sábado, 27 de agosto de 2016

Texto Dissertativo Argumentativo - A Conclusão

A conclusão, ao contrário do que muitos pensam, não é lugar de simplesmente repetir o que já foi dito. Ela precisa ser um fechamento que acrescenta algo ao texto. Pode ser uma retomada da discussão, mas de uma forma inovadora, que não se limita a repetições. Pode também ser usada para fazer advertências, uma análise crítica do tema discutido ou, até mesmo, fazer sugestões, caso o tema trate de um problema social, por exemplo.

O que não deve estar na conclusão
Uma coisa precisa ser lembrada sempre: conclusão não é lugar para novos argumentos. Muito cuidado com isso! Os argumentos devem estar no desenvolvimento.


Outro erro muito comum é utilizar a conclusão para fazer ressalvas. Uma ressalva que não foi abordada durante o texto não pode aparecer na conclusão, pois ela seria um argumento novo. Se você quiser fazer alguma ressalva em um raciocínio, faça a ressalva no próprio desenvolvimento, utilizando os argumentos corretos. Uma conclusão não pode trazer surpresas para o leitor. A conclusão serve apenas para fazer um fechamento sobre tudo, uma lição que pode ser tirada sobre o assunto que você já defendeu. E é justamente nesse aspecto que ela traz algo novo ao texto. Vamos mostrar um exemplo para ficar mais claro:

Exemplo de uma boa conclusão
Observe a redação abaixo. Repare que a conclusão, nesse caso, deu uma sugestão sobre o que deve ser feito. Leia o texto com calma, o tema dessa redação era: “A amizade vivenciada de formas diferentes pelo homem”. O último parágrafo (conclusão) está grifado em verde.

O que significa uma amizade hoje

“O homem vem modificando a sua concepção sobre amizade com o passar do tempo, o que lhe permite experimentá-la de formas diferenciadas. Isso pode ser percebido ao se comparar as amizades vividas no passado, em menor número, mais profundas e duradouras, com as de hoje, em profusão, superficiais e meteóricas.

Não é preciso voltar muito no tempo para se ver como os relacionamentos eram tratados sob um ponto de vista bem distante do de hoje. Amigos eram pessoas em quem se podia confiar cegamente, para quem todos os segredos podiam ser contados, sem medo de se ter a confiança traída. A relação de amizade era estabelecida somente com aqueles com os quais se tinha uma convivência longa, motivo pelo qual ela era quase um laço de parentesco e, por isso, normalmente durava por muito tempo, quando não pela vida toda. Assim, até que alguém fosse considerado realmente um amigo, havia um período ao longo do qual a confiança e a admiração eram conquistados mutuamente.

Os casos de amizades verdadeiras estão em número reduzido atualmente. Com o passar do tempo, as relações, de um modo geral, passaram a sofrer modificações, por causa das próprias circunstâncias a que a sociedade veio sendo submetida. Essa realidade trouxe características novas inclusive para um dos sentimentos mais nobres do homem. Parece que as pessoas perderam muito da sua capacidade de discernimento quanto ao verdadeiro valor de uma amizade. Tanto é, que qualquer um que se conheça em meio a uma festa de fim de semana já é chamado de amigo no dia seguinte. Redes sociais como o Facebook, que simbolizam união, na verdade conferem desleixo sobre o que chamamos de amigo. Entre dezenas de contatos, quantos são plenamente confiáveis? Infelizmente, em alguns casos, inovações tecnológicas cooperam com a perda de significado de palavras valiosas.

Progredir e inovar estão, constantemente, no pensamento do cidadão moderno. Mais importante do que isso, porém, seria o homem reavaliar todos os seus valores, a fim de devolver à amizade o lugar que ela deve ocupar no âmbito das relações humanas.”

Observe como essa conclusão fez um fechamento para o texto, mas não apenas repetindo algo que já foi dito. Uma ideia nova foi colocada, manifestando um pensamento que já foi defendido no texto: a ideia de que a amizade é importante demais para ser banalizada. Esse é um exemplo de uma ótima conclusão.

