sábado, 26 de março de 2016

Artigo de Opinião - Métricas da crise educacional - Carlos Alberto Rabaça

06/03/2016 

Crescimento econômico depende da qualidade da informação, e esta, da qualidade da educação

O DIA


Rio - A base da desigualdade social no Brasil é a exclusão do sistema educativo. A estabilidade política, as conquistas democráticas e o bem-estar econômico não se sustentam sem o acesso crescente do povo a escolas de boa qualidade. O crescimento econômico depende da qualidade da informação, e esta, da qualidade da educação. O que fazer, então, em tempos de crise econômica? Sabemos que estados e municípios têm que gastar 25% de suas receitas em Educação, e o governo federal, 18%.

Os recursos dos royalties do petróleo, infelizmente, não levaram a melhoria do ensino nas unidades municipais que mais se beneficiaram. A melhor explicação para isso é o desperdício de como os recursos educacionais são utilizados, sem métrica e responsabilidade. Muitas escolas, com dirigentes despreparados, não souberam dinamizar os recursos. Diretores desmotivados que não priorizaram investimentos nas primeiras séries, essenciais para o desenvolvimento de projetos voltados para formação sólida.

É necessário melhorar a efetividade dos professores e diretores. Desanimados, não têm como estimular o desempenho dos alunos. Faltam melhores condições salariais, treinamento, experiência administrativa. A interrupção de recursos, no entanto, pode ser boa oportunidade para que gestores ponham em prática programas focados na melhora do aprendizado. É na dificuldade que a boa gestão aparece.

A verdade é que necessitamos fortalecer a continuidade educacional, a cadeia de passos que impeça os dramáticos vazios que hoje se dão entre a Educação básica e a Educação para a tecnologia e a informática, áreas de grande interesse para a juventude. É necessário, porém, fortalecer o magistério.

Não é possível exigir do professor cada vez mais trabalho e responsabilidade, com salários cada vez mais minguados e instrumentos de trabalho mais escassos. Trata-se de determinar sua posição e suas funções precisas no processo educativo tanto no setor público quanto no privado, mas sujeitando-se ambos às necessidades sociais manifestadas e organizadas na sociedade.

A estabilidade democrática e o bem-estar econômico não se sustentam sem o acesso crescente à educação de qualidade. Sem esta, viveremos eternamente num subdesenvolvimento que nos humilha perante o mundo.

Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

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