terça-feira, 19 de julho de 2016

Você sabia disso ? - O simbolismo e os sabores da festa junina


Explorar as tradições e cozinhar pratos típicos da festividade é um modo de valorizar nossa cultura

BETTY KÖVESI E MARINA HERNANDEZ

Festa junina. Essas duas palavras nos levam ao mês de junho, ao frio, a pensar em fogueiras, bandeirinhas, quadrilha, barraquinhas com brincadeiras e, principalmente, nas gostosas comidas que ocupam uma parte central da festa. Mas qual a origem da festividade e seus tantos símbolos?


É sabido que os povos da Antiguidade comemoravam a época da fecundidade das terras e colheitas ao redor de fogueiras. Esse período do ano correspondia ao solstício, momento em que o Sol incide com maior intensidade sobre um dos dois hemisférios. Os solstícios ocorrem duas vezes ao ano: dezembro e junho.

Nas remotas comemorações de povos pagãos, as fogueiras eram acesas com o objetivo de afastar pestes, estiagens e outros males. Já na cultura cristã, a fogueira representa o meio utilizado por Isabel, prima de Maria (mãe de Jesus), para avisá-la em 24 de junho do nascimento de seu filho, João Batista, o São João.

As festas juninas são, portanto, em sua essência multiculturais. Em cada lugar do mundo comemora-se de forma diferente. Por influência da colonização portuguesa e católica (em Portugal, denominam-se Festas Joaninas), durante nossas festas juninas homenageamos santos como Santo Antônio, São Pedro e São João.


São João é o único santo da igreja católica cuja a comemoração se dá no dia do seu nascimento e não da sua morte. É o santo mais comemorado por todo o Brasil e atribui-se a ele as boas colheitas, as fogueiras e o estouro dos rojões que afastam os maus agouros.

O solstício comemorado em junho no nosso País é o de inverno e a época coincide com a colheita do milho em todo território, o que explica a forte presença do alimento nas comemorações de norte ao sul, seja assado, cozido ou em forma de pipoca, pamonha, curau, bolo e cuscuz. Amendoim e mandioca também são ingredientes presentes nos quitutes destas festas. Tudo com muito açúcar, lembrando nossa herança portuguesa. Canjica, arroz doce, paçoca, maçã do amor, pé de moleque, quentão e vinho quente também costumam estar presentes nas festas.

Por sua vez, as bandeirinhas coloridas simbolizam o costume antigo de homenagear os santos colocando bandeiras com suas imagens no alto de mastros. Os balões teriam a missão de levar as mensagens da terra aos céus. As danças juninas, segundo consta, são inspiradas nos bailes das cortes transpostos para as festas rurais em forma de quadrilhas.

Dependendo da região, a festa junina apresenta um caráter peculiar em consonância com a cultura local e a comida segue o mesmo caminho. Para citar preparos mais regionais, podemos falar em munguzá na região Norte, mané pelado no Nordeste, Centro Oeste e Sudeste e bolinho caipira e pinhão que têm forte presença no Sul.

Para entrar no clima junino, propomos a seguir uma oficina de cozinha na qual explora-se a descoberta de cada ingrediente e seus processos de transformação.

Ano do Ciclo: Educação Infantil e 1º a 5º anos do Ensino Fundamental
Áreas Envolvidas: História e Língua Portuguesa
Tempo de Duração: variável em função da receita selecionada
Objetivos de aprendizagem: Identificar diferentes contribuições culturais na formação da população brasileira, valorizando as diferenças de costumes dos grupos sociais e étnicos. Ler textos instrucionais, aprendendo orientar-se para a realização determinados procedimentos.


Receita de cuscuz de milho no pano (do professor Carlos Siffert)
Rendimento: 2 porções
Tempo aproximado de preparo: 50 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita por dupla
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Receita de sopa de pipoca (das professoras Betty Kövesi e Gabriela Martinoli)
Rendimento: 4 a 6 porções
Tempo aproximado de preparo: 40 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita para 4 pessoas
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Receita de broa de milho (da professora Marina Hernandez)
Rendimento: 12 unidades médias
Tempo aproximado de preparo: 40 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita para 4 pessoas
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Receita de paçoca (da professora Marina Hernandez)
Do tupi “po-çoc”, que significa esmigalhar, é um doce tradicional brasileiro feito a partir de base de amendoim ou outra oleaginosa, farinha de mandioca e açúcar. Típico da comida caipira dos estados de Goiás e São Paulo.

Rendimento: 40 unidades pequenas
Tempo aproximado de preparo: 30 minutos
Dinâmica de trabalho: 1 receita ou ½ receita para 4 pessoas
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*Betty Kövesi é diretora da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, em São Paulo. Professora de cozinha com foco em crianças e adolescentes, é coautora ao lado de Gabriela Martinoli do livro ‘Vamos pra Cozinha?’ (Editora DBA, 2011)

**Marina Hernandez é chef de cozinha, professora em gastronomia e consultora para desenvolvimento de conteúdo gastronômico para diversas mídias. Integra o corpo docente da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, da Faculdade Univali em Santa Catarina e presta consultoria para restaurantes e empresas de alimentação.

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