Desde o desempregado, que não tem o direito à esperança, ao empregado insone com a ameaça latente do desemprego
O DIA
Rio - Esse debate político e agora jurídico sobre a governança do Brasil é do mais lamentável elitismo. Pura demonstração de falta de solidariedade e responsabilidade social. Interessa a uns poucos atores da alta cúpula política e jurídica, militantes profissionais, todos bem alimentados e confortavelmente instalados. Até alguns observadores da cena que faz da Praça dos Três Poderes um grande palco, mesmo que inconscientemente, acabam ajudando este momento de egoísmo e vaidades exaltadas.
O povo sofre. Desde o desempregado, que não tem o direito à esperança, ao empregado insone com a ameaça latente do desemprego. Além dos empresários, especialmente pequenos e médios, vítimas dos juros, dos impostos, da recessão e com patrimônio ameaçado pelo alongamento das tensões que travam a retomada do crescimento e inibem o crédito.
Os jornais estão magros, as calçadas, tomadas por portas fechadas. Ninguém dá um grito de alerta para que tudo seja resolvido a tempo e a hora. A incerteza não favorece o investimento. E, para o Brasil crescer, é preciso ordem e união para as reformas, que todos sabem ser prioridade para um futuro melhor.
A baderna toma conta das ruas, ainda sem o combustível da crise social, fruto de milícias organizadas e pagas com o objetivo de tumultuar as cidades, iludir jovens e dar vazão à angústia de tantos outros. Mas, pelo andar da carruagem, podemos, em breve, ter mais gente nas ruas, incitadas pelos profissionais do caos.
O noticiário registra ameaças, ignoradas pelas autoridades responsáveis pela ordem pública. A ação policial nem sempre é bem compreendida, criando um clima propício a que amanhã, cumpridas as ameaças, a defesa da ordem se apresente intimidada.
A realidade é que a consolidação democrática que vivemos também corre riscos. Registra a história, universal e não apenas a nossa, que as sociedades diante da desordem optam por soluções autoritárias. Por tal, a Constituição dos países democráticos preveem o “Estado de Sítio”.
Precisamos de amplo consenso para agendar uma saída para esta crise institucional, que faz o povo sofrer e o país perder credibilidade. Um basta à futricaria do jogo de interesses de grupos divorciados da realidade nacional, entorpecidos pelo dinheiro e pela ânsia de poder.
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