quarta-feira, 11 de maio de 2016

Crônicas do Dia - Miss bumbum - Luis Fernando Veríssimo

Miss Bumbum
E como é feita a escolha da Miss Bumbum? Há uma votação democrática, é possível reverter a eleição por algum mecanismo legal ou extralegal?

01/05/2016 


Não é de duvidar que, como tudo hoje em dia, a questão acabe no Supremo Tribunal Federal. Os jornais têm chamado a esposa do atual ministro do Turismo Alessandro Teixeira, Milena Santos, de “ex-Miss Bumbum”, referindo-se a um título recebido por ela em Miami, em 2013. Nada de errado em ser “Miss Bumbum”.

A ex-modelo Milena é bonita, tem um corpo bonito e, a julgar pelas suas fotos publicadas, mereceu o título. Mas sabe-se pouco sobre o título. Ele é conferido todos os anos ou vale, por exemplo, por quatro anos ou mais?

Milena é realmente uma ex-Miss Bumbum ou uma Miss Bumbum em exercício, detentora legitima do título até que seja escolhida sua substituta? E como é feita a escolha da Miss Bumbum? Há uma votação democrática, é possível reverter a eleição por algum mecanismo legal ou extralegal?

Insistindo em chamar Milena de “ex-Miss Bumbum”, a imprensa não estaria se precipitando, temerariamente, inclusive desrespeitando a vontade dos eleitores do bumbum? Alguém pode ser “ex” antes do tempo? Eu gostaria de ouvir a opinião do Gilmar Mendes a respeito.

Noveleiro

Amigo meu dizia que seu sonho era pegar uma doença nada grave, mas que o obrigasse a ficar de repouso em casa. Ou então ser preso, também por nada muito grave, mas com a garantia de ter muito tempo ocioso. Tudo para poder terminar de ler o “Grande sertão: veredas”.

Não se brinca com a saúde, claro, e muito menos com o lamentável sistema carcerário brasileiro, mas entendi o que ele queria dizer. Uma questão de saúde tem me obrigado a ver mais televisão do que eu costumava — e o resultado é que virei noveleiro.

Eu já tentava ver tudo que o Luiz Fernando de Carvalho fazia, e não apenas por solidariedade de xará. O que ele está fazendo no “Velho Chico” ultrapassa tudo que já fez na TV — com a possível exceção de “Os Maias”.

Ele é incapaz de um enquadramento que não seja perfeito, e teve também o talento de escolher um elenco perfeito. Confesso que me atrapalhei um pouco no começo da história. Eu pensava que tudo se passava no século XIX, até que apareceu um Aero-Willys em cena. E vez que outra surge uma morena nova que ninguém sabe de onde saiu, mas é sempre bem-vinda. E até agora ninguém explicou o guarda-roupa do Antonio Fagundes. Mas fora isso, perfeição.

Depois vem o “Liberdade, liberdade”, um folhetim cativante feito com técnica de cinema, e com um cuidado incomum com cada detalhe. E, como no caso do “Velho Chico”, um elenco extraordinário. Dirigido por Vinícius Coimbra. E esse, de onde saiu?

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