domingo, 1 de janeiro de 2017

Crônicas do Dia - Vencendo preconceito e se tornando prefeito

Todo preconceito, seja de raça, classe social ou credo religioso, é um atraso evolutivo em pleno século 21


29/12/2016
O DIA
Rio - Todo preconceito, seja de raça, classe social ou credo religioso, é um atraso evolutivo em pleno século 21. No ano de 2016, durante a campanha do então senador Marcelo Crivella para a Prefeitura do Rio de Janeiro, foi revelada de forma bastante evidente a outra face do preconceito religioso: ser evangélico soou quase tão criminoso quanto estar envolvido em desvio de dinheiro público.

O fato de pertencer à Igreja Universal e almejar ser prefeito parecia, para algumas pessoas, uma fórmula perigosamente explosiva. Sem uma análise sobre a capacidade de administração pública do senador, ouviam-se por toda a cidade discursos de intolerância religiosa. Diziam que o município passaria a ser administrado pela Igreja Evangélica, que outras religiões seriam banidas, e o Carnaval, extinto, entre tantas outras acusações. Esse tipo de argumento assustou parte da população, que, temendo por suas religiões e festividades, passou a atacar com ferocidade e preconceito o candidato que assumia sua fé.

Ficou claro durante o processo que não são apenas as religiões de origem africana que sofrem o dissabor da intolerância religiosa no país. Crivella foi duramente julgado como fosse uma inquisição político-religiosa durante o primeiro turno.

Mas foi no subúrbio, onde os terreiros e as igrejas dividem frequência, que no segundo turno, pela primeira vez, se viu uma grande mobilização contra o preconceito, quando o povo pode ser visto nas urnas dançando ao som do samba da esperança e da tolerância. Mais que uma metáfora, o uso da palavra samba vem como referência ao nome de Nilcemar Nogueira para a Secretaria Municipal de Cultura, neta do saudoso Cartola: ela é a prova da luta do prefeito contra preconceito religioso para com a arte popular.

Sabemos que ainda há muito a fazer pelo respeito à fé sagrada de cada um, seja o candomblé, católico, budista, espírita ou evangélico, mas a eleição de Crivella já foi um primeiro passo dado para aprendermos a conviver com as diferenças.

Basta entender que a fé é a orientação divina capaz de nos tornar melhores ensinando a amar e respeitar o próximo com suas escolhas, sem quaisquer preconceitos. 


*Darla Andrade é poeta e escritor

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