quarta-feira, 8 de junho de 2016

Artigo de Opinião - A Educação contra a cultura da violência

Dados mostram que 11 jovens foram estupradas no Rio no mesmo dia em que a adolescente da Praça Seca foi violentada

O DIA
Rio - Estatísticas sobre crimes contra mulheres no Brasil comprovam o absurdo de realidade que precisa ser enfrentada. Entre 2009 e 2012, registros de estupro subiram 157 %. Dados agora levantados informam que 11 jovens, no Rio, foram estupradas no mesmo dia em que a adolescente da Praça Seca foi enganada, dopada, violentada e exposta com depreciação nas redes sociais. Tal violência contra a mulher caracteriza a cultura do estupro, que se manifesta na forma de cantadas de rua, assédios verbais e físicos, mas também se revela através de filmes, propagandas, novelas, piadas. Faz necessário analisar esses fatos no contexto da família.


As cifras reveladas nas estatísticas comprovam a crise familiar, uma vez que a essência da família abrange série infinita de elementos imponderáveis, de ordem moral, que desafiam medições cadastrais. O machismo que leva à violência é exemplo dessa triste realidade. Nessas condições, assumem importância as tentativas de reabilitação da família, encarada como entidade biológica, econômico-social, sociológica, civil, religiosa e moral. Não nos parece exagero afirmar que o conceito básico de família, onde se deve aprender princípios e valores, sofreu alterações bastante acentuadas.

Nesse sentido pode ser preponderante o papel exercido pela escola, com educação de boa qualidade não apenas informadora, mas formadora do caráter dos cidadãos. Tal agente de transformação poderia ajustar numerosos casos de laços maritais, uniões temporárias meramente consensuais e lares desagregados. A escola de formação de princípios, apoiada por ampla campanha de conscientização seria instrumento do ajustamento social de que precisamos.

A família é o manancial de vida, protótipo da sociedade, célula do Estado, escola de virtude, núcleo da economia, depositária da tradição, base natural do ajustamento humano. É o motor natural do desenvolvimento da pessoa e da sociedade. Parece-nos inimaginável a existência de coletividade organizada e respeitosa destituída desse fundamento orgânico. O confuso vácuo ideológico, que progressivamente se acentua, acompanhado do crescente impacto das doutrinas ultramaterialistas, agnósticas e subversivas, favorece o debilitamento da família e da educação.

Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

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