Crônicas do Dia - Intolerância em nome de Deus - Átila Nunes

Rio - A Lei 5,931, de 25 de março de 2011, é a maior conquista de todos os segmentos religiosos que sofrem preconceito. Ao elaborar o projeto que se tornou a lei que criou a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, não me fixei apenas nos segmentos religiosos. Essa delegacia especializada tem a finalidade de combater todos os crimes praticados contra pessoas, entidades ou patrimônios públicos ou privados, cuja motivação seja o preconceito ou a intolerância.

Caberá a essa delegacia especializada registrar, investigar, abrir inquérito e adotar os demais procedimentos policiais necessários, nos casos que envolvam violência ou discriminação contra as pessoas, objetivando a efetiva aplicação da legislação em vigor e assegurar os direitos de todos os cidadãos, independentemente de cor, raça ou credo religioso.

Esta lei é uma resposta aos casos de intolerância religiosa no Estado do Rio, casos que atingiram índices alarmantes nos últimos anos. Os ataques verbais tornaram-se ataques físicos. Não só religiosos têm sido alvo desse ódio irracional. Negros, homossexuais, idosos, obesos e refugiados têm sido ameaçados nas grandes capitais brasileiras.

A cada dia, cada vez mais consolida nossa convicção de que o preconceito é uma opinião não submetida à razão. O problema dos que acreditam serem os únicos a professar a religião verdadeira é supor acreditar no Deus certo, demonstrar sua crença da forma certa e apoiar uma estrutura certa de poder religioso.

Certezas que, segundo eles, teriam sido reveladas pela própria divindade, daí não poderem ser contestadas ou sequer discutidas. É lamentável que, em pleno terceiro milênio, as religiões, que em princípio deveriam servir para aperfeiçoar o ser humano, aproximando-o da divindade, têm sido responsáveis por manifestações acabadas de fanatismo.

Massacres, torturas, guerras, perseguições, intolerância e outras atitudes e práticas deploráveis têm testemunhado o que de pior o ser humano apresenta, e muitas vezes tais atrocidades são feitas em nome de Deus.

O Dia