadora)
Nenhum comentário:
Postar um comentário