Para ficar ainda mais claro, mostraremos outro exemplo de como fazer uma conclusão, dessa vez no texto sobre agressividade que já mostramos. Quando citamos aquele texto, estávamos preocupados com o desenvolvimento, por isso não colocamos a conclusão. Observe agora como aquele texto foi concluído:

Presente nos mais diversos campos de ação, a agressividade acompanha os passos do homem desde a sua existência, influenciando, diretamente, os seus atos. Esse comportamento, manifestando-se de várias maneiras, continua questionável, uma vez que suas consequências não agradam a todos.
A humanidade primitiva conseguiu se desenvolver à medida que o seu domínio sobre os instrumentos de combate aumentava. A sobrevivência do mais forte, ainda hoje, é uma realidade que define o destino da vida, fruto da competitividade que – aliás – sempre existiu. As atitudes agressivas, que garantiram a permanência da espécie humana, são utilizadas, atualmente, por pessoas que querem superar seus adversários a qualquer custo. Nicolau Maquiavel, com sua teoria, influenciou reinos e países a conseguirem o progresso. Evidentemente, existem controvérsias quanto a essa ideologia, dita por muitos como antiética, que – inclusive – é ensinada em cursos como os de administração de empresas, por exemplo.
Entende-se por agressividade qualquer ação que pretende danificar algo ou alguém. É compreensível, portanto, que a ela sejam atribuídas características negativas (solução imoral, recurso deplorável). Esse comportamento precisa ser evitado para que se obtenha uma personalidade pacífica e cortês (ideal para um relacionamento). Na política, por exemplo, é constante a violência verbal, às vezes também física, dos candidatos ao governo, fato que faz a população ter uma aversão a essas atitudes, consideradas falta de controle emocional de quem as pratica. Segundo estudiosos, o que ocasiona esse procedimento de “ataque” é a inconformidade com a situação. Intrigante, porém, é o fato de um comportamento hostil como esse ter o poder de fazer alguém atingir o sucesso. Afinal, ele é ruim até que ponto?
Em âmbito competitivo, agressividade é sinônimo de determinação, que ajuda as pessoas a alcançarem seus objetivos. As constantes manifestações com as quais o homem convive contribuem para a reprodução desse comportamento quando se toma como exemplo o retrospecto dos bem-sucedidos. Para trabalhar em uma empresa é preciso ter atitude, o que explica o fato de empresários contratarem indivíduos de caráter ofensivo quanto a negócios e comércios em geral. Em uma partida de xadrez, o jogador mais agressivo geralmente vence, pois obriga o adversário a permanecer na defensiva, restringindo – cada vez mais – as jogadas do oponente e posicionando-se para dar o esperado xeque-mate. Isso tudo prova que ambição e coragem de atacar são importantes, e talvez até essenciais, para a realização de metas e a superação de desafios.
Apesar das críticas e definições atribuídas à agressividade, ela não pode ser descartada da vivência humana, pois faz parte do caráter do homem. Cabe então à população saber empregar esse comportamento de maneira adequada, ajustando os fatores para, com ética, construir o seu futuro.
Repare mais uma vez que a conclusão não acrescentou nenhum argumento novo ao texto, ela apenas ressaltou os pontos mais fortes que já foram mencionados. Todas as frases dessa conclusão já foram defendidas, e a última frase trouxe uma lição que posse ser tirada desse assunto como um todo.

Como concluir um texto
Podemos resumir tudo o que foi ensinado nesse capítulo destacando a importância que há no desenvolvimento (e sua argumentação) na formação da conclusão. É dele que vai partir o raciocínio que vai formar a conclusão.

Quando você for concluir seu texto, responda pelo menos uma dessas perguntas sobre sua redação:

– Que lição pode ser tirada disso?

– Como resumir a solução para esse problema?

– O que merece ser destacado nesse raciocínio?

Elabore sua conclusão respondendo essas perguntas em relação ao seu texto e você terá uma boa conclusão.

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