quinta-feira, 5 de maio de 2016

Artigo de Opinião - O barril de pólvora que a Fiesp quer acender - Claudio Magnavita

07/04/2016 
O conflito está beirando um perigoso clima de vida ou morte

O DIA


Rio - Qual o verdadeiro papel da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no acirramento do clima político que estamos vivendo hoje? Rápida leitura resulta em assustadora conclusão: a Fiesp é hoje uma máquina que trabalha 24 horas para derrubar o governo federal. A agenda de Paulo Skaf é escancarada. Ele entrou no PMDB pelas mãos do vice Michel Temer. Como órgão patronal, adotou política de antagonismo declarada ao governo do Partido dos Trabalhadores. Criou uma campanha, inicialmente contra a CPMF, com foco agora mudado para agenda pró-Temer e fazendo até policiamento nas redes sociais contra os parlamentares que votarão a favor do governo. Por coincidência, foi na frente da Fiesp que manifestantes contra Dilma acamparam por dias. Um punhado com cara de militância remunerada.

Algo de muito errado ocorre quando uma Federação de Indústrias, utilizando verbas da contribuição patronal, ou seja, parapúblicas, assume o papel de aríete, máquina medieval utilizada para arrombar as portas dos castelos. Skaf está na prática tentando arrombar a porta do Planalto a serviço do seu padrinho político.

O curioso é que Skaf levou ao pé da letra o slogan da sua campanha “não vou pagar o pato” e realmente não pagou os direitos autorais ao artista que bolou o pato da publicidade. Eis o início de perigoso e descarado conflito de classes. A sede da Fiesp na Avenida Paulista se transformou em QG de uma elite patronal que se posiciona politicamente contra os trabalhadores no poder e agora claramente investe milhões em jogo político oportunista para colocar um representante seu no governo. A elite empresarial paulistana quer jogar uma pá de cal na ousadia de os trabalhadores terem tomado o governo pelo voto popular e aposta na sua desconstrução.

Anotem: a Fiesp, com o seu protagonismo reacionário, está acendendo um barril de pólvora na luta de classes deste país. A vaidade de Paulo Skaf poderá custar caro para a estabilidade social da nação. O conflito está beirando um perigoso clima de vida ou morte. O que realmente se pode chamar de golpe é a drenagem de milhões de reais de uma entidade patronal como a Fiesp para vitaminar um processo político, virando a mesa de acordo com os seus interesses. 

Cláudio Magnavita é jornalista

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