Os percentuais diminuíram, mas milhões ainda estão expostos ao fumo. E o vício começa cedo
JAIRO BOUER
20/06/2016
Levantamentos recentes sobre tabagismo trazem boas notícias. Há uma clara tendência de queda do número de fumantes. No Brasil, a última pesquisa Vigitel, feita por telefone com 54 mil pessoas com mais de 18 anos, sugere que, em dez anos, o número de brasileiros fumantes caiu 34%. Mas não podemos esquecer que a realidade ainda é preocupante. Como 10% da população adulta fuma, mais de 20 milhões de brasileiros são expostos diariamente aos efeitos nocivos do cigarro.
A situação é mais preocupante se considerarmos o uso de tabaco entre adolescentes. Um levantamento que ouviu 75 mil adolescentes de 1.251 escolas públicas e privadas, feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo Ministério da Saúde, sugere que 18,5% dos adolescentes brasileiros, entre 12 e 17 anos, já experimentaram cigarro. Dos jovens, 6% são fumantes. As maiores taxas estão na Região Sul.
Em relação aos mais novos, também se verifica uma tendência de queda. Um estudo anterior de 2009, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, feito com adolescentes de 13 a 15 anos, mostrava que quase um quarto deles já havia experimentado cigarro em pelo menos uma ocasião. O problema é que quanto mais cedo acontece o primeiro contato, maiores os riscos de o jovem se tornar um dependente de nicotina e passar a fumar com frequência. Sabe-se que a experiência com poucos cigarros nessa fase da vida já pode ser suficiente para converter um não fumante em um fumante.
No início do mês, outro estudo inédito, publicado na revista Nature, mostrou que a cada 15 cigarros fumados acontece uma mutação no DNA (material genético de nossas células). É o acúmulo dessas mutações que pode levar, por exemplo, depois de décadas de consumo, ao desencadeamento de um câncer.
Os pesquisadores do Wellcome Trust Sanger Institute, em Cambridge, no Reino Unido, lideraram um consórcio internacional que identificou cerca de 23 mil mutações causadas pelos produtos químicos presentes no tabaco.
Bom lembrar que mais de 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo. Um fumante tem risco 20 vezes maior de desenvolver um câncer de pulmão. E a boa notícia é que cerca de 15 anos após parar de fumar as chances desse tipo de câncer passam a ser praticamente as mesmas de um não fumante, possivelmente, porque eventuais células que carregavam as mutações deletérias são substituídas por novas células livres de defeitos. Que tal nem começar a fumar ou largar o mais rápido que puder?
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