Contra essa ameaça de Tânatos, que é a personificação da morte, o Brasil tem pelo menos algo a oferecer: Eros, deus do amor! Viva o carnaval!
13/02/2016 - 15h07
Não sei se existe no mundo outro lugar capaz de, em três ou quatro dias e noites (e muito mais, se fosse permitido), oferecer ao mesmo tempo tantas imagens de alegria e prazer, gozo e felicidade como o Brasil.
Com absoluta certeza, não é a Noruega nem a Islândia, muito menos a Suíça, campeãs em qualidade de vida, modelos de desenvolvimento sem mazelas, com suas questões básicas resolvidas.
Como se explica que essa festa coletiva aconteça justamente num país com tantas dificuldades? Esse mistério continua desafiando os que se debruçam sobre o fenômeno, como os psi — psicólogos, psicanalistas, psiquiatras. Evasão? Alienação? “Ópio do povo”, como se dizia antigamente? Não é fácil entender.
Mas qualquer que seja a motivação, o propósito é a busca de um estado de euforia embalado por uma mistura de música, canto, dança que leva às ruas milhões de foliões, sem falar no espetáculo da Sapucaí, uma exibição de carros alegóricos, samba no pé e corpos seminus “perfeitos”, graças à natureza e às vezes a recursos como malhação, cirurgia ou anabolizantes.
“Tenho medo do que os desfiles de carnaval estão fazendo com as mulheres!”, desabafou a atriz Débora Nascimento, não por inveja, pois foi muito bem servida, mas “preocupada por não ter tanquinho na barriga ou bunda que sustenta copo”.
Enquanto isso, vamos continuar curtindo o maior espetáculo da Terra. Na quinta-feira, era o que eu fazia, revendo os desfiles na internet e vendo o deslumbramento de turistas estrangeiros, quando uma foto sem qualquer ligação com o tema chamou minha atenção. Era um menino fardado ao lado dos destroços de um carro na Síria.
A legenda informava que se tratava de um soldado do Estado Islâmico com a mão direita levantada segurando um detonador. Ele acabara de gritar Allahu Akbar (Deus é grande) e de explodir o carro que conduzia três prisioneiros. Sua idade: 4 anos.
De acordo com um jornal britânico, este é o segundo vídeo que mostra o menino. Ele é filho de Grace Khadija Dare, uma muçulmana que vivia em Londres e mudou-se com o filho para a Síria após jurar lealdade ao EI.
Diante do espetáculo de celebração da vida a que assistia, o meu choque foi ainda maior. Já é uma rotina a apresentação de vídeos expondo atrocidades com a finalidade de propaganda do terror para atrair adeptos. A mensagem de agora é que os jihadistas vão afrontar a ONU e o mundo com o exército que estão formando de bárbaros infantis.
Contra essa ameaça de Tânatos, que é a personificação da morte, o Brasil tem pelo menos algo a oferecer: Eros, deus do amor! Viva o carnaval!
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