O Realismo Europeu enfatizou um tema bastante instigante na
literatura: o adultério feminino. Desde A Ilíada, de Homero, a traição feminina
é referida como causa de grande conflitos.
No poema épico Ilíada, 800 anos a.C, é narrada a história da guerra de troia, provocada pelos amores da esposa de Menelau, Rei de Esparta, pelo jovem troiano Páris, O rapto de Helena por Páris teria sido a causa da guerra de troia, segundo os registros de Homero.
Shakespeare também tematizou as conseqüências de traição feminina, ou pretensa
traição, como é o caso da famosa pela Otelo, composta no século XVII e encenada
muitas vezes desde então. Nessa peça, Shakespeare mostra o avanço dos ciúmes de
Otelo, desconfiado de qe sua esposa Desdêmona o está traindo com um de seus
soldados. Otelo enlouquece de ciúmes, e instigado por Iago, acaba por
assassinar a esposa inocente em um acesso de fúria.
No romantismo alemão, temos também um famoso caso de amor, temperado com a
possibilidade do adultério. Trata-se do romance Werther, de Goethe, publicado
em 1774, e que conta, por meio das cartas que Werther escreve a um amigo, as
desventuras de seus amores por uma mulher casada. Embora a traição não se
consume, a tensão narrativa está toda concentrada no fato de haver um triângulo
amoroso entre Weather, Charlotte e seu esposo Albert.
Na frança do século XIX, já no Realismo, Gustave Flaubert publicou o famoso
romance Madame Bovary, em que uma mulher casada trai o marido em busca de uma
satisfação existencial que o casamento e a família não lhe ofereciam.
Eça de Queirós, no realismo português, também tematizou o adultério feminino em
vários de seus romances, como O Primo Basílio e Alves & Cia, entre outros.
No Brasil, o grande mestre do tema é Machado de Assis. O casamento e seus
melindres aparecem nos vários romances e contos de Machado, de modo a revelar o
olhar aguçado do autor para essa instituição tão problemática quanto detentora
das esperanças de homens e mulheres.
Vejamos alguns momentos em que o adultério feminino é sugerido em alguns dos contos
e romances de Machados de Assis.
Em memórias Póstumas de Brás Cubas
A mulher quando ama o outro homem, parece-lhe que mente a um dever, e portanto
tem de dissimular como arte maior, tem que refinar a aleivosia(MACHADO DE
ASSIS, 1978,p.56)
No conto “Primas de Sapucala”, de História sem Data
Adriana é casada; o marido conta 52 anos, ela 30 imperfeitos. Não amou nunca,
não amou nunca mesmo o marido, com quem casou por obedecer à família.
Eu ensinei-lhe ao mesmo o mesmo tempo o amor e a traição; é o que ela me diz
nessa casinha que aluguei fora da cidade, de propósito para nós (MACHADO DE
ASSIS, 2001,p39)
No conto “A causa secreta”, em várias histórias
A comunhão dos interesses apertou os laços da intimidade. Garcia tornou-se
familiar na casa; ali jantava quase todos os dias, ali observava a pessoa e a
vida de Maria Luísa, cuja solidão moral era evidente. E a solidão como que lhe
duplicava o encanto. Garcia começou a sentir que alguma coisa o agitava, quando
ela aparecia, quando falava, quando trabalhava, calada, ao canto da janela, ou
tocava piano umas músicas tristes. Manso e manso, entrou-lhe o amor no coração.
Quando deu por ele, quis expeli-lo, para que entre ele e Fortunato não houvesse
outro laço que o da amizade; mas não pôde. Pôde apenas trancá-lo; Maria Luísa
compreendeu ambas as coisas, a afeição e o silêncio, mas não se deu por achada
(MACHADO DE ASSIS, 1999, p.45)
Esses são alguns exemplos dessa temática tão recorrente na obra do autor.
No entanto, foi com o romance Dom Casmurro (1899) que Machado de Assis
sedimentou o tema do adultério feminino em um tratamento original que vem
desafiando a crítica desde então.
http://2dportugues.blogspot.com/2011/09/tematica-do-adulterio-feminino-no.html
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