quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Artigo de Opinião - Trabalhar valores e estimular novas escolhas - Nádia Rebouças

O DIA
Rio - É tempo de falar muito em sustentabilidade. Levamos décadas para compreender o conceito, para descobrir que o que ele continha era vital. Construímos caixas de arquivo para morar em cima dos nossos rios.


Compramos carros sem olhar para a mobilidade urbana. Incineramos o que nossos avós consideravam o melhor da vida: tempo, fruta no pé, alface verdinha, sentar com todos à mesa. Tudo foi se transformando em consumo... e de coisas rápidas! Da caixinha para o estômago.

Energia? Ora, sai da tomada, não importa de onde venha. Felicidade é quando se compra um sapato, um carro, um celular. Trabalhamos para pagar e para continuar comprando felizes! Água nunca faltou, por que faltaria?

Mas uma pequena parcela da sociedade se deu conta da prisão onde estava. Percebeu a falta que a natureza começou a fazer e o bem que conquistava tirando do seu altar a palavra consumo. Projetos inovadores surgiram. Mas isso ainda está restrito. A maioria vai entrar na fila do iPhone 7, dará tablets para os filhos no Natal. Tempo não é considerado produto para ser ofertado aos filhos. Tempo é caro, vendemos o estoque para os donos de nossos cárceres.

Lembrei de uma cena com minha filha pequena, que devia ter 3 anos. Andávamos por Ipanema, e naquele tempo não havia grades nos prédios. Adorava mostrar os jardins, a diferença da folhas, dos verdes, das flores. De repente me dei conta de que uma linda Lua já estava no céu. Qual não foi minha alegria quando ela esticou a mãozinha para apanhá-la! Olhou para mim e disse: “peguei a Lua, mamãe!”.

Uma emoção que permanece. Mas essa cena teria menos chance de se repetir hoje. A mãe estaria olhando o celular, a violência não permitiria que andasse com tranquilidade. Estaria num restaurante e cada uma no seu celular ou tablet. 

Amanhã começa o Green Nation, na Praça Mauá. Cinema, instalações interativas, palestras, oficinas. Nas edições anteriores eu curiosamente observava adultos que tinham levado seus filhos, descobrindo conceitos que até conheciam, mas não haviam sido compreendidos de fato.

Precisamos ajudar a colocar em ação o Acordo de Paris. Comprar diferente. Não vale ficar em caixas de arquivo só acumulando e trabalhando. Quem sabe com os novos significados você não descobre novo jeito de viver!

Nádia Rebouças é consultora do Green Nation

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