A saída democrática e legitimadora do governo é emenda à Constituição e realização de diretas já
27/05/2017
O DIA
Rio - A divulgação de conversas e indiciamento do presidente Michel Temer e do senador afastado Aécio Neves, presidente do PSDB, nos dá a dimensão do que fazem os governantes e seus apoiadores.
A corrupção, que é prática do mercado, relacionada com o poder público, pode visar a formular leis do interesse do corruptor, fugir à sua aplicação ou evitar penalidades no caso de transgressão. O governo Temer perdeu a capacidade de governança e sem apoio popular tentava implementar política reiteradamente rejeitada nas urnas.
Se a bravata de Temer de que não renunciará fosse sincera demonstraria a incapacidade de compreensão do cenário político no qual está inserido e de que sua permanência somente agravará o quadro, com consequências inimagináveis.
À classe dominante interessa um clima no qual possa fazer negócios e a instabilidade atrapalha seus ganhos. Empresas de comunicação são apenas parte do negócio dos seus donos e visam a manter as condições sociais para o lucro. Resta-nos refletir o porquê das empresas de comunicação terem denunciado Michel Temer, quando em situações similares manipularam a informação.
Talvez porque seja governo fraco, sem sustentação, e incapaz de realizar as reformas que o capital demanda em prejuízo dos trabalhadores. Por isso o discurso midiático de que a saída há de ser pela Constituição vigente, com eleição indireta pelo Congresso Nacional que cassou a presidenta Dilma e protegeu Eduardo Cunha.
O noticiário já aponta dois possíveis presidenciáveis: Rodrigo Maia e Tasso Jereissati. O primeiro pode se tornar um bom prestador de serviços. O segundo é um coronel contemporâneo, que se locomove em jatos particulares e helicópteros e tem negócios milionários incluindo os maiores condomínios de luxo do Brasil, os maiores shopping centers, além de outras empresas.
Trata-se de figura enfática, capaz de invadir altar durante a missa para objetar a padre que fazia sermão que desegradava seu candidato a presidente em 2010, José Serra, como fez em São Francisco do Canindé (CE). Eleição indireta pode visar a escolha de presidente capaz de truculentamente subtrair o que resta de direitos dos trabalhadores.
A saída democrática e legitimadora do governo é emenda à Constituição e realização de diretas já.
João Batista Damasceno é desembargador
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