domingo, 20 de novembro de 2016

A parte trágica da 'PEC do fim do mundo' é que você apoiou mesmo sem saber- Francisco Toledo

Durante todas as manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), os empresários e movimentos anti-PT usaram o slogan "não iremos pagar o pato". E conseguiram. Derrubaram Dilma, assumiram o governo. Com a aprovação da PEC 241, alcançaram seu objetivo: eles, não pagarão o pato. Já você, bem... preparado pra pagar o pato?


Os deputados aprovaram, nesta segunda-feira (10), a PEC 241. Apesar da mídia ter bombardeado você com aspectos "positivos" sobre o projeto, acho que não somos tão ingênuos assim, né?

A PEC do Fim do Mundo -- como ficou conhecida nas redes sociais -- tem como principal aspecto o congelamento dos investimentos sociais por até 20 anos. E não estou falando apenas de programas sociais essenciais para as classes D e E, como o Bolsa Família ou o Minha Casa Minha Vida. Falo também sobre a escola pública que sua filha frequenta, ou do postinho de saúde que você precisa ir quando necessário.

Saúde e Educação serão sim afetados pela PEC 241. Tanto que juristas e especialistas criticaram o projeto por ser inconstitucional.

E o pior disso tudo é como funciona a PEC.

Mesmo que o Brasil saia da crise nos próximos dois ou três anos, o orçamento dessas áreas continuarão congelados. Ou seja, mais dinheiro para o governo gastar com jantares luxuosos e menos verba para o seu filho ter um ensino público decente.

E a parte mais trágica, e cômica disso tudo, é que você apoiou tal desastre.

Mas eu entendo. Com tamanha alienação e terrorismo midiático é quase impossível ficar isento em um momento político tão delicado.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e um dos principais defensores da PEC, criou uma campanha no auge dos protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT): "não iremos pagar o pato!", dizia. O resultado disso tudo foi um pato inflável gigante nas manifestações da Avenida Paulista.

Mas o pato gigante, no final das contas, foi você.

Skaf e os demais empresários que apoiaram o impeachment conseguiram se estabelecer no novo governo. Não por acaso, são figuras pontuais dentro do Planalto. E não por acaso, conseguem que projetos que favoreçam seus negócios sejam aprovados pelo Congresso.
Mas você. Você não conseguiu isso.

Até pensou por um momento ter conseguido, através dos movimentos de rua que convocaram as manifestações contra Dilma. Mas não deu certo, né?

Afinal, o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua praticamente abandonaram todo aquele discurso moralista sobre corrupção e Lava Jato. Não apenas apoiam como também se encontram e ajudam o novo governo, cujo presidente foi citado em diversas delações da Lava Jato. Parece que o MBL se preocupou mais em eleger vereadores do que impedir, por exemplo, que o Ministro do Esporte gastasse mais de R$100 mil em passagens e hospedagem para uma viagem desnecessária para o Catar na última semana.

Sim. Sobrou pra você pagar o pato.

Justamente você, que tomou sol nos domingos na Paulista, com sua camiseta da seleção brasileira, achando que realmente participava de algo incrível que mudaria a vida da sociedade.

Mas, para a sua sorte, você não está sozinho nessa.

Junto com você, as classes mais pobres que rejeitaram por completo o discurso do impeachment e o governo Dilma Rousseff, serão os mais afetados. As classes C, D e E.

Junto com você, todos aqueles amigos chatos que postavam no Facebook que esse impeachment não parecia ser muito bom. Eles também pagarão o pato.

Resumindo: nós, mais de 90% da população brasileira, que temos o controle de apenas 20% da riqueza nacional, sofreremos com a PEC 241 de alguma forma. Seja com o fechamento de uma escola pública na rua da sua casa, ou com a precarização dos hospitais públicos, ou com o atraso e demissões em qualquer área pública. Ou até mesmo com o congelamento do Bolsa Família, além da burocratização que deve passar o programa.

Sim, pagaremos o pato. Mas não é tarde.

Ainda faltam três etapas para a PEC 241 ser aprovada de fato: mais uma votação na Câmara, e duas outras no Senado Federal.

A população organizada, mostra que não vai tolerar isso. Duas manifestações já estão marcadas para os próximos dias: hoje (dia 11), e na segunda-feira (dia 17).

Não quer ser o pato gigante da Fiesp?

Então mostre para eles como se faz.

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