Cancelar os diversos festejos do Carnaval — como o fizeram algumas prefeituras no país este ano — é negar ao povo acesso à Cultura
O DIA
Rio - Cancelar os diversos festejos do Carnaval — como o fizeram algumas prefeituras no país este ano — é negar ao povo acesso à Cultura, além de uma forma simplista de esconder falhas, graves ou não, de gestão na administração das finanças dos municípios.
O planejamento existe como ferramenta para que a execução do orçamento garanta o acesso a todos os direitos para a população, inclusive os culturais, como é o Carnaval. Aqueles que encaram a Cultura e as manifestações culturais como realização de grandes eventos apenas caem nesta armadilha porque não conseguem estimular as práticas populares e os pequenos grupos culturais para que se tornem, no futuro, grupos expoentes que expressem a criatividade cultural de suas regiões.
Há um sem-número de trabalhadores da cultura que vivem de um vigoroso calendário cultural que, além de levar diversão e bagagem cultural ao povo, ativa economicamente várias cidades — como bem colocou, há alguns dias, Luiz Antônio Simas, em sua coluna semanal no DIA. “Penso nos vendedores ambulantes, nos operadores de carro de som, nos milhares de funcionários dos barracões de escolas de samba, nos músicos, nas cantoras e cantores, nos garis, nos motoristas de ônibus e condutores de trens e metrô, nas garçonetes e garçons que aturam os bebuns da folia”.
Os movimentos do Carnaval não escapam desta realidade. A solução para o bom gestor, de qualquer cidade do país, para manter anualmente a festa popular do Carnaval — que, como disse, não passa por fazer um evento bombástico, com artistas de fora do município, com custos elevadíssimos e despesas questionáveis — é garantir que os blocos de rua se desenvolvam, as pequenas manifestações culturais organizadas por grupos e movimentos tenham espaço, criando assim rede de atividades que dará cor e som à festa.
Também é papel da gestão garantir a infraestrutura e a segurança dos carnavalescos e dos participantes da festa momesca. O fomento às manifestações culturais do local é saída economicamente viável, capaz de injetar recursos no município de diferentes formas e, ainda, manter acesa a chama desta grandiosa festa popular. Fica a dica.
Zaqueu Teixeira é deputado estadual pelo PT
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