A primeira grande escritora negra do país celebraria 103 anos em 2017.
“Eu vivo para o meu ideal”. Essa frase é da escritora Carolina Maria de Jesus e encaixa-se perfeitamente para descrevê-la. Natural de Sacramento (MG), Carolina amava as palavras e tinha certeza de quem era: mulher, preta e poetisa. Seu sonho e maior objetivo era ser publicada. Ela conseguiu. Foi publicada em português e outros 14 idiomas, em 40 países.
Catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, Carolina escreveu sobre suas vivências. A vida de catadora, as pessoas que moraram na favela, a fome, tristezas e, principalmente, a pobreza. Seu primeiro livro, Quarto de despejo, chegou a vender mil exemplares em um único dia. Um retumbante sucesso editorial e recorde para a época. Depois do bestseller, a autora produziu outras obras, mas sem igual sucesso. Entre elas, as publicações: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada, de 1961. Provérbios, e Pedaços da fome, de 1963. A última obra, Diário de Bitita: um Brasil para brasileiros, publicada primeiro na França pela Éditions Métailié, com o título de Journal de Bitita, só sairia no Brasil em 1986.
O dia do registro de nascimento de Carolina é o dia 14 de março. Mesma data de aniversário de Castro Alves e antigo Dia Nacional da Poesia no Brasil. No mês de seu aniversário, confira outras sete curiosidades sobre sua vida!
Alfabetização
Segundo a historiadora, Elena Pajaro Peres, Carolina frequentou a escola durante apenas dois anos em sua cidade natal. Foi no Colégio Allan Kardec, que ela foi alfabetizada e já adulta dedicava grande parte de seu amor a literatura à sua professora.
Vida de bamba
Carolina adorava o Carnaval e chegou a gravar um álbum com sambas e marchinhas. As músicas, apesar de raras, estão disponíveis online na Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (IMS).
Poetisa
Antes de conseguir publicar seus livros. Carolina bateu na porta de diversas redações e jornalistas para divulgar seus poemas e alguns foram publicados em duas reportagens na revista O Cruzeiro.
Atriz
Carolina atuou no documentário alemão: Favela: a vida na pobreza, protagonizado por ela mesma, mas impedido de passar no Brasil durante a ditadura militar, por apresentar a miséria da favela do Canindé. Localizado e restaurado pelo IMS na Alemanha, o filme foi exibido pela primeira vez no Brasil, no centenário de nascimento da escritora, em 14 de março de 2014 e pode ser assistido na sede do instituto.
Da oralidade para a escrita
Em Sacramento (MG), Carolina foi criada em uma comunidade de forte tradição oral. Seu interesse pela literatura é despertado primeiro pelo oficial de justiça, Manoel Nogueira, que todas as tardes lia para os negros que não sabiam ler, o jornal, poemas ou pensamentos.
A escrava Isaura
O primeiro romance lido por Carolina de Jesus foi A escrava Isaura, emprestado por uma vizinha de sua mãe e a partir daí começou a ler tudo que chegava ao seu alcance.
Literatura de movimento
Durante os anos em que Carolina vivia em São Paulo, a publicidade do governo para trazer novos imigrantes para a capital paulista era muito forte – a Nova York da América Latina. Mas pouco ou nada era dito sobre as recentes favelas instaladas na cidade. Carolina denunciou as condições de miséria, as quais vivia e a constante chegada de migrantes do campo fadados ao mesmo destino.
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