03/05/2016
Trata-se de uma geração que nasceu com um computador em casa: 'os nativos digitais'
O DIA
Rio - Já é comum debatermos sobre as mudanças culturais surgidas em razão do uso social das novas tecnologias digitais, principalmente no campo escolar. Um novo perfil de aluno surge. Trata-se de uma geração que nasceu com um computador em casa: “os nativos digitais”. Nós, que temos a responsabilidade de educá-los, somos - por enquanto, até novas gerações de educadores - os “imigrantes digitais”. Os termos foram cunhados pelo educador Marc Prensky.
Imaginem aquele sujeito que depois de muitos anos vivendo em seu país muda-se para outro, onde precisa aprender uma nova língua, cultura e todos os atributos necessários para comunicar-se. Esse somos nós. Não nascemos no mundo digital, mas mudamos para ele. Assim, todo o processo torna-se uma adaptação, às vezes até angustiante. Apesar de alguns imigrantes serem hábeis, não deixam de ser estrangeiros, pois vieram de outra cultura, a analógica, e dela guardam sotaques e manias, como, por exemplo, usar agenda em papel, bloco de anotações e celular essencialmente como telefone, pois, como imigrantes, não conseguem explorar todos os recursos do seu novo grupo de convívio.
Recentemente, eu conversava com um menino de 6 anos, que tem extrema habilidade no manuseio das novas tecnologias. Pertence a essa nova geração de aprendentes, que não conheceram a sociedade analógica. Eu, como imigrante digital, contava-lhe sobre as agruras do meu tempo de estudante, de uma cultura bem distante para ele: “Na minha época, não tinha esse negócio de telefone celular. Era orelhão e ficha”, dizia.
“Orelhão e ficha?”, perguntou o garoto. “Sim, para eu telefonar tinha que carregar fichas no bolso. E também não tinha essa história de e-mail. Eu tinha que colocar uma carta nos Correios. Às vezes, levava muitos dias para chegar”. “Carta nos Correios?” “Sim, carta nos Correios. Além disso, não tinha computador e impressora.
Era máquina de escrever e mimeógrafo!”. O menino olhou-me espantado: “Máquina de escrever e mimeógrafo?” “Sim”. Repeti: “máquina de escrever e mimeógrafo”. O garoto olhou-me, descrente e irônico, e perguntou: “Tio, na sua época tinha dinossauro?”. Emudeci, encerrei a conversa e fui olhar as mensagens no WhatsApp.
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