Como diz o ditado, o ruim pode piorar. Assim, depois de um golpe, o Brasil assiste a muitos outros atentados, seja contra direitos e liberdades, ou contra setores que implicam em justiça e conquistas sociais, como saúde e educação públicas – quase todo dia um golpe dentro do golpe. Esta edição de Caros Amigos faz na reportagem de capa um balanço de um desses ataques, o projeto Escola Sem Partido (ESP), que faz parte de um pacote de projetos do governo golpista como a reforma do ensino médio ou mesmo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela investimentos públicos. Um movimento que já produz estragos em todo País.
A reboque das ideias por trás do ESP, grupos ultraconservadores atacam estudantes que ocupam escolas. Há reações, felizmente, como também mostra a reportagem. Os avanços e ataques da direita neoliberal ocorrem em todo o mundo, com estratégias que se utilizam da imposição do medo, no fomento ao terrorismo e seu pretenso combate, que permite a governos atropelarem direitos, soberanias e tratados internacionais.
A entrevista desta edição é com a militante e atual secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Djamila Ribeiro, que aborda o movimento negro atualmente, seus novos conceitos, e o racismo no mês que se comemora a Consciência Negra – que é todo dia, toda hora.
A edição tem ainda uma análise sobre os estragos do tucano José Serra nas relações exteriores e seus esforços para regredir a posição do Brasil até o “tirar sapatos em aeroporto” – como ocorreu com diplomata nos EUA na era FHC. Ataques ao Mercosul, ignorância sobre o Brics, mudança de posição na ONU, rusgas com parceiros sul-americanos. As ações de lambe-botas já produzem seus efeitos negativos que definem a atual política exterior com uma palavra, velha conhecida: entreguista.
Caros Amigos traz um perfil dos eleitores de Hillary e Trump, cuja eleição no início deste novembro foi decidida pela população menos beneficiada – que mesmo sabendo que nenhum dos dois iria atendê-la, tomaram posição. Também dos EUA, a edição mostra como os ataques de 11 de setembro, além de envoltos em muitas dúvidas ainda hoje, se tornaram um divisor de águas: o mundo viu surgir a “guerra ao terror”, com a militarização da segurança, suspensão de direitos, e milhares de mortes, refugiados e novas guerras. Ainda de eleição, mas no Brasil, outra reportagem mostra gays e trans eleitos, um respiro na onda conservadora que assola a conjuntura política desde 2014.
A seção Perfil resgata o legado de Woody Guthrie, criador da “máquina de matar fascista”, como batizou seu violão. E, por fim, um balanço do que significa uma política de esporte bem estruturada, que fez a diferença no podium e coloca na lanterna nossos vizinhos sul-americanos. Com ilustração da capa gentilmente produzida por Luiz Gê, a edição tem ainda os artigos dos colaboradores e uma despedida: Caros Amigos terá sempre admiração pela luta na periferia e será sempre agradecida ao poeta Sergio Vaz pelos anos de parceria e colaboração.
Boa leitura!
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