23/03/2016
O que temos visto se propagar é o oposto da tolerância com o pensamento do próximo
O DIA
Rio - Seja no Rio de Janeiro, na Bélgica ou onde for, todos os dias nascem milhares de pessoas, que podem ser sementes da paz ou da violência; tudo vai depender da educação que receberam e do grau de tolerância com a opinião do próximo.
A intolerância que leva alguém a explodir um aeroporto não é diferente da que bate no peito de quem chega ao ponto de agredir o outro por conta da cor da blusa que veste numa manifestação; a diferença é o objeto usado — na primeira foi uma bomba, no outro caso, os braços. Nas duas situações ocorreu o mesmo fato: a ausência da tolerância com o que o outro acredita.
Pensar diferente faz parte da essência do ser humano, seja o que nasce no Oriente Médio ou aqui. A diferença surge a partir das informações que ele recebe e acredita como verdades ao longo da sua vida e formação. Não somos robôs, e é justamente isso que nos torna únicos e especiais.
Há poucos séculos, pensar diferente já foi motivo para pessoas serem degoladas em praça pública ou queimadas vivas. Para quem pensa que esse comportamento se extinguiu, basta olhar para quem defende a morte de outras pessoas porque pensam diferente, para constatar que este sentimento está mais vivo do que nunca em nossa sociedade, seja oriental ou ocidental.
Sem querer invadir o direito democrático de cada um ser e pensar como bem entender, a busca pela paz no Rio ou no mundo passa pela formação de indivíduos menos intolerantes, que respeitem a opinião do próximo, seja explodindo aeroportos ou atacando com a haste de uma bandeira quem não pensa igual.
O que temos visto se propagar é o oposto da tolerância com o pensamento do próximo. Essa não é questão europeia, mas também nossa, do Rio. Independentemente do lugar do mundo, tem surgido pessoas que a única verdade que aceitam é a opinião que lhe ensinaram a ter, mais nada.
Por incrível que pareça, para que possamos evoluir enquanto sociedade, uma boa sugestão é nos portarmos como os animais, que matam somente quanto têm fome, que procriam, se alimentam e desfrutam da grandiosidade do mundo, através de todos os seus sentidos apurados.
Por trás da intolerância existe uma ausência gigantesca de si mesmo, também de fé na vida e de desprezo pela vida alheia.
Rommel Cardozo é presidente do O Rio pela Paz
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