Eis, então, com bastante antecedência, algumas sugestões de livros que eu daria pra minha mãe
06/05/2017
O DIA
Rio - Depois não digam que não tiveram tempo de comprar uma lembrancinha pra mamãe, pra vovó e para aquela senhora que você considera muito. Eis, então, com bastante antecedência, algumas sugestões de livros que eu daria pra minha mãe, se ela ainda estivesse por aqui (saudade danada). Dar livros é melhor que dar flores. Flores morrem. As de plástico ficam muito feias.
Vale quanto pesa: se mamãe viveu intensamente os anos 1960 e 1970, sugiro “Letras (1961-1974)”, do Bob Dylan. Taí um livro que me consumiu horas de leitura, não exatamente porque seja grandão — e é, de fato —, mas porque fiz questão de acompanhar as letras ouvindo as músicas no YouTube. Foi lindo.
Eu não tinha noção de como o Bob Dylan estava enfronhado na minha memória. Só clássicos. O livro engloba justamente a época mais produtiva e inovadora do Nobel de Literatura 2016. Deveria vir acompanhando de uma caixa de CDs. Se você fizer isso, o presente fica caro paca, mas sua mãe merece.
Mistérios: não tem jeito. A italiana Elena Ferrante é sempre uma boa pedida. Sugiro começar por “Uma amiga genial”, mas qualquer outro título dela vai pegar o leitor pelo pé e conduzi-lo até o fim. Curioso é que Elena Ferrante é um pseudônimo. Não se sabe quem é a verdadeira autora dessa obra, que tem vendido muito em todo o mundo.
Para ler com os netinhos: “Vovô deu no pé”, de David Wallians, é uma história bem doidinha, mas muito bem sacada. Aos 12 anos, Jack quer tirar o vovô de uma clínica para idosos, onde tem que aturar umas enfermeiras muito sinistras. Vovô foi piloto durante a Segunda Guerra e, já meio confuso por causa da idade, acaba arrumando confusões por todos os lados. É um livro sobre amor e velhice.
Sem medo de ser feliz: Miriam Goldenberg é uma antropóloga séria que acaba de lançar “Por que os homens preferem as mulheres mais velhas?”. É um livro curto, mas que merece a leitura atenta. Ensina a gente que essa história de sucumbir ao peso da idade está totalmente fora de propósito. O negócio é curtir a vida sem medos. Tipo a Susana Vieira, que está certíssima. Ou não?
Palavras, palavras: “Clarice,” (assim mesmo, com vírgula), do Benjamin Moser, é a biografia definitiva da mais genial e geniosa escritora brasileira, Clarice Lispector. Moser coteja a “vida real” de Clarice com a sua “vida escrita”.
Gracinha: vale reforçar a sugestão da biografia da Hebe Camargo, assinada pelo Artur Xexéo. As mamães da velha guarda certamente curtiam os programas da Hebe. E é um ótimo livro, sem brincadeira.
Nelson Vasconcelos é jornalista
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