Está de volta a antiga polêmica, que a bem da verdade nunca sumiu, apenas deu uma esfriada. Seria Monteiro Lobato racista? As obras de Monteiro Lobato tem objetivo ou frases racistas?
A polêmica volta a tona, depois que Antonio Gomes da Costa Neto e Elzimar Maria Domingues, mestres em educação, e por Humberto Adami, advogado do Iara (Instituto de Advocacia Racial e Ambiental), entraram com uma ação junto a CGU (Controladoria Geral da União), para que seja investigada a aquisição pelo MEC para inclusão no Programa Nacional Biblioteca na Escola ( PNBE ), o livro " Negrinha" de Monteiro Lobato.
De acordo com Humberto Adami, uma obra inclusa no PNBE não pode apresentar estereótipos e preconceitos. O trecho de apresentação de "Negrinha" que tem sido colocado pontado como alvo das criticas é esse"
"Negrinha era uma pobre órfã de 7 anos. Preta? Não, fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. (...) O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa todos os dias, houvesse ou não motivo."
Mas será esse, apenas esse trecho, o motivo das obras de Monteiro Lobato serem alvo de crítica e censura? Certamente não. O que poucos sabem, ou o que muitos tentam ignorar seja por desconhecimento ou má-fé, é que Monteiro Lobato escreveu diversas cartas, revelando ser eugenista e escravagista. Para muitos, a época em que viveu Monteiro Lobato era repleta de eugenistas e escravagistas. Sim de fato, e o maior deles atendeu pelo nome de Adolf Hitler que usou a eugenia para emplacar o Nazismo.
As polemicas cartas de Monteiro Lobato foram garimpadas pelo colunista do Jornal O Globo, Arnaldo Bloch. E se descobriu textos como esses relatados abaixo, publicados na revista BRAVO!
"País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos. (...) Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva"
(carta enviada a Arthur Neiva em 10 de abril de 1928)”
"Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral - e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas - todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível - amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde."(carta a Godofredo Rangel incluída na primeira edição do livro "A Barca de Gleyre", em 1944)
O que os denunciadores de Lobato desejam é que a obra dele não conste nas bibliotecas das escolas publicas, muito embora não se veja na obra de Monteiro Lobato, nenhuma tentativa de implementar nas crianças o sentimento de racismo ou eugenia.
O crime de Lobato foi ter tido ideias e ideais racistas e eugênicos e contado isso em cartas, mas não em sua obra.
Fica a pergunta: É justo impedir que as escolas públicas tenham acesso a uma obra infantil, puramente infantil, porque se descobriu tempos depois que seu autor era eugenista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário