Cristovão Colombo examinou o tomate que o indígena acabava de lhe dar e exclamou:
— Um pomo d’oro!
O tomate reluzindo ao sol da América recém-descoberta pareceu ao almirante uma maçã selvagem. Colombo perguntou ao indígena para que servia aquilo.
— Saladas — respondeu o nativo. — Refogados. Molhos.
Colombo pensou na sua avó italiana, que cozinhava o espaguete que Marco Polo trouxera do Oriente, mas sempre reclamava que faltava alguma coisa. Colombo descobrira, além da América, o que faltava na macarronada da nonna. O índio quis saber o que Colombo lhe daria em troca do tomate, e Colombo lhe deu uma miçanga.
Que outras novidades o índio tinha para oferecer? A batata. Colombo teve uma premonição de fritas, noisettes e rotis, botou a batata na algibeira e deu em troca um espelhinho.
O que mais? O fruto do cacaueiro, de onde sairia o chocolate, com importante repercussão na história do mundo, principalmente da Suíça e da Bahia. E Colombo trocou o cacau por outro espelhinho.
O que mais? Fumo. Em breve todos estariam experimentando as delícias do tabaco, e o novo hábito se espalharia. Como um brinde, o índio incluiu no pacote a planta da coca, que daria um barato ainda maior.
O que mais? Milho. Aipim. Papagaios. E essa argola que você tem no nariz. É de ouro? Manda.
E Colombo ordenou a seus homens que recolhessem todas as argolas de ouro que encontrassem e, se fosse preciso, trouxessem os narizes junto. Em troca, ofereceu mais contas, que o índio recusou. Ofereceu mais miçangas. Moedinhas. Chaveiros. Vales-transporte. O índio recusou tudo. E como era impossível derrotar os invasores pelas armas, o índio amaldiçoou Colombo, e praguejou. Que a batata tornasse a sua raça obesa, o chocolate enchesse suas artérias de colesterol, o fumo lhe desse câncer, a cocaína o enlouquecesse, e o ouro destruísse a sua alma.
E que o tomate se transformasse em ketchup.
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