quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Delegada sobre 'Operação Gagliasso': 'Autora é menor e negra' Daniela Terra conversou com a imprensa após a polícia identificar autora de racismo contra Titi, filha de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank.



A titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), Daniela Terra, fez uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 21, para falar sobre a Operação Gagliasso, que identificou os suspeitos de praticar crime de racismo na internet contra Titi, de 3 anos, filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Os ataques rascistas aconteceram há pouco mais de um mês e os artistas prestaram queixa.

"Todas as pessoas suspeitas foram levadas para a delegacia e uma menor de 14 anos, moradora de uma comunidade de baixa renda e sem infraestrutura de Guarulhos (SP), confessou (o crime). Ela não se mostrou em nenhum momento arrependida, o que causou estranheza. Perguntamos qual cor ela achava que tinha e ela disse que era negra, que quis fazer isso. Outros suspeitos foram ouvidos, mas chegou-se a conclusão de que eles apenas dividiam a internet com a casa da jovem e não tinham relação com o caso", disse Daniela.

Menor que cometeu o crime é a mesma que atacou Gabi Amarantos na web


A delegada contou ter ficado surpresa porque a menor que foi identificada como autora dos posts tem parentes negros. "É uma família misturada e todos se dizem negros. É com surpresa e tristeza que vemos isso acontecer. É um passo para trás", afirmou a delegada, completando para a surpresa de muitos: "É a mesma menina que fez comentários racistas sobre a Gabi Amarantos". A adolescente vai responder por fato análogo à falsa identidade - por ter criado um perfil falso para fazer as ofensas - e ao crime de injúria por preconceito, qualificado pelo elemento raça, e será apresentada ao Ministério Público de São Paulo ainda nesta semana.

Michel Assef Filho, advogado que representa Bruno e Giovanna, contou que outros comentários racistas foram proferidos contra Titi, mas os artistas optaram por apagá-los. Ele explicou que Bruno não compareceu a coletiva pois já havia se manifestado em um post no Facebook na terça-feira, 20. "Ele publicou a nota para explicar a sensação dele. Todos nós ficamos felizes porque a autoridade policial trabalhou rápido e encontrou a responsável pelas ofensas. Essa foi a forma de eles encerrarem o assunto. O que eles tinham que fazer, fizeram. Agora o caso vai ser encaminhado ao juizado", afirmou.

Indenização e acordo: 'Ainda não foi decidido'

O advogado disse ainda que seus clientes não decidiram se vão ou não pedir uma indenização e que cogitam um acordo com os pais dos menores envolvidos. "É possível que se faça um acordo com os pais para prestar serviços comunitários. Isso ainda não foi decidido, eu que estou falando. Depois que se descobre que é um menor envolvido, os pais sempre respondem", falou.
A delegada Daniela Terra aproveitou para fazer um alerta: "Na maioria das vezes quem pratica esse tipo de crime é menor. Os pais deveriam ter maior fiscalização em cima dos filhos. As pessoas usam a internet achando que não vão ser identificadas por disporem de perfis fakes, mas nós conseguimos chegar a esses perfis e o crime deixa rastros sendo cometido ou não pela internet", garantiu.

Daniela explicou que a jovem não foi apreendida. "Porque não teve violência e nem grave ameaça. Ela vai ser levada ao Juizado da Infância e da Adolescência. Se ela fosse maior, seria diferente", explicou. A delegada-assistente Fernanda Fernandes acrescentou que a pena da menor serão medidas socioeducativas determinadas por um juiz.

Bruno Gagliasso faz desabafo

Bruno Gagliasso se manifestou em seu perfil no Facebook na noite de terça-feira, 20, sobre os suspeitos de praticarem o crime terem sido identificados. "Agradecemos a polícia por ter elucidado todo o caso da agressão a nossa filha. Temos consciência de que ela é apenas mais uma das milhares de pessoas vítimas de preconceito todos os dias nesse país, um país que também é vítima recorrentemente de falta de investimento em educação e de ações afirmativas contra o preconceito racial", escreveu o ator.
E ele não parou por aí: "Não podemos ser tolerantes com o preconceito. Preconceito é crime! Converse com seus pais, com seus filhos e na sala de aula, e, se for vítima de agressão, denuncie, não deixe passar. Temos que colocar luz sobre esse problema", completou Bruno, assinando também em nome de sua mulher, Giovanna Ewbank.


http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/12/delegada-faz-coletiva-para-falar-sobre-operacao-gagliasso.html


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