Muito se fala nas sequelas físicas que são deixadas nas mulheres que têm ou tiveram câncer de mama. Mas os aspectos psicoemocionais também deixam marcas. Até mesmo em mulheres que nem manifestaram a doença.
A mamografia, exame fundamental na detecção precoce e na redução da mortalidade pela doença, é enfrentada como uma situação de ameaça por muitas mulheres. São comuns alterações de humor, ansiedade e até depressão antes do exame. Somada a isso, muitas vezes há a pressão provocada pela dificuldade em marcar o exame, especialmente na rede pública.
E um outro detalhe tem piorado esse cenário de apreensão: a circulação indiscriminada de informações, especialmente nas redes sociais.
Um exemplo foi a repercussão rápida de um vídeo sugerindo a relação entre mamografia e o aumento da incidência de câncer de tireoide. O vídeo foi compartilhado milhões de vezes nas redes sociais, e se você faz parte de algum grupo de conversa com mulheres, provavelmente recebeu a mensagem.
E é justamente esse tipo de informação errada sobre os efeitos que a radiação ionizante pode trazer para o organismo que causa mais medo e ansiedade.
É importante saber que o Colégio Brasileiro de Radiologia, a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia não recomendam o uso do protetor de tireoide em exames de mamografia. Essa posição é compartilhada também por outras entidades internacionais de relevância.
Antes de mais nada, é importante saber que o uso do protetor pode interferir no posicionamento da mama, o que pode reduzir a qualidade da imagem, do diagnóstico e da necessidade de repetição do exame.
A dose de radiação para a tireoide durante uma mamografia é extremamente baixa, menor que 1% do que a recebida pela mama. Isto é equivalente a 30 minutos de exposição à radiação de forma natural. E o risco de indução de câncer de tireoide após uma mamografia é insignificante — segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia, menos de 1 caso a cada 17 milhões de mulheres que realizarem mamografia anual entre 40 a 80 anos.
A Agência Internacional de Energia Atômica também já se manifestou sobre o assunto e afirmou que o uso de protetores de tireoide durante uma mamografia tem importância psicológica. Ele foi criado com outros propósitos. Mas, durante o exame, pode garantir calma e segurança. Por isso, eles são oferecidos apenas se o paciente pedir.
É fundamental orientar técnicos de radiologia que estão ao lado das mulheres que vão fazer o exame e sofrem esse tipo de pressão. Além, claro, de sempre garantir apoio psicológico às pacientes, que muitas vezes são alvo da desinformação e acabam desistindo da prevenção, tão importante no combate ao câncer de mama.
Glauce Corrêa é psicóloga oncológica e Marconi Luna é mastologista
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/desinformacao-cancer-20258107#ixzz4MmoolsSr
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