Ler é importante.
Hoje já chegamos a uma época em que os romancistas e os poetas são olhados como criaturas obsoletas, de priscas eras. No entanto, só eles, só a boa literatura poderá evitar o tráfico final desta mecanização: o homem criando mil milhões, virando máquina azeitada que age corretamente ao apertar do botão - estímulo adequado. A arte, e dentro dela a literatura, é talvez a mais poderosa arma para evitar o esclerosamento, para manter o homem vivo, sangue, carne, nervos, sensibilidade; para faze-lo sofrer, angustiar-se, sorrir e chorar. E ele terá então a certeza de que ainda está vivo, de que continua escapando.
A literatura é o retrato vivo da alma humana; é a presença do espírito na carne. Para quem, ás vezes, se desespera, ela oferece consolo, mostrando que todo ser humano é igual, e que toda dor parecer ser a única; é ela que ensina os homens os múltiplos caminhos do amor, enlaçando-os em risos e lágrimas, no seu sofrer semelhante; ela que vivifica a cada instante o fato de realmente sermos irmãos do mesmo barro.
A moléstia é real, os sintomas são claros, a síndrome está completa: o homem continua cada vez mais incomunicável ( porque deturpou o termo comunicação), incompreendido e incompreensível, porque se voltou para dentro e se auto-analisa continuamente, mas não troca com os outros essas experiências individuais; está " desaprendendo " a falar, usando somente o linguajar básico, essencial, e os gestos. Não lê, não se enriquece, não se transmite. Quem não lê, não escreve. Assim, o homem do século XX, bicho de concha, criatura intransitiva, se enfurna dentro de si própio, ilhando-se cada vez mais, minado pelas duas doenças do nosso tempo: individualismo e solidão.
( Ely vieitez lanes )
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