sábado, 30 de abril de 2016

Você sabia disso ? - Projeto Escola Livre: o golpe de Estado na Educação

27 DE ABRIL DE 2016



A assembleia legislativa alagoana aprovou ontem o chamado Projeto Escola Livre que impede, uma lei que censura os professores dentro da sala de aula. O Projeto Escola Livre é uma das faces das múltiplas faces do golpe em curso contra a classe trabalhadora.


O projeto é semelhante ao escola sem partido proposto por setores da direita nacional para impedir que os professores falem de política em sala de aula. Os debates sobre o tema reacendem uma antiga questão: escola enquanto espaço neutro x escola enquanto espaço crítico. A primeira acepção diz respeito a uma escola onde o trabalho dos professores se atém apenas à continuidade dos valores que os estudantes já trazem de casa, enfim, de seus valores morais já preestabelecidos na família e na igreja, ou seja, a “neutralidade” aí não passa de uma farsa. O que está em jogo é justamente a defesa da ideologia e dos valores conservadores e reacionários, como na ditadura militar.

Os professores e estudantes que foram até a Assembleia Legislativa de Alagoas para protestar contra o projeto defendem outra concepção de escola que diz respeito a uma escola onde os trabalhos dos professores partem das observações críticas feitas a partir da realidade social, na qual se inclui os próprios estudantes, para que sejam percebidas as raízes dos problemas reais da sociedade em busca de mudanças.

Dessa forma, a primeira acepção pretende conservar valores preexistentes, enquanto que a segunda busca progredir apontando novos valores. Isto nos manda direto para idade média, pois se reacende a velha questão de Estado teocrático versus Estado laico.

Para quem imaginava que os valores da Idade Média já tinham sido superados, a aprovação de tal projeto na Assembleia Legislativa mostra que essa é a política da direita, a questão está intimamente ligada com o conjunto de acontecimentos no Brasil dos últimos anos, com o ascenso da direita.

O Projeto Escola Livre foi votado na Assembleia Legislativa de Alagoas num clima de demagogia típico de todas as ações golpistas até agora. Por trás desse Projeto-Retrocesso estão o MBL (Movimento Brasil Livre) – que esteve na Assembleia para apoiar o projeto -, setores religiosos com interpretações caquéticas da realidade, e, claro, o bem reconhecido “intelectual da educação” Ricardo Nezinho, deputado estadual do partido do conspirador Michel Temer, de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, isto é, do PMDB.

Recentemente, num debate ao vivo com uma representante da UNE, Kim Kataguiri, liderança do MBL, disse que “As escolas públicas são centros de recrutamentos de traficantes”. Não é coincidência que essas figuras estejam por trás do Projeto Escola Livre. Tal projeto é parte do golpe, é parte de seu miolo ideológico e do conjunto de outros ataques que ainda virão. Portanto esse projeto não é um evento isolado, mas parte indissociável do conjunto de ataques que constituem o golpe em andamento contra a classe trabalhadora.

Alagoas não foi o único estado a sofrer essa afronta contra os professores, a sofrer esse cerceamento contra o direito de cátedra dos trabalhadores da educação de construírem o processo educativo. Outros estados ou andam enfrentando o mesmo problema ou já derrotaram tal projeto e similares; projeto este que deriva das ideias esquizofrênicas canalizadas por figuras de extrema-direita como Jair e Eduardo Bolsonaro e Olavo de Carvalho.

Se imaginarmos em espaço aberto todos os assinantes desse projeto, não veremos imagens diferentes daquelas patéticas cenas protagonizadas pelos deputados que votaram pelo golpe. Nem tampouco ouviremos argumentos diferentes para justificar o apoio: por meu pai, por minha mãe, por meus filhos, pelos filhos dos vizinhos, por Deus, por jesus Cristo, pela coca-cola, por minha galinha Clotilde, por meu marido que será preso amanhã, etc. É tudo parte do mesmo.

É preciso lutar junto aos professores alagoanos e por extensão aos demais professores e estudantes brasileiros que não compactuam com tal retrocesso.


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