sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Crônicas do Dia - Perigo à vista

O ‘trumpismo’, que domina politicamente aquele país, aumenta nossas preocupações com as possíveis consequências de atos protecionistas e populistas

02/02/2017 
O DIA


Rio - O presidente Donald Trump assusta o mundo com seus decretos inconsequentes e seu extremismo. O ‘trumpismo’, que domina politicamente aquele país, aumenta nossas preocupações com as possíveis consequências de atos protecionistas e populistas.

Seu nacionalismo equivocado confunde a liberdade de mercado e sobrepuja a liberdade de trabalho, seja entre os nacionais ou imigrantes.

Preocupa-me uma ordem capitalista autoritária na qual imponha ao mundo um modelo único e dogmático de mercado. A memória ainda não esqueceu os piores momentos do fascismo, defendido por líderes que pregaram a xenofobia, a discriminação racial, o fundamentalismo político e religioso e a perseguição ao trabalhador migrante.

Afinal, a liberdade do mercado não deve exceder a liberdade do trabalho. Causam inquietação, ainda, as ameaças a países vizinhos, como o México, ignorando alianças históricas.

Ainda bem que a Justiça americana definiu a suspensão da ordem de Trump para deportar imigrantes. Reação e caos levaram os EUA a rever ato anti-imigração. O governo americano recuou em um ponto do decreto que impede a entrada no país de refugiados e de cidadãos de sete nações muçulmanas, diante de decisões judiciais contrárias à medida. Líderes de outros países, encabeçados pela alemã Angela Merkel e pela inglesa Theresa May, criticaram a iniciativa. 

Causa espanto uma ordem capitalista autoritária na qual, sem inimigo comunista totalitário à frente, imponha ao mundo um modelo único e dogmático de mercado. A soma de minhas esperanças políticas não me cega frente aos perigos da proliferação autoritária, fora de todo controle.

Uma superpotência não pode pôr em xeque a vontade mundial de criar instâncias de justiça, desenvolvimento e de respeito a todos os cidadãos. Em nome de uma suposta liderança mundial, culturas diferentes não podem ser satanizadas. No passado, o mal foi personificado pelos totalitarismos ascendentes: o fascismo italiano, o nacional-socialismo alemão, o militarismo japonês e o stanilismo russo.

De todos esses lamentáveis movimentos, quem saiu mais livre foram os Estados Unidos da América. O retrocesso político, que se vislumbra com Trump, não pode ameaçar a ordem mundial, nem desfigurar a imagem daquele país.

Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

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